Hoje, quarta-feira, é o jantar de formatura dos alunos do CCI (Cozinheiro Chef Internacional), um curso de extensão universitária do SENAC de Águas de São Pedro.
A turma se divide em duas e são oferecidos dois jantares onde eles se revesam: metade da turma cozinha e a outra metade faz o serviço no salão. Como chefs formados eles tiveram uma verba e escolheram cardápio e tema, e desde ontem estão envolvidos no pré-preparo de tudo o que será servido hoje.
São 45 convidados, numa lista que inclui professores e familiares dos formandos vindos de várias partes do Brasil, que serão recebidos no restaurante mais luxuoso do Grande Hotel de Águas de São Pedro, aberto e decorado especialmente para a ocasião.
A turma que cozinhará hoje inclui quatro de meus ex-alunos do curso de sommelier (Cristiana, Gustavo, Rodrigo e Luiz) e é por isso que eu estarei lá hoje, fazendo o serviço dos vinhos para o jantar deles, pro bono.
Fui convidada para o jantar, mas ofereci meus serviços de sommeliére pois vi o empenho deles nas aulas e o desejo genuíno de fazer um trabalho profissional, que elevasse a experiência gastronômica a um nível mais alto. Desejo esse, que os levou a buscarem parcerias para oferecer vinhos no jantar, coisa que a verba original da escola não prevê, e que fará parte do dia-a-dia deles como profissionais.
Abaixo está o cardápio que foi criado e desenvolvido por eles e cuja arte foi feita por meu marido. Os vinhos escolhidos serão os da Pizzato, e para completar a festa um casal de atores interpretará partes da peça de Skakespeare nos intervalos entre um prato e outro.
Sei que será um sucesso e já estou com meu saca-rolhas em punho, meu uniforme preto e muita disposição para colaborar nesse evento.
Se eu conseguir, farei algumas imagens para colocar aqui depois.
É importante que todo sommelier saiba que conhecimento precisa ser compartilhado e que nem tudo precisa ser cobrado.
Meus alunos, que se formam hoje, saem sabendo da importância de ter um profissional habilitado na casa onde irão trabalhar (ou possuir) e da diferença que faz ter pratos e vinhos harmonizados. Assim, as possibilidades de empregos se multiplicam e os profissionais honestos encontraram o espaço que merecem.
Bons brindes e até mais!
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
terça-feira, 29 de novembro de 2011
"Trio Caipira"
Quando comecei a separar as fotos para esta postagem lembrei-me de um amigo gaúcho (que me escreveu dia desses perguntando se havia algum problema comigo pois o blog não tinha atualizações há muito tempo) que, apesar de pertencer muito seriamente ao mundo do vinho, uma vez me contou que adoraria passar uns tempos em São Paulo apenas conhecendo os botecos da cidade.
Também pedidos uma das especialidades da casa, o Mojito. Um desses coquetéis cuja simplicidade dos ingredientes não entrega sua elegância e muito menos a dificuldade de fazê-lo, pois seu equilíbrio e frescor dependem da delicadeza do bartender.
O chopp no Veloso, aliás, é um caso à parte. Sempre cremoso, com generosos dois dedos de creme (chopp tem creme viu pessoal! sabão é que tem espuma) e servido sempre na tulipa de cristal.
A foto abaixo, por fim, é onde tudo começou. Durante um almoço em uma casa típica coreana, no bairro da Aclimação.
Bem, como nem todo fígado vive apenas de vinho e de alcachofra (entre outros alimentos bons para a saúde do fígado) eu também tenho meus momentos de cerveja e caipirinha, então esta postagem é para dar inveja ao meu amigo gaúcho trés chic.
Há alguns dias estive no bar-restaurante de alguns amigos (com os quais trabalhei no restaurante uns 5/6 anos atrás) e eles (que têm extremo bom gosto para bebidas) me apresentaram uma vodca nova, que eu não conhecia pois vodcas não são exatamente o meu destilado preferido. Essa é produzida no Brasil, pela mesma empresa que faz a cerveja Itaipava, e que decidiu entrar no segmento das vodcas premium (onde estão rótulos como a Absolut, a Ciroc e a Belvedere).
O nome dessa nova vodca é Blue Spirit e eu a achei bem agradável, e realmente muito mais elegante do que outros rótulos nacionais mais conhecidos.
Preferi pura do que na caipirinha, embora entenda o porque das pessoas apreciarem tanto as caipiroscas. Elas deixam as frutas mais aparentes do que o álcool e isso 'disfarça' a bebida para muita gente.
Eu, como sou mais séria do que a maioria das pessoas quando se trata de bebidas alcoólicas, só vou colocar para dentro do meu corpo bebida boa. Não preciso de disfarces. Nada de beber porcaria. Se não for para beber bem, eu não bebo. E ponto.
Aliás, é sempre bom lembrar que com álcool não se pode brincar.
Beber sim, se você não tiver nenhum problema associado ao consumo de álcool. E vou ainda mais longe: mesmo que você não tenha 'hoje' nenhum problema associado ao consumo de álcool, lembre-se de que excesso é ruim em tudo e que o consumo fora da medida de hoje pode se transformar em doença amanhã, portanto, cuidado!
Mas voltando às caipiras...
Quando eu fiz o curso de Bartender meu professor, um português porreta, profissional super-capacitado, explicou que caipirinha mesmo, só de limão com cachaça, todo o resto chama-se stick, no jargão do bar. Ou seja, fazem parte dessa classe todas as bebidas servidas com um mexedor e gelo, onde os sabores vão se misturando aos poucos.
Quando eu estava terminando meu curso consegui um estágio no Bar Veloso, na Vila Mariana, recém-aberto mas já com a presença de uma 'fera' dos sticks, o Souza.
Fui treinada por ele e até hoje, quando vou fazer um desses coquetéis, lembro-me de seus ensinamentos. E foi precisamente pela presença desse mestre das 'caipiras' que resolvi voltar ao Veloso com um grupo de amigos não-paulistanos, num domingo à tarde, quente e ensolarado.
Pedi para o Souza que nos fizesse as variedades que ele desejasse e, além da tradicional de limão, provamos a de jaboticava, de cajú com limão, tangerina com pimenta vermelha e de physallys.
Também pedidos uma das especialidades da casa, o Mojito. Um desses coquetéis cuja simplicidade dos ingredientes não entrega sua elegância e muito menos a dificuldade de fazê-lo, pois seu equilíbrio e frescor dependem da delicadeza do bartender.
O chopp no Veloso, aliás, é um caso à parte. Sempre cremoso, com generosos dois dedos de creme (chopp tem creme viu pessoal! sabão é que tem espuma) e servido sempre na tulipa de cristal.
Por detalhes como esses, sei que meus amigos saíram satisfeitos de lá. Aliás, Gustavo teve até seu momento 'Ases Indomáveis', como se vê na foto abaixo.
E peço uma especial atenção para a placa que fica numa das paredes do bar: "Visitem nossa coxinha", pois o petisco é um dos carros-chefes da cozinha desse boteco.
A foto abaixo, por fim, é onde tudo começou. Durante um almoço em uma casa típica coreana, no bairro da Aclimação.
Do outro lado da cidade, no Brooklin, fica meu bar preferido em toda a SP, o Zur Alten Mühle. Um bar de (e para) alemães, que frequento há mais de uma década.
Para o meu paladar é o melhor chopp da cidade. Saboroso, leve sem ser insosso, na temperatura certa e, se você quiser, pode acompanhar um schnapps (que eu adoro), e alguns dos pratos da gastronomia botequeira alemã, como o rosbife caseiro com salada de batatas, ou canapés de salsichão, de carne crua moída e temperada etc.
Eu e meu marido adoramos a atmosfera, cheia de gente falando a 'língua de lá', tipos que frequentam a casa há tantos anos que até já nos cumprimentam (embora tenha levado uns 7/8 anos para os donos nos cumprimentarem), madeira pesada e escura nas paredes e nos móveis, latas de cerveja e camisetas de futebol alemãs enfeitando as paredes e aquele ar 'quase autêntico' da Europa, raro de encontrar numa cidade que tem de tudo um pouco como esta.
Meu marido costuma dizer que sempre quando vamos até lá temos conversas sérias sobre o sentido da vida e outras coisas que por lá parecem importantes. Deve ser porque fica valendo a velha máxima de que 'só se pode filosofar em alemão'.
Bons brindes!
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domingo, 27 de novembro de 2011
Casal 45!
Meu pais celebraram no sábado, dia 26 de novembro, 45 anos de casados. Bodas de Safira segundo afirma a tradição. Eles são namorados há 53 anos.
Acho muito divertido que continuam discutindo pelos mesmos motivos de sempre, e ainda concordam com as mesmas coisas.
Há muitos anos eu li uma pesquisa feita por uma universidade americana, que acompanhou dezenas de casais por 30 anos. Eles descobriram que entre os casais que permaneceram juntos depois desse tempo, as mesmas coisas que suscitavam discussões no primeiro ano do casamento continuavam sendo motivo para briga, mas que - se perguntados a respeito - os casais sorriam dos motivos dos embates.
Ou seja, você não vai realmente mudar seu parceiro, mas vai adaptar-se à ele e por fim vai achar que os motivos das diferenças são conciliáveis e que tudo o mais vale a pena.
Casamento não é fácil, mas é muito bom quando a gente encontra alguém com quem vale a pena lutar, brigar, discutir, crescer e brindar. Brindar muito, pois cada momento juntos é uma nova conquista!
Parabéns Etore e Isabel, com muito amor!
Acho muito divertido que continuam discutindo pelos mesmos motivos de sempre, e ainda concordam com as mesmas coisas.
Há muitos anos eu li uma pesquisa feita por uma universidade americana, que acompanhou dezenas de casais por 30 anos. Eles descobriram que entre os casais que permaneceram juntos depois desse tempo, as mesmas coisas que suscitavam discussões no primeiro ano do casamento continuavam sendo motivo para briga, mas que - se perguntados a respeito - os casais sorriam dos motivos dos embates.
Ou seja, você não vai realmente mudar seu parceiro, mas vai adaptar-se à ele e por fim vai achar que os motivos das diferenças são conciliáveis e que tudo o mais vale a pena.
Casamento não é fácil, mas é muito bom quando a gente encontra alguém com quem vale a pena lutar, brigar, discutir, crescer e brindar. Brindar muito, pois cada momento juntos é uma nova conquista!
Parabéns Etore e Isabel, com muito amor!
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quarta-feira, 16 de novembro de 2011
A incrível fábula de Maria Moscatel e João Sauvignon
Um lindo final de tarde de primavera encontra João chegando em casa
depois do trabalho, quando o por-do-sol atinge suas cores mais impressionantes.
João sente os aromas deliciosos que o encontram já no hall do
apartamento. Maria chegou mais cedo em casa!
João entra feliz, cheio de curiosidade. Maria, na cozinha, finaliza
um prato de culinária chinesa, agridoce, enquanto cantarola uma música de Lulu
Santos. Ao seu lado uma taça de espumante pela metade.
João lembra, de repente, que hoje era o dia da Confraria da qual
Maria faz parte, por isso ela chegou mais cedo, e corre para provar da taça.
Maria, alegrinha e abraçada ao marido, demora alguns segundos
para perceber sua cara de desagrado depois do primeiro gole. Dando dois passos
para trás ela pergunta o que aconteceu. Ele, o rosto contorcido num esgar, pergunta entre dentes "você está bebendo Moscatel?"
Ela, sem entender direito a reação exagerada, explica que a
degustação daquele dia era de Moscatéis e cada confrade pode trazer para casa
uma das garrafas provadas, pois menos da metade de cada havia sido consumida.
João, ainda enfezado, nada responde e vai até a adega de onde retira
uma garrafa de Cabernet Sauvignon latinoamericano e leva até a bancada da
cozinha. Abre-o com certo exagero de maneiras e coloca na taça, sorvendo-o a
seguir como quem lava a boca.
Maria vai até a bancada e vê que o vinho tem mais de 14 graus de
álcool, quase o dobro do espumante que está bebendo. Ainda estranhando a atitude
do marido, ela diz que aquele vinho denso e alcóolico não vai combinar com a
comida e com o calor do dia e que o Moscatel fresco e quase cítrico que está tomando...
Mas João a interrompe, dizendo-se ofendido por ela pensar que ele,
em algum momento de sua vida, iria fazer uma refeição acompanhado de Moscatel.
Maria se cala, termina a comida, faz seu prato e senta-se silenciosa
para comer, com sua garrafa ao lado e a possibilidade de uma noite divertida ao
lado do marido enterrada em algum lugar da gaveta de lingerie. João vai comer
na sala, com sua taça de Cabernet e a televisão por companhia.
Moral da estória: Preconceito é ruim, em casa é pior ainda.
Os Moscatéis correm os mesmos riscos que quaisquer outros vinhos:
podem ser bem feitos ou mal feitos, podem agradar ou não. E é exatamente por
isso que devem ser avaliados pelos mesmos critérios usados para com outros
vinhos e não deixando que nossa apreciação pessoal (ou preconceito) tome a
frente.
No Brasil muitos consumidores de vinhos de mesa iniciam-se no mundo
dos vinhos finos através dos Moscatéis. Seus aromas frutados e doces, seu teor
alcoólico mais baixo e seu sabor
mais delicado fazem a transição dos vinhos artificialmente adoçados para os
secos ser mais fácil e agradável.
Isso sem contar que os Moscatéis são ideais para as sobremesas e
capazes de fazer frente à doçaria brasileira (cheia de ovos, açúcar e côco)
como quase nenhum outro vinho consegue.
Mas mesmo assim o preconceito está em casa. Muito enófilos falam mal
de Moscatéis e até mesmo produtores e enólogos relegam esses vinhos a uma
segunda categoria e nem tem receio de falar isso na frente de quem quer que seja.
Esquecem-se de que eles podem ser os adversários ideais para
os 'lambruscos genéricos' que enchem prateleiras no país, para os 'prosequinhos'
que guardam uma mera semelhança com os verdadeiros produtos de qualidade do
norte da Itália, e que são comprados para 4 entre 5 casamentos por aqui.
Preconceito dentro de casa é triste e empobreçe. Fazer um vinho sem
acreditar nele é perda de tempo e dinheiro. Ganhar o paladar (e o poder de
compra) dos consumidores de vinhos 'suaves' é o sonho de muita gente, portanto
nada mais fácil do que se despir de seus próprios preconceitos, fazer Moscatéis
bons, frescos e mais baratos para abrir a porta para muitos brasilerios que precisam (e desejam) beber melhor.
Ah! E só um detalhe para o
João Sauvignon: na Confraria da Maria não existem apenas mulheres. Existem
homens sem preconceito que adoram beber na fonte.
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terça-feira, 15 de novembro de 2011
Um pouco sobre os vinhos biodinâmicos, orgânicos etc...
Vou reproduzir aqui um texto que recebi da Lis Cereja, nutricionista e sommeliére, proprietária da enoteca Saint Vin Saint, aqui em SP.
Ela é casada com o Ramatis Russo, também sommelier e juntos eles vem implementando uma carta de vinhos única na cidade, que os enófilos precisam conhecer.
Prefiro reproduzir o texto dela a comentá-lo pois meus conhecimentos sobre essa nova classe de vinhos ainda é muito pequeno, tanto de estudo quanto de degustação.
Segue:
A Enoteca no Salon "Vin en Tête"- Paris, 03/dez
Novidades em Vinhos Naturais.
Ela é casada com o Ramatis Russo, também sommelier e juntos eles vem implementando uma carta de vinhos única na cidade, que os enófilos precisam conhecer.
Prefiro reproduzir o texto dela a comentá-lo pois meus conhecimentos sobre essa nova classe de vinhos ainda é muito pequeno, tanto de estudo quanto de degustação.
Segue:
A Enoteca no Salon "Vin en Tête"- Paris, 03/dez
Novidades em Vinhos Naturais.
Este ano conseguimos nos firmar como a única carta de vinhos em São Paulo especializada em vinhos chamados “sustentáveis”. Mais do que isso, focamos nos vinhos biodinâmicos e naturais, dando espaço para esses produtores tão polêmicos e controversos do mundo do vinho. São cerca de 200 rótulos.
Nossa estrutura sempre foi, tirados os rótulos, de alguma maneira, sustentável. Reciclamos o lixo, que é levado para postos de coleta especializados. Reciclamos nossas garrafas de vinho pessoalmente, levando-as toda semana para postos de reciclagem de vidro. Nosso óleo de cozinha é levado até uma ONG, onde ele é reutilizado sem ser descartado no ambiente. Além disso, entendemos a sustentabilidade como algo maior do que simplesmente bom, sendo para o meio ambiente. Procuramos ajudar a “economia” do bairro. Nossos pães são feitos pelo padeiro da esquina, com receita nossa, e parte de nosso horti fruti é fornecido por um amigo da mesma rua.
Nossos legumes, verduras, farinhas, ovos, etc... são todos orgânicos. Isso explica também a nossa preocupação com a sazonalidade dos produtos e com a constante alteração de nosso menu.
Claro que, além de todos esses fatores, apostamos nos vinhos. Hoje, 99% de nossa carta de vinhos, que soma quase 200 rótulos, é de vinhos sustentáveis, orgânicos, biodinâmicos e naturais.
Talvez tenha sido um pouco do que eu trouxe para minha vida na época de nutricionista: você é o que você come, e você também é o que você bebe. E nada mais óbvio, pensando desse jeito, do que consumir produtos orgânicos e naturais.
Ainda existe um grande preconceito, principalmente em se tratando de vinhos, contra esses viticultores “loucos” do mundo do vinho. Os biodinâmicos e naturais, além de serem sustentáveis, são mais do que isso. São uma tentativa de resgatar a originalidade, a saúde, o equilíbrio e a autenticidade dos vinhos.
E é por isso que vamos aumentar nossa carta de vinhos naturais ainda mais. Os naturais são vinhos feitos como se faziam vinhos “antes” da tecnologia. Trabalho manual, colheita manual, sem filtragem, sem colação, sem adição de pesticidas ou agrotóxicos, e na maioria das vezes, sem conservantes. São feitos em produções muito pequenas, respeitando o meio ambiente e o terroir.
Nos dias 3 e 4 de dezembro próximo, iremos para Paris, na feira de vinhos Vin en Tête, especializada em vinhos naturais & bio. São poucos, ainda, os eventos destinados aos vinhos naturais & bio pelo mundo. Mas estão aumentando consideravelmente, já que o movimento por um mundo sustentável e mais saudável está ganhando adeptos a todo momento. Quiça uma hora até vire “moda”.
Estaremos nesta feira com produtores como Pacalet e Prieure Roche, “monstros” do mundo do vinho, além de mais dezenas de viticultores franceses, espanhóis, italianos e gregos, para trocar informações e descobrir as novidades de cada um.
A partir da segunda semana de dezembro, então, todos poderão conferir as novidades em nossa carta de vinhos.
Sempre gosto de citar uma frase de Talmude: “Onde não há vinhos, os remédios se fazem necessários”. A questão é... quais vinhos? Você é o que você bebe.
Saúde!
Lis Cereja
Quem quiser saber mais sobre o salão de vinhos em Paris, o site é: http://salon.levinentete.fr/
E quem ainda não conhece a Enoteca da Lis e do Ramatis, precisa ir conhecer: http://www.saintvinsaint.com.br/
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Vinhos naturais
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segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Revoluções na Taça
Há mais ou menos quatro anos escrevi um texto fazendo críticas duras a um determinado segmento do mundo do vinho. Recebi outras críticas de volta, malvadas, irreais, mal educadas. E numa delas havia uma frase que dizia que era impossível levar a sério pessoas que passavam seus dias girando taças (fazendo 'revoluções na taça' foi a expressão usada) e buscando aromas e sabores que não existiam, pois tudo o que há numa taça (dizia o texto) era vinho, e nada mais.
Lembrei-me desse discurso furioso várias vezes nos últimos dias, e esse é um dos motivos de meu silêncio no blog, e não a falta de novidades. Ando inconformada com muitas coisas e o vinho é apenas um coadjuvante nesse história.
Não sei se vocês, meus leitores, já pararam para reparar, mas ultimamente não se pode mais criticar os adultos ou chamar a atenção das crianças, pois todos se revoltam e reagem mal.
As crianças parecem não ter mais limites para nada e o 'não' virou palavra proibida para os pais utilizarem com seus pimpolhos.
Os adultos têm me parecido os donos de uma verdade absoluta que precisa ser espalhada por todos os cantos onde eles acharem que ela cabe. Não sei se é frustração de uma vida mal vivida, aquém de suas próprias expectativas, ou a tentativa desastrada de, em algum momento, ser ouvido, mesmo que à custa de ofensas.
Fato é que os políticos (e os jogadores de futebol) andam falando bobagens demais e fazendo de menos (isso, cá entre nós não é novidade), as 'personalidades' televisivas andam comprando "causas" para poderem garantir alguns segundos a mais de fama e sobrevivência em uma mídia que é, na essência, efêmera, e os empresários andam de lamúrias pelos cantos, mas os preços de seus produtos não deixam de subir, enquanto a mão de obra é cada vez mais mal paga.
Em nossa vida privada, temos que conviver com essa frustração de muitas pessoas, manifesta inoportunamente e sem que se possa contestar, sob a alegação de sermos maldosos com quem nos ofende. E é dessa forma que muitas coisas que não deveriam fazer parte de nossas vidas, passam a fazer.
Que fique CLARO que não sou a favor de beber e dirigir. Acredito que quem enche a cara é um idiota (ou um doente, e nesse caso precisa de tratamento), e que se essa pessoa cometer algum delito deve ir para a cadeia imediatamente, sem direito a fiança alguma.
Mas não acredito que todo mundo que bebe enche a cara. Não acredito que uma lei dura como essa resolva os problemas que temos com as pessoas que passam dos limites. Cercear a liberdade dessa forma nunca produz os resultados positivos esperados.
Não acredito que isso vá 'conscientizar' as pessoas, ocupar o espaço que a educação e os valores morais deveriam preencher. Como poderia? É política novalgina, trata a febre mas não a doença.
Um casal resolve casar, vai a um restaurante, janta, conta para o garçom que esse é o noivado deles, querendo compartilhar sua felicidade. O garçom, desejando agradar, oferece com a sobremesa uma taça de moscatel para cada um. Eles aceitam e celebram felizes. Na saída ele (ou ela) é parado numa blitz e o bafômetro aponta álcool. Um dos dois vai para cadeia e, se não tiver curso superior, fica preso numa cela comum até alguém ter o dinheiro para pagar a fiança.
Essa pessoa é criminosa? Sim, se a lei passar ela será, pois nossa legislação não permitirá nenhum consumo de álcool para quem pretende dirigir. Isso está certo do seu ponto de vista? Isso resolve nossos problemas de excessos, de mau comportamento, de falta de educação, de outras drogas?
A cracolândia paulistana cresce a cada dia, e o consumo de drogas como oxi, crack e cocaína é um dos maiores problemas de saúde pública da cidade (senão o maior deles), mas dirigir portando uma pequena quantidade de drogas não é crime.
Isso está de acordo com uma cidade como SP? Com suas distâncias enormes, sua ineficiência de transporte coletivo, sua falta de segurança nas ruas, seus preços exorbitantes para a utilização de taxis? Isso vai ajudar os hotéis, restaurantes, lojas e importadores a comercializarem seus produtos sobretaxados com impostos abusivos deste governo inepto?
Terminada a ditadura, parecia que isso só afetaria uma camada da população, a que sofreu diretamente os abusos da polícia política. Ninguém se deu conta de quão contaminada estava a nossa sociedade pela ignorância atroz que vinha se consolidando.
Em uma década o mundo mudou mais rápido do que o Brasil, e o final da ditadura encontrou um país em frangalhos, que fez um esforço enorme para correr atrás do tempo perdido, abrindo fronteiras, fazendo acordos comerciais, remendando uma economia cujo declínio começara há décadas.
Ninguém pensou na educação, que continuou uma escalada vergonhosa, de professores mal preparados e pagos, escolas de lata, insegurança em sala de aula, separando ricos de pobres (quem podia colocava os filhos em escolas particulares), separando por cor (para garantir que as minorias tivessem acesso ao ensino superior) e, por fim, pela condição econômica, com a vergonhosa política de quotas.
Ninguém pensou que nada disso seria necessário se houvesse um ensino público de qualidade, que separaria naturalmente as pessoas por suas habilidades e por sua capacidade de dedicação?
Mas não, nos últimos 30 anos vimos a educação separar cor e contracheque e, por fim, temos alunos em cursos superiores gratuitos protestando para poder fumar maconha dentro do campus, enquanto outros precisam deixar seus estados de origem para ter a mínima possibilidade de fazer um curso superior, contando com financiamento ou política de quotas.
Do outro lado temos uma sociedade estúpida, bestificada pelos desejos de consumo impostos em cada anúncio de carro, de tênis, de marca de cerveja, em cada música eletrônica sem melodia ou poesia, em cada corpo esculpido por academia, complexo vitamínico ou cirurgia plástica.
Não pensamos mais e isso não nos incomoda. Não podemos mais ser criticados, pois com a internet gratuita, se não soubermos alguma das 'verdades absolutas', podemos procurá-la no google e não escutar a opinião de outra pessoa.
Criticamos a tudo e à todos, brevemente, como pede a sociedade imediatista na qual vivemos. Mas não paramos para olhar nossas próprias falhas.
Queremos tudo, ao mesmo tempo, agora. Mas tudo era o quê mesmo?
Cheia de gente que é do time do 'faça o que eu digo mas não faça o que eu faço', desde os que jogam papel na rua ou estacionam em vagas para deficientes, passando por aqueles que compram 'apenas um filmizinho no camelô' para o filho que não pode esperar até a cópia verdadeira ser lançada, até aqueles que se dizem bons mas guardam no olhar a inveja e o desprezo.
Cheia da falta de oportunidades para quem trabalha sério, cheia dos conselheiros de aluguel, que gostam de falar para se sentirem superiores, cheia de quem promete e não cumpre, cheia de quem vende e não entrega, cheia de quem suja e não limpa.
Na verdade, ando com vontade de mandar alguns adultos calarem a boca. Ou ainda mais, ando com vontade de calar a minha própria boca em todos os segmentos onde eu percebo o abuso e a manipulação, a ignorância e o preconceito.
Mas ao final, sei que as taças vazias serão cheias para serem esvaziadas em seguida e que independentemente de minha insatisfação, o mundo gira a lusitana roda. Mas por um momento eu gostaria que um adulto calasse em sua garganta a raiva, o preconceito, a besteira e pensasse em uma maneira de fazer as coisas melhores, mais equânimes, mais para todos e menos para sí.
Apenas uma vez...
P.S.: Segue um trecho do livro "Bebo, logo existo" do inglês Roger Scruton: "Graças ao empobrecimento cultural, os jovens não têm mais um repertório de músicas, poemas, discussões ou ideias com o qual possam entreter uns aos outros em suas taças. Eles bebem para preencher o vazio moral gerado por sua cultura, e embora tenhamos conhecimento dos efeitos adversos da bebida num estômago vazio, estamos agora assistindo aos efeitos bem mais devastadores que a bebida gera numa mente vazia."
Lembrei-me desse discurso furioso várias vezes nos últimos dias, e esse é um dos motivos de meu silêncio no blog, e não a falta de novidades. Ando inconformada com muitas coisas e o vinho é apenas um coadjuvante nesse história.
Não sei se vocês, meus leitores, já pararam para reparar, mas ultimamente não se pode mais criticar os adultos ou chamar a atenção das crianças, pois todos se revoltam e reagem mal.
As crianças parecem não ter mais limites para nada e o 'não' virou palavra proibida para os pais utilizarem com seus pimpolhos.
Os adultos têm me parecido os donos de uma verdade absoluta que precisa ser espalhada por todos os cantos onde eles acharem que ela cabe. Não sei se é frustração de uma vida mal vivida, aquém de suas próprias expectativas, ou a tentativa desastrada de, em algum momento, ser ouvido, mesmo que à custa de ofensas.
Fato é que os políticos (e os jogadores de futebol) andam falando bobagens demais e fazendo de menos (isso, cá entre nós não é novidade), as 'personalidades' televisivas andam comprando "causas" para poderem garantir alguns segundos a mais de fama e sobrevivência em uma mídia que é, na essência, efêmera, e os empresários andam de lamúrias pelos cantos, mas os preços de seus produtos não deixam de subir, enquanto a mão de obra é cada vez mais mal paga.
Em nossa vida privada, temos que conviver com essa frustração de muitas pessoas, manifesta inoportunamente e sem que se possa contestar, sob a alegação de sermos maldosos com quem nos ofende. E é dessa forma que muitas coisas que não deveriam fazer parte de nossas vidas, passam a fazer.
Taça meio vazia
Fiquem de olho, pois está para passar uma nova lei que vai fazer de qualquer pessoa que consuma qualquer quantidade de álcool (desde um bombom de licor) e dirija um carro, um criminoso, passível de processo civil, multa e cadeia, mesmo sem ter feito nada mais do que guiar um carro.Que fique CLARO que não sou a favor de beber e dirigir. Acredito que quem enche a cara é um idiota (ou um doente, e nesse caso precisa de tratamento), e que se essa pessoa cometer algum delito deve ir para a cadeia imediatamente, sem direito a fiança alguma.
Mas não acredito que todo mundo que bebe enche a cara. Não acredito que uma lei dura como essa resolva os problemas que temos com as pessoas que passam dos limites. Cercear a liberdade dessa forma nunca produz os resultados positivos esperados.
Não acredito que isso vá 'conscientizar' as pessoas, ocupar o espaço que a educação e os valores morais deveriam preencher. Como poderia? É política novalgina, trata a febre mas não a doença.
Um casal resolve casar, vai a um restaurante, janta, conta para o garçom que esse é o noivado deles, querendo compartilhar sua felicidade. O garçom, desejando agradar, oferece com a sobremesa uma taça de moscatel para cada um. Eles aceitam e celebram felizes. Na saída ele (ou ela) é parado numa blitz e o bafômetro aponta álcool. Um dos dois vai para cadeia e, se não tiver curso superior, fica preso numa cela comum até alguém ter o dinheiro para pagar a fiança.
Essa pessoa é criminosa? Sim, se a lei passar ela será, pois nossa legislação não permitirá nenhum consumo de álcool para quem pretende dirigir. Isso está certo do seu ponto de vista? Isso resolve nossos problemas de excessos, de mau comportamento, de falta de educação, de outras drogas?
A cracolândia paulistana cresce a cada dia, e o consumo de drogas como oxi, crack e cocaína é um dos maiores problemas de saúde pública da cidade (senão o maior deles), mas dirigir portando uma pequena quantidade de drogas não é crime.
Isso está de acordo com uma cidade como SP? Com suas distâncias enormes, sua ineficiência de transporte coletivo, sua falta de segurança nas ruas, seus preços exorbitantes para a utilização de taxis? Isso vai ajudar os hotéis, restaurantes, lojas e importadores a comercializarem seus produtos sobretaxados com impostos abusivos deste governo inepto?
Taça negra
Quando o governo ditatorial resolveu que era melhor uma população ignorante do que uma população que pensasse, em meados da década de 1960, o ensino das escolas públicas começou a decair vertiginosamente. Parte da história do Brasil e do mundo não podia mais ser ensinada em sala de aula, filosofia, sociologia e política passaram a ser assuntos de comunistas que estavam prestes a acabar com a propriedade privada e, por conseguinte, com o status quo tão querido de nossos coronéis de farda e de fazenda. Portanto, esses 'pensadores livres' precisavam ser contidos. A escola precisava ser dura e não educativa.Terminada a ditadura, parecia que isso só afetaria uma camada da população, a que sofreu diretamente os abusos da polícia política. Ninguém se deu conta de quão contaminada estava a nossa sociedade pela ignorância atroz que vinha se consolidando.
Em uma década o mundo mudou mais rápido do que o Brasil, e o final da ditadura encontrou um país em frangalhos, que fez um esforço enorme para correr atrás do tempo perdido, abrindo fronteiras, fazendo acordos comerciais, remendando uma economia cujo declínio começara há décadas.
Ninguém pensou na educação, que continuou uma escalada vergonhosa, de professores mal preparados e pagos, escolas de lata, insegurança em sala de aula, separando ricos de pobres (quem podia colocava os filhos em escolas particulares), separando por cor (para garantir que as minorias tivessem acesso ao ensino superior) e, por fim, pela condição econômica, com a vergonhosa política de quotas.
Ninguém pensou que nada disso seria necessário se houvesse um ensino público de qualidade, que separaria naturalmente as pessoas por suas habilidades e por sua capacidade de dedicação?
Mas não, nos últimos 30 anos vimos a educação separar cor e contracheque e, por fim, temos alunos em cursos superiores gratuitos protestando para poder fumar maconha dentro do campus, enquanto outros precisam deixar seus estados de origem para ter a mínima possibilidade de fazer um curso superior, contando com financiamento ou política de quotas.
Do outro lado temos uma sociedade estúpida, bestificada pelos desejos de consumo impostos em cada anúncio de carro, de tênis, de marca de cerveja, em cada música eletrônica sem melodia ou poesia, em cada corpo esculpido por academia, complexo vitamínico ou cirurgia plástica.
Não pensamos mais e isso não nos incomoda. Não podemos mais ser criticados, pois com a internet gratuita, se não soubermos alguma das 'verdades absolutas', podemos procurá-la no google e não escutar a opinião de outra pessoa.
Criticamos a tudo e à todos, brevemente, como pede a sociedade imediatista na qual vivemos. Mas não paramos para olhar nossas próprias falhas.
Queremos tudo, ao mesmo tempo, agora. Mas tudo era o quê mesmo?
Taça Cheia
Sim, minha taça está cheia. Cheia dos que trabalham mal, cobram caro e enchem o saco. Cheia dos que não trabalham, reclamam de tudo, criticam e ofendem. Cheia dos políticos que NADA fazem pela sociedade, mas tudo fazem por seus conchavos e por um punhado a mais de tostões, que podem vir a qualquer custo para a sociedade e o meio ambiente. Cheia das pessoas que votam nessa gente podre, esperando um favorecimento qualquer e achando que nada disso respinga nelas, que elas não fazem parte dessa podridão.Cheia de gente que é do time do 'faça o que eu digo mas não faça o que eu faço', desde os que jogam papel na rua ou estacionam em vagas para deficientes, passando por aqueles que compram 'apenas um filmizinho no camelô' para o filho que não pode esperar até a cópia verdadeira ser lançada, até aqueles que se dizem bons mas guardam no olhar a inveja e o desprezo.
Cheia da falta de oportunidades para quem trabalha sério, cheia dos conselheiros de aluguel, que gostam de falar para se sentirem superiores, cheia de quem promete e não cumpre, cheia de quem vende e não entrega, cheia de quem suja e não limpa.
Na verdade, ando com vontade de mandar alguns adultos calarem a boca. Ou ainda mais, ando com vontade de calar a minha própria boca em todos os segmentos onde eu percebo o abuso e a manipulação, a ignorância e o preconceito.
Mas ao final, sei que as taças vazias serão cheias para serem esvaziadas em seguida e que independentemente de minha insatisfação, o mundo gira a lusitana roda. Mas por um momento eu gostaria que um adulto calasse em sua garganta a raiva, o preconceito, a besteira e pensasse em uma maneira de fazer as coisas melhores, mais equânimes, mais para todos e menos para sí.
Apenas uma vez...
P.S.: Segue um trecho do livro "Bebo, logo existo" do inglês Roger Scruton: "Graças ao empobrecimento cultural, os jovens não têm mais um repertório de músicas, poemas, discussões ou ideias com o qual possam entreter uns aos outros em suas taças. Eles bebem para preencher o vazio moral gerado por sua cultura, e embora tenhamos conhecimento dos efeitos adversos da bebida num estômago vazio, estamos agora assistindo aos efeitos bem mais devastadores que a bebida gera numa mente vazia."
O selo acima foi feito por meu marido, que também anda um pouco de taça cheia.
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Taca cheia
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quarta-feira, 9 de novembro de 2011
terça-feira, 8 de novembro de 2011
Dona Isabel!
Minha mãe faz 69 anos hoje! E é claro que eu não poderia deixar de publicar uma foto dela com uma taça de vinho.
Sim, quase todos na minha família bebem vinho e minha mãe tem vários motivos...
É filha de descendentes de italianos (os Canella e os Sanazzaro), fazia vinho em casa com meus avós paternos e meu pai e, como se não bastasse, quando era secretária executiva de uma multinacional conheceu Carlos Cabral (um dos mestres do mundo do vinho no Brasil). Entre pesquisas e conversas deles e de mais uma meia dúzia de admiradores, nasceu a SBAV (Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho) em 1980, a primeira associação oficial de apreciadores de vinho em São Paulo.
Com sua enorme habilidade para línguas estrangeiras minha mãe escreveu cartas (sim, cartas, daquelas com selo, remetente e carteiro) para os Ministérios da Agricultura de vários países produtores de vinhos para saber como se conformava uma sociedade de enófilos.
Recebeu muitas respostas de vários cantos do mundo e algumas das ideias fizeram parte do primeiro estatuto da SBAV.
Minha mãe é, também, advogada aposentada e uma exímia cozinheira, que aprecia pratos das mais variadas nacionalidades, embora goste de dizer que seus alimentos prediletos são melancia, pipoca e arroz, só para tirar sarro das pessoas.
Ela incutiu em mim várias necessidades: a de saber sempre mais, a de não se conformar com uma só resposta, a de se preocupar com detalhes vários mesmo que as vezes o conjunto se perca (risos!!!), a de planejar antes para não se atrapalhar depois, e várias outras que estão na esfera de mãe e filha.
Talvez eu não siga todas à risca, mas faço o que posso para lhe mostrar que aprendi tudo o que ela me ensinou e ensina até hoje.
É por isso que hoje venho à público para, mais uma vez, falar de meu amor por ela, meu carinho por seus exageros, minha compreensão por suas perdas, minha necessidade de saber o que ela pensa e deseja, minha vontade de vê-la feliz, saudável e brindando por muitos e muitos anos!
Parabéns mãe! Eu te amo!
Sim, quase todos na minha família bebem vinho e minha mãe tem vários motivos...
É filha de descendentes de italianos (os Canella e os Sanazzaro), fazia vinho em casa com meus avós paternos e meu pai e, como se não bastasse, quando era secretária executiva de uma multinacional conheceu Carlos Cabral (um dos mestres do mundo do vinho no Brasil). Entre pesquisas e conversas deles e de mais uma meia dúzia de admiradores, nasceu a SBAV (Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho) em 1980, a primeira associação oficial de apreciadores de vinho em São Paulo.
Com sua enorme habilidade para línguas estrangeiras minha mãe escreveu cartas (sim, cartas, daquelas com selo, remetente e carteiro) para os Ministérios da Agricultura de vários países produtores de vinhos para saber como se conformava uma sociedade de enófilos.
Recebeu muitas respostas de vários cantos do mundo e algumas das ideias fizeram parte do primeiro estatuto da SBAV.
Minha mãe é, também, advogada aposentada e uma exímia cozinheira, que aprecia pratos das mais variadas nacionalidades, embora goste de dizer que seus alimentos prediletos são melancia, pipoca e arroz, só para tirar sarro das pessoas.
Ela incutiu em mim várias necessidades: a de saber sempre mais, a de não se conformar com uma só resposta, a de se preocupar com detalhes vários mesmo que as vezes o conjunto se perca (risos!!!), a de planejar antes para não se atrapalhar depois, e várias outras que estão na esfera de mãe e filha.
Talvez eu não siga todas à risca, mas faço o que posso para lhe mostrar que aprendi tudo o que ela me ensinou e ensina até hoje.
É por isso que hoje venho à público para, mais uma vez, falar de meu amor por ela, meu carinho por seus exageros, minha compreensão por suas perdas, minha necessidade de saber o que ela pensa e deseja, minha vontade de vê-la feliz, saudável e brindando por muitos e muitos anos!
Parabéns mãe! Eu te amo!
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Isabel
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Noite do Espumante 2
A foto que vale muitas palavras foi enviada para mim pelo sommelier uruguaio Daniel Arraspide, que estava presente na festa da última sexta-feira. Foi sua esposa Andrea quem fez.
Diversidade é a palavra, e organização é o mote de quem quer fazer uma festa do tamanho da que aconteceu no Grande Hotel Dall'Onder!
Diversidade é a palavra, e organização é o mote de quem quer fazer uma festa do tamanho da que aconteceu no Grande Hotel Dall'Onder!
domingo, 6 de novembro de 2011
Noite de Gala do Espumante em Bento Gonçalves
Na noite de última sexta-feira, dia 4 de novembro, aconteceu em Bento Gonçalves a 15a edição da Noite de Gala do Espumante, promovida pelo hotel Dall'Onder. Essa é uma das festas mais esperadas de todo o calendário da Serra.
Neste ano foram 17 as vinícolas que serviram seus espumantes e vinhos tranquilos na festa, acompanhados da gastronomia dos chefs Mané Young de Campos do Jordão e Orlando Baumel, de Curitiba. Eles prepararam pratos de três países (Itália, França e Portugal), além de uma ilha de ostras para os convidados que, não apenas puderam beber e comer mas também dançar até as 5 horas da manhã, com música ao vivo de várias bandas.
Eu, que voltei há menos de uma semana de lá, tinha um convite mais do que especial do Dall'Onder para estar nessa festa, mas infelizmente não pude alongar a minha estadia.
Assim, pedi para uma amiga que estava presente, a jornalista Lucinara Masiero, que escrevesse um pequeno texto sobre a festa, para que vocês tenham uma ideia mais aproximada do que foi esse evento que reuniu quase mil pessoas.
P.S.: As fotos são uma gentileza de Tatiana Cavagnolli.
"Pela 14ª vez participei da Noite de Gala dos Vinhos e Espumantes. Só faltei uma. E a cada ano fico mais convicta do poder que o vinho tem de aproximar pessoas. Nesta 15ª edição não foi diferente. E sempre é muito bom poder observar o comportamento das pessoas que participam deste evento. Gente bonita, alinhada e de alto astral. Muitos rostos conhecidos, outros estreando na festa, mas todos celebrando a oportunidade de viver o momento. Aliás, registro aqui meu agradecimento de ser uma dessas pessoas privilegiadas. No início, um clima de curiosidade e descoberta, mas logo a energia se transforma e as pessoas já estão mais descontraídas, alegres, radiantes. Para quem é assessora de imprensa e organizadora de eventos um detalhe muito interessante da Noite de Gala é a pontualidade do público em geral. É impressionante. Este é o nosso dia-a-dia e a deselegância é prática constante. Na Noite de Gala isso não acontece. Uma maravilha.
Meia hora antes do início as filas já estavam formadas. E para surpreender a todos, uma das inovações foi a presença de artistas ainda na rua, que interagiram com quem ia chegando.
Cuspidores de fogo, malabaristas e atores do Circo Girassol deram uma dinâmica nunca antes existente no evento. O espetáculo não ficou por aí. Eles também apresentaram números no interior dos ambientes. E por falar em ambientes, uma novidade: este ano, o jardim deu lugar ao Centro de Eventos Carmenére, um espaço moderno e amplo. As pessoas circulavam por ele e pelos salões Cabernet Sauvignon e Chardonnay, saboreando vinhos, espumantes, pratos das culinárias francesa, italiana e portuguesa. E isso tudo, é claro, harmonizado com muita música para todos os gostos. É impossível não curtir a Noite de Gala. Em 2012 espero poder repetir a experiência. E quem sabe com novidades em vinícolas e atrações musicais. Para quem não sabe, além de apreciar o espumante brasileiro, também adoro dançar.
Cuspidores de fogo, malabaristas e atores do Circo Girassol deram uma dinâmica nunca antes existente no evento. O espetáculo não ficou por aí. Eles também apresentaram números no interior dos ambientes. E por falar em ambientes, uma novidade: este ano, o jardim deu lugar ao Centro de Eventos Carmenére, um espaço moderno e amplo. As pessoas circulavam por ele e pelos salões Cabernet Sauvignon e Chardonnay, saboreando vinhos, espumantes, pratos das culinárias francesa, italiana e portuguesa. E isso tudo, é claro, harmonizado com muita música para todos os gostos. É impossível não curtir a Noite de Gala. Em 2012 espero poder repetir a experiência. E quem sabe com novidades em vinícolas e atrações musicais. Para quem não sabe, além de apreciar o espumante brasileiro, também adoro dançar.
Ah! Também não poderia deixar de destacar o papel social do evento. Na Noite de Gala tive o prazer de reencontrar amigos e fazer novas amizades."
Obrigado Lucinara! Bons brindes e bom começo de semana à todos!
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Noite de Gala
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sábado, 5 de novembro de 2011
Primo Camilo - Alimentando os Degustadores
Esta já é a segunda edição do Concurso do Espumante na qual os almoços pós-degustações acontecem na Tratotia Primo Camilo, em Garibaldi.
O proprietário (ao fundo, em pé na foto ao lado) abre o restaurante especialmente para o grupo (pois a casa só abre para almoço nos finais de semana), que chega faminto e com vontade de beber alguns espumantes, depois de muitas horas tento que cuspir as amostras...
Eu sempre recomento esse restaurante para quem me pergunta onde comer por lá. A comida é feita com cuidado, bons produtos e o tempero é excelente (no primeiro dia comi mini-raviolis com molho de funghi que estavam tão bons como há muito eu não comia).
A casa é linda (o restaurante ocupa o porão de pedra e o primeiro andar de uma casa antiga de italianos tradicionais) e muito bem cuidada pelo proprietário (Pessali, um ex-jogador de futebol) e sua esposa, com o bom trabalho de uma equipe bem treinada e atenciosa.
O proprietário (ao fundo, em pé na foto ao lado) abre o restaurante especialmente para o grupo (pois a casa só abre para almoço nos finais de semana), que chega faminto e com vontade de beber alguns espumantes, depois de muitas horas tento que cuspir as amostras...
Eu sempre recomento esse restaurante para quem me pergunta onde comer por lá. A comida é feita com cuidado, bons produtos e o tempero é excelente (no primeiro dia comi mini-raviolis com molho de funghi que estavam tão bons como há muito eu não comia).
A casa é linda (o restaurante ocupa o porão de pedra e o primeiro andar de uma casa antiga de italianos tradicionais) e muito bem cuidada pelo proprietário (Pessali, um ex-jogador de futebol) e sua esposa, com o bom trabalho de uma equipe bem treinada e atenciosa.
Grupo de enólogos e enófilos almoçando, o único que está olhando para a câmera é Jefferson Sancineto Nunes, dono do Enolab, ao lado dele, Toninho Czarnobay, uma das pessoas mais gentis e agradáveis que conheço em todo o RS.
Na foto acima, no final do segundo dia de degustações, o presidente da ABE, Christian Bernardi, repassa os resultados, logo depois do almoço.
Mesa animada (agora com as taças devidamente cheias), nela estão os enólogos de vinícolas como Salton, Décima (ex-Piagentini - fiquem de olho), Aurora, Estrelas do Brasil, Domno e Valduga, além de jornalistas.
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Primo Camilo
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sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Concurso do Espumante Brasileiro
A foto acima foi feita por Gilmar Gomes, no segundo dia de provas do VII Concurso do Espumante, em Garibaldi. A mesa onde eu estava degustando foi presidida por Lucindo Copat (diretor técnico da Salton) e contava com gente 'de peso' como os enólogos Luciano Vian (Don Giovanni), Carlos Abarzúa (Vinícola Geisse), Claudia Stefenon e Vitor Manfrói.
Esta foi a terceira vez que fui jurada desse Concurso (a convite da Associação Brasileira de Enologia) e confesso que não é fácil analisar com frieza e racionalidade. Foram 23 amostras em cada um dos dias, entre espumantes de fermentação única (Moscatel) e de duas fermentações (métodos Charmat e Tradicional).
Das 231 amostras analisadas pelas cinco mesas de jurados, 72 foram premiadas, sendo 49 medalhas de ouro e 23 medalhas de prata. Isso significa que esses espumantes tiveram notas acima de 85/86 pontos, no mínimo.
O Concurso segue os critérios da OIV (Organização Internacional da Uva e do Vinho) e por isso pode premiar 30% das amostras inscritas entre espumantes brancos e rosés.Um detalhe diferente nesta edição foi a utilização de um computador, com um programa desenvolvido especialmente pelo enólogo Leocir Bottega, onde a ficha de avaliação individual é enviada imediatamente para a mesa diretora, sendo que a somatória de notas e as medianas que definem a premiação não são passíveis de enganos humanos.
Como sempre a organização do Concurso me impressiona muito e é sempre legal lembrar o bom nível que nossos espumantes estão atingindo.
É claro que a enorme vantagem da degustação às cegas é que não nos deixamos influenciar por marcas, rótulos e preços e ao final sempre temos boas surpresas, como alguns dos premiados com medalha de ouro, por exemplo, que custam abaixo de R$ 30,00 no mercado, embora nem sempre sejam encontrados com facilidade no sudeste. Alguns deles são:
Panceri Espumante Brut (de Santa Catarina), os espumantes do Vale dos Vinhedos como o Laurentis Brut, o Cave de Pedra, o Dom Cândido e o Calza Brut, além de nomes muito conhecidos como Dal Pizzol, Salton e Aurora.
A lista oficial de premiados está a seguir:
Firmino Splendor Espumante Moscatel | Moscatel | Ouro | |
Monte Paschoal Espumante Moscatel Rosé | Moscatel | Ouro | |
Monte Paschoal Espumante Brut | Charmat | Prata | |
Calza Espumante Charmat Brut | Charmat | Ouro | |
Calza Espumante Moscatel | Moscatel | Ouro | |
Casa Valduga Espumante Premium Prosecco | Tradicional | Ouro | |
Casa Valduga Espumante Reserva Brut | Tradicional | Ouro | |
Casa Valduga Espumante Brut 130 | Tradicional | Prata | |
Casa Valduga Espumante Premium Blush | Tradicional | Prata | |
Casa Valduga Arte Espumante Demi-Sec | Tradicional | Prata | |
Decima Espumante Brut Gran Reserva Chardonnay Viognier | Tradicional | Ouro | |
Cordon D' Or Espumante Brut | Tradicional | Prata | |
Marcus James Espumante Branco Brut | Charmat | Ouro | |
Aurora Espumante Chardonnay Brut | Charmat | Ouro | |
Aurora Espumante Moscatel | Moscatel | Ouro | |
Conde de Foucauld Espumante Rosé Brut | Charmat | Prata | |
Conde de Foucauld Espumante Branco Brut | Charmat | Prata | |
Garibaldi Espumante Giuseppe Brut | Charmat | Prata | |
Aliança Espumante Moscatel | Moscatel | Ouro | |
Santa Colina Espumante Moscatel | Moscatel | Ouro | |
Castellamare Espumante Moscatel | Moscatel | Ouro | |
Courmayeur Executive Espumante Extra Brut | Charmat | Ouro | |
Dal Pizzol Espumante Tradicional Brut | Tradicional | Ouro | |
Dal Pizzol Espumante Brut Charmat | Charmat | Ouro | |
Dal Pizzol Espumante Brut Rosé | Charmat | Prata | |
Dezem Extrus Espumante Demi-Sec | Tradicional | Ouro | |
.Nero Espumante Brut | Charmat | Ouro | |
Alto Vale Espumante Brut | Charmat | Ouro | |
Baccio Espumante Brut | Charmat | Ouro | |
La Cantina Espumante Moscatel | Moscatel | Ouro | |
La Cantina Espumante Brut | Tradicional | Prata | |
Panizzon Espumante Prosecco Brut | Charmat | Ouro | |
Panizzon Espumante Moscatel | Moscatel | Ouro | |
Terrasul Espumante Moscatel | Moscatel | Ouro | |
Terrasul Espumante Brut | Charmat | Prata | |
Cave Antiga Espumante Prosecco Brut | Charmat | Prata | |
Almadén Espumante Brut | Charmat | Prata | |
Zanotto Espumante Brut | Charmat | Ouro | |
Pergola Espumante Demi-Sec | Charmat | Prata | |
Campos de Cima Espumante Brut | Tradicional | Ouro | |
Cave de Pedra Winery Espumante Brut | Tradicional | Ouro | |
Cave de Pedra Winery Espumante Moscatel | Moscatel | Ouro | |
De Mari Espumante Moscatel | Moscatel | Ouro | |
DC Dom Cândido Espumante Brut | Charmat | Ouro | |
DC Dom Cândido Espumante Moscatel | Moscatel | Ouro | |
Dom Cândido Estrelato Espumante Moscatel | Moscatel | Ouro | |
Pasini Espumante Brut | Charmat | Ouro | |
Pasini Espumante Moscatel | Moscatel | Prata | |
Don Giovanni Ouro Espumante Brut | Tradicional | Ouro | |
Franco Italiano Cuvèe Excellenve Reserve | Tradicional | Ouro | |
Franco Italiano Espumante Moscatel | Moscatel | Prata | |
Amadeu Espumante Brut | Tradicional | Ouro | |
Amadeu Espumante Brut Rosé | Tradicional | Prata | |
Casa Venturini Vívere Espumante Brut | Charmat | Prata | |
Laurentia Espumante Brut | Tradicional | Ouro | |
Laurentia Espumante Rosé Brut | Tradicional | Prata | |
Miolo Millésime Espumante Brut | Tradicional | Prata | |
Bueno Cuvée Prestige Espumante Brut | Tradicional | Ouro | |
Terranova Espumante Demi-Sec | Charmat | Ouro | |
Panceri Espumante Brut | Charmat | Ouro | |
Casa Pedrucci Espumante Tradicional Brut | Tradicional | Ouro | |
Casa Pedrucci Espumante Moscatel | Moscatel | Ouro | |
Cave Pericó Espumante Brut Rosé | Charmat | Prata | |
Casa Perini Espumante Brut | Charmat | Ouro | |
Casa Perini Espumante Prosecco Brut | Charmat | Ouro | |
Perini Espumante Nature | Tradicional | Ouro | |
Perini Espumante Tradicional Brut | Tradicional | Prata | |
Salton Espumante Brut Reserva Ouro | Charmat | Ouro | |
Salton Evidence Espumante Brut | Tradicional | Ouro | |
Zanella Espumante Brut | Tradicional | Prata | |
Rio Sol Grand Prestige Espumante Moscatel | Moscatel | Ouro | |
Gran Legado Espumante Brut Tradicional | Tradicional | Ouro |
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