quarta-feira, 3 de julho de 2013
Terceira Edição do GUIA ADEGA VINHOS DO BRASIL
É com muito orgulho que escrevo para contar que acaba de ser lançada a terceira edição do GUIA ADEGA DE VINHOS DO BRASIL, com 82 vinícolas e 575 vinhos avaliados.
Eu, como degustadora de vinhos de ADEGA desde 2007 fico muito feliz com esse lançamento, pois ao participar dessas degustações para o Guia (todas elas feitas às cegas) percebi a evolução qualitativa de nossos produtos uma vez mais.
Não é fácil degustar tantos vinhos, não é fácil obter todas as informações em uma indústria que, em alguns aspectos, ainda se pauta pelo amadorismo e por algumas tradições que não combinam com as necessidades do mercado moderno, competitivo e tecnológico.
Não é fácil, acreditem, convidar os produtores para participar, mesmo que eles nada mais tenham que gastar do que o envio de 1 (uma, isso mesmo apenas UMA) garrafa de vinho. Muitos reclamam dos critérios de avaliação e acham que seus vinhos deveriam sempre ter as melhores pontuações (é natural, pois cada um deve acreditar que está fazendo o melhor que pode, mas irreal no universo dos produtores e dos produtos), outros dizem que não crêem que as garrafas enviadas por seus pares para a degustação do Guia sejam as mesmas que são vendidas para o consumidor final, por isso não querem "arriscar" seus produtos numa competição que eles entendem como desleal e outros, por fim, têm acordos comerciais e de cooperação (ainda que não às claras) com outras publicações e preferem ficar de fora para depois poderem criticar à vontade. Entendo que colocar-se à prova também não é fácil e dar a cara para bater no mercado aberto é muito complicado para muita gente que vive vidas comezinhas, pautadas por pequeninos sucessos e muito alarde.
Enfim, bancar um Guia não é uma tarefa fácil também. Pesquisar, escrever, degustar, imprimir e distribuir não são coisas simples num mercado tão sucateado, maltratado e muitas vezes escuso como o mercado editorial brasileiro. E é por isso que tenho orgulho de ter meu nome nas três edições desse Guia, que ainda não é perfeito, mas chegará lá. E chegará lá ao lado dos produtores que confiam no que fazem, que trabalham com isenção como eu, que colocam o produto à frente de seu ego de produtor, que acreditam que podemos errar algumas vezes, mas temos que seguir tentando acertar e aprender com nossos erros.
Um brinde ao vinho brasileiro!
Duas observações que acho pertinentes abaixo, para quem está apenas se aproximando desse mundo:
1- Uma degustação às cegas é aquela na qual os degustadores nada sabem a respeito do que vão degustar. No caso do Guia as degustações nos fornecem apenas o tipo de vinho, por exemplo: Merlot, Espumante Brut método Champenoise e assim por diante, nada mais. Acreditamos que isso nos afasta de qualquer pré-disposição de julgamento sobre regiões e produtores.
2- O jornalismo é um ramo das ciências sociais e humanas muito controverso. Conhecer, reportar, contar, explicar são naturais ao ser humano, assim como é natural que todas essas ações contenham em si o olhar de quem vê, que é, afinal, indissociável de quem conta.
Quando 'fazemos' jornalismo tentamos ao máximo nos separarmos de nossa visão pessoal e atendermos ao maior número possível de pessoas, mas é natural que em tudo o que fazemos a nossa experiência pessoal tenha algum nível de influência. Por isso é sempre importante para o jornalista sério a visão de vários lados de um mesmo tema, para que ele possa reportar o maior número possível de variações do que pretende explicar.
No jornalismo especializado (esportes, economia, enogastronomia entre outros) esse aporte pessoal pode ser ainda mais controverso, especialmente quando as pessoas envolvidas no processo decisório de divulgação da informação não têm nem a formação correta e nem a ética necessária para fazer o trabalho.
É ainda preciso lembrar que informação é moeda sim, seja nas empresas jornalísticas (que visam lucro), seja em nosso cotidiano e que não há como se separar totalmente de alguns critérios comerciais. Convém lembrar que o tripé que sustenta a imprensa é composto pelo conteúdo (que por ser de qualidade atrai os leitores), base de leitores (que confiam na publicação e decidem pagar por ela) e publicidade (que deseja fazer parte daquele produto que tem informação e leitores qualificados). E pensar nisso como um tripé é muito difícil para muita gente que acredita que a publicidade é deleutéria para as publicações. Que o fato de uma revista, jornal, rede de tv ou rádio ter muitos anunciantes ela está 'vendida'. Muito ao contrário, na maioria dos casos. O dinheiro desses anunciantes é o que garante uma boa dose de isenção, para que a publicação não tenha que se referir apenas aos poucos que garantem sua sobrevivência.
Como em tudo na vida, bom senso é necessário para que não se receba um produto apenas pela 'cara' do que ele vale e, muitas vezes, é preciso ter um olhar menos maniqueísta, deixando de ver tudo como apenas bom ou mau.
Para adquirir a terceira edição do Guia ADEGA Vinhos do Brasil você pode acessar o site: http://www.lojaadega.com.br
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Silvia Mascella e Colegas do Guia, parabéns por mais esta nova edição do Guia e pelas sábias observações sobre o mundo do vinho, que valem para o Brasil mas também para todos os outros vinicultores mundo afora. Nós somos complicados mesmo! Mas, ainda nos resta um pouco de humildade para mandar os vinhos para avaliações como esta, às cegas e sem custos!
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