O Vinho e a Metrópole

Eu te brindo em taças furrecas, com vinhos aquecidos pela exposição em tuas inúmeras vitrines.
Eu te brindo em grandes festas, com espumantes improcedentes, onde tudo é celebração e nada é o que parece.
Eu te brindo em esquinas, com garrafas bebidas pelo gargalo, em madrugadas exageradas como tu.
Eu te brindo nas inúmeras casas, com copos de requeijão e vinho fajuto, que também tem a tua cara.
Eu te brindo em hotéis e motéis, com copos muito usados, bem lavados ou mal cuidados, cheios de malícia, delícia ou visitas.
Eu te brindo nos escritórios, sisudos e carrancudos, carentes de amor e álcool, excedentes de dinheiro e dor.
Eu te brindo nas elegantes mesas, acrescidas de tua aceitação por todos os nomes, todas a procedências, todos os terroirs.
Eu te brindo em cada taça, em cada gole, em cada rua alagada, esburacada, congestionada, de teu enorme coração, de veias fortes, apesar de poluídas, de músculo pulsante, apesar de corroído.
Eu te brindo hoje, São Paulo, com o mesmo ardor com o qual tu me brindas todos os dias, com tua diversidade, tamanho e acolhimento.
Parabéns São Paulo, parabéns à todos nós paulistanos de alma (são tantos!) e da gema (como eu)!