Colheita 2016

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quarta-feira, 9 de junho de 2010

O Outono no Vale

Sempre me causa espanto quando ouço alguém dizer que não gosta de viajar, ou quando as pessoas acham normal arrancar árvores para estacionar mais carros, sair em férias sempre para o mesmo lugar e afirmar que dias chuvosos e frios são 'tempo ruim'.
Cada estação tem sua beleza e as luzes do outono são, para mim, as mais lindas que a natureza proporciona. Estar no Vale dos Vinhedos nessa época é se deparar com um espetáculo da mãe Gaia a cada hora que passa.


A foto acima foi tirada na última sexta-feira, quando cheguei ao hotel e Spa do Vinho no Vale dos Vinhedos. A foto abaixo já é da manhã de sábado, quando o céu começou a se mostrar.




Logo após a chegada eu, Sérgio Inglez de Souza e Liana Sabo nos encontramos para um breve lanche e já descemos para o salão de eventos do hotel para a degustação de 22 vinhos do vale, com o intuito de escolher entre eles o melhor tinto, o melhor branco e o melhor espumante. Na mesa na qual me sentei um grupo de degustadores de primeira linha: Danilo Ucha e Mauro Corte Real se juntaram a mim no trio de jornalistas enófilos e os outros três são gente 'do vinho, em vinho e pelo vinho', os enólogos Alberto Miele, Luiz Milantino e Flávio Pizzato. Como não poderia deixar de ser, provocamos polêmicas, desafiamos regras e baixamos notas que as outras mesas deram de forma muitas vezes surpreendente para nosso grupo.


                 

Ao final, ficamos em geral bastante satisfeitos com o resultado das amostras de vinhos tintos (13 no total) e um tanto decepcionados com a 'figura fácil' do espumante brasileiro, que não nos enlevou da forma esperada.
A premiação aconteceu durante um elegante e concorrido jantar no restaurante Leopoldina (na foto abaixo o prato de faisão assado em baixa pressão por longas horas, acompanhado de bolinho de aipim). Os contemplados foram o tinto Miolo Merlot Terroir 2008, o branco Chardonnay Pizzato 2009 e o Espumante Brut Don Laurindo. 


                  

Na manhã de sábado corri até a Miolo - que delícia dizer 'do outro lado da rua' - para comprar o Miolo Merlot Terroir 2008. Paguei R$ 69,00 e achei caro para o padrão brasileiro. Mas não caro para a qualidade excelente do vinho. Dá para entender a diferença? Ela existe sim!
O almoço do sábado nos brindou com algumas tradições gaúchas normalmente apartadas da serra: bombachas, costela no espeto e chula. Na foto, o assador na frente do hotel, antes das 10 da manhã. Percebam a nuvem escura ao fundo. Ela fez o almoço ser transferido de uma paisagem bucólica ao ar livre para o salão de eventos. Desnecessário dizer que a carne estava excelente. Pena não termos podido aproveitar todo evento ao ar livre. Dos 12 graus de temperatura podíamos nos proteger com casacos, cachecóis, vinhos e boa comida, mas da chuva fina não havia como.


          

À tarde fomos fazer uma rápida visita à Expobento, a maior feira multisetorial do Brasil, que juntou mais de 25 mil pessoas somente nesse sábado. Existe de tudo lá. Desde carros zero quilómetro até biscoitos feitos por uma vovó italiana à moda da cidade de Roveretto. As praças são temáticas de acordo com os tipos de produtos oferecidos e durante toda a feira ocorrem apresentações de grupos folclóricos e de grupos musicais consagrados no país, desfiles e degustações. Gente de toda a serra vem participar, conforme explicou o presidente da feira Rogério Valduga (uma pena não ter tido mais tempo para conversar com ele).

Na noite do sábado mais uma surpresa, o filó italiano no hotel Villa Michelon. Por conta do número grande de participantes vindos de várias partes do país (era um meio de feriado), a localização do evento foi alterada da Casa do Filó (construção típica da colônia dos imigrantes), para o espaçoso salão de eventos do hotel.
Assistimos a todo tipo de entretenimento como os que os primeiros italianos lá chegados aproveitavam em suas noites de folga e nas reuniões da comunidade. Para quem não sabe, filó é mesmo o tecido e o local onde as mulheres se reuniam para tecê-lo, para falar da vida, para cantar, jogar, dançar e compartilhar daquilo que cada um tinha um pouco: pão, vinho, doces, embutidos e queijos.


    

Um grupo de gaiteiros vindos de Santa Teresa (em sua primeira apresentação pública) foi um dos mais belos shows da noite, que teve ainda mais dois grupos musicais (um de Bento Gonçalves e outro de Monte Belo do Sul) e um grupo de comédia italiana que circulava entre os presentes com chistes de todos os tipos.
Jogos de cartas e o famoso jogo de damas com taças de vinho também ocuparam a noite. Esta jornalista foi convocada para jogar uma partida contra um gaúcho da gema. Cada peça de dama comida era uma taça vertida. Confesso que meu fígado agradeceu por eu ter perdido a partida...


        

No próprio sábado e também no domingo eu visitei duas novas vinícolas e elas estarão aqui no blog nos próximos posts, pois merecem estar em uma nota única.
Uma pergunta que ouço muito de amigos e parentes é: você vai tanto para a serra, já não conhece tudo o que há por lá? Bem, acho que esta postagem é um bom exemplo, todos os programas que fiz foram inéditos para mim, que estive lá pela quinta vez somente neste ano.
Preciso dizer mais? Ah sim, o Spa do Vinho está divino, cheio de gente, sob os olhos atentos de Débora e Ademir e de uma equipe simpática e cativante.
Agradeço a Aprovale e aos organizadores da ExpoBento pelo convite e por todo o mimo que permeou meus dias. Foi uma comemoração excepcional do Dia Estadual do Vinho.


Um comentário:

  1. Silvia! Lindo relato de uma região maravilhosa. Eu amo a Serra Gaúcha, mudei de lá por motivos variados. Vou para Bento todas as semanas, por causa das aulas, e a paisagem me causa emoção todas as vezes. A diferença do brilho do Sol conforme a estação, o cheiro da flor de uva na primavera, as folhas vermelhas desta época... Até a cerração eu acho linda (e perigosa!).
    Bjks

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