Colheita 2016

Colheita 2016
Seja bem-vindo! E que nunca nos falte o pão, o vinho e a saúde e alegria para compartilhar!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

200a Postagem!

Caros leitores, sinto muito que esta - que é a minha duocentésima postagem - precise vir com um pedido de desculpas.
Há alguns dias vinha observando que esse número redondo se aproximava, e secretamente desejava que essa postagem fosse um momento especial.
É e não é.
É, pois este blog começou como um desafio que me foi feito e se transformou em um trabalho prazeiroso, de retorno humano e informativo imenso e que se prova interessante não somente para mim que o faço, mas para algumas pessoas que passam por aqui diariamente, em busca de novidades, e me dão um bom feedback. Isso tudo é muito especial.
Mas este momento não é especial por conta de circunstâncias da vida, sobre as quais eu não tenho nenhum controle e que me ocuparam (e ainda ocupam) nos últimos dias, fazendo com que o tempo que posso dedicar à este blog tenha sido restringido.
Minhas desculpas, muito sinceras!
Ainda sobre a passagem do tempo, mas agora falando de vinhos brasileiros, quero contar sobre alguns vinhos que provei nos últimos dias. Foram três vinhos brasileiros de diferentes procedências mas com  uma coisa em comum: todos eles têm mais de 4 anos.
O que isso quer dizer? Quer dizer que muitos produtores afirmam que não fazem vinhos de guarda pois as pessoas compram vinhos para beber rapidamente e não para guardar, que vinhos para suportarem o teste do tempo precisam de estrutura, em geral de passagem por madeira de boa qualidade e de uvas em maturação muito boa. Ou seja: são vinhos que não admitem disfarces.
Não vou entrar no mérito dessa questão, pois os vinhos que tomei vem suportando bem o teste do tempo.
O espumante brut da linha Premium da Casa Valduga era 2006. Delicioso, fresco, borbulhante, frutado. Vai suportar mais um ou dois anos com a galhardia de um champenoise bem feito e amadurecido com cuidado nas caves da foto ao lado.
O branco, da vinícola Villaggio Grando de Santa Catarina (o lago de fazenda é o que aparece na foto mais acima), um Chardonnay 2006 estava fresco e agradável, mesmo sem a 'segurança' da passagem por madeira, que dá certa longevidade aos Chardonnays, mas que em muito casos é usada para encobrir defeitos.
O terceiro vinho, feito por uma mulher da qual sou fã, foi o Cordilheira de Sant'Anna Cabernet Sauvignon 2004, de lá de Santana do Livramento, da propriedade do casal de enólogos Rosana Wagner e Gladistão (na foto abaixo). Delicioso, elegante, estilo do Velho Mundo com bela cor, bom corpo e delicadeza.
Não é a primeira vez que Rosana acerta em vinhos longevos. Na foto ela e o marido aparecem brindando com o Gewurztraminer 2004, que eu ainda tomei no começo deste ano e recomendo imensamente aos preconceituosos de plantão que provem. Se é que ainda é possível encontrar alguma garrafa dele no mercado.
Por fim, quero dizer que alguns de nossos vinhos já começam a mostrar que o cuidado de um enólogo zeloso, um terroir decente e uma safra boa são mais determinantes do que a 'vocação' do país para vinhos jovens ou não.
Guardar um vinho - algumas vezes até esquecê-lo na adega - para mais tarde provar e ter uma feliz surpresa, é mostra de que a nossa indústria anda dando sinais efetivos de que sabe o que faz - ao menos alguns produtores, é claro - e que poderemos alongar o prazer de uma boa safra por mais alguns anos.
Bons goles, sem preconceito de idade!
(e que venham mais 200 postagens!)

3 comentários:

  1. Buenas Silvia, parabéns pela 200a postagem. como havia te falado num último comentário, estive na cordilheira de santana, dos brancos tinham pra degustação o chardonnay.especial de primeira!!!! acabei de chegar de um trabalho em Canela/Gramado e hoje tive a oportunidade de conhecer o sr Normélio Ravanello. Vinícola Ravanelo em Gramado. provei um corte de c.s. com merlot que ele ainda tinha feito na embrapa... a princípio nada de mais... todavia a estrutura da vinícola e o lugar em sí é bárbaro... vamos ver os vinhos q engarrafarão em dezembro...
    saludos
    José

    ResponderExcluir
  2. Silvia querida!

    Fiquei muito feliz com os seus comentários sobre o nosso Cabernet Sauvignon/2004. Na verdade, a Cordilheira de Sant´Ana está elaborando vinhos muito longevos. É uma proposta diferente, mas acredito que estamos no caminho certo. Temos 5 vinhos com mais de 4 anos no mercado, todos no auge de sua maturação e com alguns anos ainda pela frente. São eles: Merlot/2004, Tannat/2004, Reserva dos Pampas Tinto/2004, Chardonnay/2005 e o Cabernet que você já conhece. Em algumas casas especializadas e restaurantes é possível que você ainda encontre o Gewurz/2004. Acho que conseguimos demonstrar que o Brasil também é capaz de produzir vinhos maravilhosamente longevos.
    Nossos parabéns pelo aniversário do seu blog e muito obrigada pelo seu carinho
    Rosana - Cordilheira de Sant'Anna

    ResponderExcluir
  3. José,
    vejo que tens andado bastante por essa terra linda.
    E tens tido bons goles também!
    Entre os sommeliers a gente chama isso de 'acumular litragem'.
    Verdade é que não há nada melhor para saber como andam os vinhos e o que vale a pena ou não. A paisagem aí sempre vale!

    Rosana querida,
    o cuidado que tens com teus vinhos e a seriedade de teu trabalho transparecem em cada garrafa.
    Obrigado pela mensagem e muito sucesso na nova safra!

    Sílvia

    ResponderExcluir