Colheita 2016

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sexta-feira, 10 de junho de 2011

Um pedaço da Itália no Brasil


Quando eu tinha 18 anos (na década de 1980) passei uma temporada na Itália.
Era a primeira vez que eu visitava a Europa e isso foi extremamente marcante para mim.
A moda, a arquitetura, a cultura, a arte que permeia várias instâncias da vida das pessoas, a paisagem, a culinária levada a sério, os vinhos sem compromisso, as amizades fáceis, tudo isso entrou em meu cérebro de uma forma que mudou minha maneira de ver o mundo para sempre.
Talvez, ao me enfronhar no mundo do vinho brasileiro, eu - de certa forma - resgate em parte essas experiências e por isso tantas vezes eu tenha a sensação de 'voltar ao passado' quando estou em algumas partes do sul.
Uma delas em particular 'fala' comigo muito de perto. É a propriedade da vinícola Don Giovanni, no distrito de Pinto Bandeira, uma área um pouco mais alta e fria do município de Bento Gonçalves.
A antiga casa da família Dreher-Giovaninni foi transformada em pousada pela mãe Beatriz e agora é administrada pela filha (Paula, se não me engano), que não por acaso namora um italiano.
Fiquei hospedada lá com meu marido há alguns anos (creio que foi em 2006) e fomos tão bem recebidos que nem parecíamos estranhos ao Sr. Ayrton e a Sra. Beatriz.
Casa, hospedaria, restaurante e vinícola se misturam de forma harmoniosa e, ao voltar lá neste ano para uma visita de trabalho, me impressionei com as mudanças que só fizeram melhorar o que já era bom.
Vou falar de lugar, de comida e de gente, mas preciso dizer que eu não teria chegado até lá se não fosse pelo vinho. Os espumantes (e o brandy) da Don Giovanni são especiais, saem fora do lugar comum e devem ser provados por todos os que procuram produtos diferenciados.
O enólogo é o Luciano Vian (na foto abaixo no Concurso do Espumante Brasileiro em 2009), uma das pessoas que tem os pontos de vista mais opostos aos meus e justamente por isso eu adoro nossas entrevistas/debates. 


Ainda nesta semana, conversando com um produtor de vinhos, concordamos que para ter boas relações com as pessoas, não é necessário sempre concordar com elas. Bons amigos são diversos e o ponto em comum é o respeito mútuo. Sempre senti isso com o Luciano e - para minha sorte - seus espumantes são muito bons.
Mas voltando à Don Giovanni: foram feitas algumas modificações nas caves que favoreceram o trabalho e a maturação dos espumantes, pois praticamente tudo o que é feito lá é pelo método tradicional (ou champenoise, aquele no qual a segunda fermentação ocorre na própria garrafa).





Quando se sai da área de produção, chega-se a loja que tem ao seu lado uma moderna sala de degustação. Todos esses espaços foram remodelados e renovados, mas sem perder o achonchego que caracteriza a vinícola.


Saindo da loja, somente alguns passos separam da entrada do restaurante, que fica sob a pousada. É lá onde são servidas as refeições especiais que a equipe de Beatriz e da filha preparam, com foco nítido nos produtos que são cultivados ali mesmo. A alcachofra é uma das estrelas locais, vinda de um lado da propriedade cuidado com carinho pela família.
Congeladas cruas, as alcachofras vão sendo preparadas ao longo do ano, em conservas ou em risotos, servidos generosamente acompanhando alguns dos bons tintos da casa.


Passando a pousada estão os vinhedos, que se estendem encosta acima (na foto abaixo), com boa insolação.


Praticamente no meio deles um antigo depósito foi transformado em suite há pouco mais de dois anos, com direito a banheira, lareira e vista privilegiada dos vinhedos.


Hospedar-se na Don Giovanni é desfrutar de um cenário, de um atendimento e de uma atmosfera onde tudo está em harmonia. Sem uma enormidade de luxos modernos (que, convenhamos, nem combinariam com o local), é um pouso para quem quer ficar imerso em outro estilo de vida, onde é possível parar, depois de uma caminhada, para comer nozes pecãs da árvore ao lado e mandarinas dos jardim, enquanto se observa a tarde findar.


Se eu tivesse oportunidade, era onde gostaria de passar este final de semana dos namorados com meu marido.
Bons goles, muito amor (pois só ele é capaz de fazer com que atravessemos as fases mais duras da vida) e muita tranquilidade!




4 comentários:

  1. Lindo texto! abs. e feliz dia dos namorados, onde quer que estejas.

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  2. Hummm, também estou na serra, peertinho de Bento Gonçalves e amo esse lugar. Quem sabe um dia eu possa conhecer esse paraíso!

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  3. É muito bom ver isso escrito por você pois conheço seu senso crítico, isso nos reafirma em nosso trabalho e nossa vocação. Precisamos conversar mais, ao menos temos o amor pelo vinho como ponto em comum.

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  4. Kátia Vian De Barbaterça-feira, junho 14, 2011

    Eu conheço este lugar muito bem, passei vários finais de semana por lá e posso dizer que a Sílvia usou as palavras exatas para descrever este lugar. Ele simplesmente é lindo e maravilhoso !!!! E quanto ao enólogo Luciano, sem comentários, é uma pessoa d+.

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