Na foto ao lado se vê o estande da Dunamis, uma das vinícolas da Campanha Gaúcha que fez sua primeira participação na feira, eles são novíssimos no mercado e acabaram de lançar a segunda safra de seu tinto, chamado 'Cor'.
No mesmo espaço estavam a Campos de Cima (de Itaqui quase na divisa com a Argentina em sua segunda participação), a Cordilheira de Sant'anna (a mais experiente e antiga vinícola entre os presentes), a Peruzzo, a Província de São Pedro e a Guatambu.
Comecei meu dia provando o espumante da Guatambu, conforme tinha dito aqui (na foto abaixo com a parte feminina da família Pötter, da Guatambu). É engraçado escolher qual o primeiro vinho provar entre tantos (tantos mesmo!), pois se você começar a feira com alguma coisa não muito boa, inicia mal seu dia, mas com a possibilidade de melhorá-lo, claro. A outra possibilidade é começar muito bem e depois correr o risco de se decepcionar.
Escolha difícil não?
Mas eu me dei bem. Como provei poucos vinhos, me concentrei em coisas que me interessavam, como os espumantes brasileiros, algumas novidades brancas (o Sauvignon Blanc da Aracuri, por exemplo), alguns rosés franceses e alguns poucos tintos brasileiros (não tive tempo para mais do que isso, infelizmente).
Os brasileiros vieram bem para essa feira, embora eu tenha sentido a falta de alguns produtores muito relevantes, como a Vinícola Geisse (os donos estavam por lá passeando e me explicaram que preferem alternar os anos de participação), a Lídio Carraro, a Casa Pedrucci (aliás, fora os poderosos de Garibaldi, vi poucos produtores por lá) entre outros.
No entanto, eram 47 produtores brasileiros na feira, o que não é pouco. Nossa participação perdeu apenas para a França, dá para acreditar?
Adorei os tapetes verde-amarelos que limitavam as àreas do Brasil e a visão de cima mostrava que os estandes eram brancos e azuis, completando nossa bandeira. Os grandes desta vez estavam bem próximos (Salton, Miolo, Garibaldi, Valduga, Aurora) e os pequenos com estandes próprios também fizeram bonito, como a Pizzato e a estreante Luiz Argenta, com seu estande que lembra a elegante sala de barricas de sua vinícola, em Flores da Cunha.
Isso sem contar o espaço da Acavitis, do qual já falei.
Graças a uma bela parceria entre o Ibravin e o SENAC tivemos uma porção de palestras, degustações e apresentações nas salas especiais, sempre lotadas, sempre com fila de espera, sinal que esse tipo de iniciativa dá certo e deve ser repetida.
As empresas lançaram suas novidades (afinal fazem um esforço tremendo para trazer produtos inéditos para essa feira que atinge tanta gente) e só não tivemos maiores surpresas pelo fato da safra de 2010 ter deixado muito a desejar em várias regiões brasileiras.
No entanto, seguindo essa linha de pensamento, a Expovinis de 2012 promete!
E aqui começam as críticas, que não são poucas.
Eu quase não provei vinhos estrangeiros, mas conversei com muita gente que provou e escutei reclamações várias. Principalmente dos vinhos italianos, que - segundo me disseram - eram em sua imensa maioria de 'carregação'.
Não estou generalizando e muito menos colocando as importadoras sérias nessa cesta, por favor, mas sei que os Europeus estão com um problema grave para comercializar seus vinhos e estão tentando aumentar sua participação no nosso país.
Os franceses e os portugueses que têm seus excelentes, e bem montados, estandes há muitos anos na feira perceberam a chegada de muitos produtores que não trabalham com o mesmo padrão de qualidade deles, procurando importadores e querendo desaguar sua produção que encalhou na Europa e nos EUA.
Isso é um problema sério.
Outro ponto é que a participação brasileira deverá - se tudo continuar como vem sendo - aumentar no próximo ano e se os estrangeiros não aumentarem sua participação também (e não vierem com produtos de boa qualidade), é capaz de alguém começar a dizer que 'tem brasileiro demais nessa feira e não vale a pena visitar'. É triste mas é o pensamento de muita gente ainda.
Estou jogando contra? Nada disso, quero mais é que o Brasil cresça, muito, em qualidade e quantidade. Afinal por qual outro motivo eu estaria escrevendo um blog de vinhos brasileiros que não aceita anúncios?
Mas sei que vinho não fideliza e que tal qual outras atividades comerciais, é a diversidade que faz as coisas mais interessantes, por isso esse equilíbrio é delicado e me preocupa.
Uma coisa boa é que a entrada de público não especializado está sendo cada dia mais restringida. Tenho até uma sugestão, para que ela se concentre em um dia apenas, com um horário um pouco maior.
E agora vamos falar da lamentável estrutura que nossos espaços de convenções oferecem. Não é falha exclusiva do Expo Center Norte não, é de quase todos os nossos espaços.
Vinte e cinco reais de estacionamento por dia, e só aceitam cheque ou dinheiro. Fala sério, alguém já viu aquela propaganda de cartão de débito que os mariachis cantam que é uma 'cosa triste' a pessoa querer pagar as coisas com dinheiro? Então, como não aceitam cartões de débito? Que cosa triste....
Outra, as prostitutas que ficam na saída do estacionamento distribuindo seus folhetos com a conivência (e assistência - eu mesma ví) de 'seguranças' da empresa de estacionamento.
Olha, não sou puritana. Ao contrário, acho que deveria ser tudo legalizado e pagando ISS, mas uma vez que não é, tudo que nós não precisamos é que o turismo de negócios esteja atrelado ao turismo sexual, ainda mais com bebida alcoólica no meio.
Isso tudo compõem um quadro contrário ao que tentamos mostrar para as pessoas: beber com responsabilidade, com prazer e desfrutando das benesses que o vinho oferece para as pessoas que não têm problemas prévios de saúde.
E por último, mas não menos importante, a comida: beber sem comer é cruel e me fez testemunhar uma cena lamentável na saída do primeiro dia (aquele que é apenas para profissionais do setor). Um homem razoavelmente elegante, bem vestido, segurando-se em um dos mastros da entrada da feira, visivelmente alcoolizado. Triste isso, muito triste.
Logo em seguida escutei minha ex-aluna do curso de Sommelier do SENAC falando para o noivo que tinha comido apenas um lanche, desde a manhã daquele dia, pois lá não havia comida.
Isso tudo sem pensar na enormidade de estrangeiros que trabalham na feira e que não estão acostumados a pães-de-queijo, coxinhas, esfihas de estação de trem e outros quebra-galhos que são vendidos por lá quase que a preço de comida 'de verdade'.
Por que não tem comida gente? Já me disseram que é falta de estrutura (afinal em um certo momento da feira tivemos falta de água para lavar taças, dá para acreditar?), eu acho que é falta de investimento, de vergonha, de bom senso e de não querer mostrar seu melhor trabalho apenas por que ele vai custar uns reais a mais.
E aqui vai a lenha na fogueira: as fotos abaixo são da Vinexpo, de Bordeaux. É verdade que é a feira de vinhos mais importante do mundo, o que não é dizer pouca coisa, mas é em Bordeaux gente, que comercializa em Euros, é bem verdade, mas que não tem 17 milhões de habitantes como a cidade de São Paulo, muito menos a possibilidade de se encontrar tudo de todo lugar do mundo como aqui.
Guardadas as devidas proporções, o mau cuidado com alimentação dos 10 mil participantes/visitantes da feira aqui em SP é lamentável e não tem justificativa plausível. Até porque, aqueles espaços estão cosntantemente ocupados por feiras de todos os gêneros, o ano todo. Nesta semana mesmo começa a APAS, uma gigantesca feira para supermercadistas e atacadistas (no ano passado fiquei mais de uma hora dando voltas até conseguir estacionar para essa feira).
As fotos abaixo mostram o pavilhão um da Vinexpo (o maior de todos) à esquerda com as mesas dos cafés e restaurantes do boulevard e as tendas dos mesmos à direita.
E agora chega de falar de feira, pois outros assunto já estão aparecendo. Bom final de semana e bons goles!
Oi Silvia
ResponderExcluirGostaria de te parabenizar pelos comentários ricos em detalhes com relação a Expovinis e reforçar que também achamos uma grande falha a feira não ter um setor de alimentação organizado. É péssimo tanto para quem expor quanto para quem visita a feira. Em um dos dias fui no único buffet que tinha, estava aberto, porém, pasmem, os pratos estavam vazios, sem um grão de arroz!! Reclamei e falaram que já iriam repor...tive que me contentar com um simples sanduíche a 22 reais!!
Todos sabem que vinho está sempre ligado a gastronomia, por isso a maior feira de vinhos da América Latina não contar com uma alimentação decente é, no mínimo, vergonhoso!!
Obrigada!
Grande abraço! Gabriela Pötter - Guatambu
Olá Sílvia,
ResponderExcluirPrimeiramente, agradeço a sua visita aos Vinhos do Brasil na Expovinis,e, também os seus comentários sobre as vinícolas. Gostei muito da arquitetura dos estandes, os tapetes ficaram muito legais. Mas Se isso te ajuda, eu também passei fome na feira, (meu jantar era às 23:30 todos os dias)depois do café da manhã as 10:00h da manhã, ou seja meu almoço era sempre vinho e ainda dizem que ele não é um alimento funcional. Sabemos que a feira é muito cansativa, especialmente quando trabalhamos como você. O Brasil tem muita culinária para mostrar mas ainda não sabe se organizar para mostrar isso. Os snacks que tinhamos para comer tinham preço absurdo, muito mais caro que qualquer aeroporto. Ainda lembro das palavras de uma Expositora francesa, ela disse para mim " Pelo que vejo aqui e na cidade, vocês brasileiros devem ser muito ricos". Para mim, um sanduíche por 10 Euros e encontrar vinhos brasileiros de qualidade a 40 Euros, nas lojas, é algo inadmissível. Ela falou que queiria comprar muitas garrafas de vinhos brasileiros para degustar com o pessoal na França, mas com este preço comprou somente 3 garrafas. Quando esta situação vergonhosa vai mudar?
Grande abraço,
Cristiano Zorzan, Aracuri Vinhos Finos
Sílvia,
ResponderExcluiré mesmo um descalabro. São Paulo, a capital do "comer e beber", oferecer uma recepção dessas aos seus visitantes. Falo em nome da capital, porque é desse modo que ele será lembrada pelos frequentadores da feira.
Mas por outro lado, pensei na cena do sujeito agarrado ao mastro, no mínimo, hilária!