Mas principalmente, o que utilizávamos naqueles tempos e hoje parece ser artigo raro é a comunicação. Isso mesmo, a troca de mensagens, de opiniões, de perguntas e respostas entre as pessoas, afinal a voz do jornalista não é exatamente a dele, mas sim a das pessoas que ele entrevista, que ele vê, que ele busca e encontra nas mais variadas situações, principalmente em campo, ou seja: na rua.
Repórteres não podem ter medo de gente, precisam gostar de xeretar, de buscar novidades, de caçar 'furos', precisam não ter receio de enfiar o pé na porta, de perguntar para quem quer que seja se está doendo o furo da bala, a perda do marido, o jogo perdido.
Meus professores diziam que não existiam perguntas inconvenientes e sim respostas.
Jornalistas de verdade nada sabem, mas escrevem sobre tudo. Não têm nenhuma resposta, mas têm todas as perguntas. Não gostam particularmente de ninguém, mas apreciam muitas pessoas. Repórteres de verdade estão em movimento e não imóveis em uma redação por mais tecnológica que ela seja.
Não vou generalizar, mas hoje as coisas são bastante complicadas, seja pelo desprestígio de alguns setores da mídia, seja pela comercialização publicitária disfarçada de informação, pela não necessidade de nenhuma espécie de treinamento ou diploma para exercer a profissão, pela valorização do 'especialista' no lugar do generalista (afinal um bom jornalista não precisa ser especializado em nada, mas tem obrigação de se aprofundar em cada assunto sobre o qual vai falar) e pela crise das mídias em geral que privilegiam o mais barato em detrimento do mais caro.
Qualidade custa caro, em qualquer setor do comércio, dos serviços e do conhecimento.
Mas este preâmbulo todo é para contar uma história que aconteceu hoje.
Tive uma reunião com meus chefes na revista e acabei indo almoçar com meu editor, Arnaldo Grizzo (na foto abaixo) que esteve recentemente a trabalho/passeio nos EUA. Eu disse para ele que nunca havia tomado um vinho do Oregon State e ele gentilmente trouxe uma garrafa que dividimos nesse almoço. Era trabalho? Sim, sempre é, mas era também prazer, óbvio.
Quando estávamos nos servindo no buffet (aliás o almoço da Praça São Lourenço é delicioso) eu encontrei com o enólogo Jefferson Sancineto Nunes, dono do Enolab de Flores da Cunha.
A presença dele alí, embora inusitada, tem uma explicação lógica. Uma das vinícolas para as quais Jefferson trabalha é a Pericó de São Joaquim (SC) que vai lançar em São Paulo na semana que vem o primeiro Icewine do Brasil (já falei disso por aqui).
Assim, Jefferson (que teve uma oportunidade - e o trabalhão - que poucos enólogos tem até mesmo no mundo de desenvolver um produto como esse) e o proprietário da vinícola estavam acertando detalhes da apresentação em uma sala exclusiva do restaurante.
Quando Arnaldo e eu terminamos de almoçar fomos até lá xeretar, como fazem os bons repórteres.
Uma de minhas surpresas só será contada mesmo na semana que vem, depois do lançamento oficial do vinho, mas adianto aqui uma deliciosa foto (abaixo) do enólogo (a esquerda) e do proprietário da vinícola (Sr. Wandér) em um momento descontraído hoje - fotos assim raramente têm qualidade técnica, mas ao meu ver são excelente material.
E adianto também uma imagem da linda taça que a Cristallerie Strauss fez a pedido do Sr. Wandér especialmente para o Icewine. Ela será utilizada pela primeira vez na semana que vem, pelos convidados paulistanos do coquetel de lançamento do vinho do gelo, uma conquista excepcional para essa vinícola catarinense tão jovem.
Por conta dessas coisas novas e oportunas que aparecem quando a gente 'se joga' no mundo é que repito o jargão de que lugar de repórter é na rua, observando, perguntando, reportando.
Bons goles e até mais.
Olá Silvia,como vc está?
ResponderExcluirNossa estamos todos com saudades...espero q volte logo!!!
um beijo enormee
Jéssica Pícolo