Colheita 2016

Colheita 2016
Seja bem-vindo! E que nunca nos falte o pão, o vinho e a saúde e alegria para compartilhar!

sábado, 31 de dezembro de 2011

Para receber 2012!



'NOVO TEMPO'  - Ivan Lins

No novo tempo, apesar dos castigos
Estamos crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
Da força mais bruta, da noite que assusta, estamos na luta
Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver
Pra que nossa esperança seja mais que a vingança
Seja sempre um caminho que se deixa de herança
No novo tempo, apesar dos castigos
De toda fadiga, de toda injustiça, estamos na briga
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
De todos os pecados, de todos enganos, estamos marcados
Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver
No novo tempo, apesar dos castigos
Estamos em cena, estamos nas ruas, quebrando as algemas
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
A gente se encontra cantando na praça, fazendo pirraça
Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver!


Queridos amigos do blog VINHOVERDEAMARELO, obrigado pela companhia e pelas mensagens de 2011. É meu desejo para todos nós que em 2012 sejamos capazes de muito mais do que apenas sobreviver! 
Desejo que tenhamos compaixão e respeito, que sejamos capazes de doar e perdoar, que tenhamos sucesso e dinheiro disponível para aproveitar as coisas boas e para compartilhar com quem não tem a mesma sorte, que tenhamos momentos felizes ao lado dos que amamos e também a felicidade de fazermos novos amigos e que tenhamos saúde e disposição para cuidar de nosso bem mais precioso: a vida!
Excelentes brindes, muita paz, respeito e harmonia em todo o ano de 2012!

Sílvia Mascella Rosa


quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Ponche para o Ano Novo


Conforme prometi ontem, segue a minha receita do ponche de frutas que já fez (e faz) muita gente feliz, mas é necessário começar um dia antes, ok?
Mas antes um pouco de 'contexto histórico'. Ponches eram muito comuns no Brasil nas décadas de 1950/60/70. Não havia festa sem eles. Em minha casa, no dia 1o de janeiro, o ponche de frutas servido dentro de uma enorme melancia era um 'clássico.
Nos EUA (de onde veio a foto acima) eles ainda aparecem quentes ou frios e estavam em todos os filmes que mostravam os jovens em bailes dos anos 50/60, em geral na mesma atitude da foto: 'batizando' o ponche. Isso porque os ponches podem ser com ou sem álcool.
Hoje, muita gente confunde ponche com Sangria, mas não são a mesma bebida. Falarei de Sangria oportunamente.

Equipamentos: um recipiente de vidro ou plástico com tampa que caiba na geladeira, faca afiada, uma poncheira ou saladeira grande (ou até mesmo jarras) copos ou taças bojudas e colherinhas.

Ingredientes: 1 garrafa de dois litros de soda limonada (não use diet), 1 garrafa de vinho frisante (Salton Lunae, Almadén Sunrise, Marcus James Frisante) OU (se quiser mais forte) 1 garrafa de espumante Brut, suco de dois ou três limões, um pau de canela, 4 a 5 cravos, 200 ml de conhaque, 1/2 xícara de chá de açúcar, 1/2 lata de pêssegos em calda (guarde meia xícara da calda da lata), folhas de hortelã para decorar.
Escolha duas frutas de cada um dos tipos (pode ser mais, mas deve levar ao menos duas): crocante (maçã fuji/verde, pera firme, grãos de uva Itália), ácida (kiwi, abacaxi, morango, maracujá, ameixa fresca), doce (cereja, melão, melancia, lichia).
Evite frutas como banana, mamão, abacate e goiaba, pois seus sabores tendem a se sobrepor aos outros.
No dia anterior: lave e pique as frutas todas dentro do recipiente com tampa. Observe que as frutas tenham uma boa mistura de cores e que os pedaços sejam de tamanhos similares. Coloque o suco de limão e o açúcar sobre as frutas, a canela e o cravo, a calda dos pêssegos e o conhaque. Misture tudo bem e deixe descansar na geladeira até a hora da festa.
Aproveite para colocar o vinho e o refrigerante de limão também na geladeira.

Montagem no dia da festa: retire as frutas da geladeira alguns minutos antes de começar a festa. Mexa bem e prove o açúcar, deve estar doce mas não enjoado. Transfira metade das frutas para a poncheira (já no lugar onde ela vai ficar) e volte o restante para a geladeira. Com delicadeza coloque metade da garrafa de soda limonada e metade da garrafa de vinho frisante. Acrescente pedras de gelo. Misture ligeiramente com uma concha e espalhe umas folhinhas de hortelã para decorar. Sirva a seguir com a colher para comer as frutas. Quando estiver acabando misture novamente os ingredientes para mais uma rodada.

Versão sem álcool: para as crianças e adolescentes o ponche pode ser feito sem álcool. Não coloque o conhaque na maceração das frutas e nem o vinho. No lugar do vinho frisante coloque uma garrafa de suco de uva integral.

Agora, a título de curiosidade, tomo a liberdade de reproduzir aqui uma matéria que escrevi há muitos anos para a Claudia Cozinha, quando a revista ainda era separada da Claudia. 
Espero que gostem.
Boa passagem de ano e EXCELENTES BRINDES!

ORIENTE E OCIDENTE NO COPO
Combinações ricas em aromas, sabores e frescor, os ponches são bebidas cheias de história e tradição que podem ou não levar álcool


O ponche é o ancestral dos coquetéis modernos e um parente próximo do quentão junino brasileiro. Tanta familiaridade é explicada por variadas histórias que se completam unindo o oriente e o ocidente. Um dos pontos de partida é a Índia, de onde vem a palavra  'pânch', do vocabulário hindustani ou da palavra 'panchan' do sânscrito e que significa 'cinco', fazendo uma referência ao número mínimo de ingredientes que deve conter um bom ponche e às suas qualidades: azedo, doce, fraco, forte e condimentado. No oriente os ingredientes mais comuns eram o limão, açúcar, água, especiarias e uma bebida destilada chamada 'arrak' (*). Em sua viagem rumo ao ocidente, no século 17, a receita foi transcrita por marinheiros e passada para o povo europeu que a adaptou aos seus gostos e ingredientes locais. Na França antiga um ponche poderia ser simplesmente um vinho tinto leve com rodelas de laranja e condimentado com noz-moscada ralada, muito parecido com a atual Sangria espanhola. Entre os ingleses, provavelmente os responsáveis pela chegada do ponche à Europa, a bebida se sofisticou com o uso do rum caribenho vindo das colônias e com a criação de um recipiente adequado para a mistura de grandes quantidades de líquidos. A nossa tradicional poncheira recebeu, por aquelas terras, o nome de um homem muitíssimo elegante para seu tempo e que vestia-se com um casaco cujas pontas eram cortadas em tiras. A poncheira que leva seu nome de família, 'Monteith', tem a borda recortada á moda das tiras do casaco, para que a ela se adaptem as taças que servirão o ponche. Continuando sua viagem, na distante Suécia, o sabor do rum não era tão apreciado, mas o frio intenso pedia uma bebida forte então se criou um ponche com rum, canela, cravos e aguardente de uvas, que é consumido desde o século 19.
Os ingleses se encarregaram de levar o ponche para sua colônia que viria a ser os Estados Unidos. E lá, a bebida virou uma espécie de instituição nacional. Não há filme americano com baile de formatura ou festa de reencontro que não mostre uma linda poncheira na principal mesa do salão. Por lá o ponche é consumido em suas versões com álcool e sem, mas em geral é preparado frio, enquanto na europa as versões quentes eram (e ainda são) mais populares.
Chegando ao Brasil, em 1821, segundo relatos de um viajante francês, o ponche se adaptou ao nosso clima e incorporou sabores e aromas típicos de nossa região, assim como as frutas e os sucos e passou a frequentar as festas de família e as comemorações de Natal e Ano Novo. Mas não é somente no verão que o ponche é apreciado, o nosso quentão, tão popular nas festas juninas, nada mais é do que um legítimo representante dos 5 ingredientes do original indiano, com o limão, o gengibre, a cachaça, o açúcar e a água.
Quente ou frio, com álcool ou sem, o ponche é uma bebida rica que admite muitas combinações. Você pode criar a sua, seguindo uma regra muito popular no Caribe: "Uma parte de Azedo, Duas partes de Doce, Três partes de Forte, Quatro partes de Fraco e cinco pitadas de especiarias, misture tudo com muito gelo". As opções incluem sucos de frutas cítricas ou não, pedaços de frutas, bebidas destiladas (como o rum ou o conhaque), bebidas fermentadas (como vinhos e espumantes), licores, refrigerantes com sabor de frutas, água e açúcar. 


(*) Arrak é um termo genérico utlizado para definir bebidas destiladas incolores na região da Índia, de Bornéu e da Indonésia. Pode se referir a um destilado de arroz, de cana de açúcar (muito parecido com o rum), de tâmaras ou até mesmo a um destilado da seiva do coqueiro. O nome, deriva da palavra árabe 'arak', que significa seiva.




quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Unindo os pontos (decorando para o reveillon)

Quase todos nós, durante a nossa alfabetização, fizemos o exercício (e muitas vezes a brincadeira) de unir os pontos. Útil para desenvolver a atenção, a coordenação motora e, obviamente, a capacidade de perceber quais os pontos que devem ser ligados para formar a letra ou o desenho que lá está.
Receber em casa é como um jogo de unir os pontos: limpar, arrumar, escolher, selecionar, preparar.
Mas muita gente pensa que deve ter sempre coisas novas, louça, vinhos, receitas, pois não consegue "ver o desenho final" com aqueles 'pontos' que já tem em casa.
A festa da passagem de ano é, para a maioria das pessoas, uma festa menos formal do que a do Natal. Até porque um enorme número de brasileiros vai para as praias nessa época, e a praia não é, normalmente, um lugar formal.
Eu penso um pouco diferente. Acho que a descontração natural do dia 31 de dezembro pode ser bem casada com uma mesa elegante, um cardápio leve e refinado e excelentes vinhos, mesmo que você esteja na praia.
No entanto, para isso é necessário um bom planejamento: quantas pessoas virão? Haverá crianças e adolescentes (eles podem precisar de um cantinho só para eles e muitas crianças precisarão dormir antes da festa), que tipo de comida servir? Quais bebidas?
Uma vez tomadas as decisões básicas (número de pessoas e alimentos) comece a olhar à sua volta e pensar qual o clima você quer proporcionar aos seus convidados.
Se houver espaço, livre-se dos excessos da casa (móveis pequenos, decorações que ficam pelo chão) e tire o máximo de enfeites dos armários e aparadores. Quanto à decoração de Natal, pode ser até interessante já desmontar uma parte dela.
Depois, faça escolhas que sejam complementares: louça lisa para toalha estampada e louça estampada com toalha lisa. Mas brinque com os estilos e se não houver louça igual para todos, não se preocupe, ao contrário, faça disso uma brincadeira e use, por exemplo, para 12 pessoas três pratos de cada uma das estampas, isso vai parecer proposital, ao invés de três pratos de outra estampa para completar os 15 que seriam necessários.
Mas principalmente, abra seus armários, procure aquela travessa ou aquele jogo de travessas que uma tia deu e você nunca usou, transforme bules floridos em vasos com mini-flores e saladeiras enormes em baldes para garrafas ou latinhas de refrigerante.
Selecionar é, nesse momento, o mais importante. Pense em flores frescas e não em flores de pano ou plástico que - por mais bonitas que sejam - não estão vivas e esse é um dia de celebrar com coisas vivas.
Pegue todos aqueles vasinhos que ficam no beiral da janela, lave-os bem e coloque flores novas neles (existem hoje nos supermercados vasinhos de flores que custam R$ 1,50 cada) e faça um centro de mesa florido, com as fitas que sobraram do Natal e algumas bolas.
Quer uma ideia genial? Que tal pedir a boa sorte com vasinhos de trevo?
Não tem taças para todo mundo? Ora, quem tem? Somente os restaurantes e é bem provável que você repare mais nisso do que seus convidados. Novamente é hora de fazer o avesso ficar certo: encontre uma linda bandeja perdida, se for de prata, decorada, daquelas que dão trabalho para limpar, melhor ainda. Limpe-a e enquanto faz isso aproveite para meditar. Coloque sobre ela uma toalhinha de bandeja, daquelas que todo mundo tem e quase nunca usa, e sobre ela as taças, o mais descoordenadas possível. Cores, tamanhos, formas, tudo misturado.
É bacana separar um canto para as bebidas (e bem ao lado dele deixar um pano de chão bonitinho, quase novo, dobrado para dar aquela limpadinha na água que pinga, antes de tudo virar uma lambança), com balde de gelo (coloque um prato embaixo do balde com um guardanapo de pano, isso evita que a água que derreteu molhe seu móvel), a bandeja com os copos, bebidas sem gelo para quem precisar, um abridor guardado estrategicamente e, se seus convidados forem do tipo que sabem usar, porta copos. Vale deixar uma boa quantidade de guardanapos de papel numa cestinha junto (ou num vasinho que sobrou daquela limpeza que você fez na janela).
Para quem estiver na praia o tema náutico é quase irresistível e aqui fica uma dica linda para a garrafa de vinho rosé: o 'balde' de gelo com conchas dentro. Feito com dois recipientes encaixados e as conchas colocadas na água aos poucos - para que não vão todas para o fundo - dá um pouco de trabalho mas fica lindo e útil.
E vale uma observação que muita gente não faz: por que essas mesas ficam tão mais bonitas que as nossas? O que elas têm em comum, ou melhor, não têm?
Olhe mais uma vez para as fotos que estão aqui e veja se você encontra alguma marca, alguma garrafa de coca-cola, algum vidro de azeite andorinha, algum pacote de pão pullmann. Não, elas não tem nada disso, todos os produtos estão em recipientes neutros e por isso não chamam mais atenção na mesa do que a decoração. As embalagens coloridas são feitas para chamar nossa atenção, para facilitar a compra. Mas raramente são bonitas, mesmo quando práticas e não foram feitas para decorar.
Por isso, limpe a sua mesa das marcas e você vai notar uma diferença imensa.
 Reparem só nesses exemplos: as louças nem sempre são todas iguais, alguns detalhes de Natal ainda estão aqui e ali e as flores parecem ter sido tiradas do próprio jardim. Mas há transparência dos vidros, que realçam a beleza dos alimentos, há misturas eficientes de estampas e existe luz (natural, de velas, de lâmpadas, de luzinhas de Natal) envolvendo o ambiente e criando sombras intrigantes.



Tire os guardanapos de pano da gaveta, use-os antes que as traças os comam (depois é só colocar na máquina de lavar) e veja a delicadeza da decoraçao acima: seixos e flores de anis na mesa, um pote com sal grosso e uma vela azul mais as conchas. E na foto mais ao alto, nem a toalha rústica e nem os copos sem pé deixam a mesa menos atraente.
Para os chineses, que não celebram o Natal e cujo Ano-Novo muda de dia sempre por conta do calendário lunar, o vermelho e o dourado são cores especiais para a boa sorte do ano que se inicia, portanto pense nessa ideia. Para eles a tradição manda oferecer mexiricas (bergamota ou ponkan), sementes de abóbora e moedinhas de chocolate para os convidados. Que tal acrescentar essas tradições às nossas?
 Se você ainda tiver alguma disposição e um pouquinho de dinheiro no bolso, uma visita a um centro de compras popular (como a 25 de março aqui em SP) poderá resultar na compra desses confetis estilosos que apareceram agora, com formatos e cores diferentes, além de chapéus, óculos e boas para os amigos celebrarem.
No entando, aqui vai um aviso: se você tem animais de estimação (cão, gato, ferret) cuidado com os confetis metalizados, eles poderão comê-los e isso pode dar muito errado. Cuidado também com os rojões, fogos e bombas. Os ouvidos dos animaizinhos são muito sensíveis e eles ficam com muito medo nessa época, assim não colabore com esse tipo de barulho.
Quanto às bebidas, fica tudo fácil: independentemente de qual seja o seu cardápio escolhido, água, suco de uva e espumante do começo ao fim da festa. Que tal uma sangria ou um ponche de frutas para deixar tudo mais fresco e leve? Amanhã prometo dar uma receita infalível de ponche que vai agradar uma porção de gente!
Se a sua escolha for por uma mesa elegante e por um jantar com todo mundo sentado junto, essa dica é especial para você: a Casa Valduga já colocou no mercado seus sucos de Cabernet e Moscatel. 100% naturais, sem álcool e sem açúcar, eles vem em garrafas lindas, longas e delicadas que - apesar de terem rótulo - serão discretos em sua mesa, ou poderão ficar com as outras garrafas dentro do balde, no aparador.
Para a refeição, comece com espumante da uva glera (Prosecco) pois são mais leves e costumam ter aromas mais cítricos, depois passe para os brut de método Charmat e quando estiverem nos pratos mais encorpados, sirva brut de método tradicional. Para finalizar, um adocicado e fresco Moscatel, com os doces e frutas.

 Não esqueça que a tradição brasileira pede uvas e romãs na noite da passagem de ano...
 ...e se você quiser utilizar velas (elas deixam a atmosfera toda especial) e não tiver castiçais, utlize taças ou garrafas vazias sem rótulos, com fitas no gargalo.
Mas tome cuidado, se houverem muitas crianças na festa, coloque as velas em lugares inacessíveis à elas, pois crianças e velas são incompatíveis...
Por último, uma dica bem brasileira: pouca gente consegue comer a lentilha que é quase 'obrigatória' nessa data (os grãos da lentilha tem o formato de moedas e por conta disso acredita-se que comê-la nessa noite traz fortuna no ano novo), seja porque já comeu muito, porque é um prato pesado servido com mais carne de porco (linguiça em geral) ou ainda com arroz. Então inove: sirva uma sopa morna de lentilha em potinhos individuais. Na foto abaixo está uma versão com grão-de-bico e especiarias. Saborosa e mais leve.
E agora sem preguiça: selecione as toalhas lindas, os guardanapos, a louça diferente, a seleção musical e as bebidas e tenha uma excelente festa em sua própria casa!
Bons goles e boa festa!



segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Última semana do ano


A louça utilizada no almoço de Natal ainda não está toda guardada, nem os papéis dos presentes foram todos descartados ou preservados ainda. 
Mas esta é a última semana do ano. Ainda bem!
Aprendi, há muito tempo, que o ser humano precisa - para o bem de sua sanidade mental - de começo, meio e fim das coisas. Precisa organizar o mundo, as ideias, a casa, a gaveta de calcinhas...
Aprendi, também, que apreciamos os rituais e que toda cultura os têm. Por isso celebramos e muitas vezes, mesmo relutantes, embarcamos em uma festa ou outra. 
É necessário celebrar. Celebrar é reconhecer que algo começou, terminou, passou. É um momento de dizer para nós mesmos que há um novo tempo, uma nova chance, um novo dia. 
Sim, tudo isso continua existindo mesmo sem o ritual, mas a cabeça não fica muito 'assentada' sem ele e - acreditem - muitas vezes a gente nem se dá conta de que eles são tão necessários.
Minha avó dizia que 'quando nasce, casa e morre' a gente tem que estar lá, como testemunha, como companhia, como ser humano, ficando alegre junto, sofrendo ou confortando o sofrimento, mas fazendo parte de um momento que pode não parecer extamente nosso, mas é, como seres sociais que somos.
Assim, esta semana é de conclusões, de limpeza, de finalizações.
Tudo bem, segunda-feira que vem é só mais uma segunda-feira certo? Que pena se você pensa assim. O calendário está lhe oferecendo uma oportunidade coletiva de dizer coisas que precisam ser ditas, de fazer coisas que precisam ser feitas, de voltar os olhos para dentro de si e fazer alguma espécie de balanço, zerando as contas.
Não vou dizer que é fácil, pois não é. Muita gente diz que tudo isso é bobagem para evitar o desconforto de se deparar com os 'não fiz, não consegui ou pisei na bola'. Mas a consciência é mais fácil de conviver quando nos é clara e é o primeiro passo para limpar nossas atitudes, nossas ações.
Portanto, não tem vinho hoje e nem comida.
Tem a coruja, símbolo da inteligência, coragem e atenção, para desejar que nesta semana vocês (assim como eu estou tentando fazer) finalizem o que precisa ser finalizado, pensem no que precisa de atenção, limpem o que precisa ser limpo, dentro e fora de vocês!
Excelente última semana do ano de 2011!
Ufa...

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Noites Felizes

Hoje fui fazer algumas compras finais para esse final de semana especial.
A cidade de São Paulo já está em ritmo de feriado. A circulação de carros está muito abaixo do normal, o rodízio de veículos pelo final das placas está suspenso até dia 13 de janeiro, e até mesmo o ritmo das pessoas parece mais lento.
Até que você entre em um mercado, e perceba a urgência que ainda ocupa as pessoas. Repositores que não param de circular, panetones sendo comprados com a ânsia de quem nunca os comeu (e como se não continuassem nas prateleiras na segunda-feira, dia 26), perus, tenders, manteiga e ervas em todos os carrinhos, muita cerveja e muitos vinhos ruim saindo à rodo...
Isso por que eu estava em uma casa de alto padrão, em um bairro idem, daqui da zona oeste de São Paulo.
Fico olhando esses vinhos porcaria e tenho vontade de abordar as pessoas (a sommeliére em mim grita feito gato em tina de água fria): "Não beba isso, você vai se arrepender, esse vinho não se serve nem para a sogra...". Mas calo-me e penso em quantas pessoas vão falar, já no domingo à noite: "vinho não me cai bem".
Pois, não beba então...beber por beber é coisa de gente ignorante e que não conhece os próprios limites, e é incapaz de trazer de volta à memória os maus momentos que a bebida pode causar.
Claro que tem gente comprando vinhos bons (felizmente). Eu hoje mesmo foi irresistivelmente atraída por uma garrafa de um tinto espanhol 2006 da Rioja. Comprei, mas não para agora, não para os 32 graus de temperatura que tem feito nesta cidade, pois não quero estragar o prazer desse vinho.
Enfim, o objetivo desta postagem é mesmo o de desejar que as próximas noites sejam muito felizes, 'apesar do perigos', como diz a música do Ivan Lins. Que sejamos capazes de nos desfazermos dos sentimentos negativos, das tristezas, das coisas que não deram certo, das diferenças irreconciliáveis, em favor de alguns momentos de convivência pacífica, de alegrias compartilhadas, da mesa posta e do pão repartido, do vinho e do espírito de congraçamento que - a bem da verdade - deveria ocupar muito mais dos nossos dias!
Sejamos felizes hoje, pois o ontem não volta mais, o futuro ainda não aconteceu, e o hoje é o nosso maior presente!
Feliz Natal!
"No novo tempo, apesar dos perigos, a gente se encontra, cantando na praça, fazendo pirraça, pra sobreviver, pra sobreviver".

 P.S.: Não exagerem na bebida, nem na comida. O que vale é celebrar, compartilhar e ser feliz!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Natal em Branco

www.youtube.com/watch?v=ddVZOK_9UUI


Não, eu não vou 'passar o Natal em branco' no sentido que vocês estão pensando. Passarei a noite com excelentes amigos e uma parte da família, e o dia 25 com outra parte da família, em um almoço bastante íntimo.
Por 'Natal em Branco' entenda-se a nossa mania de copiarmos os quitutes dos povos que celebram o Natal em pleno inverno, sob a neve. 
Se até mesmo a música imortalizada na voz de veludo branco de Bing Crosby (White Christmas) pode se renovar, como no vídeo que está nesse link acima, por que não nós?
Por isso aqui vão algumas dicas (ou alternativas) para acompanhar o 'peru de Natal' - que eu gosto, mas sei que a maioria das pessoas come por obrigação. Aliás numa data como essa, na qual até gente que nunca vai para a cozinha resolve se arriscar, por que fazer uma coisa que quase ninguém come - peru- o ano inteiro (a não ser a mulherada da dieta, que come no lugar do presunto) justamente num dia festivo?
Tradição, normalmente, é uma coisa que a gente repete pois tem algum significado, uma significância e, nesse caso, agrada ao paladar. Então, por que não mudar se isso realmente não tem muito significado para nós?
Algumas sugestões aqui são bastante sofisticadas e vão além do lugar comum. No entanto, duvido que uma boa cozinheira (como grande parte dos brasileiros e brasileiras são) não dê conta de fazer.

As Entradas

Vinho Jerez seco espanhol, geladinho, com figos, damascos, pão rústico e queijo gorgonzola...
 ... camarões feitos na frigideira com manteiga, azeite, limão e um pouquinho de pimenta fresca...
...canudinhos de carne agridoce, com molho de soja ou pimentão...
...salada de cenoura ralada e cubos de abacaxi gelado, com menta. O molho é de tomates secos picados, com um pouco de alecrim...
...sorbet de manga com creme batido com manjericão e grãos de romã, para limpar o paladar...
...ostras frescas com molho pesto, apoiadas numa bela vasilha com sal grosso.

É claro que tudo isso acompanha vinhos brancos, muito mais leves para nosso verão - que veio forte - e mais delicados para os pratos.
Pode-se começar com o Jerez bem seco, ou até com um Madeira mais leve, sempre refrigerados, ou começar com um espumante Brut, de método Charmat, mais frutado e fácil de beber, bem geladinho.
Mas as ostras 'pedem' um Sauvignon Blanc, enquanto a salada vai fazer um belo par com um Viognier.
Claro que vou sugerir rótulos brasileiros para esses brancos, como o Viognier da RAR/Miolo, o Sauvignon Blanc da Aracuri ou da Sanjo ou ainda o Moscato Giallo da Don Guerino.
Entre os espumantes Charmat, prove o Do Lugar (da Monte Lemos, dona da marca Dal Pizzol), o Ponto Nero da Domno, o Chardonnay da Aurora ou ainda o Poesia do Pampa, da Guatambu.

Os Pratos Principais

Eu entendo que não é fácil variar, principalmente se o 'tradicional' virou uma questão familiar e os netos esperam o ano todo para comer aquele prato que a vovó só faz no Natal. Daí é realmente difícil. Mas uma boa dica é observar aquilo que sempre sobra mais a cada ano e deixar de fazer, trocando esse prato por uma coisa nova, que poderá virar - com o tempo - uma nova tradição. 
O bacana disso é buscar pratos mais leves, que respeitem mais nosso clima e o fato de que a ceia é muito tarde e o almoço de Natal chega menos de doze horas depois. Haja estômago!
 ...uma dica muito elegante é o prato de batatas cozidas, caviar e azeite de trufa, com raminho de rúcula...
...os vegetarianos vão agradecer por essa berinjela recheada com legumes, milho e tomate cereja, temperada com ervas e assada. Se você achar leve demais, pode cobrir com um pouco de queijo ralado e gratinar...
...luxo brasileiro mesmo é a cauda de lagosta com molho de manga ou caju, servida com ervas, que pode ser acompanhada daquele tradicional arroz com passas ou com amêndoas e espumante...
....o lombo de porco vem recheado com um mix de cogumelos e ameixas e é acompanhado de legumes ligeiramente refogados...
...para quem não 'passa sem massa' o fagotini de frango leva manteiga de ervas e nesse caso lascas de trufas e parmesão...mas pode ser servido com azeite de trufas e parmesão também...
...para fechar as dicas de pratos principais, que tal um pernil assado na cachaça com batatas rústicas e ameixas? a receita dele está aqui: http://revistacasaejardim.globo.com/Revista/Common/0,,EMI283878-16777,00-PERNIL+ASSADO+NA+CACHACA+COM+ALECRIM+E+BATATAS+RUSTICAS.html

Não Esqueça das Crianças!

 E se para os adultos é, as vezes, meio enjoado comer dois dias seguidos aquela montanha de pratos pesados acompanhados de muita cerveja estupidamente gelada e de muito vinho tinto mais quente do que deveria, imagine só para as crianças?
Sim, acredito que elas devem ser estimuladas a provar de tudo e que também estão mais interessadas nos novos brinquedos e na companhia de primos e amigos do que na comida.
Mas mesmo assim, um belo prato de escondidinho de frango com purê de batata gratinado vai ser capaz de agradar muitas crianças (e vários adultos também). Dá até para usar ervilhas congeladas e cenouras em cubinhos no recheio, para acrescentar nutrientes. 

As Sobremesas!

Sou fã de panetone, um dos poucos doces dessa época que realmente me tiram do sério. E por conta desse 'gostar acima da média' é que tenho que me controlar, senão como demais.
No entanto, como sobremesa não vale comer pão recheado não é (ainda mais essas versões absurdas recheadas com mousse ou outras coisas estranhas)? Muito menos as rabanadas, que apesar de deliciosas têm as mesmas calorias da refeição quase inteira. E, convenhamos, também é uma comida natalina de país frio, assim como as bolachinhas cheias de manteiga e açúcar.
Num país tropical como o nosso, nesta época que é a melhor do ano para as frutas, que tal uma torta de côco, laranja e limão, como a da foto abaixo?
 ...ou macaroons de pistache recheados com uma bola de sorvete de morango...
 ...e como a mania importada de agora são os cupcakes, esses com glacê em formato de árvore fazem a beleza de qualquer mesa de Natal, junto dos docinhos confeitados como renas e Papai Noel. Pequeninos, podem ser servidos ao final da festa, com o cafezinho ou o licor (gelado, por favor).

 Por fim, se você não conseguiu se afastar das frutas secas das festas, que tal preparar essa 'empadinha' doce de frutas? Acompanhada de uma taça de Moscatel geladinho, como o da Garibaldi ou o da Vinícola Santo Emílio, ou de um vinho de sobremesa como o Intenso da Salton, ou o Colheita Tardia da Aurora, é para sonhar com um Feliz Natal todos os anos!

Todos esses pratos (todos mesmo!) podem ser acompanhos de vinhos brancos. Para a massa de frango e para o pernil escolha Chardonnays mais encorpados, como o Gran Reserva da Valduga ou o Chardonnay da Villaggio Grando de SC, que passam por barricas de carvalho.
Para os outros pratos alguns Chardonnays sem passagem por madeira, como o da Pizzato ou o Reserva da Aurora serão boa companhia. Se você conseguir encontrar, o Gewurztraminer da Salton ou o da Dal Pizzol irão bem com a lagosta, embora eu mesma prefira esse prato com um espumante feito no método tradicional, como o Brut da Don Giovanni ou o rosé do Adolfo Lona.
Opções não faltam para sair do tradicional, tanto na comida quanto na bebida. Agora é só aproveitar!
Bons brindes!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O Blog do Sérgio Inglez

Para os que não conhecem (embora eu saiba que muita gente tem por hábito consultar os blogs preferidos do autor de seu blog preferido), sugiro a leitura do blog do enófilo Sérgio Inglez de Souza (na foto ao lado jogando damas do vinho).
http://todovinho.blogspot.com/2011/12/vinhos-do-brasil-aos-poucos-luz-no-fim.html
Sérgio faz parte de um pequeno e seleto grupo de homens do vinho que não são preconceituosos com os vinhos brasileiros. Muito ao contrário, acredito que ao lado de mais dois ou três nomes apenas, ele seja um dos que mais conhecem a produção nacional (sim, fora do círculo dos enólogos e dos donos de vinícolas, muito pouca gente sabe do que está falando em termos de vinhos nacionais).
Não é à toa. Seu pai é um dos importantes nomes de uma das grandes instituições de ensino brasileiras, a ESALQ (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) localizada na cidade de Piracicaba, no interior de São Paulo.
Assim, Sérgio cresceu sob o olhar e influência de um homem que tinha respeito pela terra e por seus frutos. Mas fez seu nome em outras áreas sem nunca deixar a paixão pelo vinho. Professor, ex-presidente da SBAV, consultor de vinícolas, é uma pessoa de respeito.
Seus textos, assim como os meus, não falam apenas da produção brasileira, mas falam dela no mesmo patamar no qual falam das outras, criticando e elogiando com o mesmo ardor. Leve-se em consideração que a experiência de Sérgio é muito mais longa do que a minha, portanto ele tem como fontes pessoas que eu mesma admiro à distância.
Seus livros (da série "Vinhos, o prazer é todo seu") ensinaram muita gente os meandros desse produto que tanto apreciamos.
Leiam seu blog, a postagem de hoje é especialmente boa. Honesta e clara, como poucos.
Grande abraço Sérgio!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O granizo e as uvas

Muita gente, assim como eu, ficou impressionada com a quantidade de granizo que caiu sobre algumas cidades da Serra Gaúcha na semana passada, na noite de quarta-feira.
Até mesmo no Jornal Nacional (o arauto nacional) a notícia ocupou vários minutos.
As informações oficiais do IBRAVIN dão conta de que 2 mil produtores rurais de cidades como Flores da Cunha (foto acima), Caxias do Sul, Nova Pádua e Farroupilha tiveram perdas expressivas, que podem chegar a 20 milhões de quilos de uvas.
Isso literalmente destrói o vida e o ganha-pão de muitos agricultores, que passam o ano cuidando de seus parreirais na crença de uma boa safra que lhes garanta o sustento por mais um ano.
Isso é muito triste e vai exigir medidas rápidas e efetivas para auxiliar esses produtores (pois vários deles  não têm seguro).
Mas, e aqui vai um enorme "MAS", quase não afeta o vinho fino, pois esse granizo não atingiu com a mesma força os vinhedos de espaldeira das uvas finas, da forma que afetou os parreirais das uvas de mesa (ou uvas americanas, usadas para suco, vinhos de garrafão e para consumo ao natural).
Como vi que a televisão (que adora uma tragédia) colocou todas as uvas na mesma cesta, imagino que muita gente tenha pensado que nossa produção de uvas finas para vinhos esteja também comprometida.
Pelas informações que obtive até agora, falando com alguns amigos nas regiões afetadas (Flores da cunha, Vacaria, Vale dos Vinhedos), as uvas para vinhos finos estão bem. Aliás, muito bem: a ameaça de estiagem que começava a pairar sobre os parreirais (que normalmente sofrem com a umidade excessiva) foi momentaneamente afastada com as chuvas dos últimos dias.
Ou seja, para os produtores de vinhos finos continua tudo bem no sul, e a safra que se anuncia deverá vir com qualidade excepcional.
Claro que não se pode contar com o omelete antes dos ovos serem postos e tudo está na mão da mãe natureza. Mas até agora, nada de ser arauto da desgraça, ao menos para as uvas finas!
Bons brindes e boa semana!