Se você está nas cidades de Porto Alegre, São Paulo, Recife ou Fortaleza, poderá participar do Circuito Brasileiro de Degustação!
Eu estarei no Recife e em Fortaleza conduzindo duas degustações, uma da espumantes método tradicional e charmat e outra de vinhos brancos e rosés.
Veja as informações abaixo e faça sua inscrição!
É uma excelente oportunidade para conhecer muitos bons vinhos brasileiros e conversar com os enólogos e sommeliers das vinícolas.
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Mais uma IP no Brasil
Antes de mais nada: minhas desculpas!
Não tenho tido tempo para escrever novas postagens aqui no blog, por conta de variadas obrigações de trabalho.
Mas em meio a tudo isso hoje me chegou uma informação que preciso compartilhar com vocês: foi entregue ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) o pedido de reconhecimento de Indicação de Procedência (ou Indicação Geográfica) de Monte Belo do Sul.
Para quem não sabe, Monte Belo do Sul fica num dos extremos do Vale dos Vinhedos, em colinas altas e frias onde são produzidas algumas das melhores uvas de vários espumantes que nós bebemos.
É por lá que produtores como Valduga e Miolo, por exemplo, tem terras ou compram uvas de terceiros.
É uma linda região, que cerca um minicípio muito pequeno e bem cuidado. Os produtores de lá se unem em cooperativa para fazerem seus próprios espumantes e são nomes conhecidos como Calza e Faé por exemplo, reunidos na Aprobelo (Associação de Produtores de Monte Belo), que reune 12 empresas.
O pedido de IP, que vinha sendo estudado e conformado há anos entre a Embrapa e os produtores do município, vai agora ser estudado pelo governo.
No Brasil já existem duas IPs, a do Vale do Vinhedos - que aguarda apenas um papel do governo para se tornar DO (Denominação de Origem) - e a de Pinto Bandeira.
Outras estão em processo, como a de Farroupilha e até mesmo a do Nordeste, mas quem sai na frente agora é Monte Belo do Sul.
Na foto abaixo o momento da entrega da documentação ontem em Porto Alegre, onde aparecem produtores da região, pesquisadores da Embrapa e técnicos do INPI.
Não tenho tido tempo para escrever novas postagens aqui no blog, por conta de variadas obrigações de trabalho.
Mas em meio a tudo isso hoje me chegou uma informação que preciso compartilhar com vocês: foi entregue ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) o pedido de reconhecimento de Indicação de Procedência (ou Indicação Geográfica) de Monte Belo do Sul.
Para quem não sabe, Monte Belo do Sul fica num dos extremos do Vale dos Vinhedos, em colinas altas e frias onde são produzidas algumas das melhores uvas de vários espumantes que nós bebemos.
É por lá que produtores como Valduga e Miolo, por exemplo, tem terras ou compram uvas de terceiros.
É uma linda região, que cerca um minicípio muito pequeno e bem cuidado. Os produtores de lá se unem em cooperativa para fazerem seus próprios espumantes e são nomes conhecidos como Calza e Faé por exemplo, reunidos na Aprobelo (Associação de Produtores de Monte Belo), que reune 12 empresas.
O pedido de IP, que vinha sendo estudado e conformado há anos entre a Embrapa e os produtores do município, vai agora ser estudado pelo governo.
No Brasil já existem duas IPs, a do Vale do Vinhedos - que aguarda apenas um papel do governo para se tornar DO (Denominação de Origem) - e a de Pinto Bandeira.
Outras estão em processo, como a de Farroupilha e até mesmo a do Nordeste, mas quem sai na frente agora é Monte Belo do Sul.
Na foto abaixo o momento da entrega da documentação ontem em Porto Alegre, onde aparecem produtores da região, pesquisadores da Embrapa e técnicos do INPI.
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
Milão 2
A Galleria Vittorio Emanuele II é considerada um dos principais pontos turísticos de Milão.
Fica na Piazza Duomo e faz a ligação com outro importante ponto turístico, a Piazza della Scala, onde fica o teatro ópera da cidade.
Construída na segunda metade do século XIX, a galeria é um ponto comercial de luxo, e ao seu estilo imponente, grandioso, agregam-se nomes importantes da moda e do estilo milanês, cidade conhecida como a capital da moda na Itália e, para muitos conhecedores do meio, até mais importante em termos de estilo do que Paris.
Fui dar uma passeada lá, depois da visita à Duomo e fiz várias fotos bem no centro dela, a área conhecida como 'octágono' cujo piso é marcado por um mosaico com a representação da fundação de Roma e no teto, 47 metros acima, há um vitral com o brasão da casa de Savoia, a casa imperial de onde saiu Vittorio Emanuele, o rei que unificou a Itália.
É um lugar que me impressionou quando alí estive a primeira vez, num longínquo inverno dos anos 1980, e que voltou a me impressionar agora, na primavera de 2012.
Louis Vuitton, Gucci, Prada e...McDonald's?
Sim, há uma grande loja da rede americana de comida plástica rápida bem no coração da galeria. E é bem movimentada, acreditem-me.
Para ver o movimento com mais calma resolvi ir a um dos restaurantes de lá. Sentei-me, pedi uma taça de vinho branco e descobri que, no mesmo caro cardápio de especialidade milanesas, haviam pizzas feitas no forno à lenha. Não resisti, é claro, afinal estava há quinze dias sem comer pizza, tempo demais para uma brasileira...
Na mesa ao meu lado (não fiz fotos) estava um casal de muçulmanos, assim imagino pois a bela moça estava com a cabeça coberta, apesar da unhas bem pintadas, da bolsa de grife e de outros sinais externos de riqueza, que lá são bastante comuns a qualquer crença religiosa.
Embora o cardápio do restaurante estivesse escrito em cinco línguas (isso mesmo, cinco!), o casal não parecia capaz de se entender com o garçom em nenhuma delas. A longa explicação do atendente (que tateava em várias dessas línguas) para a salada caprese merecia ter sido gravada de tão hilária, com um ingrediente explicado em cada língua.
Na verdade, sempre me deixa perplexa como as pessoas são capazes de viajar o mundo entendendo apenas a sua própria lingua. É claro que sei que a linguagem do dinheiro fala mais alto do que qualquer outra, mas me pergunto que espécie de conhecimento e interação se estabelece quando não há possibilidade de comunicação mais efetiva.
Vejam a pizza, que linda, era individual: mussarela, cogumelos, alcachofrinhas e azitonas pretas em massa bem fina.
Mas o melhor de tudo (mesmo a pizza sendo bem boa!) era a visão das pessoas que por ali circulavam. Turistas de todas as raças e estilos, milaneses e italianos com sua certeza 'de alma' de que são o povo mais bacana e chique do mundo (até acho que concordo -em parte- com eles), garçons que quando perceberam que eu falava um pouco de italiano, que pedi pizza e duas taças de vinho, se tornaram meus grandes amigos em segundos, contando que atualmente são os chineses que dominam o turismo na região, sempre em enormes grupos, sempre gastando muito.
Nós, brasileiros, também desfrutamos da fama de gastões, embora pareça para eles que nossas compras são mais profissionais, que sabemos melhor o que queremos. Segundo essas fontes tão divertidas, nós também comemos melhor e damos gorgetas melhores. Quem diria?
Parlando, parlando e comentando as pessoas, a crise e as comidas, a minha pizza acabou (!!!) e resolvi que como aquele era um almoço/jantar, que eu iria exagerar e pedi um sorvete para arrematar. O cafezinho veio como cortesia, claro!
Milão é uma cidade elegante e cara, onde gente de todos os estilos convive em razoável harmonia, afinal não há como saber se o esquisito da esquina está vestindo o que estará em vitrines do mundo inteiro na próxima estação. É uma cidade movimentada e confusa, com muito tráfego, muita gente, mas também com aquele ar de que 'deu certo' o que quer que tivessem projetado para ela.
Novo, velho, muito velho e o futuro do estilo estão por lá. Vale a pena ver, olhar, passear, subir num salto alto, caprichar no batom e, quem sabe, você pode até ser confundida com uma nativa bella!
Fica na Piazza Duomo e faz a ligação com outro importante ponto turístico, a Piazza della Scala, onde fica o teatro ópera da cidade.
Construída na segunda metade do século XIX, a galeria é um ponto comercial de luxo, e ao seu estilo imponente, grandioso, agregam-se nomes importantes da moda e do estilo milanês, cidade conhecida como a capital da moda na Itália e, para muitos conhecedores do meio, até mais importante em termos de estilo do que Paris.
Fui dar uma passeada lá, depois da visita à Duomo e fiz várias fotos bem no centro dela, a área conhecida como 'octágono' cujo piso é marcado por um mosaico com a representação da fundação de Roma e no teto, 47 metros acima, há um vitral com o brasão da casa de Savoia, a casa imperial de onde saiu Vittorio Emanuele, o rei que unificou a Itália.
É um lugar que me impressionou quando alí estive a primeira vez, num longínquo inverno dos anos 1980, e que voltou a me impressionar agora, na primavera de 2012.
Embora o cardápio do restaurante estivesse escrito em cinco línguas (isso mesmo, cinco!), o casal não parecia capaz de se entender com o garçom em nenhuma delas. A longa explicação do atendente (que tateava em várias dessas línguas) para a salada caprese merecia ter sido gravada de tão hilária, com um ingrediente explicado em cada língua.
Na verdade, sempre me deixa perplexa como as pessoas são capazes de viajar o mundo entendendo apenas a sua própria lingua. É claro que sei que a linguagem do dinheiro fala mais alto do que qualquer outra, mas me pergunto que espécie de conhecimento e interação se estabelece quando não há possibilidade de comunicação mais efetiva.
Vejam a pizza, que linda, era individual: mussarela, cogumelos, alcachofrinhas e azitonas pretas em massa bem fina.
Nós, brasileiros, também desfrutamos da fama de gastões, embora pareça para eles que nossas compras são mais profissionais, que sabemos melhor o que queremos. Segundo essas fontes tão divertidas, nós também comemos melhor e damos gorgetas melhores. Quem diria?
Novo, velho, muito velho e o futuro do estilo estão por lá. Vale a pena ver, olhar, passear, subir num salto alto, caprichar no batom e, quem sabe, você pode até ser confundida com uma nativa bella!
domingo, 5 de agosto de 2012
A Poda Seca
Estamos bem na metade do inverno (embora em algumas regiões do sudeste quase nem pareça), e em nossas àreas vinícolas de clima temperado é momento da poda seca.
No meio de junho, quando estive no Vale dos Vinhedos, a Don Laurindo já estava fazendo isso (foto abaixo).
No meio de junho, quando estive no Vale dos Vinhedos, a Don Laurindo já estava fazendo isso (foto abaixo).
Um dos irmãos Brandelli me contou naquele dia que eles resolveram se adiantar um pouco por conta da geada, que deixou as folhas todas queimadas, como vocês podem ver na foto.
Normalmente as folhas são deixadas na parreira depois da colheita até que o inverno se encarregue de fazê-las secar e cair. É um processo natural e que faz parte do ciclo da planta. Quando a luz solar diminiu e a temperatura abaixa, a planta (já sem frutos) começa a baixar seu metabolismo, entrando em dormência. Com a seiva concentrada nas partes que são mais importantes durante o inverno, as folhas não recebem mais nutrientes e naturalmente secam.
É realmente uma escolha do viticultor o momento da poda seca, e muitos deles decidem por fazê-la nesta época, da metade para o final do inverno.
O inverno rigoroso, segundo me contou uma vez o enólogo Carlos Abarzúa, não é prejudicial à videira. Ao contrário, ele força a planta a fazer suas raízes se aprofundarem, previne o desenvolvimento de algumas pragas e faz parte de um ciclo natural e desejado na planta, que a torna mais vigorosa. Em algumas regiões do Europa, inclusive, as videiras chegam a passar mais de um mês sob a neve, sem que isso lhes cause nenhum problema.
Na linda foto acima, feita por Gilmar Gomes, é mostrado o trabalho intenso e manual repetido ano após ano, em todas as parreiras de todos os nossos parreirais: a poda e a amarração dos galhos.
A assessoria de imprensa do Vale dos Vinhedos (que enviou a foto acima) colocou em seu release uma boa explicação desse processo: "A poda consiste em retirar o excesso de galhos da videira e deixar, estrategicamente, apenas aqueles que serão produtivos, dando a forma que se quer para a mesma. Durante essa fase, é feita a manutenção do vinhedo com o replantio de plantas mortas, substituição de arames e postes de sustentação, adubação e correção do pH do solo, se necessário".
É uma fase muito importante no vinhedo, que precede o início da primavera, onde a insolação aumenta e também a temperatura, e assim a seiva volta a circular pela planta fazendo-a brotar novamente e iniciando mais um ciclo.
Por quase todas a regiões produtoras brasileiras os vinhedos entram agora numa fase em que parecem muito ordenados, limpos, e à espera da natureza para novamente acordarem de seu sono anual e se prepararem para nos trazer seus belos e suculentos frutos.
sábado, 4 de agosto de 2012
Confraria dos Tolos
Antes de mais nada, nestes tempos de Jogos Olimpícos, uma música dos Beatles no arranjo de Sérgio Mendes e sua banda. Um Brasil perdido na década de 1960, que de muitas formas deixou saudade.
Se quiserem ver a letra, está no seguinte link: the-fool-on-the-hill.html
A Confraria dos Tolos
Os meus leitores mais antigos sabem que - por força de minha profissão - vou a variados eventos de vinho e (agora mais) de comida. Por conta disso, sei que o grupo de especialistas em vinho é menor do que o de especialistas em gastronomia. São (em São Paulo) praticamente as mesmas 20/30 pessoas, sendo que o grupo que realmente interessa para as empresas produtoras, importadoras e para os(as) assessores(as) de imprensa é ainda menor. Bem menor, aliás.
Existem até expedientes usados pelas empresas para conseguir as pessoas que mais interessam. Por exemplo: quando vem algum estrangeiro importante para São Paulo, os "formadores de opinião" mais relevantes para essa empresa são convidados para um almoço ou jantar exclusivo. Dependendo da importância de ambas as partes, pode ser até um jantar apenas para um determinado veículo, mas se houver pouco tempo estarão à mesa só quem mais interessa, mesmo que de vários veículos.
O evento 'alternativo' é para onde são chamadas as outras pessoas. Importantes sim, mas não tanto a ponto de receberem atenção exclusiva.
Mas não termina aí: todos esses, embora divididos entre o grupo e o evento íntimo, ainda estão na primeira lista.
Existe também a segunda lista, aquele convite que chega apenas alguns dias antes do evento, quando a empresa percebe que muitas pessoas não podem vir, e acaba chamando aqueles que 'sempre' vem, pois são os 'boca de espera' como se costuma dizer em minha família.
É cruel estar na segunda lista, mas acho que muitos nem percebem ou fazem que não percebem pois - no final das contas - foram chamados e estarão lá, bebendo e comendo bem ao lado de alguém importante do meio.
Estou contando isso pois muita gente acha que essa vida é de glamour, de brindes agradáveis, de trocas simpáticas e de galanteios, quando a realidade está bem longe disso.
Se, e isso acontece com bastante frequência, formos a um evento por dia em um semana inteira, não raro nos depararemos sempre com as mesmas pessoas, ou como eu os chamo "os suspeitos usuais".
É claro que, infelizmente, já me tornei um deles, mesmo fazendo o possível para selecionar os eventos com o máximo rigor.
De certa forma entendo o ponto de vista das empresas e de seus assessores: apresentar um produto para o maior número possível de veículos e de formadores de opinião, no menor tempo exequível para otimizar a presença de um produtor ou o gasto com um evento ou um chef de cozinha. Faz todo o sentido e eu, no lugar deles, faria o mesmo.
As listas é que matam, além da cara de enfado e/ou os sorrisos forçados de alguns assessores, que tiram parte do que poderia ser divertido no evento. Afinal, eles não estão ganhando para fazer aquilo? Não escolheram convidar fulano, sicrano e beltrano pois eles são importantes para o cliente que está lhe pagando? Então, precisam mudar de atitude, urgentemente.
Felizmente eu tenho sorte, tenho em meu pequeno círculo de amigos algumas assessoras que valem a pena, que correm atrás, que compartilham, que são 'pró' e não contra. Mas não são todos assim, claro.
Sorrisos Tortos
Nesses eventos, mesmo sendo sempre as mesmas pessoas, nada garante que você vá encontrar o pequeno (esse para mim é quase mínimo) grupo de pessoas com as quais vale mesmo a pena compartilhar uma mesa.
Não raro terá que aturar a presença de gente que representa tudo aquilo que você detesta: ostentação, ironia, arrogância e até um certo desprezo exatamente por aquilo que está sendo apresentado no momento.
Começa por aquele que chega sem saber se o evento é do Chile, da Argentina, da Zâmbia ou de geléias belgas. Geralmente, é alguém que foi enviado para cobrir a lacuna de outro que não pode estar presente. Na pressa, nem se deu ao trabalho de ler o convite para saber do que se tratava.
Outro personagem desagradável é aquele que, apesar de ser do meio, não faz 'a lição de casa', quer dizer, chega perguntando obviedades e coisas que alguém que quer 'estar no grupo' dos especialistas não deveria perguntar. Ele é tão desagradável como o sabe-tudo, aquele que já bebeu, já comeu, já viajou, já dormiu com a filha do dono da empresa em questão.
Mas em um dos eventos que fui recentemente, acabei por me sentar perto de um dos desagradáveis mais arrogantes que conheço neste meio. A pérola do dia foi: "Eu bem que tentei tomar vinhos baratos, mas cheguei à conclusão de que qualquer coisa que custe menos de 80 reais é porcaria".
Fiquei tão boquiaberta que mal consegui olhar para a cara do sujeito durante o restante do evento que, claro, azedou para mim dali em diante.
Todos nós nos comportamos tolamente uma vez ou outra. Ninguém nasceu sabendo, nem precisa saber de tudo. Muito menos estamos imunes aos eventos de nossa vida diária, que podem nos desconcertar por algum tempo - e isso não escolhe hora para acontecer.
Daí que me vem à cabeça um monte de coisas que - pensando com calma - talvez façam de mim também um pouco da tola que eu não desejo ser. Coisas do tipo: "não julgar os outros para não sermos julgados", "não atirar a primeira pedra" e por aí vai. Mas também lembro-me de uma frase muito lapidar que diz assim: "Não sai da boca o que não está no coração", que, no mundo dos bebedores se traduz para: "Não se fala bêbado aquilo que não se pensou sóbrio".
Sei que são variados lugares comuns, mas que têm ocupado um bom espaço em minha cabeça nos últimos dias, pois o comportamento dessa pessoa nefasta que encontrei é, infelizmente, mais comum do que parece.
Ele, se é que serve de consolo, teve a coragem de colocar em palavras aquilo que está na cabeça (e no coração) de muita gente nesse mundo do vinho.
Sei o pensamento de quem ele representa, também. E sei que - como já disse aqui mais de uma vez - nesse mundo não existem mocinhas inocentes. São todas cobras criadas.
No entanto, me fica a questão: por que existe alguém que quer essas pessoas entre seus 'formadores de opinião'? Por que essas pessoas continuam sendo convidadas, reverenciadas, e muitas vezes pagas para escrever para eles, para apresentar ou degustar seus produtos?
De certa forma prefiro os tolos conhecidos, os bufões, os que falam demais, aqueles que não se escondem por detrás de ninguém, doa a quem doer; do que esse tipo de gente que fala baixo, que espalha a discórdia, que semeia a tempestade.
Tenho defeitos, tenho vários. E estou dolorosamente ciente da maior parte deles. Mas não sou cínica. Não me sento numa cadeira para a qual fui convidada para desrespeitar meu anfitrião à boca pequena, nem para semear a discórdia entre meus pares com palavras arrogantes. E não entendo o por que de ainda haver espaço para essa gente pútrida.
Há tanto trabalho a fazer para comunicar bem, para que as pessoas comam e bebam com mais qualidade, com mais respeito pelo trabalho do produtor, pela terra de onde se origina o produto, para que essa comida e essa bebida, sejam alegria, nutrição e bem estar e não apenas um interesse econômico (apesar de não desmerecê-lo como atividade que sustenta famílias e cidades também).
Quem sabe, como me disseram alguns amigos, haja alguma esperança de que essas maçãs podres deixem - com o tempo - de ocupar nossas fruteiras. Não sei.
Hoje não tem brinde alcoólico...vou beber água (que também é bom!).
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
Milão 1
Tenho estado ausente e custa até para mim mesma admitir que minha (má) administração de tempo não tem me permitido escrever aqui.
Mas agora deixei de lado algumas coisas igualmente importantes para contar para vocês algumas histórias ainda da Italia.
As três histórias que aparecerão aqui na sequência podem parecer turísticas (e em parte são), mas elas têm para mim em comum uma enorme carga de emoção inesperada, até para uma viajante razoavelmente preparada como eu.
Vamos lá: como eu tinha pouco tempo em Milão, decidi que uma das coisas que iria fazer de qualquer maneira era visitar o topo da catedral gótica, a Duomo.
Custa caro entrar, é bom saber, e o local onde se compra o ingresso é mal sinalizado e mesmo para quem entende italiano razoavelmente como eu, me custou umas voltas em volta do rabo...ridículas para dizer a verdade.
Mas consegui comprar o ingresso e chegar ao elevador, pequeno, totalmente fechado.
Mostro a seguir algumas imagens da chegada à Piazza Duomo, no centro de Milão, onde eu não ia há mais de 25 anos.
As ruas adjacentes vão se abrindo e ao fundo vamos vendo as torres. Nas calçadas as mesas ocupadas por italianos e turistas saboreando os aperittivi, eram o claro sinal da chegada do verão.
A praça, enorme, descortina a igualmente grande catedral. Sempre impressionante. Reparem no guindaste à direita na foto, vocês o verão novamente.
O meu objetivo não era visitar a igreja por dentro, mas como estava procurando a tal da bilheteria, entrei. Claro que é sempre chocante o interior de uma catedral gótica, especialmente dessa. Daí resolvi fotografar por dentro (acima) e por fora (abaixo) o mesmo vitral. Um trabalho maravilhoso.
Os detalhes da fachada e da lateral são igualmente belos e olhando de baixo para cima é possível sentir o princípio básico da construção de uma igreja gótica: todas as suas linhas são feitas para elevar o olhar ao alto, para Deus. Todo seu estilo é feito para nos deixar menores (embora não oprimidos) diante da imensidão do poder do 'criador'. Funciona para mim que não sou religiosa, imaginem só para quem é.
Preciso dizer que não tenho medo de altura, seria até um contrasenso uma vez que tenho mais de 1,80m. Mas nada (nada!) preparou meu peito, meu coração, minha vias respiratórias para a visão que tive ao chegar ao topo da catedral.
Se você tem um pouco de medo de altura, vá assim mesmo, principalmente se é apreciador de arquitetura. Mas prepare-se, pois é como andar de montanha-russa sem motor.
Olhem a perspectiva dos arcos, como eles vão se alinhando...
Na foto acima um pedacinho da galeria Vittorio Emmanuelle, outro marco dessa praça.
Bem no alto da foto acima, a torre mais alta, que está sendo reformada, com um pedaço do guindaste que vocês viram algumas fotos atrás, do chão.
São impressionantes e inesperados os 'jardins' de pedra no alto da igreja. Cada um com uma imagem diferente e elas nem sempre são religiosas.
Vejam na imagem acima e na abaixo a convivência de variados estilos arquitetônicos que foram ocupando a cidade.
Os detalhes são tantos que em alguns momentos não nos damos conta de estar andando no telhado!
Na foto acima a Galleria, vista do chão, bem ao lado da Catedral, na foto abaixo a mesma Galleria, vista do alto.
Detalhes...cada um com um acabamento diferente. Preciso perguntar aos meus primos arquitetos como se chamam essas partes, pois gosto de dar nomes corretos às partes (risos).
Claro que as uvas como parte importante da mitologia co cristianismo não poderiam faltar. E estão por vários lugares...
Mais uma vez uma vista do chão e do alto, do mesmo Museo del Novecento. Que me deixou com uma maior sensação de estar ficando velha (puxa, já existe um museu que fala do século no qual eu nasci e cresci) do que a Catedral gótica ás minhas costas....
Por conta dessa obra não dá para dar a volta completa que normalmente é feita, só 75% dela está aberta. No entanto, como temos que voltar pelo mesmo caminho por conta disso, algumas das maravilhas se repetem, e o coração, cérebro e pulmões são submetidos à mais uma carga grande de adrenalina. Da boa, claro!
Saí de lá com a respiração ainda alterada, com apenas uma infelicidade: o fato de estar sozinha e não poder contar isso para ninguém, compartilhar, comentar, dizer UAU!!! em alto e bom som sem parecer uma turista louca do 'Maluquistão'.
Mas está aqui agora, compartilhado com vocês. Quem for para Milão é um passeio imperdível...como se eu ainda precisasse dizer isso...
Mas agora deixei de lado algumas coisas igualmente importantes para contar para vocês algumas histórias ainda da Italia.
As três histórias que aparecerão aqui na sequência podem parecer turísticas (e em parte são), mas elas têm para mim em comum uma enorme carga de emoção inesperada, até para uma viajante razoavelmente preparada como eu.
Vamos lá: como eu tinha pouco tempo em Milão, decidi que uma das coisas que iria fazer de qualquer maneira era visitar o topo da catedral gótica, a Duomo.
Custa caro entrar, é bom saber, e o local onde se compra o ingresso é mal sinalizado e mesmo para quem entende italiano razoavelmente como eu, me custou umas voltas em volta do rabo...ridículas para dizer a verdade.
Mas consegui comprar o ingresso e chegar ao elevador, pequeno, totalmente fechado.
Mostro a seguir algumas imagens da chegada à Piazza Duomo, no centro de Milão, onde eu não ia há mais de 25 anos.
As ruas adjacentes vão se abrindo e ao fundo vamos vendo as torres. Nas calçadas as mesas ocupadas por italianos e turistas saboreando os aperittivi, eram o claro sinal da chegada do verão.
A praça, enorme, descortina a igualmente grande catedral. Sempre impressionante. Reparem no guindaste à direita na foto, vocês o verão novamente.
O meu objetivo não era visitar a igreja por dentro, mas como estava procurando a tal da bilheteria, entrei. Claro que é sempre chocante o interior de uma catedral gótica, especialmente dessa. Daí resolvi fotografar por dentro (acima) e por fora (abaixo) o mesmo vitral. Um trabalho maravilhoso.
Os detalhes da fachada e da lateral são igualmente belos e olhando de baixo para cima é possível sentir o princípio básico da construção de uma igreja gótica: todas as suas linhas são feitas para elevar o olhar ao alto, para Deus. Todo seu estilo é feito para nos deixar menores (embora não oprimidos) diante da imensidão do poder do 'criador'. Funciona para mim que não sou religiosa, imaginem só para quem é.
Preciso dizer que não tenho medo de altura, seria até um contrasenso uma vez que tenho mais de 1,80m. Mas nada (nada!) preparou meu peito, meu coração, minha vias respiratórias para a visão que tive ao chegar ao topo da catedral.
Se você tem um pouco de medo de altura, vá assim mesmo, principalmente se é apreciador de arquitetura. Mas prepare-se, pois é como andar de montanha-russa sem motor.
Olhem a perspectiva dos arcos, como eles vão se alinhando...
Na foto acima um pedacinho da galeria Vittorio Emmanuelle, outro marco dessa praça.
Bem no alto da foto acima, a torre mais alta, que está sendo reformada, com um pedaço do guindaste que vocês viram algumas fotos atrás, do chão.
São impressionantes e inesperados os 'jardins' de pedra no alto da igreja. Cada um com uma imagem diferente e elas nem sempre são religiosas.
Vejam na imagem acima e na abaixo a convivência de variados estilos arquitetônicos que foram ocupando a cidade.
Os detalhes são tantos que em alguns momentos não nos damos conta de estar andando no telhado!
Na foto acima a Galleria, vista do chão, bem ao lado da Catedral, na foto abaixo a mesma Galleria, vista do alto.
Detalhes...cada um com um acabamento diferente. Preciso perguntar aos meus primos arquitetos como se chamam essas partes, pois gosto de dar nomes corretos às partes (risos).
Claro que as uvas como parte importante da mitologia co cristianismo não poderiam faltar. E estão por vários lugares...
Tenho que confessar que algumas escadinhas estreitas, como essa na qual eu estava quando fiz a foto abaixo, me fizeram tremer um pouco (estou envergonhada de dizer que meu coração tinha subido para a boca há tempos), mas não sei se era medo ou pura emoção. Cada passagem, cada detalhe, cada vista, me faziam pensar nas coisas que o homem é capaz de construir e de destruir. Creio que estava zonza da altitude e da profusão de pensamentos e ideias que o local me trouxe.
Mais uma vez uma vista do chão e do alto, do mesmo Museo del Novecento. Que me deixou com uma maior sensação de estar ficando velha (puxa, já existe um museu que fala do século no qual eu nasci e cresci) do que a Catedral gótica ás minhas costas....
Por fim, lembram-se do guindaste visto em algumas fotos anteriores? Olhem a parte da foto no centro à direita. É onde a imagem da Madonna está em obras. Na foto abaixo ele é visto do chão.
A aqui, para vocês terem uma ideia da altura, estou no topo da nave central da catedral e ao fundo, à minha direita, a parte em reforma. Alto não?Por conta dessa obra não dá para dar a volta completa que normalmente é feita, só 75% dela está aberta. No entanto, como temos que voltar pelo mesmo caminho por conta disso, algumas das maravilhas se repetem, e o coração, cérebro e pulmões são submetidos à mais uma carga grande de adrenalina. Da boa, claro!
Saí de lá com a respiração ainda alterada, com apenas uma infelicidade: o fato de estar sozinha e não poder contar isso para ninguém, compartilhar, comentar, dizer UAU!!! em alto e bom som sem parecer uma turista louca do 'Maluquistão'.
Mas está aqui agora, compartilhado com vocês. Quem for para Milão é um passeio imperdível...como se eu ainda precisasse dizer isso...
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