Colheita 2016

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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Dois Homens do Espumante Brasileiro

Como contei na semana passada, estive em Garibaldi por umas 24h (não é anormal para minhas viagens) e pude conhecer uma pessoa que acredito que 'faltava no meu Curriculum' e encontrar uma outra que aprecio muito.
São dois enólogos. O primeiro é Adolfo Lona (na foto abaixo), que nasceu na Argentina (claro, todos temos defeitos...he he he), mas como é muito inteligente, adotou o Brasil para viver em 1973 e os espumantes como trabalho de uma vida. Não conhecê-lo era para mim uma tristeza enorme trabalhando neste mundo do vinho, e agora que o conheço ficou pior, pois vejo quanto tempo perdi...
Lona é o presidente da CPEG (Cooperativa de Produtores de Espumantes de Garibaldi), um projeto há muito necessário para dar visibilidade e novo fôlego àquela que já foi a cidade responsável pela produção de 90% dos espumantes brasileiros.
O projeto foi oficializado no sábado passado, com a entrega dos diplomas e selos e a apresentação dos 12 primeiros rótulos de espumantes certificados da Marca Coletiva da região.
Para quem não sabe, Adolfo Lona foi trazido pelo grupo italiano Martini para fazer e lançar nada menos do que a linha de espumantes De Greville.
Todo mundo com mais de 30 anos lembra (e quem gosta de espumantes com certeza bebeu de suas garrafas).
Claro que eram outros tempos, onde as empresas mais importantes eram as estrangeiras, que dominavam o modus operandi e portanto detinham os melhores rótulos. É só pensar em Chandon, Forestier, Almadén, Domecq etc.
Mas Garibaldi já tinha alguns nomes muito importantes, pois não foi nenhum acaso o motivo pelo qual esses grandes estrangeiros instalaram-se aqui. A região tinha vocação para os espumantes - não sei se gosto dessa expressão, mas vá lá.
O que me leva ao outro nome desta postagem: Gilberto Pedrucci, que trabalhou "somente" 24 anos na Peterlongo. Que tal?
A Peterlongo, para os preconceituosos de plantão, é somente a primeira vinícola brasileira a fazer espumantes champenoise de alta-qualidade. Em 1913 (!!!) quando Armando Peterlongo fundou a empresa, ainda eram chamados de Champagne e na década de 1950 eram vendidos em NY para a loja Macy's.
Pedrucci é um vencedor. Discreto e sempre bem acompanhado da linda esposa Lorena, suportou os altos e baixos de uma empresa que, embora grande e importante, não acompanhou as inovações do mercado.
A Peterlongo ainda passa por ajustes, mas é possível dizer que nos últimos 6 ou 7 anos recuperou a qualidade de seus produtos. Mas isso é outra história que pretendo contar depois.
Gilberto Pedrucci (foto abaixo), embora confesse que o que gosta mesmo é de estar na cantina, encarregando-se pessoalmente dos meticulosos processos de fabricação de espumantes, é um grande administrador, de carisma sutil, que já o levou para muitos cargos importantes, inclusive a presidência da Fenachamp.
Atualmente ele cuida de sua própria vinícola (assim como Adolfo Lona que faz deliciosos espumantes rosés, entre outros), a Casa Pedrucci, onde faz o que gosta e sabe da maneira que quer fazer. Coisa rara nesse mercado desgranhento que temos no Brasil, mas uma recompensa pelos anos de (aprendizado também, óbvio) trabalho para outros patrões.
Gilberto também é um dos diretores da CPEG, na parte dos espumantes de método tradicional (ou champenoise), ao lado de um jovem do qual ainda se vai ouvir falar muito: Ricardo Chesini, que conseguiu em poucos anos de muito trabalho transformar uma empresa familiar que só fazia vinhos de mesa e destilado de uva em uma importante produtora de espumantes (bons espumantes!).
Esse pessoal trabalha em pequena escala (antigamente o projeto era até conhecido como 'micro-champanherias'), mas com cuidado extremo e tentando convencer aqueles que trabalham com maiores volumes a adequarem alguns de seus produtos aos bons princípios aprendidos com a pequena produção de qualidade.
Estão conseguindo, pois a adesão das grandes vem acontecendo gradualmente (Cooperativa Garibaldi, Courmayer, etc que têm talentos como o enólogo Gabriel Carissimi, por exemplo) e já trouxe um enorme presente para a CPEG: a assinatura de um contrato de cooperação com nada menos que o 'Comitê Interprofissional do Vinho de Champagne' da França (claro!!!).
Trabalhar em prol do bom vinho brasileiro não é fácil para ninguém - para quem vende, quem faz, quem divulga - mas é necessário, e não somente por uma questão de ufanismo (coisa besta de quem pensa pequeno), mas para que o mercado consiga separar o que é qualidade do que é volume e 'ganhação de dinheiro'.
Como eu sempre digo: beber melhor e não beber demais!
Bom final de semana e bons goles de espumantes.

4 comentários:

  1. oi Silvia,
    Creio que o Expumante tem um mercado incrível no Brasil, e pensar que estou a 50km de Garibaldi... Acho que vou começar a pensar numa pequena Champanharia aqui pra região do Vale do Caí.....
    saludos
    José
    josé@penaldelsur.com.br

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  2. NOSSA RECONPENSA POR TANTO TRABALHO E PERSISTÊNCIA É TER PESSOAS COM SUA SEMSIBILIDADE QUE CONSEGUEM INTERPRETAR E DEFINIR NOSSOS ESPUMANTES E ATÉ NOSSA VIDA EM ALGUMAS PALAVRAS.OBRIGADÃO POR SEU INCENTIVO AO ESPUMANTE BRASILEIRO,AGORA CERTIFICADO.
    GILBERTO PEDRUCCI.

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  3. O melhor é tomar o espumante na própria cantina do Gilberto degustando iguarias da região, vendo ele abrir a garrafa com o sabre(espada). A experiência é inesquecível.

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  4. Olá Silvia!
    Parabéns pelo trabalho de divulgação das coisas boas da vida! Sim, pois uma taça de um bom espumante é tudo de bom! E se for certificado, melhor ainda, hehe!
    Abraços, e quando quiseres voltar aqui na vinícola estamos de portas abertas!
    Ricardo Chesini
    ricardo@adegachesini.com.br

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