Recomendo a leitura da seguinte postagem no blog do Sérgio Inglez de Souza, uma das poucas pessoas que realmente conhece os vinhos brasileiros e não é produtor de vinhos:
http://todovinho.blogspot.com.br/2012/03/salvaguardas-obscura-manobra-com-ranco.html
É uma visão bastante límpida e que me agrada.
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Acho que pouco se falou, nestes últimos tempos de verborragia enoterrorista, sobre quão intrincado é nosso mercado produtor, seja entre as vinícolas pequenas, médias ou grandes. Temos várias cooperativas que precisam responder aos interesses de muitas pessoas, várias vinícolas nacionais que também são importadoras de vinhos, outras que têm como donos estrangeiros aqui radicados há décadas e que acreditam no potencial de nosso terroir, muitas são empresas familiares de longa tradição na plantação de uvas mas curta na produção de vinhos (especialmente os de uvas vitis viníferas), e várias outras ainda cujos produtos são distribuidos por importadoras (isso sem contar as tantas e tantas vinícolas familiares). Enfim, é um cenário muito mais múltiplo do que a gritaria geral leva a crer, e que não pode ser analisado pela ótica simplista de mocinhos e bandidos.
Entendo, e já falei claramente para alguns amigos enólogos e enófilos, que quem não se manifesta nem contra e nem a favor, assina em baixo do que está ocorrendo, e acaba com sua imagem comprometida simplesmente pela omissão. Mas também sei que há, como já disse aqui, muito mais borra por baixo das barricas do que pode ser visto por nossos olhos de fora do negócio e que - coisa que me assusta muito - o caso agora está nas mãos de burocratas e de políticos, e é quase impossível que seja analisado pela ótica da diversidade (a melhor e mais importante coisa do mundo do vinho) e da qualidade. Isso sim é muito triste e pode, como muitos têm falado, fazer nossas opções como consumidores retrocederem aos anos 1980.
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Fui convidada pelo Ibravin para um encontro entre suas lideranças e os jornalistas e enófilos daqui de São Paulo, com o objetivo de esclarecer alguns pontos dos pedidos entregues ao governo, que geraram essas manifestações enoterroristas nas últimas semanas.
Infelizmente não poderei comparecer, mas tenho colegas que lá estarão e que, provavelmente, poderão me manter informada do que será dito.
Por fim, um reflexo do 'outro lado'. Estive ontem na loja de uma importadora que costumo frequentar e notei um aumento no preço dos rótulos da ordem de 15%, principalmente nos vinhos mais baratos. Como o dólar está razoavelmente estável nos últimos tempos, me pergunto se isso já não é um reflexo dos importadores aproveitando-se do fato de que os consumidores estão escutando apenas o 'eco' das discussões que dizem 'que o vinho importado vai subir de preço', para ganharem uns trocados a mais. Triste, muito triste.
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Acabo de ler a matéria que está em VEJA.com e recomendo para todos, pois é uma visão muito relevante do que está acontecendo em nosso país agora, que vai além do mundo do vinho e prova como há muito mais a ser discutido do que 'picuinhas', e que o poder econômico fala muito alto e acaba por reverberar dentro de nossas taças.
http://veja.abril.com.br/noticia/economia/governo-retoma-o-circulo-vicioso-e-letal-do-protecionismo
domingo, 25 de março de 2012
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