Colheita 2016

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sexta-feira, 4 de março de 2011

San Domenico Ristorante em Imola - Itália

Muita gente já ouviu falar do Guia Michelin, que começou como um guia de estradas, depois passou a incluir os restaurantes dos caminhos dos viajantes e, há algumas décadas, é uma das referências mundias em termos de avaliação de qualidade de enogastronomia e serviço para os restaurantes.
No domingo, dia 20 de fevereiro, como parte dos eventos para os quais fui convidada na Itália, fui a um jantar dos produtores de vinhos da DOC Sangiovese di Romagna, no Ristorante San Domenico, que ostenta duas, das três estrelas possíveis do guia Michelin.
O local, aberto há 41 anos, é famoso por praticar a cozinha caseira, o que eu diria que é de uma modéstia absurda, pois nem minha avó, minha mãe e minha tia juntas cozinham com tanto primor (e olha que são minhas referências de qualidade e bom sabor em termos de culinária caseira).
O fato é que o local, que do lado de fora parece uma casa e por dentro é dividido em vários pequenos ambientes, que realmente parecem mais com uma residência adaptada do que com um restaurante, tem um 'quê' de cozinha caseira. Mas para por aí!
Quando o grupo chegou, um dos donos, um senhor de bastante idade e com aquela elegância típica dos italianos que amam o que fazem, foi salutando todos e nos dirigindo para uma estreita escada, que leva ao subsolo da casa.
Por uma série de intrincadas passagens chega-se à adega do restaurante, considerada uma das mais belas e completas de toda a Europa. Nesse cenário inacreditável, fomos recebidos para um coquetel, à luz de velas e pequenas lâmpadas colocadas estrategicamente para iluminar alguns rótulos, que dispensam apresentação para qualquer apreciador de vinhos.




Na foto acima, já na sala reservada para o nosso jantar, uma cômoda abrigava os vinhos tintos escolhidos para acompanhar o jantar (tivemos também uns 8 brancos secos e vinhos de sobremesa). Era assim, para cada um dos pratos eram sugeridos quatro vinhos e o convidado escolhia qual queria provar (um ou todos). As taças eram esvaziadas pelo próprio comensal em um balde de prata colocado no meio da mesa.
A mesa, a propósito, aparece abaixo. Sentado, à esquerda da foto, está o represantante de Robert Parker na Itália, um sujeito apagado e beirando o mal educado, enquanto todas as outras pessoas circularam nos microônibus cedidos pelo grupo de produtores que nos convidou, ele ia atrás em seu carro, sozinho.
Teve a capacidade de ficar sem falar com praticamente ninguém durante o animado jantar que durou quase 3 horas. Jantar no qual estavam importantes produtores, Master of Wines e jornalistas do mundo todo.
Dizem que as pessoas ficam sós quando chegam ao topo. Ficam ou se colocam?


Infelizmente não sei onde coloquei o cardápio impresso que recebemos, e que aparece nas fotos abaixo acima dos pratos, então não consigo dizer exatamente quais eram os ingredientes de todos dos pratos. Mas vou tentar.
A entrada, abaixo, era um patê de fígado de ganso maturado no tartufo negro, servido dentro de um brioche (o quadrado parecendo um travesseiro) com purê de mel e gelatina de vinho do porto (os cubinhos pequenos).


O primeiro prato eram caudas de lagosta sobre purê de grão de bico e salsa de pimentão amarelo.



O segundo prato (e para mim o grande prato da noite) era um raviolone com uma gema de ovo dentro, que cozinha parcialmente quando o ravioli é aquecido, coberto com manteiga e parmesão dolci (como eles chamam) e trufas negras. Um desafio de harmonização, que nos colocou (eu, um sueco, um canadense, meu amigo brasileiro e uma Master of Wine inglesa) em um feroz debate, sobre qual dos vinhos alí presentes mais casava com aquele prato encantador.



Depois desse show de culinária, o prato de carne vermelha me impressionou tão pouco que nem consigo lembrar do que era, sei que a carne vinha sobre uma polenta mole muito saborosa. Felizmente, acho que não era carne de cordeiro, uma mania chata de todo cozinheiro brasileiro agora. Praticamente todo cardápio encomendado em restaurantes aqui, para fazer harmonização com vinhos, tem carne de cordeiro. Parece o creme brulée e a pizza de tomate seco com rúcula de alguns anos atrás, mais fácil de encontrar do que flanelinha em dia de show.
Mas fotografei o prato assim mesmo, enquanto me serviam vinho de uma garrafa jeroboam de Sangiovese di Romagna.


Por fim (sim, ainda teve mais), os doces. Além do crepe recheado acompanhado de sorvete e purê de castanhas, ainda eram colocados sobre a mesa pequenos pratos com docinhos, especialidades da casa, que acompanhavam o vinho doce da uva Albana, muito famoso na região, que tem sua própria DOCG.


Cafezinho para alguém?


P.S.: Em meio a tudo isso, esta jornalista que vos escreve vestia a mesma roupa com a qual havia saido de SP há mais de 48 horas. Por quê? A Alitalia perdeu minha mala, provavelmente no voo de conexão entre Roma e Bologna. Só consegui comprar roupas de baixo, no comércio que estava fechando no sábado à tarde. Aparência realmente importa?





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