Colheita 2016

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domingo, 6 de maio de 2012

Vamos almoçar na Virada Cultural?

A banda Premeditando o Breque tem uma das melhores músicas que falam sobre a cidade de São Paulo, e ela começa assim: "É sempre lindo andar, na cidade de São Paulo (de São Paulo), o clima engana, a vida é grana em São Paulo"...

É uma visão bem humorada dos defeitos, e do charme que existe por detrás desses defeitos.
Pois bem, hoje domingo ensolarado de outono, o clima não enganou, ajudou. E, a bem da verdade, foi "lindo"- ao estilo paulista- andar na cidade de São Paulo.

Para quem não sabe, desde ontem à tarde e até o final do dia de hoje está acontecendo a 'Virada Cultural', uma intensa programação que inclui todas as artes com atividades gratuitas e na maior parte dos casos em locais públicos e abertos, que aproximam a população dos artistas, músicos, atores, mágicos, palhaços e toda sorte de profissionais (e amadores) que fazem a vida cultural da cidade ser uma das mais interessantes do país.
(atenção para a foto: enquanto as pessoas andam o morador na janela fotografa as pessoas)

Mas neste ano a virada teve uma novidade. A via elevada 'Costa e Silva', conhecida por nós como 'minhocão', que liga uma parte da zona oeste da cidade ao centro (e fica normalmente fechada aos domingos para dar um pouco de silêncio aos moradores cujas casas ficam ao lado dela) recebeu algumas dezenas de barracas de comida, de artesanato e até mesmo um DJ que tocava pop/hip hop de Portugal (patrocinado pelo energético red bull).

O detalhe mais importante é que não foram quaisquer barracas de comida. Foi o movimento 'chefs na rua' que trouxe para cima do minhocão as barracas de importantes cozinheiros da cidade, com pratos de suas culinárias sofisticadas em releituras que podiam ser comidas em pé e pagas sem pesar no bolso (a maior parte dos pratos/aperitivos/doces custava entre 5 e 15 reais).
Por conta disso, milhares de paulistanos deixaram seus carros longe, caminharam sobre a via na qual passam apenas em seus carros, e foram em busca de alimento...
Que tal convidar milhares de paulistanos para um almoço na lage? Fica assim, como nas próximas fotos...




 

Os chefs de cozinha e seus ajudantes provavelmente trabalharam muito mais do que quando estão com suas casas cheias, mesmo que as opções de pratos fossem muito menos variadas. Fiquei sabendo que de madrugada houve até tumulto, quando começou a distribuição da galinhada feita pela equipe do chef Alex Atala...
 Para quem teve coragem de enfrentar as enormes filas (uma para pagar e outra para pegar a comida), havia uma variedade de coisas muito diferenciadas, desde comida japonesa, passando pelas arepas venezuelanas...
 ...comida peruana do chef Checho Gonzales...
 ...guiozas...
 ...a barraca da chef Paula Labaki tinha sanduíche de pernil da arábias...
 ...a do chef Luiz Emanuel tinha steak tartare com batatas rústicas...
 ...e a do Bar da Dona Onça tinha puchero...
 ...o casal abaixo se preparava para comer costelinha de porco com milho cozido, enquanto outros já saboreavam um café expresso Illy e doces especiais.
Eu, que acabei de chegar de uma cidade bem pequena (Guaratinguetá) vinha me perguntando o por quê de viver numa cidade como São Paulo. Bem, o dia de hoje talvez seja uma das respostas, vinda diretamente de um momento no qual a realidade se inverte e o ponto de vista muda, literalmente.
 

 

 

 O que há, afinal, nesta cidade que une tantos povos diferentes, preferências tão diversas (na foto abaixo não são doces e sim sabonetes) e onde tantas realidades convivem?
Sim, é uma cidade dura, feia, cruel muitas vezes. Mas é também uma cidade viva, cheia de surpresas, que não descansa nem para pensar em si mesma, mas que encontra espaço para meditar no meio do asfalto.

 É uma cidade que consegue fazer de seus moradores anônimos, turistas por um dia, fotografando, comendo e bebendo a cidade que os nutre...
 ...é uma cidade que nos iguala e nos separa, mudando sempre nosso caminho e - uma vez ou outra - nossa perspectiva e direção!
E para quem ficou curioso para saber o que eu comi, a resposta é bem ao estilo paulistano: não consegui comer nada, embora minhas expectativas fossem altas. Tão altas que em minha mochila havia meia garrafa de vinho, pronta para ser aberta.
Aliás, não havia venda de bebida alcoólica, apenas água, refrigerante e energético. Teria sido uma ótima ideia ter por lá aquele carrinho que o Ibravin teve no carnaval de Porto Alegre, vendendo espumante em taças. Quem sabe alguém não usa essa ideia no ano que vem?
Ficar com fome não fiquei, claro. Logo no começo do elevado fica uma das lanchonetes mais típicas de São Paulo, o Ponto Chic, onde o sanduíche Bauru foi inventado na década de 1930, e foi exatamente lá  que comemos. O Bauru inventado lá, aliás, é bem diferente do que existe no restante do Brasil. É feito com rosbife, uma mistura de queijos derretidos na chapa, fatias de pepino em conserva e tomates, num pão francês. Verdadeira cara de São Paulo!.


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