Pessoal, a foto que vocês vêem acima é dos vinhedos de Cabernet Sauvignon da Pisani/Panceri, em março de 2008, em Tangará, Santa Catarina, quando eu os visitei.
O motivo deles estarem aqui é o texto que reproduzo a seguir, com a devida autorização de seu autor, o enófilo, escritor e publicitário Didú Russo (que além dos blogs tem um programa de TV), falando de um dos grande vinhos que a vinícola Panceri produziu em parceria com a Pisani. Em 2008, quando eu fui lá, o Reserva Pisani Panceri custava R$ 54,00 na loja da vinícola.
Um grande vinho, sem dúvida, ao lado de outro produto muito bacana da Panceri, o Nilo, da uva Teroldego, também das terras frias e altas de Santa Catarina.
Muita coisa ocorreu de lá para cá e Panceri e Pisani não trabalham mais em parceria.
Mas o texto do Didú fala de outras coisas do vinho brasileiro que acho MUITO relevantes para quem, como eu, vê essa indústria com um misto de admiração e muitas, muitas dúvidas.
Da forma que eu vejo, existem bem poucas pessoas no mundo do vinho como um todo que têm verdadeiro respeito pelo vinho brasileiro. Felizmente, Didú é uma delas e é por isso que eu pedi para reproduzir o texto dele aqui.
Aproveitem, visitem o blog http://blogdodidu.zip.net e façam seus comentários tanto aqui quanto lá.
A discussão é uma das ferramentas que temos para tentar modificar o status quo.
Segue o texto:
Panceri
Reserva Cabernet Sauvignon
Comentei aqui, que no dia das Mães abrimos "para a Nazira..."
algumas garrafas de vinhos brasileiros evoluídos (são muito superiores) e que
meu predileto havia sido o Pisani Panceri, que lamentavelmente não existia
mais. Um nariz de pimentão fantástico e um animal, um couro e uma classe
européia. Estava evoluído, não vá procurar esses aromas em vinho novo.
Recebi então um e-mail de Carolina Panceri,
contando que o mesmo Pisani Panceri que não existia mais, tinha agora o nome de
Panceri Reserva Cabernet Sauvignon e
continuava sendo o mesmo vinho. Adorei a informação vinda de Santa Catarina
(que vinhos estão saindo de lá...) e pedi que a Carolina me informasse onde
encontrar seus vinhos em São Paulo. PUÔÔUUUMMMM... difícil responder.
Bem, gostaria de informar que a Carolina vende pelo seu site a R$ 48,00 a garrafa desse vinho e
entrega em cinco dias. Vale comprar algumas garrafas e guardar para consumir
daqui uns anos e conferir.
Carolina ela está lutando para sobreviver com todo esse problema de
distribuição que enfrentam os brasileiros, principalmente os pequenos. Não é
fácil neste país enorme e com as condições fisicas e de custos distribuir
vinhos. É um grande caos. A saída é certamente cooperativa. Mas em cooperativa
as pessoas precisam ser unidas e ter critéricos claros condensados, o que não é
fácil com o ser humano.
Quando o Marcio Marson montou sua distriubuidora, a finada Eivin, veio
cheio de vontade e ficou dando murros em ponta de faca e machucando suas mãos.
De um lado ouvia de produtores que ele era um "Marson", portanto não
poderia vender um vinho de um concorrente... PUÔÔUUUMMMMM... é verdade,
acredite.
De outro lado, visitava os pontos de venda, que vendem o que o cliente
quer. 99% dos estabelecimentos comerciais, lojas e restaurantes, vendem o que o
Cliente quer e ponto final. Não estão aí para divulgar o que acreditam não.
Estão para ganhar dinheiro. Só que vinho, como sabemos, não é bem isso, vinho é
antes de tudo "PAIXÃO", mas poucos têm.
O ponto de venda, portanto, vende malbec argentino e cabernet chileno.
Escrevi em minúsculo, pois são os que vendem, os minúsculos em qualidade. É o
que o consumidor compra e quer taça Riedel para ele.
Se o malbec argentino ou o cabernet chileno forem maiúsculos, acontece o
pior, pois com o mesmo valor de um nacional, encontra-se um sul americano em
nivel superior de qualidade, fácil. Tudo nesses países custa menos para o
produtor. Garrafa, caixa, rótulo, capsulas, tudo. E o peso fiscal e trabalhista
então nem se fale, os governos de lá parecem ser um pouco menos gulosos.
Resultado, o Marcio fez as contas direito e viu que com os 8% que
ganhava de margem, para buscar, guardar, entregar, manter funcionários, custos
administrativos, etc e tal, para vender o que ninguém queria comprar não
valia à pena. Jogou a toalha e foi com as mãos feridas dos murros nas lâminas
das facas, trabalhar para uma empresa grande. PUÔÔUUUMMMMM....
O vinho brasileiro perdeu um distribuidor competente e entusiasmado em
São Paulo. A Miolo ganhou um ótimo e bem quisto vendedor. O Brasil perdeu um
empresário. Os consumidores perderam a possibilidade de encontrar bons vinhos
brasileiros em lojas e restaurantes. PUÔÔUUUMMMMM....
Eu gostaria que toda importadora vendesse os vinhos de um produtor
brasileiro. Isso ajudaria muito.
Eu gostaria que os restaurantes fossem um pouco menos gulosos. Isso
ajudaria muito.
Eu gostaria que todos os importadores e produtores se unissem para
financiar uma campanha publicitária pelo consumo do vinho como saudável
complemento alimentar. Isso ajudaria muito.
Eu gostaria que os restaurantes tivessem 20% de suas caratas com vinhos
brasileiros. Isso ajudaria muito. Aliás se o IBRAVIN tivesse se empenhado
politicamente nesse sentido, como se empenhou para o Selo Fiscal, teria sido
mais útil ao nosso vinho.
Eu gostaria que o vinho fosse considerado alimento. Isso ajudaria muito.
Eu gostaria que toda cadeia produtiva do vinho trabalhasse com a mesma
paixão de um pequeno produtor. Isso ajudaria muito.
Eu gostaria que o IBRAVIN levasse Sommeliers paulistanos conhecer a
Serra Gaucha e provar os nosos bons vinhos. Isso ajudaria muito.
Eu gostaria que o consumidor amadurecesse. Isso ajudaria muito.
Enquanto tudo o que eu gostaria não acontece, compre o Panceri pela web, diretamente da Carolina.
Escrito por Didú às 08h36
Sílvia,
ResponderExcluirestou muito feliz por ter encontrado seu blog, gostei muito, naturalmente não entendo tanto de vinho quanto deveria, mas sou esforçado.
Querida, preciso confessar: o Google opera milagres na vida de uma pessoa. Te achei, querida!!!!!
Bem, vou encerrando por aqui, pois o assunto principal é vinho, né? E sobre isso não posso me pôr a tagarelar!
Beijos e abraços!
Silvia querida, saúde. Obrigado pelos elogios. Magari o nosso vinho "amadureça". Aproveito para me desculpar os erros de revisão, faço tudo sozinho (o que não é desculpa) e muitas vezes um pouco embriagado... Me desculpem.
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