Antes de mais nada, preciso dizer que a imagem que vocês vêem acima, foi gentilmente feita pela minha amiga Italia, na madrugada do dia 4 de agosto em São Joaquim, Santa Catarina. Ela e o marido estavam saindo da casa de amigos e encontraram o carro com essa camada espessa de gelo.
Obrigado Italia! Vai ficar no blog até o inverno passar (que aí em São Joaquim deve ser mais ou menos em novembro certo?). E não querendo copiar o Sr. Wandér, é quase o blog do vinho 'do gelo' verde amarelo.
Mas o frio não é mau para as videiras nesta época, faz parte do ciclo vegetativo das plantas e auxilia em vários aspectos que vão contribuir para um fruto que poderá transferir cor e várias substâncias importantes para o vinho. É neste momento que muitos produtores fazem a chamda 'poda seca'.
Quando começa o outono e as plantas deixaram de produzir frutos, os produtores deixam que a natureza tome seu rumo sem nada fazer. As folhas deixam os galhos pois a planta está se preparando para o frio, com menos luminosidade disponível e assim com menos seiva percorrendo os galhos. É um processo absolutamente natural e que todas as plantas com ciclo vegetativo semelhante fazem.
Quando o inverno já começou (ou neste caso vai pela metade), é momento de podar os galhos, já determinando aí os brotos para a próxima safra. É um processo longo de explicar, no qual eu não vou entrar em detalhes aqui para não entediar os leitores que preferem beber a estudar (risos, nada contra!).
Como tenho falado bastante da Campanha Gaúcha nas últimas postagens, resolvi colocar um mapa aqui para dar uma localizada nas coisas. Infelizmente, nesse mapa não aparece Bento Gonçalves, para que vocês possam ver como as duas regiões produtoras são distantes uma da outra, mas aparece Caxias do Sul, e assim é só pensar que Bento fica um pouquinho mais a noroeste no mapa (para os curiosos de plantão, São Joaquim também não aparece, mas fica no meio da diagonal que une Lages a Criciúma, ambas no mapa).
Nesta semana falei da loja que abriu em Santana do Livramento, cidade que é divisa com Rivera, já na Uruguai. Dom Pedrito e Bagé juntam-se a ela como importantes áreas produtoras de uvas e hoje com algumas vinícolas também. Mas a cidade marcada no mapa com a letra 'A' é Itaquí, quase na divisa com a Argentina e é lá que está a vinícola Campos de Cima (os vinhedos ficam em Maçambará).
É um projeto de Hortência e José Ayub (junto de suas filhas), gaúchos que resolveram investir no potencial para boas uvas dessa região, nas terras de uma fazenda centenária. Há alguns anos eles vem cuidando da terra (são 15 hectares) pesquisando junto com a Embrapa de Bento Gonçalves, e estudando para conseguir alguns vinhos diferenciados por lá.
Conheci o casal na Expovinis do ano passado, quando estavam lançando seus vinhos no mercado e fiquei muito impressionada com o espumante brut e com o Ruby Cabernet, um cruzamento das uvas Carignan e Cabernet Sauvignon, desenvolvido nos anos 1940 por um enólogo/pesquisador da Universidade de Davis, nos EUA.
Aqui no Brasil quem sugeriu essa cultivar para os donos da vinícola foi o Dr. Celito Guerra, da Embrapa, um especialista no potencial das regiões brasileiras para cada tipo de uva. Em uma entrevista no ano passado, Celito me contou:
"É uma região ímpar, de solos profundos, noites frias e os verões mais quentes da Campanha, realmente um lugar privilegiado".
Neste ano provei também o Viognier que em chamou a atenção de forma muito positiva e, como é uma região fronteiriça, creio que o Tannat há de se revelar em breve, com todo seu potencial.
A assessoria de imprensa da vinícola enviou fotos feitas nesta semana dos vinhedos cobertos de geada, assim como o início da poda seca, que estão abaixo.
Quem quiser conhecer um pouco mais, o link para o site da vinícola é:
http://www.camposdecima.com.br/
Felizes dias de inverno e bons goles para todos!