Estava frio lá pela Serra Gaúcha, especialmente no sábado quando fomos ao distrito de Pinto Bandeira. Por lá é sempre um pouco mais frio, e nem o sol que deixava o céu muito azul era forte o suficiente para aquecer.
Felizmente, preparados como são para os rigores invernais, os gaúchos fazem com que o frio esteja limitado somente às àreas livres.
São lareiras, aquecedores, salamandras e fogões à lenha que aquecem todos os lugaresm e ainda acrescentam charme.
Mas o mais bacana é que nesta viagem provei uma porção de sabores novos. Na quinta-feira, pouco depois de chegarmos, fomos com o Diego Bertolini e a Andréia Gentilini Milan do Ibravin, para um agradável jantar no CantaMaria. É sempre bom comer lá, pois mesmo sendo parada obrigatória para turistas, também é frequentado pela massa crítica local, o que obriga o ambiente a estar sempre bem cuidado e a cozinha atenta.
Nessa foto acima está a mesa de saladas de um local que eu não conhecia (embora tenha passado em frente inúmeras vezes), é o Sapori & Piaceri, ao qual fomos com o Vinícius da Salton.
Uma casa antiga, remodelada e decorada para ser um 'histórico chique'. E funcionou muito bem. É um buffet de saladas (tem sempre uma sopa para aquecer a boca ao chegar) com opções bem cuidadas e apresentação mais contemporânea.
Depois é servido um prato quente do dia que, na sexta-feira, era bacalhau desfiado cremoso e gratinado, acompanhado de arroz integral com grãos (foto abaixo). Delicioso e substancioso, caiu muito bem acompanhado de uma taça de Chardonnay Volpi!
No jantar tivemos o prazer de estar em um dos restaurantes que conheço bem, na Casa Valduga.
O que é interessante por lá é que, embora esse seja o restaurante mais antigo da Casa - apenas dentro do complexo de pousadas da vinícola são três restaurantes - o cardápio foi renovado pelo chef Daian, assim provamos uma sopa creme de cenoura com gengibre e mel (estava deliciosa!), um prato de massa que faço questão de mostrar aqui (foto abaixo), que é o mesmo capeletti que vai na sopa, só que para esse prato é feito um pouquinho maior, com creme de queijo, lâminas de amêndoas e sálvia. Uma forma criativa e saborosa de 'revisitar um clássico', como se diz no mundo da gastronomia.
Depois da massa, comemos um filé ao ponto, com molho reduzido de vinho tinto, acompanhado de purê de abóbora, que aqueceu o paladar.
No dia seguinte fomos recebidos para almoçar pela família Giovaninni, naquele que - para mim - é um pedaço da Toscana brasileira. Toda vez que vou até a Pousada e vinícola Don Giovanni volto com duas dúzias de fotos. Desta vez fotografei um carramanchão de kiwis, bem em frente da pousada, e o André Giovaninni me explicou que eles não amadurecem no pé, precisam ser colhidos em um ponto ideal e deixados para amadurecer.
Antes do almoço fomos levados para uma visita às caves e também aos vinhedos e depois de chegarmos ao mirante um de nossos anfritiões apareceu com um balde, espumante rosé e taças e brindamos entre os parreirais, na linda (e fria!) manhã de sábado.
Quando voltamos para a sede, a mesa no restaurante do subsolo da pousada estava quase pronta. Dona Beatriz, a matriarca do Giovaninni, é uma conhecedora de alcachofras e há muitas plantas em sua propriedade. Ela nos contou que colheu 20 mil kg no ano passado e que congela uma boa parte para continuar servindo seus pratos mais típicos, como a salada com fundo de alcachofra e o risotto que foi preparado para nós com os pedaços saborosos e firmes, como se tivessem sido colhidos ontem.
Partilhamos da refeição com a família e ainda provamos a cassata com calda de espumante e com calda de vinho tinto, que aparece na foto abaixo (acreditem, essa luz é natural, e vinha de um raio de sol que passava pelo vitral da janela ao lado), acompanhada de uma taça de espumante DG Nature.
Os gaúchos da serra, como bons descendentes de italianos que são, adoram uma pizza. Embora muitos deles tenham o costume 'meio carioca' de estragar a pizza com catchup e mostarda.
Mas os amigos com os quais eu fui jantar eram "meio" paulistas (uma de Campinas e outro daqui da capital, mas que vive em Bento Gonçalves há mais de 4 anos), assim nossa pizza era muito tradicional: 1/3 com presunto tipo Parma, 1/3 portuguesa e 1/3 atum. Tudo devidamente comido com bons goles de Pinot Grigio da campanha gaúcha.
Infelizmente, como a fome era grande, a foto mostra apenas o final da pizza...
Eu quis falar desse assunto hoje pois tenho observado com grande interesse a evolução da gastronomia na região. Claro que ainda existe muito galeto, sopa de capelim, salada de radicci e polenta brustolata, e eu nem acho que isso deva sumir, é gostoso e tradicional. Mas como a região começa a atrair ainda mais turistas e já há um bom grupo de pessoas (como eu) que visita a região com frequência, é bom saber que existem opções de qualidade na mesa assim como existem na taça.
Bons bocados e bons goles!