Colheita 2016

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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Em casa de enólogos...

 Conheci o André Peres Jr na festa da foto ao lado, um almoço em setembro de 2009 na propriedade da Cooperativa Aurora no distrito de Pinto Bandeira. Era uma recepção para jornalistas e, em meio ao enorme grupo, lembro-me de que uma das coisas que me chamou a atenção - quando me disseram que ele era um dos enólogos da Aurora - foi sua juventude.
Ele, na verdade, está na foto, logo no primeiro plano, de calça jeans e casaco de couro.
De lá para cá nos encontramos em concursos e na Avaliação Nacional de Vinhos e eu comecei a perceber que havia algo de muito sincero e objetivo no sorriso daquele 'garoto'. Por favor, não há ironia nisso, mas a mãe de André é mais jovem do que eu, então creio que isso 'quase' me dava o direito de chamá-lo de garoto naquela época.

Natural do estado de Goiás, André é filho de um dos representantes comerciais da Aurora em seu estado natal. Chateado com a carreira que se desenhava na faculdade de Administração de Empresas e já acostumado com os vinhos que o pai tinha em casa, André resolveu tentar o vestibular para a escola técnica federal. E passou logo de cara para o curso superior de Enologia.
Na foto acima, feita em janeiro do ano passado, André está me servindo uma amostra de tanque de um vinho base para espumante, durante uma visita na sede da empresa em Bento Gonçalves. Nessa altura eu já havia percebido que tínhamos muitas ideias em comum sobre o mundo do vinho brasileiro, e começamos a partilhá-las.
Conheci Gisele (oficialmente sua noiva, mas para mim sua esposa e parceira) mais ou menos na mesma época. Gisele Gugel era veterana quando André entrou no curso de Enologia, e ela conta que o escolheu como seu 'bicho'.
A coisa acabou por ficar bem mais séria do que trote de faculdade e pouco tempo depois eles estavam dividindo taças e contas. Verdade seja dita, existem casais que se encontram cedo na vida, mas que felizmente tem maturidade suficiente para assumir o sentimento, e as alegrias e dificuldades da vida a dois.
Nos encontramos no inverno numa balada em Bento Gonçalves, com boa parte da família da Gisele, dançando e cantando músicas de tempos em que nenhum dos dois eram nascidos ainda. Mas a foto acima eu fiz em setembro do ano passado, na Avaliação Nacional de Vinhos, quando recebi o convite para um jantar na casa deles.
Esse jantar se concretizou pouco mais de um mês depois, quando eu consegui alguns dias de folga em Bento Gonçalves e o (raro) privilégio de ter a companhia de meu marido no final da viagem.
André foi nos buscar no hotel enquanto Gisele adiantava boa parte do serviço em casa.
Como tudo o mais, eles cozinham juntos, numa deliciosa sintonia, entre delicadas taças de cristal, conchas de caldo de legumes, e boas histórias de família, de vinhos, de amigos!
 O cardápio mostrou as influências regionais de ambos: risoto de pequi, pelo lado goiano de André,
 e risoto de abobrinha e ervilhas frescas pelo lado italiano/sulista de Gisele.
 Completavam a linda (e saborosa) mesa posta uma bela travessa de douradas sobrecoxas de frango na cerveja, salada verde com tomates cereja e espetinhos caprese com salsa de manjericão da horta doméstica.
 Das mãos habilidosas de Gisele veio a delicada sobremesa, um cheesecake de amoras frescas, harmonizado com o espumante demi-sec da linha Marcus James, um dos produtos da Aurora que me agradam muito.
 Gisele costuma dizer que não é fotogênica e que sempre sai de olhos fechados nas fotos. Bem, eu não acho. Acho-a linda, delicada e forte. Além disso é enóloga da escola técnica, responsável pela vinificação dos produtos que os alunos fazem nas aulas práticas.
Mostrando na pele sua juventude, assumiu trabalho, casa, família e ainda encontra tempo para fazer uma sobremesa especial para os convidados e para compor a nova diretoria da ABE (Associação Brasileira de Enologia).
Para meu marido e para mim, foi uma dessas noites que fazem valer uma viagem. Por muitos motivos que nem vou elencar aqui. Mas de um deles preciso falar: é muito reconfortante ver gente tão jovem que está lutando pela vida de forma honesta, alegre e sem frescuras.
Eles cuidam deles mesmos e dos seus, não se perdem em futilidades e bobagens como muita gente da idade deles, são carinhosos um com o outro e estão formando uma base sólida para um relacionamento longo e feliz que - de quebra - será regado a muitos bons vinhos, uma vez que tenho a certeza de que o caminho desses dois na vitivinicultura nacional recém-começou.
Obrigado amigos! Que a felicidade esteja sempre em seus corações e taças!

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