Felizmente sei que a enormidade dos leitores deste blog não sofre de complexo de inferioridade.
Mas sei que alguns que chegam até aqui ainda são daquele tempo em que a maioria dos vinhos brasileiros era como loteria: você poderia dar sorte de beber alguma coisa decente, mas na maioria das vezes era apostar e se decepcionar.
Como as pessoas tendem a guardar as tristezas mais do que as alegrias (caramba, que burrice não? talvez seja instinto de sobrevivência, sei lá), muita gente que bebeu vinho brasileiro na década de 1970, 1980 nunca mais quis beber, e continua achando que porque era ruim há 30 anos, ainda é ruim hoje.
Para piorar, uma parte desse pessoal - quando a abertura econômica permitiu que os vinhos estrangeiros entrassem no país com preços competitivos - começou a beber só vinhos estrangeiros e se sentiu 'poderosa' assim, fazendo parte do 'mundo', podendo beber o mesmo que franceses e espanhóis sem nunca ao menos ter posto o pé no Paraguai, que seja (embora com certeza se compram vinhos importados por menos de 15 reais estejam tomando vinhos italianos 'made in Assunción').
"Carnaval tudo bem, feijoada tudo bem, caipirinha tudo bem, mas vinho brazuca jamais, é coisa de pobre", já ouviram isso não?
Por favor, nada contra vinhos estrangeiros e TUDO a favor da diversidade, mas dizer hoje (em 2011) que não prova vinho brasileiro porque é ruim, daí não é mais problema de globalização, é de ignorância mesmo.
E como muitas dessas pessoas só se convencem quando são expostas aos estímulos externos (e do exterior), o Brasil (que ganha medalhas em vinhos muito mais do que no esporte - precisamos falar dos êxitos do futebol nacional? - em concursos internacionais a torto e a direito), repete sua participação na feira de vinhos mais importante do mundo, a Vinexpo, em Bordeaux.
Veja abaixo um trecho do release que a assessoria do Ibravin enviou.
"Estreantes na Vinexpo há dois anos, os jovens e vibrantes vinhos brasileiros voltam à feira em Bordeaux, na França, de domingo (19) até quinta-feira (23), com sólidos resultados alcançados no período e a perspectiva de aumentar em 90% suas exportações em 2011. Organizada pelo projeto Wines of Brasil, desenvolvido pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), a participação brasileira na Vinexpo 2011 conta com sete vinícolas: Boscato, Casa Valduga, Lidio Carraro, Miolo, Pizzato, Salton e Vinibrasil.
Uma série de conquistas, obtidas desde que o Projeto Wines of Brasil participou pela primeira vez da mais famosa feira do setor, reforça a projeção, entre elas: um salto superior a 100% nas vendas para países estratégicos e 246% no valor médio do litro exportado, a crescente obtenção de prêmios internacionais, que hoje chegam mais de 2.350, o reconhecimento de grandes especialistas e a inclusão dos rótulos brasileiros em alguns dos mais renomados restaurantes do mundo."
Para aqueles que ainda têm preconceito, sugiro um gasto de 12, 13 reais, com uma garrafa do Riesling da Almadén, um gasto de 15 reais com o Sangiovese da Cristófoli, ou talvez uma "exorbitância" de 30 reais com o Cabernet da Aracuri, ou com um espumante brut da Gran Legado, por exemplo.
Isso sem falar em nossos excelentes espumantes da Valduga, Pizzato, Salton e nos vinhos de alta gama da Boscato, da Lidio Carraro, da Miolo e da Vinibrasil (nordeste gente, nordeste à toda!), todos esses mencionados aqui acima que estão lá na França, servindo seus vinhos para gente que pode (e aprecia) beber produtos nacionais, mas que não tem tanto preconceito como muitos de nós.
Quem sabe depois dessa experiência o complexo de inferioridade brazuca comece a se transformar em um orgulho nacional por mais uma conquista da nossa indústria que - ao contrário do que essa gente pensa - não parou no tempo.
Bons goles!
A minha admiração pela tua coragem!
ResponderExcluirAmém!
How!