Colheita 2016

Colheita 2016
Seja bem-vindo! E que nunca nos falte o pão, o vinho e a saúde e alegria para compartilhar!

quarta-feira, 30 de março de 2011

In Italia!

Noite de sábado em Bologna, me perdi dando uma voltinha que acabou virando uma enorme volta.
Esfomeada, cansada e com vontade de não entrar em nada que custasse muito caro, achei uma trattoria a um quarteirão do hotel.
Mais tradicional impossível, a não ser pela garçonete e seu companheiro, jovens e sorridentes. Foi ela quem fez a foto abaixo, por sinal.


Perguntei pela sugestão do dia (em geral mais barata e com certeza fresca!) e adorei uma das opções: como entrada flores de abobrinha recheadas com queijo e um toque (mesmo!) de aliche e como prato principal uma lasanha de berinjelas. Tudo acompanhado de uma pequena jarra de Sangiovese di Romagna e água mineral, claro. Perfeito!



Sentada numa mesa logo na entrada do restaurante, de onde eu observava o movimento e uma fresta da cozinha, chamou-me a atenção a geladeira da foto a seguir, alguém consegue pensar no por quê?


Não? Duas coisas: a primeira é a proporção de refrigerantes dentro dela, repararam? é quase nada. Por que estragar uma comida perfeita com refrigerante à base de cola e açúcar ou uma lembrança longínqua de laranja? A segunda: vinhos brancos, rosés e espumantes gente! A geladeira tem mais vinhos brancos do que muito bebedor brasileiro de 60 anos já tomou na vida toda.
O fato deles estarem lá, em pé, com luz direta, dentro de uma geladeira significa que são bebidos frequentemente, pois mesmo os brancos não podem ficar por muito tempo na geladeira. No máximo uma semana até serem abertos. Espumantes, menos ainda.
E era inverno...isso é que é cultura de vinho pessoal. Combinada com preço justo, muitas opções e a valorização da produção local.

Bons goles!



Atendendo a pedidos...

Mais da festa do Chapeleiro Maluco...incluindo os malucos que lá estavam...











segunda-feira, 28 de março de 2011

A mesa do Chapeleiro

Ainda não tive tempo de pegar todas as fotos, mas como tenho amigos curiosos, segue uma amostra da mesa que compusemos para a festa da Isabela.



O bolo de brigadeiro em formato de chapéu é obra da mãe da aniversariante, os cupcakes com o relógio do coelho, as cartolas e o gato são feitos pela Doces Dona Joaninha daqui de São Paulo, bolachinhas e chocolatinhos feitos por minha mãe, docinhos diversos feitos pela avó da aniversariante e pela mãe.
A decoração é minha, pois não tenho mão para nada doce, com peças garimpadas em várias casas e alguns detalhes comprados, além das lindas peças de patchwork que minha tia faz.
Não dá para ver detalhes nessas fotos, mas depois colocarei outras.
Para os doceiros de plantão, preciso dizer que esses doces praticamente somem assim que se canta o parabéns.
Vejam também a postagem seguinte, para mais fotos!

Engraçado e triste...


"Roubei" a foto acima do blog da querida Caren Muraro (quem quiser visitar está nos favoritos ao lado, é o My Vineyards), vitivinicultora de Flores de Cunha e amiga blogueira - espero que ela me permita a indiscrição.
Vejam, só como são as coisas: uma mamadeira de leite, uma garrafinha de refrigerante à base de cola, um destilado à base de cereais maltados, água e soro.
Suponho que a vida seria muito mais do que 'cinco botellas' se tirássemos um pouco do açúcar e das artificialidades dos refrigerantes e trocássemos em parte por sucos de frutas, se dividíssemos na proporção de 1 dose de destilados para cada 10 de vinho a nossa maturidade, e se tivéssemos a água sendo consumida em grandes doses o tempo todo.
Seria perfeito e talvez não coubesse na foto, principalmente por que o último suspiro dessa fase de "vida" poderia não necessitar de soro e, se tudo desse certo, poderia ser um brinde com um bom espumante, até a 'próxima fase'
Pensem a respeito!

sexta-feira, 25 de março de 2011

Chapeleiro Maluco para Isabela!


Minha afilhada, Isabela, completará 9 anos na próxima segunda-feira.
Amanhã, sábado, atendendo ao seu pedido, faremos uma festa de 'Desaniversário' para ela.
A inspiração, claro, veio do desenho animado da Disney e do filme do Tim Burton que ela viu no ano passado no cinema.
Eu e minha comadre já andamos dizendo que 'criamos um monstro' pois ao contrário das outras crianças que querem festinhas em buffets, decorações de isopor e doces que se limitam aos brigadeiros, nossa Isabela foi acostumada a compartilhar as maluquices, invencionices e, como diz meu marido, as festas que nós não podemos fazer para nós mesmas, e passou a curtir "o antes" tanto quanto o "durante".
Ela vai conosco para a 25 de março, dá ideias e neste ano até ligou para os amigos convidando-os para a festa, onde cada criança decorará seu próprio chapéu.
Dá muito trabalho fazer essa festinha e neste ano tivemos que simplificar tudo, por conta de nossas agendas profissionais super complicadas.
Mas ainda assim Isabela terá sua mesa de chá do Chapeleiro Maluco com todos os detalhes que podemos tirar de nossas cartolas/cacholas!


Por isso, hoje ocupo este espaço não para falar de vinhos ou viagens, e sim para falar do tempo que precisamos dedicar àqueles que amamos, das coisas fora de nossa rotina que precisam ser incorporadas (ainda que por um breve tempo) para fazer alguém feliz e, muito importante também, de um momento para exercitármos a nossa imaginação com alguma coisa que normalmente não faz parte de nossa rotina.
Ao lado de meu computador e do trabalho que vou ter que deixar por umas 24 horas estão fitas coloridas, flores artificiais, cola quente, papéis para docinhos e uma porção de outras tralhas que não fazem parte de meu dia-a-dia.
Uma saudável mudança de cenário que sugiro para todos uma vez ou outra!
Bom final de semana e, a propósito, Feliz Desaniversário para você e para mim!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Poesia da Natureza

O pôr-do-sol no pampa é pura poesia!

Motivo - Cecília Meireles

Eu canto porque o instante existe 
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento. 
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada. 


terça-feira, 22 de março de 2011

Uma amostra da Campanha

Caros leitores, o trabalho está se avolumando à minha volta e os prazos estão cada vez mais próximos.
Mas tiro hoje alguns minutos para postar algumas fotos das 48 horas que passei na Campanha Gaúcha, entre belezas que só as enormes extensões de terra são capazes de proporcionar.
Eu tinha ideia de que a propriedade da Miolo, agora conhecida como Seival Estate, era muito bonita, mas minha ideia não era nada, perto do que é aquilo na realidade.


Os vinhedos são lindos, cuidados de uma forma exemplar e, como disse o agrônomo responsável por todos os vinhedos da Miolo Wine Group, o grande (em todos os sentidos) Ciro Pavan, eles fazem tudo para entregar a melhor uva possível aos enólogos.
Neste ano, por aquelas bandas, as uvas mostraram do que o terroir é capaz e em breve poderemos provar o trabalho dos enólogos e técnicos com elas!
..................
Tivemos um jantar que parecia saído de um filme de Fellini, numa casa antiga e bem conservada no centro de Bagé, o lugar chama-se Bistrô IC, e é a casa da dona, onde tudo o que é utilizado em termos de louças, toalhas, copos e talheres é de seu acervo pessoal.



Durante esse simpatissíssimo jantar foram apresentados outros produtores da Associação dos Vinhos da Campanha e também fomos brindados com música ao vivo (um trio de piano, bandoneon e violino), com o final do jantar à luz de velas. Coisas que o Brasil tem e pouca gente conhece...
...................
 Tivemos o 'Wine Day' de uvas tintas onde pudemos colher, degustar e acompanhar o processo de produção de um vinho. Na foto abaixo estou atrás da caixa de uvas Cabernet Sauvignon que colhi (mesmo!). A foto foi tirada por Adriano Miolo (que luxo!). 



Na foto acima está Miguel Angelo, o enólogo responsável pelo Seival Estate, junto da mesa de seleção de grãos, por onde passam todos os cachos antes do desengarce. Miguel é português do Douro, mas está no Brasil há alguns anos e parece feliz com o trabalho que pode fazer na Miolo.
Depois de 5 horas na Fortaleza do Seival voltamos para a cidade, onde nos esperava um autêntico churrasco gaúcho, na Betemps, com a agradável companhia da música campeira (foto abaixo) e dos vinhos do Bueno Estate (é a propriedade do Galvão Bueno, que vou mostrar em outra oportunidade).


Por fim, o por-do-sol na fazenda Guatambu (que produz o delicioso Rastros do Pampa), da qual vou falar em outra postagem, mas que me deixou de pernas bambas com a paz e a beleza da natureza!
Até mais e bons goles, brasileiríssimos tchê!





quinta-feira, 17 de março de 2011

Para a Campanha tchê!

Dizem que existem três tipos de gaúchos no RS, um do norte, de forte estilo italiano (e as vezes alemão), um do centro do estado, mais globalizado e menos 'gringo' e o do sul, que seria a quintessência do gaúcho, aquele cujo parentesco é mais com o campo, com o cavalo, o gado, as planícies e as divisas, onde se reconhece nos jeitos que têm em comum com seus vizinhos uruguaios e argentinos.
Pois bem, esse é o caminho que tomarei amanhã, 6a feira, a convite da Vinícola Miolo, para conhecer  suas inatalações na fazenda Seival e acompanhar o Dia da Colheita no sábado, e também para visitar o projeto do Galvão bueno, o Bueno Estate, que faz parte do projeto 'Vinhos da Campanha'. O destino incial é Porto Alegre via aérea e depois até Bagé, de ônibus.
Abaixo uma foto do vinhedo de Candiota, da Miolo.


Retornarei domingo à noite, com muitas novidades da colheita por lá!
Bom final de semana e bons goles para todos.





quarta-feira, 16 de março de 2011

Forlimpopoli - Itália, conhece?

Nesta semana lotada de atividades e de trabalho e com uma viagem programada para a próxima sexta-feira, desfrutei de um almoço super-gostoso com minha mãe na casa de minha prima Giselle.
Ela me falou que anda procurando livros com receitas caseiras e tradicionais da Itália, especialmente das regiões banhadas pelo mar Mediterrâneo.
Lembrei-me, então, que na loucura de voltar ao Brasil e dar conta do trabalho, esqueci de contar para vocês sobre a Casa Artusi.
Na pequena cidade de Forlimpopoli (que nome, não?), entre as cidade de Faenza e Rimini, em direção ao sul da Emilia-Romagna, fica a Casa Artusi, um centro de cultura gastronômica dedicado a culinária doméstica italiana.
www.casartusi.it
Nas fotos abaixo aparecem a rua onde fica a Casa Artusi (no fundo à esquerda um muro com arcos) e as duas 'Silvias', eu e a assessora de imprensa italiana que nos levou para conhecer esse projeto, como parte da experiência sobre a região, caminhando em direção ao centro.



A Casa Artusi foi criada com o nome de Pellegrino Artusi, um literato e gastrônomo muito importante na região, que faleceu em 1911, e escreveu os manuais: A Ciência na Cozinha e A arte de Comer Bem. São 790 receitas selecionadas entre tudo o que existe de mais típico na culinária caseira italiana, testadas e aprovadas por anos a fio por ele e sua equipe.
Hoje a Casa Artusi é um complexo que ocupa o que outrora foi uma parte da Chiesa dei Servi (na foto abaixo uma das salas para palestras, que ocupa a antiga nave central da igreja).


E abriga um museu super moderno, onde as receitas estão escritas em painéis luminosos que acendem com um toque dos pés (foto abaixo da receita do risoto a milanesa), biblioteca de livros de gastronomia italianos (segunda foto abaixo) e de livros raros de gastronomia...



...um restaurante (voltarei a isso depois), uma cantina e salas de aula. Mas não salas de aula para formar chefs de cozinha e sim para as pessoas em geral que desejam (como minha prima por exemplo) aprender as receitas caseiras e pôr as mãos na massa.
São salas super modernas, de deixar boquiaberto qualquer gourmet que se preze, mas coordenas pela 'Associazione delle Mariette', as 'Dna. Maria' de lá, ou seja, as pessoas que de verdade, cozinham. Elas são voluntárias e estão lá ensinando as técnicas, os segredos e as tradições dessa culinária.
Nós tivemos o privilégio de sermos recebidos, no final do sábado, por uma das mais experientes 'Mariettes' da Casa Artusi, que preparou na nossa frente a Piadina Romagnola, um pão que não vai ao forno (é preparado sobre o fogo) mas que é companhia obrigatória de todas as refeições e cujo preparo é simples, mas depende de ingredientes que os italianos ainda tratam com mais respeito do que a gente (como a sêmola de trigo e a gordura de porco).


Na foto acima o prato que nos foi servido logo após o preparo com todas as explicações. A Piadina está quase no meio do prato e depois dela no sentido horário estão as pequenas cebolas (scalogno) em conserva, salame romagnolo, presunto defumado, queijo squaquerone e ricota fresca. No centro uma compota de frutas secas e nozes. Eu, que não gosto de queijos, preciso confessar que esses dois eram espetaculares. A ricota, especialmente pois é um dos que temos aqui, era de uma delicadeza e leveza sem igual, principalmente por não ter aquele desagradável cheiro de estábulo.
Acompanhamos tudo com vinho branco da uva Albana, típica da região. 
No dia seguinte, após visitas a vinhedos, retornamos para a Casa Artusi para um almoço em seu restaurante. Imaginem que era domingo, meio-dia. O local estava bastante cheio, com a cozinha central funcionando a todo o vapor, mas para nosso grupo foi resevada uma sala, onde duas garçonetes nos atendiam o tempo todo.
A refeição foi enorme, bem ao estilo dos italianos quando querem impressionar, e conseguiram.
Começamos com uma 'Minestra del benvenuto', uma rica e quente sopa de grãos e vegetais (abaixo).


Depois um 'Sformato di cardoni su fonduta di parmigiano reggiano DOP', um enformado de pequenas alcachofras, típicas do final do inverno, servidas sobre um creme de queijo parmesão DOP. Sabem o que é DOP? Significa a denominação de origem desse parmesão, é como dizer que esse é de verdade!


No canto do prato está a Piadina, onipresente e o saleiro atrás é de mais uma das denominações de origem da região, uma enorme beneficiadora de sal, da cidade de Cervia, no mar Adriático. Esse prato foi seguido de uma sopa de cappelletti chamado de 'all'uso di Romagna', que significa que é o tradicional da região. Coloco mais de uma foto para vocês verem o que é um serviço de sala realmente bacana. A linda sopeira ia depois para o centro da mesa, para quem quisesse mais.



Havia também uma seleção de azeites de oliva extra-virgem, para quem desejasse degustá-los. Escolhi um da região, que também tem sua DOP de azeites.
O prato salgado final eu fotografei mas não comi todo. Era um medalhão de vitela dos apeninos com creme de manjericão e pinolis, acompanhado de verduras e batata. Eu não como carne de vitela, mas não posso negar que o prato era lindo.


Com os últimos dois pratos provamos um tinto da uva Sangiovese di Romagna, um DOC Superiore muito agradável. E para finalizar uma sobremesa que era tão linda como boa:
"Tortino al fondente con bigné allo zabaione", uma espécie de petit gateau, mas muito mais suave e com acompanhamentos delicados.



A verdade é que fui para a Itália para conhecer melhor os vinhos da uva Sangiovese di Romagna, como na foto acima, mas quem aprecia vinhos de verdade sabe que uma experiência sensorial completa não está desvinculada da gastronomia, do ambiente, da companhia, enfim, do momentum.
E conhecer a Casa Artusi foi uma somatória de boas experiências, singelas em conteúdo, mas surpreendentes na forma. Como é quase tudo aquilo que realmente vale a pena.
Bons goles e até mais!










sexta-feira, 11 de março de 2011

Flores da Cunha - FESTA

Pessoal, quem está na Serra Gaúcha não pode perder o último final de semana da XII Festa Nacional da Vindima na cidade de Flores da Cunha!


A programação de hoje inlui curso gratuito de degustação de vinhos na Escola de Gastronomia ICIF/UCS, dois shows e exposições de arte e artesanato, além das atrações da culinária local (que não são poucas e diferem daquela feita em Bento Gonçalves, com foco maior no Menarosto, uma espécie de churrasco).



Amanhã (sábado) e domingo a programação é intensa e uma das principais atrações é o desfile noturno de carros alegóricos, às 20h no centro na cidade.



A deliciosa culinária da região pode ser acompanhada pelo vinhos também produzidos por lá. Neste ano eles estão presentes em mais de um espaço e um deles é o Wine Bar, uma área dentro do Pavilhão de Exposições onde os visitantes podem provar e comprar vinhos e espumantes em taças ou em garrafas, para serem consumidos no local, com pequenos acompanhamentos, nos moldes das feiras de vinho mais simpáticas que existem pelo mundo (e coisa que eu vivo dizendo que deveria ser mais popular).
Algumas das vinícolas mais interessantes da cidade são a Luiz Argenta, a Vinícola Salvador, a Pannizzon e a Viapiana.


Para aqueles que tiverem a sorte de estar por lá neste final de semana, seguem as informações gerais da festa para se programar:
SERVIÇO DA FESTA
12ª Festa Nacional da Vindima
Data: 18 de fevereiro a 13 de março de 2011 (sextas, sábados e domingos)
Horários:
Sextas – das 14 às 22 horas
Sábados e domingos – das 10 às 22 horas
Ingressos no Pavilhão: R$ 5,00 com degustação de uvas ou suco
Crianças até 6 anos não pagam
Mais informações: www.fenavindima.com.br





quarta-feira, 9 de março de 2011

Pizza em Verona


Fiquei apenas 12 horas em Verona. Não vi nada das atrações da cidade, infelizmente.
Mas conseguir ir comer uma pizza em um local que, acredito, fosse frequentado somente por clientes da região e não por turistas.
Chama-se Pizzaria Rio e fica no Corso Milano. Nada de antigo, nada de característico, apenas uma pizzaria em Verona.
Cheguei umas 20h30 de uma segunda-feira e a casa tinha algum movimento que foi crescendo. Não chegou a lotar, mas parecia bom.
Pessoas sozinhas, como eu, famílias e casais. Felizmente para nós paulistanos, pizzarias são lugares onde nos sentimos 'em casa' em qualquer lugar do mundo onde exista um forno à lenha e boa mussarela.
Minha escolha, na foto acima, era de meia napolitana (molho fresco de tomates, pequeninos filés de anchova, mussarella e orégano) e meia quatro estações (cogumelos frescos fatiados, alcachofras, presunto parma e mussarela).
O acompanhamento era uma jarra de 500 ml de espumante (!!!) da uva Glera. Não sabem o que é? Sabem sim, é Prosecco....
Ah! A pizza desse tamanho era individual. Bordas mais grossas, perfeitamente assadas e massa mais fina, delicada e saborosa.
Ai que fome!!

terça-feira, 8 de março de 2011

Sommeliers Italianos

Esta postagem tem destino especial: meus leitores que são sommeliers e aqueles que foram meus alunos no curso, embora não estejam na prática.
O Brasil, de pobreza extravagante (digo isso pois assistir aos desfiles das escolas de samba e depois dar uma voltinha por quaisquer avenidas das grandes cidades brasileiras, nos revela um contraste espantoso), vem buscando seu espaço no mundo do vinho em todas as frentes possíveis, como produtor, como consumidor, como distribuidor e, por fim, como 'atravessador' do vinho (nesse último caso estão os garçons, sommeliers e maitres).
Esse espaço no exterior significa uma enorme dedicação, muito estudo e muita humildade, mas com a contrapartida de salários dignos e apreciação dos públicos (tanto o cliente quanto o produtor).
No Brasil, a enorme maioria dos sommeliers profissionais - e aqui faço a  distinção entre os que querem realmente trabalhar "à serviço e no serviço" do vinho e aqueles que só querem ter o título para dizerem que sabem mais de vinhos do que as outras pessoas - vivem uma realidade absurda. Recebem baixos salários, são muitas vezes impedidos de degustarem os próprios vinhos que devem ajudar a comercializar, não tem tempo de estudo e muito menos condições financeiras de comprar vinhos diferentes e livros apropriados, e ainda por cima - quando conseguem ultrapassar tudo isso, são tratados com completo desdêm pela grande maioria dos consumidores e por vezes até por seus chefes.


Nos meus primeiros dias de viagem na Itália eu estava na cidade de Faenza, aquela famosa pela cerâmica, e pude apreciar o trabalho dos sommeliers italianos em várias ocasiões, fosse fazendo o serviço de alguns vinhos durante um almoço informal no hotel (foto acima) - no qual estavam presentes os jornalistas internacionais - fosse em uma enoteca (foto abaixo - o sommelier está atrás do balcão), apresentando e explicando três vinhos selecionandos para uma degustação e depois na ocasião mais formal de todas - durante o evento Vini ad Arte, onde em uma sala específica um grupo de 6 sommeliers trabalhavam assistindo aos degustadores que tinham mais de 50 vinhos para provar.


Os profissionais que me atenderam nessa região são filiados da AIS (Associazione Italiana Sommeliers) que tem mais de 30.000 sócios no país e quase 2.000 somente na região que eu estava, a Emilia-Romagna. Eles têm um uniforme padrão (para homens e mulheres) e a associação cuida de que sua educação em vinho seja continuada, com aulas, jantares harmonizados, viagens para diferentes terroirs e visitas teecnicas na vinícolas.


Nos últimos anos, as delegações dessa associação, que existem em diversas pequenas cidades, vem preparando alguns profissionais para os concursos de Sommelerie nacionais e internacionais. 
Mas o que mais me chamou a atenção, foi que os profissionais da Emilia-Romagna também estão sendo preparados para serem 'Master de Sangiovese', a uva mais importante da região e também da Toscana, fazendo desse um profissional super capacitado para trabalhar com o que seu país e região produzem de melhor. Os italianos entendem que o sommelier é, também, um importante elo da cadeia de distribuição e popularização do vinho. Bacana, não?


Na foto acima estão alguns dos profissionais que estavam atendendo aos jornalistas e compradores estrangeiros que vieram para a degustação técnica (e silenciosa) durante o evento Vini ad Arte. 
De tempos em tempos eles paravam para provar algum vinho, para comer alguma coisa e logo em seguida retomavam sua postura atenta e simpática.
Cada degustador, por sua vez, sentava-se em uma mesa separada, com 6 taças de cristal, uma de água, garrafas de água com gás e sem, cuspideira, pães e uma lista de vinhos para escolher.
Eu escolhi alguns e pedi ao sommelier que escolhesse outros.


Se estivéssemos com fome eles providenciavam que um garçom viesse nos atender com pequenos bocados de comida. O sommelier fazia o serviço dos vinhos e deixava as garrafas na frente das taças enquanto degustávamos e depois as retirava para trazer uma nova leva.
Silenciosamente, com discreção e simpatia.
Esta postagem vai fazer par com uma outra, que espero colocar no ar ainda nesta semana, falando também da cultura do vinho, pois acredito que um lugar que respeita seus produtos e respeita e treina os profissionais que trabalham com ele, está contribuindo para que a indústria cresça com segurança e dedicação de todos. Sem frescura, sem gente metida à besta.
Na última foto está um sommelier que 'mudou de lado'. Depois de ser praticamente criado no restaurante de seus pais na cidade de Cortina D'Ampezzo, Enrico Valleferro estudou hotelaria e sommelerie. Trabalhou em cinco países, em alguns deles - como a Nova Zelândia - o salário não compenssava, mas o aprendizado sim. E ele suportou tudo, as diferenças culturais, as dificuldades com chefes e colegas e ainda assim dedicou-se ao trabalho por 10 anos.
De volta para a Itália teve o convite para trabalhar em uma vinícola e aceitou mudar de cenário mais uma vez. É gerente de exportação de uma importante vinícola da área de Prosseco.
Na foto ele aparece bem satisfeito, pois quando me disse que íamos almoçar em um restaurante de frutos do mar, eu pedi para que ele voltasse a ser o sommelier de antes e fizesse não só o serviço dos vinhos como a harmonização com todos os pratos que provamos, como o de carpaccio de peixes e camarão, na última foto. Foi excelente!




Bons goles e até mais!