Colheita 2016

Colheita 2016
Seja bem-vindo! E que nunca nos falte o pão, o vinho e a saúde e alegria para compartilhar!

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Avaliação Nacional de Vinhos 2 - Os Vinhos!

foto: Gilmar Gomes 

O melhor da Avaliação Nacional de Vinhos - Safra 2011 estava onde devia estar: nas taças! Mas é justo dizer que o serviço dos vinhos foi perfeito e a organização do evento deu um show, pois se alguma coisa saiu errado, nenhum dos degustadores percebeu.
Imaginem o seguinte: são 16 os vinhos degustados, por 820 pessoas. Cada um dos alunos dos cursos de hotelaria, sommelier e enologia que fazem o serviço atende apenas uma mesa de oito pessoas, pois todo mundo deve ser servido ao mesmo tempo.
Isso quer dizer que são mais de 100 garrafas de cada um dos 16 vinho,s e 100 alunos fazendo o serviço.
Só quem já esteve lá sabe o quão silencioso e ordenado é esse processo.
Além de servir os vinhos eles repõe a água, as bolachas, os guardanapos, e no intervalo esvaziam todas as cuspiderias, que são utilizadas também para lavar as taças entre um vinho e outro.
Uma equipe de enólogos (neste ano creio que foram quatro deles) da Diretoria de Degustação da ABE fica responsável pelos guris e gurias que fazem o serviço.
É impressionante.

Devido à qualidade da safra, 72 vinícolas inscreveram seus vinhos para a seleção, somando 383 amostras. Todas elas foram recolhidas diretamente das empresas pelos enólogos da ABE e degustadas em quatro grupos de 28 enólogos cada.
Um deles me contou que, durante as seções de degustação (cada grupo degustou vinhos em quatro seções) algumas amostras eram repetidas, em dias diferentes, para garantir que a análise fosse isenta de quase todas as vertentes pessoais, como gosto e apreciação geral.
Essas 383 amostras foram reduzidas a 118 vinhos, que representam toda a safra em sua melhor forma.
Desses 118, por fim, uma nova rodada de degustações faz com que eles sejam reduzidos a apenas dezesseis vinhos, com o melhor de cada categoria, a saber: vinho base para espumante (duas amostras), branco fino seco não aromático (quatro amostras), branco fino seco aromático (duas amostras), rosé seco (uma amostra), tinto fino seco jovem (uma amostra) e tinto fino seco (seis amostras).

Na foto acima (feita por Gilmar Gomes), dois degustadores 'de peso'. Os jornalistas gaúchos Danilo Ucha e Affonso Ritter, o último que está mais ao fundo na foto, é uma das pessoas que estiveram presentes em todas as 19 edições da Avaliação Nacional. Ele me contou que na primeira delas eles passaram muito frio, dentro de um galpão de um CTG no mês de julho, degustando os poucos vinhos que ousaram se inscrever para aquele novo evento.
Na foto abaixo, minha amiga de trabalho e taças (entre outras coisas), Juliana Reis, que esteve entre o grupo de comentaristas, falando sobre a amostra de Moscato R2 da vinícola Perini.
Na foto abaixo (feita também pelo Gilmar Gomes) três enólogos que são - para mim - exemplares. Daniel dalla Valle (Domno e Casa Valduga), Cléber de Andrade (Perini) e Mauro Zanus (Embrapa). Durante o evento eu, que estava na mesa justamente atrás deles, fiquei com uma dúvida em uma amostra tinta e eles me deram uma aula sobre 'redução' em apenas alguns minutos.
Quem sabe faz a vivo, já dizia o Faustão.
 Por fim, preciso de dizer que a qualidade dos vinhos que provamos durante a degustação foi realmente surpreendente. Uma das amostras, o vinho branco da uva Riesling da Cooperativa Aurora recebeu uma média de 89 pontos da mesa de comentaristas (onde estavam não apenas brasileiros, mas enólogos do Uruguai, da Argentina, da França e do Chile - este último era o diretor técnico da Viña Ventisquero, Sérgio Hormazabal) e era um vinho praticamente pronto, cheio de tipicidade, frescor e bom corpo que, quando chegar ao mercado não deverá custar nem 20 reais!
Os tintos, quase todos ainda em fase evolutiva, mostraram um impressionante potencial. Coisa há muito esperada pelos tintos brasileiros, que ainda sofrem um pouco pelo desconhecimento mais profundo do comportamento das uvas em nossos terroirs (mas isso é outro assunto).
Entre os 16 classificados estão, é claro, os nomes mais conhecidos como Salton, Miolo, Valduga, Almadén e Aurora. Mas também estão vinícolas menores (Don Giovanni, Luiz Argenta, Almaúnica, Gheller) e outras cuja produção por anos foi dedicada aos vinhos de mesa, mas que agora incluem em seus portfólios vinhos dignos da classificação (Perini, Don Guerino, Basso, Cooperativa Nova Aliança, Góes e Venturini). Essa é uma constatação pontual, de que é possível evoluir, mudar e fazer bons vinhos, que surpreendam e agradem, não duas ou dez pessoas, mas 800!
Parabéns à Associação Brasileira de Enologia e aos produtores e enólogos que nos brindaram com tantos bons goles!




quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Avaliação Nacional de Vinhos 1 - A Política


Difícil saber por onde começar a contar o que aconteceu na abertura da Avaliação Nacional de Vinhos (ANV) no último sábado, em Bento Gonçalves.
Mas vamos colocar assim: com a democracia em ação nas últimas décadas e os políticos fazendo o que bem entendem em todas as instâncias públicas, muitos de nós deixamos de prestar atenção nos movimentos deles e em como a política está presente e permeando as diversas camadas de nossa sociedade.
No entanto, isso foi difícil de ignorar nos primeiros momentos da ANV, a começar pelo fato de que o evento foi atrasado em quase uma hora, esperando a chegada do governador do estado do RS, Tarso Genro (e sua entourage de mais ou menos 20 pessoas).
Depois, seguindo o protocolo para eventos envolvendo autoridades públicas, começou uma imensa recitação de nomes e cargos de todas as autoridades presentes, repetido todas as vezes nas saudações de cada um dos políticos que fizeram discursos no evento, a saber: o Governador, o Prefeito e o Presidente da Assembléia Legislativa. Este último, "fez uso da palavra" de forma tão eloquente que por alguns momentos eu me senti em um comício político.
Uma de suas falas, no entanto, fez sentido: a necessidade de modificar os contrarótulos dos vinhos importados, para que tenham as mesmas exigências e restrições que os vinhos brasileiros têm (aqui e para serem exportados). Esse é um problema sério que muita gente ignora e que faz com que vinhos importados meio-doces sejam vendidos como secos, só porque ninguêm lê o contrarótulo.
Já os brasileiros são obrigados a colocar no rótulo (e em tamanho bem visível) as palavras que definem a graduação de açúcar (seco, meio-seco, licoroso etc).
Ele também fez apologia ao selo fiscal (dizendo que "estão vencendo batalha após batalha") e ainda saiu de lá premiado com um sabre (é típico das homenagens que se faz no mundo do vinho entregar um sabre, mas acho tão perigoso dar uma arma de guerra a um político...) e com o troféu de personalidade amiga do vinho, o troféu Vitis.
O discurso do Governador foi mais moderado, felizmente, e o propósito de sua visita foi anunciar que haverá um aumento de recursos para ser utilizado pelos orgãos que divulgam e protegem o vinho brasileiro.
Isso pode ser bom ou mau, dependo das mãos nas quais cair. Utilizado será, pois a indústria do vinho fica de olho nesses recursos, diferentemente de 'outros dinheiros' públicos que nós não sabemos onde estão e nem como são utilizados.
No entanto, esses recursos em mãos xenófobas serão capazes de criar ainda mais restrições à diversidade, a maior alegria do mundo do vinho. E por xenofobia aqui entenda-se não apenas os vinhos importados, mas também aqueles que não estão ao redor da ilha dos que mandam na república do parreiral.
Estão em projeto várias tentativas dessas, como por exemplo a de exigir a aplicação de rígidas leis sanitárias para qualquer propriedade que faça vinhos.
Por favor, nada contra a higiene, sem ela não existem vinhos sãos, mas o excesso de exigências pode acabar com os pequenos vinicultores. Que foi o que aconteceu com vários produtores de queijos na França, quando a Comunidade Econômica Européia passou a exigir que todos os queijos comercializados em seus territórios fossem pasteurizados. A diversidade que garantia que os franceses tinham um queijo para cada dia do ano, caiu por terra.
Aliás, a palavra é apropriada: pasteurização, que agora parece sinônimo de parkerização.
A grande pergunta é: por que alguns querem tanto colocar em suas grandes taças o conteúdo das taças pequenas dos outros? O que incomoda tanto?
Várias respostas me ocorrem, e a maioria delas têm a ver com ganância em suas diversas formas: poder, controle, riqueza etc.
A mim parece que pouco (ou nada disso) deveria combinar com vinho, aliás, em minha taça e em minha boca nada disso harmoniza.
Mas compreendo uma parte. Compreendo que as empresas precisam dos políticos e eles dos eleitores. Afinal, no ano que vem nesta mesma época, eles estarão todos em campanha eleitoral e nada melhor do que um palanque com mais de 800 pessoas na assistência, certo?
Lembro-me de que, em 2007, quando a profissão de enólogo foi reconhecida, o então presidente da ABE, Dirceu Scottá, fez um discurso poderoso e inflamado (pelo qual foi aplaudido em pé) e ressaltou inclusive a ausência da governadora Yeda Crusius e o pouco apoio que eles tinham do governo estadual.
Aos poucos, tudo foi mudando. O Governador e seu séquito lá estavam, o Presidente da Assembléia passou o dia todo celebrando com os produtores, mas a profissão de enólogo ainda não está devidamente regulamentada, como bem disse o presidente da ABE, Christian Bernardi, pedindo a atenção dos políticos para esse fato, em sua fala bela e realista.
Ao final de quase uma hora de discursos e beija-mão, ficou a impressão de que - em alguns lugares ao menos - são os políticos que estão servindo o vinho, e não as pessoas que o fazem.


"... e o sol da liberdade em raios fúlgidos, brilhou no céu da Pátria nesse instante."

Leia amanhã: Avaliação Nacional de Vinhos 2 - O Vinho!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Mesa Posta - Parte 2

A semana do meu aniversário teve muito mais 'mesa posta' do que coloquei aqui antes, portanto segue a continuação.
Quando contei para meu marido sobre o risoto que os alunos do CCI do Senac fizeram, ele ficou com àgua na boca e eu, que sei bem que ele sempre merece um agrado, resolvi fazer um em casa.
Os ingredientes eram linguiça, radicchio roxo e ervilha fresca. O vinho que acompanhou foi um Cabernet Franc Premium 2006 da Casa Valduga. 


No dia do aniverário, entre muita correria de trabalho e aula, teve bolo de frutas que a mãe e o pai trouxeram, feito pela Walquíria, banqueteira de primeira linha daqui de SP. Para acompanhar, um licor de limão siciliano geladinho.
Como eu fiz 44 anos, ficamos os nós 4 apenas (risos). Na verdade foi pura falta de tempo para fazer qualquer coisa mais.
No entanto, tive outro bolo nesse dia, dessa vez uma surpresa da Joyce, coordenadora dos cursos livres do Senac Penha. Logo depois da degustação com palestra que proferi, os alunos cantaram parabéns e foi servido um lindo bolo de chocolate, que acompanhou o espumante Prosecco da Aurora.


No almoço desse mesmo dia tínhamos ido (eu, marido, pai e mãe) ao Ráscal, do Shopping Villa Lobos. Como é padrão deles, a comida estava deliciosa e tinha até arancini (bolinhos de risoto recheados com queijo e empanados - na receita deles vai pimenta da jamaica!).


Tomamos duas garrafas de vinho, um Pinot Noir 2009 da linha Volpi da Salton e o Syrah Porcupine Ridge da África do Sul, ambos servidos com muita simpatia pelo sommelier Rodrigo.


O meu prato de massas era mais 'discreto', com apenas metade de um porpetone, lasanha vegetariana e mais dois arancini.


O "Festival Gastronômico Cigano" do meu aniversário se encerrou em grande estilo, na sexta-feira à noite, no restaurante Di Paolo, no Castelo Benvenutti, entre Bento Gonçalves e Garibaldi.
Junto a um agradável grupo de jornalistas gaúchos, jantamos com os espumantes da Gran Legado, feitos por uma pessoa muito querida, o enólogo Christian Bernardi.


Quem fez o serviço foi o Adair, maitre da casa, sempre atencioso e dedicado.
O Di Paolo, para quem não conhece, é a mais famosa das casas do grupo Geremia, e também a mais premiada. Faz mais de uma década que o galeto que eles preparam rende uma estrela no Guia Quatro Rodas.
A refeição por lá não poderia ser mais típica da serra e começa sempre com a sopa de capeletti (chamado - quando é assim pequenino - de agnollini), com pão caseiro e caldo. 


Eu que não gosto de sopas tomei dois pratos desse, para vocês terem uma ideia do quanto isso é bom. E acompanhado de espumante brut e um pouco de kren. Não sabem o que é kren? É um tempero típico da região, feito com raiz forte e vinagre. Delicioso.


Depois, seguindo a linha 'diet da serra' aparecem a salada de radicci (um almeirão mais delicado) com bacon crocante, salada de batata, polenta brustolatta (polenta cortada em pedaços e aquecida na chapa de ferro) e queijo colonial frito. 
Acreditem que depois disso tudo ainda aparecem três variedades de espaguete (com funghi, com queijos e com molho de tomate) e o galeto propriamente dito (que eu nem comi).
Para finalizar, nada melhor do que uma taça de moscatel e o sagu com creme.


A bem da verdade, depois de tudo isso eu deveria ter pedido de presente para meu marido uma  semana em um spa...





segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Verde Vale!

Celebrar a chegada da primavera no Vale dos Vinhedos, com um domingo de sol e visitando vinícolas é um dos privilégios de minha profissão.
As fotos que estão aqui foram feitas ontem de manhã na vinícola Larentis, que recebeu nosso grupo de jornalistas para uma visita e um almoço.
Só posso dizer que a natureza no entorno era gloriosa! O dia lindo como se tivessem encomendado especialmente para um produtor da Disney.
As parreiras sairam da dormência do inverno e, aos poucos, cada uma dentro do ritmo de sua cepa, vão brotando e cobrindo as colinas de verde.
Faltam-me palavras para tanta beleza!
As casinhas na beira da estrada enfeitadas por flores de todos os tipos, tantas que eu mesma nem as conheço. A vontade era seguir a pé, fotografando tudo o que via.
Ainda não deu tempo de separar todas as fotos. Mas nos próximos dias vou colocar as novidades da Avaliação Nacional de Vinhos (já posso adiantar que a festa deste ano foi praticamente perfeita), com grandes vinhos, muitos bons amigos e boas notícias para celebrar.
Também fiz uma série de imagens da culinária local e dos costumes. Aguardem!
Abaixo, nosso grupo com a família e os colaboradores da Larentis.




quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Avaliação Nacional de Vinhos - 19a Edição

Amanhã, sexta-feira, irei para Bento Gonçalves para uma série de eventos que incluem um de meus preferidos, a Avaliação Nacional de Vinhos.
O release da assessoria de imprensa da ABE (Associação Brasileira de Enologia) resume bem o que será o evento:

A 19ª Avaliação Nacional de Vinhos – Safra 2011 é neste sábado, em Bento Gonçalves. Considerada a maior de todas as edições por reunir 820 apreciadores e avaliar 383 amostras de 72 vinícolas brasileiras, a Avaliação cumpre seu papel de promover o vinho brasileiro, apresentando a qualidade da safra, através da divulgação da relação dos 30% mais representativos e os 16 vinhos selecionados entre este seleto grupo. Comentaristas de sete países integram o painel de convidados.






As fotos acima foram tiradas por mim na edição do ano passado, que avaliou uma safra difícil para os vitivinicultores.
Neste ano de 2011 a realidade é outra (como acontece sempre no mundo do vinho), a safra teve qualidade muito boa e o que eu soube através de alguns amigos enólogos é que essa avaliação trará muitas surpresas na taça e fora dela.
É o quinto ano em sequência que estarei presente nesse evento, que sempre me impressiona por sua organização e clima festivo. Todo mundo que realmente interessa do mundo do vinho brasileiro estará lá, por isso é um privilégio ser convidada da ABE para esse evento.
A programação, que começa na sexta-feira à noite com um jantar de confraternização no restaurante Di Paolo, é intensa e inclui (além da Avaliação que começa às 9 da manhã do sábado e vai até 3 da tarde) um jantar na vinícola Dal Pizzol, almoço e visita na Vinhos Larentis no domingo e uma visita à vinícola Dom Cândido. Tudo isso em menos de 24 horas.
Claro que voltarei trazendo novidades (muitas, espero).
Assim, desejo à todos um excelente final de semana, com muitos bons brindes e muitas alegrias!
A foto abaixo, da equipe que faz o serviço de cada um dos 16 vinhos simultaneamente para os 800 participantes, foi feita por Gilmar Gomes, também no ano passado. São alunos dos cursos técnico e tecnológico de enologia de Bento Gonçalves, uma escola técnica federal.


Uma estória

"Uma velha senhora foi para um safari na África e levou seu velho vira-lata com ela. 
Um dia, caçando borboletas, o velho cão, de repente, deu-se conta de que estava perdido. 
Vagando a esmo, procurando o caminho de volta, o velho cão perc...ebe que um jovem leopardo o viu e caminha em sua direção, com intenção de conseguir um bom almoço .. 
O cachorro velho pensa:
- Oh, oh! Estou mesmo enrascado ! Olhou à volta e viu ossos espalhados no chão por perto. Em vez de apavorar-se mais ainda, o velho cão ajeita-se junto ao osso mais próximo, e começa a roê-lo, dando as costas ao predador .
Quando o leopardo estava a ponto de dar o bote, o velho cachorro exclama bem alto:
- Cara, este leopardo estava delicioso ! Será que há outros por aí ?
Ouvindo isso, o jovem leopardo, com um arrepio de terror, suspende seu ataque, já quase começado, e se esgueira na direção das árvores.
- Caramba! pensa o leopardo, essa foi por pouco ! O velho vira-lata quase me pega!
Um macaco, numa árvore ali perto, viu toda a cena e logo imaginou como fazer bom uso do que vira: em troca de proteção para si, informaria ao predador que o vira-lata não havia comido leopardo algum....
E assim foi, rápido, em direção ao leopardo. Mas o velho cachorro o vê correndo na direção do predador em grande velocidade, e pensa:
-Aí tem coisa!
O macaco logo alcança o felino, cochicha-lhe o que interessa e faz um acordo com o leopardo.
O jovem leopardo fica furioso por ter sido feito de bobo, e diz:
- Aí, macaco! Suba nas minhas costas para você ver o que acontece com aquele cachorro abusado!
Agora, o velho cachorro vê um leopardo furioso, vindo em sua direção, com um macaco nas costas, e pensa:
-E agora, o que é que eu posso fazer ?
Mas, em vez de correr ( sabe que suas pernas doídas não o levariam longe...) o cachorro senta, mais uma vez dando costas aos agressores, e fazendo de conta que ainda não os viu, e quando estavam perto o bastante para ouvi-lo, o velho cão diz:
- Cadê o filho da puta daquele macaco? Tô morrendo de fome! Ele disse que ia trazer outro leopardo para mim e não chega nunca!
Moral da história: não mexa com cachorro velho... idade e habilidade se sobrepõem à juventude e intriga".
"Sabedoria só vem com idade e experiência."



Hoje eu completo 44 anos. Sem medo de ser 'cachorra velha'!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Mesa Posta

Nesta semana é meu aniversário e estou me sentindo como numa festa de casamento de ciganos - daquelas que duram dias e dias...
Como viajo muito, meus amigos resolveram fazer pequenas comemorações, que iniciaram na sexta-feira passada com um super agradável almoço no Le Jazz Bistrô (foto abaixo).


 Eu estava acompanhada de minha prima Ana Maria e dos belos pratos abaixo: brandade de bacalhau com salada verde e entrecôt com batatas fritas e molho verde especial. Boa conversa, boa comida, ambiente simpático...essas coisas que realmente contam.


No domingo foi a vez de encontrar meu compadres, cuja casa/sítio tem o privilégio de ter algumas árvores frutíferas, entre elas a linda amoreira, carregada de frutas em diferentes estágios de amadurecimento. Uma festa para os pássaros e para mim!


Mas o melhor (fora a companhia de meus queridos amigos) foi o banquete alemão que nos foi oferecido. Na mesa abaixo estão apenas os aperitivos, servidos na varanda. O almoço teve goulash, spatzle, purê de maças e repolho roxo em conserva. Delícia...


Enquanto as mulheres comiam amoras sob o pé, os homens apreciavam o pôr-do-sol e a brincadeira dos cães. Dias como esse são tão valiosos e perfeitos que devem ser guardados na memória.


E ontem, segunda-feira, quatro de meus alunos do curso de sommelier me ofereceram um jantar de aniversário. Um luxo que só é possível quando os alunos são, também, quase formandos do curso de Chef Internacional.
Na foto estão Rodrigo, Gustavo, Luiz e Cristiana. Em suas 'outras' vidas eles são: advogado, dono de loja (e formando em logística), nutricionista (e professor da Fatec) e jornalista.


A elegante entrada foi uma salada caprese nessa montagem inovadora. Acreditem-me, essa é uma mesa de um apartamento temporário de estudantes (diferente de uma república de estudantes de engenharia, por exemplo).


O prato principal foi um risoto com três tipos de funghi, enriquecido pelas novas técnicas aprendidas por eles na escola e por um toque de espumante.


As sobremesas foram impressionantes, delicadas, frescas, bem apresentadas. E combinaram à perfeição com o late harvest da vinícola Aurora.
Os outros vinhos da noite foram um espumante da Casa Valduga (Brut Arte), um espumante da Guatambú (Poesia do Pampa demi-sec), um Cabernet Sauvignon Gran Reserva Terraced da Luis Felipe Edwards e o de sobremesa da Aurora.


Todos esses encontros fazem com que fique mais fácil "mudar de idade" e me fazem lembrar que compartilhar comidas, bebidas, pensamentos e vivências com pessoas que o fazem por que querem e não porque precisam, é um dos maiores privilégios da vida.
Sou grata por esses privilégios e pelas pessoas especiais que fazem parte de meus (quase) 44 anos.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Colheita na Europa

A colheita na Europa segue rápida, em uma safra 'mais ou menos' para algumas regiões, como me disseram amigos que estão por lá trabalhando.
Mas no norte da Itália - fora as chuvas de final de verão que estão atrapalhando um pouco - ao que tudo indica as uvas brancas vão indo bem.
Quase todos os produtores de Conegliano e Valdobbiadene (no Vêneto) já estão terminando a colheita da uva Glera, novo (e feio) nome da antiga Prosecco.
Recebi hoje várias e lindas imagens da colheita da vinícola Bisol, uma moderna e poderosa cantina da região, cujos espumantes são comercializados no Brasil por duas importadoras (Mistral e Expand) ao menos.
Seguem as fotos, que falam mais do que tudo que eu possa dizer!





No final de fevereiro deste ano, quando visitei a região, os vinhedos de Cartizze estavam assim (foto abaixo). Quem me acompanhou foi o enólogo e um dos herdeiros da empresa, Desiderio Bisol.



Empresários vinhateiros como a família Bisol fazem alguns dos melhores espumantes Prosecco que existem.
Esses produtos quase nada se parecem com os 'genéricos' que são consumidos em baldes nos casamentos paulistanos. Os Proseccos Superiore, são vinhos de extrema elegância, delicados, de aromas bastante frutados, pouco açúcar residual e excelente corpo.
Mas são mais caros que os genéricos, é óbvio, por isso ainda são pouco conhecidos por aqui.

Boa semana para todos e excelentes brindes!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Jornalismo de Cozinha e Taça


Existe no jornalismo uma prática chamada 'cozinhar a notícia', que significa que você pegou uma informação que outro jornalista deu (ou mesmo apenas um release de uma assessoria de imprensa), modificou um pouco o texto e publicou como coisa nova. Não checou informações, não fez entrevistas e não buscou ampliar o assunto.
Isso já era comum no passado, entre os jornalistas preguiçosos e entre os muito atarefados, mas hoje virou (mantendo a metáfora na cozinha) 'carne de vaca'. Até porque todo mundo (e qualquer um) pode ser jornalista e as informações (verdadeiras e falsas) estão na internet à disposição de qualquer um.
Nos blogs então, é o ganha-pão de muita gente, pois para muitos 'patrocinadores' o simples fato de alguém ter publicado uma informação de sua empresa já é motivo para se dar um dinheirinho ou um agradinho para a pessoa.
Por conta disso, é que me dá uma enorme satisfação fazer parte de um projeto que, mesmo totalmente temperado por metáforas de cozinha - que são sua essência e razão de ser - nada tem dessa prática jornalística bastante lamentável, que se vale da confiança do leitor/ouvinte/telespectador.


Fui convidada pelo editor de gastronomia de VEJA São Paulo, Arnaldo Lorençato, para fazer a seção de Vinhos do especial Comer & Beber 2011/2012, uma edição de 612 páginas com o que há de melhor em Bares, Restaurantes, Comidinhas e, é claro, Vinhos, na capital brasileira da gastronomia.
Minha missão era visitar lojas, importadoras e supermercados por toda a cidade e conhecer seus estoques, seus produtos exclusivos, sua estrutura e os preços praticados. Meses de trabalho depois, são publicados 80 endereços, dos quase 100 que eu apurei.
Minha limitação (fácil de cumprir para quem respeita o que faz e o leitor que é nossa razão de ser): não ter nenhum vínculo com nenhuma empresa que faça ou venda vinhos, não aceitar brindes ou presentes de nenhum tipo e não vincular esse trabalho a nenhum outro que eu esteja fazendo no momento.
Ontem, em uma enorme e concorrida festa, a revista foi lançada e foram premiados os melhores em 43 categorias entre os 1.320 estabelecimentos avaliados pela equipe da revista e por jurados convidados.



 A festa aconteceu no espaço HSBC Brasil e foi apresentada pela atriz Claudia Raia, com um vestido de seda verde pepino e com um coque que parecia um brioche. Poderosa, linda, alta e impecável nas mais de 2 horas em que passou apresentando todas as categorias, ela estava em um palco todo enfeitado com taças de vinho (foto mais azulada, acima).
O mundo da gastronomia paulistana estava lá, e alguns dos premiados estavam realmente emocionados, como a chef Janaína Rueda (do Bar da Dona Onça que vocês já viram por aqui) e o sommelier Tiago Locatelli, do Varanda Grill.
Na saída do evento, um bem montado café e uma saborosa mesa de doces aguardavam os convidados que, finalmente, puderam receber a edição deste ano que pesa mais de 900 gramas.
Os assinantes de VEJA irão receber a revista amanhã em suas casas, mas o público paulistano poderá comprar nas bancas da cidade e em algumas do interior.
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Aproveito também para falar do Guia ADEGA de Vinhos do Brasil que (não existem coincidências) chegou às minhas mãos no mesmo dia da publicação da VEJA SP.


Quero destacar uma frase do Editorial que está na foto acima: "Decidimos fazê-lo como aqueles que desbravam novos terroirs, sem qualquer preconceito, plantando sem alarde e investindo, independentemente do resultado, em nossa crença de gerar um produto independente editorialmente, capaz de capturar corações e contribuir para o desenvolvimento da vitivinicultura em nosso país".
Não fui eu quem a escreveu, obviamente, mas assino embaixo com convicção, pois é nisso que acredito. É com respeito ao leitor que os bons produtos são feitos e são capazes de sobreviver ao teste das safras.


Ao final desses dois trabalhos que foram bastante longos e por vezes cansativos, quero agradecer algumas pessoas sem as quais a vida teria sido mais difícil e outras cujas informações fizeram parte dos trabalhos, embora seus nomes não sejam mencionados nas edições:
São eles: Cristiano Rosa, Isabel e Etore Mascella, Juliana Reis, Arnaldo Grizzo, Lucinara Masiero, Associação Brasileira de Enologia (em especial Christian Bernardi e Daniel dalla Valle), Embrapa Uva e Vinho (em especial os drs Jorge Tonietto e Celito Guerra) e aos mentores Arnaldo Lorençato e Christian Burgos.

Excelentes e honestos brindes, desejando um bom final de semana!