Muitas delas foram boas e outras nem tanto.
Vou usar de minha prerrogativa como autora deste blog (eu não sou obrigada a escrever e você leitor só lê se quiser também) para publicar as coisas que acho verdadeiramente importantes.
A Avaliação Nacional de Vinhos acontece há 18 anos em Bento Gonçalves e tem por objetivo apresentar os vinhos mais representativos da safra do ano em curso, neste caso 2010. É também uma festa que congrega produtores, enólogos e enófilos de vários estados brasileiros.
Muita gente não sabe - e alguns fingem que sabem e depois dão vexame - que os vinhos apresentados no dia da Avaliação não estão completamente prontos, e até chegarem ao resultado apresentado já vem sendo degustados e analisados por um grupo de 87 enólogos divididos em 3 grupos, ao longo de três semanas, totalmente às cegas, no laboratório da Embrapa. As 260 amostras -enviadas por 55 empresas brasileiras- são divididas em tipos de vinhos (branco, tinto, rosé etc) e somente as 30 melhor pontuadas são, então, degustadas por uma outra equipe de enólogos, em um evento chamado de 'Degustação de Confirmação', pois é necessário que exista consenso sobre os 16 vinhos melhor representativos da safra. Nenhum enólogo trabalha o ano todo para ter um vinho ruim apresentado nesse dia tão significativo.
Assim, no dia do evento, são degustados em público e comentados por convidados da ABE (Associação Brasileira de Enologia), os 16 vinhos mais representativos da safra e os outros 14 que também ficaram entre os finalistas recebem um certificado de sua inserção nesse seleto grupo (na foto acima estão os 30 enólogos/viticultores) que tiveram seus vinhos indicados.
O serviço desses 16 vinhos é feito por alunos da escola técnica de enologia e viticultura de Bento Gonçalves. Neste ano foram mais de 60 alunos para atender quase 750 pessoas entre plateia e palco. Na foto abaixo eles haviam acabado de chegar (não eram nem 9 da manhã) e estavam vestindo seus aventais e buscando seus crachás e na outra foto (feita por Gilmar Gomes) eles aparecem já em sua função.
Mesmo não completamente prontos é possível ver o potencial dos vinhos e compreender para onde vai caminhar sua evolução, seja em barricas de carvalho, em tanques ou na garrafa.
Sim, é um pouco de exercício de adivinhação para quem não é enólogo, mas como eu sempre digo, alguns dos bons vinhos aparecem logo no primeiro gole.
Impressionaram-me os dois Chenin Blanc vindos do Nordeste brasileiro e o agradável (embora curto) Moscato Giallo de Minas Gerais.
Mais consistentes e muito interessantes foram os dois Cabernet Franc da Serra Gaúcha e os dois Cabernet Sauvignon (um do Vale dos Vinhedos e outro de Santa Catarina).
Verdade seja dita, esta foi uma safra difícil em quase todas as regiões e exigiu dos enólogos e dos agrônomos um cuidado extra no parreiral e muita habilidade na cantina.
Os resultados apresentados no último sábado, felizmente, mostram que ninguém vai ficar sem vinhos bons para beber desta safra. Aliás no meio de tantas dificuldades, o que está melhor salta ao palato e ao olfato.
A ABE também aproveita esse dia festivo para premiar duas pessoas que se destacaram no mundo do vinho, através do Troféu Vitis, um deles foi para o médico Jairo Monson (foto abaixo).
Dr. Jairo vem se dedicando com afinco há anos a estudar e comentar os benefícios do consumo controlado e consciente do vinho na manutenção da saúde física e mental. O outro troféu Vitis foi para o engenheiro agrônomo e doutor em enologia pela Universidade de Bordeaux Luiz Antenor Rizzon, figura emblemática na pesquisa e inovação do vinho gaúcho.
O melhor da festa, claro, é sempre o final, quando as pessoas estão mais descontraídas e já podem parar de cuspir os vinhos. É nesse momento que a ABE faz um brinde coletivo com um bom espumante e com um agradável show musical, para depois os convidados se juntarem em um enorme coquetel seguido do almoço. Na foto abaixo uma parte da diretoria da ABE (no meio da mesa o presidente Christian Bernardi e sua esposa à esquerda, a também enóloga Gabriela Poletto). Na ponta esquerda o enólogo Luciano Vian, ao seu lado Eliane Cerveira. Na outra ponta estão Bruna (da Moura Comunicação) e a Adriane Biasoli, também da ABE.
Tenho enorme respeito pelos homens e mulheres que fazem o vinho no Brasil (incluindo aí quem planta as uvas, quem pesquisa, que comercializa etc), um produto que ainda carrega uma enorme carga de preconceito. Como em todas as profissões existem exceções e é óbvio que alguns malandros também se inserem nesse ramo. Mas de minha observação ou eles estão em número menor no mundo do vinho ou são mais discretos em suas atuações.
Vale a pena estar entre essas pessoas - um bom número delas ao menos - e poder compartilhar de suas histórias, de suas taças e de seus desafios.
ABE, Lucinara, Farina Park, muito obrigado mais uma vez!
Na foto abaixo estão meus amigos, Juliana e Marcos, para os quais eu pedi que disfarçassem enquanto eu fazia a foto. Que bom que são melhores como amigos do que como agentes disfarçados...rs
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