Colheita 2016

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sábado, 24 de novembro de 2012

Por onde tenho andado 2


Assim que eu descansar um pouco, escreverei sobre os três dias que passei em Mendoza, como jurada do concurso Malbec al Mundo, um verdadeiro mergulho na alma mendocina!
Como diz meu amigo Zz: buenas!



terça-feira, 20 de novembro de 2012

Por onde eu tenho andado...

Caros leitores, antes de mais nada minha saudação para aqueles que ainda seguem prestigiando este espaço, mesmo que eu esteja ausente há mais de um mês.
Muita gente (assim como eu) não tem ideia do trabalho que dá manter um blog sério e participativo. É necessário atualizar, propagandear as novidades em outras mídias sociais, enfim: trabalhar.
Para alguns é um passatempo com cara de trabalho, para mim não é. Sempre faço as coisas à sério, mesmo que as vezes tenham cara de 'querido diário'.
Mas estou de volta agora e como faz muito tempo que me ausentei (e o motivo é exatamente a quantidade enorme de coisas que aconteceram nos últimos meses), resolvi fazer um apanhado geral, para não entediar meu fiéis leitores, uma vez que muito do que vocês verão aqui já deve ter sido anunciado por outros blogueiros, por sites etc.
Vou começar do mais recente, assim quem já viu as coisas mais antigas pode parar rapidinho!

As três primeiras fotos são de eventos que aconteceram no mesmo dia! Na ordem inversa: a pizza foi no jantar, em um grande evento na Pizzaria Speranza no Bexiga. Eles receberam o presidente do instituto italiano responsável por manter viva a tradição da verdadeira pizza napoletana. Rodam o mundo, dão cursos, fazem eventos como esse (com a presença de dois professores pizzaiolos) e credenciam casas interessadas em receber o certificado de que lá se faz a verdadeira pizza napoletana.
Preciso dizer a pizza era excelente? Claro que não né? Para alguém como eu, que trabalhou dois anos numa pizzaria, que morou um tempo em Nápoles e que já comeu muita porcaria com o nome de 'pizza', esse jantar foi um primor. O elogio da simplicidade!


 No meio da mesma tarde, a Confraria dos Sommeliers se reuniu para degustar às cegas 16 rótulos de espumantes brasileiros feitos no método tradicional. O campeão foi um dos espumantes da Don Giovanni.

 Na hora do almoço, uma degustação raríssima: sete safras do vinho branco da uva Peverella, a primeira uva vinífera branca a ser cultivada no Brasil e que vem sendo resgatada por um grupo de vinhateiros com ares de 'band of brothers', que formam a Era dos Ventos (Alvaro Escher, Luis H. Zanini e Pedro Hermeto). Até bem pouco tempo, só existia no mercado o vinho de Peverella da vinícola Salvatti, que fica no Caminhos de Pedra (Bento Gonçalves). Aliás é bem nessa região mesmo que estão alguns dos vinhedos cujas uvas vieram parar nas garrafas que degustamos abaixo.
Vinhos únicos, muito diferentes, com características originais e que - no meu entender - mostram que o Brasil é capaz de fazer coisas com personalidade diferenciada, marca de uma indústria que está se profissionalizando em várias vertentes.
Se eles são bons? Puxa! E como são...raros e caros, mas muito bons!

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Na semana anterior eu havia estado no RS, mais precisamente na região de Farroupilha e Caxias do Sul. Como sempre foi uma viagem rápida, mas que me revelou lados da vitivinicultura do estado do RS que eu conhecia pouco (quem ficou curioso leia sobre isso na próxima edição da revista ADEGA).
Felizmente já tenho a sorte de ter alguns bons amigos nesses lugares para onde vou, o que acaba por me garantir mais do que o trabalho em si e por conta disso conheço lugares como o da foto abaixo, a Bottega Pace, em Caxias do Sul.
Quem me levou lá foi o enólogo Alejandro Cardozo e sua namorada Alain.


O local é pequeno, o menu é fixo e muda sempre, o chef (Júnior Paz) trabalha numa cozinha aberta e vem até a mesa explicar cada um dos pratos. Não para mim apenas porque sou jornalista e editora de revista de gastronomia, mas para todos os clientes! 


Sua culinária é rigorosa, inventiva e saborosa. Como eu não estava trabalhando 'oficialmente', fotografei apenas a entrada, que tinha uma terrine de legumes precisamente grelhados e temperados, sorvete de requeijão de búfala (!!!), purê de batata doce com funcho e azeite cítrico.
O negócio é reservar, ir até lá e se deliciar!


Antes de irmos ao restaurante, fui fazer uma visita 'oficial' ao Alejandro na vinícola onde ele trabalha, o Grupo Décima/Piagentini, cuja sede fica no centro de Caxias do Sul.
Fizemos uma longa degustação de espumantes e de alguns tintos. A melhor coisa a respeito de se degustar ao lado de quem faz, sem um grupo enorme ao lado e sem 'hora certa' para terminar é o quanto se aprende. Diferentemente das viagens em grupo (muitas delas são - apesar do que vou relatar a seguir - muito boas) onde temos horário restrito e um público muito diversificado, quando temos a oportunidade de estarmos com o enólogo, podemos fazer perguntas bobas sem parecermos idiotas aos nossos pares, podemos fazer as perguntas dificeis sem sermos apelidados de metidos ou presunçosos e, no momento preciso, podemos apenas desfrutar. Esse encontro com Alejandro teve um pouco de tudo isso, além de excelentes vinhos, claro!


Como falei antes, eu estava em Farroupilha, fazendo uma reportagem para a revista ADEGA e me deparei com paisagens como a abaixo: o Vale das Moscatos. Um lugar de beleza impressionante, que me foi apresentado pelo presidente da AFAVIN, Tiago Tonini.
Confesso que há muito tempo eu me perguntava de onde vinham tantas uvas para fazer o volume de espumantes Moscatel que nós produzimos. Acabei descobrindo que o pequeno município é responsável por quase 50% da produção dessas uvas no estado do RS.


Também fui conhecer a Basso Vinhos e Espumantes, numa visita que 'já tinha passado da hora' como se diz no interior. E foi um prazer conhecer o jovem Fabiano Basso e estar novamente com Marcos Vian, um dos enólogos mais ativos do Brasil, que atua em variados terroirs.
Achei a empresa muito bem estruturada e vi (e provei) o novo vigor de seus vinhos, além dos Moscatos. A foto abaixo foi tirada de cima de um dos tanques, onde se avista uma paisagem impressionante.


Passei uma boa parte da tarde com o pessoal da Perini, no Vale Trentino, e fui levada para conhecer uma parte do vale que não é acessada pelos turistas do vinho, com casario da imigração preservado, vinhedos que cobrem colinas, cascatas e grutas.




E para fechar esse lindo dia com chave de ouro, fui jantar com a família Perini no restaurante Milano. Um desses lugares que - se ainda existissem em São Paulo - eu seria cliente de carteirinha!
Olhem as saladas no balcão aberto, esperando que alguém as peça. É de abrir o apetite não?


 O querido Pablo (na foto abaixo), que me ciceroneou por boa parte do dia, acabou dividindo comigo um aperitivo típico da região: uma parte de cachaça com suco de limão e açúcar, gelo e mais uma parte de Underberg. Esquenta, esfria, limpa a boca...enfim, combina!


A massa do tortéi era finíssima, delicada como só mão dedicadas podem produzir. Fazia muito (mas muito) tempo que eu não comia uma igual.


E para completa confusão dos paulistanos que vão ao restaurante, esse é o prato conhecido como 'bauru'. Nada a ver com o nosso sanduíche, nem com o original (com rosbife, queijo derretido e pepino) e nem com a cópia (presunto, queijo e tomate). O bauru de Caxias do Sul é um enorme filé mignon feito na chapa e depois levado ao forno rapidamente com queijo e molho de tomate fresco. Ainda agora só de olhar a foto me dá água na boca...


Vou parando agora, tenho que fazer a mala para tentar chegar até Mendoza amanhã (deveria ter ido hoje, mas a greve geral por lá me impediu).
Ainda deverei postar mais coisas antigas, mas o farei quando retornar no final de semana.
Para aqueles que tiveram paciência para continuar aparecendo aqui, meu sincero agradecimento!

Bons goles e até mais!