Colheita 2016

Colheita 2016
Seja bem-vindo! E que nunca nos falte o pão, o vinho e a saúde e alegria para compartilhar!

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Gosto, Paladar, Avaliação y otras cositas mas...

No ano passado fiz uma matéria sobre 'gosto' para a revista ADEGA, justamente para dizer que essa é uma das impressões mais subjetivas que existem, mas que é passível de discussão sim.
O gosto é dominado por uma série de experiências muito particulares, inclusive a exposição da pessoa a influências culturais, sabores, aromas e conhecimentos diversos (técnicos ou não).
Confesso que quando trabalhava em restaurante eu achava muito estranho quando me diziam "eu só gosto de Cabernet Sauvignon" por exemplo. Eu sempre ficava tentada a fazer uma cara de pasma e perguntar: "Por quê? o que as outras uvas e assemblages fizeram para você?".
Fato é que manifestar um gosto (ou desgosto) é, muitas vezes, uma forma de autoafirmação, de uma pessoa mostrar que tem personalidade, que tem conhecimento e, até mesmo, uma forma de mostrar superioridade.
Durante a Avaliação Nacional de Vinhos, no último final de semana, tivemos um desgosto de um dos avaliadores que causou um tremendo mal-estar em boa parte das centenas de presentes.
As farpas ainda voam pelo ciberespaço e eu resolvi não entrar no mérito da questão pois achei que as duas partes envolvidas estão erradas e certas, ou seja, não há como defender um sem entender onde ele mesmo procurou sua desventura.
Mas quero tratar de um assunto ligado à isso. Na verdade é mais uma proposta para que vocês, meus leitores pensem à respeito.
Até que ponto somos bons degustadores, avaliadores, jurados? Será que não somos somente um amontoado de influências e de experiências, vestidos com uma capa de conhecimento e suscetíveis a erros e a 'bad hair days' como qualquer outra pessoa?
Por que, como e onde nossos palpites, pitacos devem ser ouvidos, utilizados, respeitados?
Imparcialidade não existe. Ponto.
O que existem são critérios, aprendizado, respeito, ética, moral e (que bom seria se fosse enorme a dose) bom senso.
Talvez utilizando todos esses 'parâmetros' a gente seja capaz de dar uma opinião a respeito de alguma coisa que se aproxime da isenção. Ainda assim, ela será sempre nossa e de ninguém mais. Questioná-la pode ser muito frustrante, pois estaremos questionando nos nossos padrões e não nos da outra pessoa.

Para ajudar a minha própria filosofia a descer goela abaixo, resolvi fazer uma harmonização doida no almoço.
Abri uma garrafa do Prosecco Alto Vale, um Charmat feito pelo enólogo Daniel dalla Valle na Domno Brasil, em Garibaldi. Na foto está Daniel, retirando uma amostra do tanque onde o espumante estava quase pronto, no final de fevereiro deste ano, quando o provei pela primeira vez.


Hoje fiz certinho, a garrafa estava descansada, devidamente gelada e o líquido foi colocado na taça oficial do espumante brasileiro. Estava delicioso, muito leve (tem apenas 10 graus de álcool) e com um frutado cítrico bem agradável, volatilizado pelas borbulhas mínimas. 
Acompanhei o vinho com um arroz thai, com salsa, cebolinha e pepino japonês picados, temperados com um pouquinho de óleo de gergelim, sal marinho e pimenta vermelha fresca. Ficou delicioso!


Assim fica a 'food for thought' (comida para pensar), sobre as nossas harmonizações na taça, no prato e na vida, sobre as nossas opiniões e gostos arraigados feito vinhas velhas e retorcidas, sobre nossos favorecimentos e desconhecimentos. 
Um desejo para que eles se harmonizem como boa comida e bons vinhos, velhos amantes e paixões desenfreadas e outras coisas boas da vida!
Bons goles!


P.S.: No episódio de hoje da série inglesa Ashes to Ashes, o chefe de polícia que havia acabado de prender um psicanalista por conta de um crime violento, diz para uma policial que estava devolvendo o livro 'The Joy of Sex' na estante do criminoso: "Nunca confie em um homem que precisa de um livro para aprender algumas coisas que ele deveria saber sem usar um guia"


terça-feira, 28 de setembro de 2010

Lugar de repórter é na rua!

Quando eu me formei em jornalismo não existia internet - aliás levou muitos anos para que eu sequer tivesse um computador para escrever - e como a 'Wikipédia' não existia nós repórteres e pesquisadores utilizávamos armas antigas como livros, bibliotecas, arquivos de textos e de jornais para nossos artigos.
Mas principalmente, o que utilizávamos naqueles tempos e hoje parece ser artigo raro é a comunicação. Isso mesmo, a troca de mensagens, de opiniões, de perguntas e respostas entre as pessoas, afinal a voz do jornalista não é exatamente a dele, mas sim a das pessoas que ele entrevista, que ele vê, que ele busca e encontra nas mais variadas situações, principalmente em campo, ou seja: na rua.
Repórteres não podem ter medo de gente, precisam gostar de xeretar, de buscar novidades, de caçar 'furos', precisam não ter receio de enfiar o pé na porta, de perguntar para quem quer que seja se está doendo o furo da bala, a perda do marido, o jogo perdido.
Meus professores diziam que não existiam perguntas inconvenientes e sim respostas.
Jornalistas de verdade nada sabem, mas escrevem sobre tudo. Não têm nenhuma resposta, mas têm todas as perguntas. Não gostam particularmente de ninguém, mas apreciam muitas pessoas. Repórteres de verdade estão em  movimento e não imóveis em uma redação por mais tecnológica que ela seja.
Não vou generalizar, mas hoje as coisas são bastante complicadas, seja pelo desprestígio de alguns setores da mídia, seja pela comercialização publicitária disfarçada de informação, pela não necessidade de nenhuma espécie de treinamento ou diploma para exercer a profissão, pela valorização do 'especialista' no lugar do generalista (afinal um bom jornalista não precisa ser especializado em nada, mas tem obrigação de se aprofundar em cada assunto sobre o qual vai falar) e pela crise das mídias em geral que privilegiam o mais barato em detrimento do mais caro.
Qualidade custa caro, em qualquer setor do comércio, dos serviços e do conhecimento.
Mas este preâmbulo todo é para contar uma história que aconteceu hoje.
Tive uma reunião com meus chefes na revista e acabei indo almoçar com meu editor, Arnaldo Grizzo (na foto abaixo) que esteve recentemente a trabalho/passeio nos EUA. Eu disse para ele que nunca havia tomado um vinho do Oregon State e ele gentilmente trouxe uma garrafa que dividimos nesse almoço. Era trabalho? Sim, sempre é, mas era também prazer, óbvio.

Quando estávamos nos servindo no buffet (aliás o almoço da Praça São Lourenço é delicioso) eu encontrei com o enólogo Jefferson Sancineto Nunes, dono do Enolab de Flores da Cunha.
A presença dele alí, embora inusitada, tem uma explicação lógica. Uma das vinícolas para as quais Jefferson trabalha é a Pericó de São Joaquim (SC) que vai lançar em São Paulo na semana que vem o primeiro Icewine do Brasil (já falei disso por aqui).
Assim, Jefferson (que teve uma oportunidade - e o trabalhão - que poucos enólogos tem até mesmo no mundo de desenvolver um produto como esse) e o proprietário da vinícola estavam acertando detalhes da apresentação em uma sala exclusiva do restaurante.
Quando Arnaldo e eu terminamos de almoçar fomos até lá xeretar, como fazem os bons repórteres.
Uma de minhas surpresas só será contada mesmo na semana que vem, depois do lançamento oficial do vinho, mas adianto aqui uma deliciosa foto (abaixo) do enólogo (a esquerda) e do proprietário da vinícola (Sr. Wandér) em um momento descontraído hoje - fotos assim raramente têm qualidade técnica, mas ao meu ver são excelente material.

E adianto também uma imagem da linda taça que a Cristallerie Strauss fez a pedido do Sr. Wandér especialmente para o Icewine. Ela será utilizada pela primeira vez na semana que vem, pelos convidados paulistanos do coquetel de lançamento do vinho do gelo, uma conquista excepcional para essa vinícola catarinense tão jovem.


Por conta dessas coisas novas e oportunas que aparecem quando a gente 'se joga' no mundo é que repito o jargão de que lugar de repórter é na rua, observando, perguntando, reportando.
Bons goles e até mais.



segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Avaliação Nacional de Vinhos

 Nos últimos dias aconteceram tantas coisas para quem é do mundo do vinho que eu nem sei por onde começar a contar.
Muitas delas foram boas e outras nem tanto.
Vou usar de minha prerrogativa como autora deste blog (eu não sou obrigada a escrever e você leitor só lê se quiser também) para publicar as coisas que acho verdadeiramente importantes.
A Avaliação Nacional de Vinhos acontece há 18 anos em Bento Gonçalves e tem por objetivo apresentar os vinhos mais representativos da safra do ano em curso, neste caso 2010. É também uma festa que congrega produtores, enólogos e enófilos de vários estados brasileiros.
Muita gente não sabe - e alguns fingem que sabem e depois dão vexame - que os vinhos apresentados no dia da Avaliação não estão completamente prontos, e até chegarem ao resultado apresentado já vem sendo degustados e analisados por um grupo de 87 enólogos divididos em 3 grupos, ao longo de três semanas, totalmente às cegas, no laboratório da Embrapa. As 260 amostras -enviadas por 55 empresas brasileiras- são divididas em tipos de vinhos (branco, tinto, rosé etc) e somente as 30 melhor pontuadas são, então, degustadas por uma outra equipe de enólogos, em um evento chamado de 'Degustação de Confirmação', pois é necessário que exista consenso sobre os 16 vinhos melhor representativos da safra. Nenhum enólogo trabalha o ano todo para ter um vinho ruim apresentado nesse dia tão significativo.
Assim, no dia do evento, são degustados em público e comentados por convidados da ABE (Associação Brasileira de Enologia), os 16 vinhos mais representativos da safra e os outros 14 que também ficaram entre os finalistas recebem um certificado de sua inserção nesse seleto grupo (na foto acima estão os 30 enólogos/viticultores) que tiveram seus vinhos indicados.
O serviço desses 16 vinhos é feito por alunos da escola técnica de enologia e viticultura de Bento Gonçalves. Neste ano foram mais de 60 alunos para atender quase 750 pessoas entre plateia e palco. Na foto abaixo eles haviam acabado de chegar (não eram nem 9 da manhã) e estavam vestindo seus aventais e buscando seus crachás e na outra foto (feita por Gilmar Gomes) eles aparecem já em sua função.

Mesmo não completamente prontos é possível ver o potencial dos vinhos e compreender para onde vai caminhar sua evolução, seja em barricas de carvalho, em tanques ou na garrafa.
Sim, é um pouco de exercício de adivinhação para quem não é enólogo, mas como eu sempre digo, alguns dos bons vinhos aparecem logo no primeiro gole.
Impressionaram-me os dois Chenin Blanc vindos do Nordeste brasileiro e o agradável (embora curto) Moscato Giallo de Minas Gerais.
Mais consistentes e muito interessantes foram os dois Cabernet Franc da Serra Gaúcha e os dois Cabernet Sauvignon (um do Vale dos Vinhedos e outro de Santa Catarina).
Verdade seja dita, esta foi uma safra difícil em quase todas as regiões e exigiu dos enólogos e dos agrônomos um cuidado extra no parreiral e muita habilidade na cantina.
Os resultados apresentados no último sábado, felizmente, mostram que ninguém vai ficar sem vinhos bons para beber desta safra. Aliás no meio de tantas dificuldades, o que está melhor salta ao palato e ao olfato.
A ABE também aproveita esse dia festivo para premiar duas pessoas que se destacaram no mundo do vinho, através do Troféu Vitis, um deles foi para o médico Jairo Monson (foto abaixo).

Dr. Jairo vem se dedicando com afinco há anos a estudar e comentar os benefícios do consumo controlado e consciente do vinho na manutenção da saúde física e mental. O outro troféu Vitis foi para o engenheiro agrônomo e doutor em enologia pela Universidade de Bordeaux Luiz Antenor Rizzon, figura emblemática na pesquisa e inovação do vinho gaúcho.
O melhor da festa, claro, é sempre o final, quando as pessoas estão mais descontraídas e já podem parar de cuspir os vinhos. É nesse momento que a ABE faz um brinde coletivo com um bom espumante e com um agradável show musical, para depois os convidados se juntarem em um enorme coquetel seguido do almoço. Na foto abaixo uma parte da diretoria da ABE (no meio da mesa o presidente Christian Bernardi e sua esposa à esquerda, a também enóloga Gabriela Poletto). Na ponta esquerda o enólogo Luciano Vian, ao seu lado Eliane Cerveira. Na outra ponta estão Bruna (da Moura Comunicação) e a Adriane Biasoli, também da ABE.

Tenho enorme respeito pelos homens e mulheres que fazem o vinho no Brasil (incluindo aí quem planta as uvas, quem pesquisa, que comercializa etc), um produto que ainda carrega uma enorme carga de preconceito. Como em todas as profissões existem exceções e é óbvio que alguns malandros também se inserem nesse ramo. Mas de minha observação ou eles estão em número menor no mundo do vinho ou são mais discretos em suas atuações.
Vale a pena estar entre essas pessoas - um bom número delas ao menos - e poder compartilhar de suas histórias, de suas taças e de seus desafios.
ABE, Lucinara, Farina Park, muito obrigado mais uma vez!
Na foto abaixo estão meus amigos, Juliana e Marcos, para os quais eu pedi que disfarçassem enquanto eu fazia a foto. Que bom que são melhores como amigos do que como agentes disfarçados...rs





quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Notícias da Serra

Percebo agora que é quase meia-noite e que os eventos e novidades vão se amontoando em minha volta como roupa suja em casa que tem muita criança.
Assim, vou deixar para dormir depois e contar um pouquinho do que tem passado por aqui.
A temperatura no Vale dos Vinhedos está muito agradável, 15/19 graus, com um pouco de chuva, mas não contínua. Para mim, paulistana que passou o inverno com calor e tempo seco, isto é a melhor das primaveras. A foto abaixo foi feita hoje (5a feira) na hora do almoço.


Ontem foi um dia corrido. Entre dois vôos, começo de Congresso, muitos amigos para cumprimentar e o telefone que não parava de tocar, fui perceber que passei meu primeiro ano sem cantar parabéns hoje, quando o casal Ademir e Déborah Dadalt me ofereceram bolo e uma boa cantoria na hora do almoço (foto abaixo), aqui no restaurante Leopoldina do Hotel e Spa do Vinho.


Aliás, eles vem me mimando desde que cheguei ontem e confesso que faltam-me palavras para agradecer. Na foto abaixo estou entre eles no jantar na Casa de Madeira, há poucas horas.


O Congresso foi excelente! Com muito mais novidades do que eu poderia imaginar e a presença mui especial do antropólogo espanhol Luis Vicente Elias Pastor, especialista em cultura do vinho. Sua palestra de ontem espantou e informou até gente que pensava que conhecia muito sobre o enoturismo no mundo. Na foto abaixo, feita ontem na abertura, Luis Vicente está na ponta direita da mesa e a única mulher à mesa é a Secretaria de Turismo de Bento Gonçalves, Ivane Fávero, principal articuladora deste evento.


Acredito que assim como eu, muitas pessoas não imaginavam como o enoturismo está ligado muito mais à oferta de uma experiência sensorial que supera a degustação do que até mesmo os produtores de vinho reconhecem. Luis Vicente afirma que o turismo do futuro é o turismo dos sentidos, onde as pessoas se libertam da internet e se conectam com o mundo novamente. Essa experiência, multifacetada, une ecoturismo, turismo de aventura, enoturismo etc.
Aliás, foram várias aulas nas palestras de hoje, mostrando variados aspectos dessa nova vertente do turismo. Coisas que recém começamos a conhecer, estudar, estruturar e implementar.
No final do dia tive a grata possibilidade de mediar um painel que uniu a América Latina, através das experiências de Chile e Argentina, representados por Carmen Pérez, jornalista especializada na área e coordenadora de comunicação do Fundo Vitivinícola de Mendoza, Mário Geisse, enólogo dono da Vinícola Geisse aqui na serra e diretor técnico da Casa Silva no Chile e Thomas Wilkins, publicitário que criou a rota do vinho em Colchagua (aparecemos todos na foto abaixo).


O público, quase 150 pessoas, me surpreendeu para um primeiro congresso e o segundo já está marcado para o ano que vem em Mendoza, pois esse é um trabalho que está apenas começando para todos nós.
Assim que eu tiver mais um tempo, voltarei a mandar notícias.
Bons goles de um bom vinho brasileiro!



quarta-feira, 22 de setembro de 2010

43 invernos/primaveras

Hoje, 22 de setembro de 2010, completo 43 anos.
Como tem acontecido nos últimos 4 anos, estarei no RS.
Minha família se ressente, mas sabe que é um lugar que eu adoro e que me faz sentir bem ainda que longe deles.
A piada corrente é que, em todos esses últimos anos, eu estive em festas com muito vinho e gente bacana, mas nenhuma delas era minha, embora as vezes seja divertido pensar que sim...
Cristiano, Isabel, Etore, sei de seu amor por mim e sou grata por ser parte de suas vidas! Estou longe fisicamente, mas meu coração sabe onde mora e com quem! Obrigado!
Achei esse cartoon bem engraçado, e fala de termos que trabalhar no dia do aniversário, como eu vou estar fazendo,  e por isso copio aqui.
Aos outros aniversariantes do último dia do signo de virgem e do último dia do inverno, meus parabéns!


terça-feira, 21 de setembro de 2010

Viagem ao Sul!

Amanhã, 4a feira, vou para o Rio Grande do Sul.
No final da tarde será a abertura do I Congresso Latino-americano de Enoturismo, que vai reunir especialistas para discutir os rumos e as necessidades dessa nova vertente do turismo mundial.
Quem organiza é a Secretaria de Turismo de Bento Gonçalves, através de sua secretária, a turismóloga Ivane Remus Fávero, com o apoio de várias entidades, entre elas o Ibravin, o Sebrae, a Universidade de Caxias do Sul e o Hotel e Spa do Vinho (foto abaixo), onde acontecerá o Congresso.
A programação pode ser vista no link http://www.serragaucha.com/congressoenoturismo/programacao.php

O Congresso termina na 6a feira e já no sábado de manhã acontece a 18a Avaliação Nacional de Vinhos, realizada pela ABE (Associação Brasileira de Enologia), para a prova dos 16 vinhos mais representativos da safra de 2010. 


Logo depois é oferecido um coquetel e um almoço para os mais de 700 participantes do evento, no qual eu estarei presente ao lado de amigos como Juliana Reis, Marcos Pivetta e José Luis Pagliari.
E para fechar essa viagem com chave de ouro, vamos jantar no restaurante italiano Arte in Tavola, do Farina Park Hotel (foto abaixo), dirigido pelo chef Mauro Cingolani.
Na próxima 2a feira voltarei contando todas as novidades!




domingo, 19 de setembro de 2010

Você compra o vinho pela garrafa?

Pense novamente!
Abaixo algumas das modernas embalagens de vinho, muito além das garrafas, claro!
Duas Bag in Box (sim, o vinho está lá dentro, usa-se uma torneirinha para servi-lo).


Vinho de Garrafão - literalmente!



Vinho em taça - literalmente!















Só uma observação: nenhuma dessas imagens foi feita para ser colocada na internet. Todas essas embalagens são de vinhos que estão à venda no mercado internacional.
Como dizia aquela propaganda antiga: "está na hora de você rever seus conceitos".
Bons goles!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Comer & Beber 2010-2011

A festança da Veja São Paulo aconteceu ontem no HSBC lá na Chácara Santo Antonio.
Impressionante como nesses 14 anos essa premiação virou referência de todo mundo da alta, baixa e média gastronomia paulistana (o que por consequência acaba por influenciar a gastronomia de todo o país).
A decoração era, no mínimo, engraçada. Logo na entrada uma parede de fatias de pão de forma tostadas, em variados pontos, fazendo um degradê de cores.
Logo pensei que se não houvesse comida suficiente ia ter gente lambendo a parede...
Claro que não foi o caso, comida era o que não faltava.
Quem apresentou a premiação foi a Fernanda Torres, com inúmeras piadas sobre comida e gente, de um roteiro bem traçado. Ela parecia à vontade no personagem de apresentadora, até mesmo quando perguntou ao premiado chef Alex Atala se existia uma possibilidade de abrir uma filial de um dos restaurantes dele no RJ. Para quem não sabe, o talentoso chef é bastante tímido...ele sorriu, deu um tchauzinho para ela e desceu do palco com a premiação em baixo do braço.
Legal mesmo foi ver o bar Veloso ganhar o prêmio de Melhor Bar da cidade. Para mim isso é muito especial, uma vez que fui aceita lá como estagiária quando eu ainda fazia meu curso de bartender no Senac e o bar tinha recém-aberto as portas. Na foto que fiz, abaixo, estão o garçon William (que está lá desde que a casa abriu e com o mesmo sorriso e a mesma eficiência de sempre) e o sócio Deusdete Souza, grande barman que me ensinou os segredos da melhor caipirinha paulistana, em muitas noites frias e sábados lotados. Na foto só falta o outro sócio, Otávio Canecchio, ex-jornalista que deixou a profissão para ser dono de bar. Para mim é uma honra enorme ter trabalhado para eles e por isso me alegro por essa conquista.



Também preciso dizer que o restaurante onde eu trabalhei como sommelier, a Ritto Pizzaria, foi um dos indicados (pela terceira vez, acredito) na categoria de Melhor Pizzaria em São Paulo. O que não é pouca coisa, levando-se em consideração que São Paulo é a segunda maior cidade em consumo de pizzas do mundo. Fiquei feliz ao ver o nome da Ritto entre os indicados.



Outros dois prêmios que considero importantes foram o de melhor sommelier, para o jovem Thiago Locatelli (já mencionado aqui neste blog) do Varanda Grill e o de personalidade da gastronomia paulistana para a Dona Felicidade Bastos, dona do restaurante que leva seu nome, aqui na Lapa.
É bom ver gente que trabalha duro e sério sendo premiada!



Depois da longa premiação fomos brindados com um delicioso show de música ao estilo do estúdio Motown, hit dos anos 1950/60/70, com cantoras excelentes e banda à altura. Enquando escutávamos 'Stop, in the name of Love', bebericávamos uma cerveja gelada, uma vez que o vinho disponível era lamentável. 

Aliás, fica aqui o aviso para alguma vinícola brasileira de bom senso: está na hora de patrocinar um evento desses, não dá para perder uma vitrine como essa!
Por fim, me despeço com uma foto entre dois dos maiores responsáveis por esse evento e essa edição de 540 páginas que chega às bancas amanhã: Arnaldo Lorençato e Wanderley Sanchez, editor e editor-executivo de Veja SP respectivamente. Eles sabem o quanto eu admiro o trabalho que fazem, sua seriedade, seu comprometimento e sua inteligência. Parabéns à equipe toda e especialmente aos dois!



quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A Vida é Doce!


De volta do Chile quase que diretamente para a sala de aula em Águas de São Pedro, eu sou recebida com muito carinho por meus jovens alunos.
Quase tive pena dos assuntos complicados das aulas dos últimos dois dias: barricas (amadurecimento dos vinhos), rolhas, garrafas, a influência da madeira em tintos e brancos e tantos outros detalhes que levamos anos para aprender.
Mas eles são esponjas (não como o Bob e nem como bebuns....rs) e como a grande maioria está de uma forma ou de outra no mundo da gastronomia, aprendem rápido e surpreendem constantemente.


Mas ontem pude fazer de uma aula difícil algo mais interessante. Falamos de vinhos generosos, fortificados e de vinhos doces. E degustamos Jerez La Gitana Manzanilla com azeitonas verdes, Colheita Tardia chileno com abacaxi fresco, Porto Tawny Graham's com chocolate meio amargo e panforte com amêndoas e por fim uma boa e fresca taça de espumante Moscatel Terranova.
Muito pão e muita água para fechar a equação.


Rimos muito e tentei explicar-lhes que não era só o álcool dos vinhos que estava falando mais alto, mas também o açúcar reforçado dos vinhos licorosos e o chocolate, que aumenta nossas sensações de prazer e satisfação.
Vejam as fotos, até nossa sempre sorridente auxiliar de sala (a Jéssica que deixa tudo perfeito para mim) percebeu a mudança.


Finalizamos felizes, como deve ser em torno dos vinhos - afinal só se bebe por prazer - e resolvemos até fazer um brinde.
Até nosso próximo encontro em outubro queridos alunos!








domingo, 12 de setembro de 2010

"De la importancia del ojo del emboque"

Tradução: "Da importância do buraco do bibloquê (ou bilboque)"


O título deste post é um agradecimento para três pessoas que fizeram a minha viagem ao Chile não só possível como muito especial: Gail Thornton, Alfonso Soto e Amaranta Selby.
Foram eles que trabalharam para que tudo estivesse perfeito, no horário, simpático e, principalmente informativo e divertido. 
Por isso a frase, que significa algo como discutir muito sobre alguma coisa não muito importante ou filosofar sobre o nada. Coisa que fazíamos nas longas horas de estrada, quando nos deparávamos com uma quase impossível explicação sobre a diferença entre cerezas e guindas ou sobrenomes de pai e mãe em ordenações inexplicáveis para povos tão diferentes e tão próximos.
Sí mis amigos, entre todo que pasa en la vida, hay que tener tiempo para también discutir acerca de la importancia del ojo del emboque!
Soy grata por todo, por la paciencia, por los chistes, por la parceria, por el trabajo y - de corazón - les extranõ! Gracias a ustedes!
              ****************
Há uma frase que me encanta que diz que a vida é aquilo que acontece enquanto você se preocupa, então penso que nesses últimos dias aconteceram muitas coisas comigo, com as pessoas que amo e que me são caras e algumas vezes nos preocupamos demais (seja com razão ou sem) e não percebemos tudo que é bom e belo que está em nossa volta. Que aquilo que não é bom também vai passar, junto com a neve que derrete, com a primavera que toma conta da paisagem.




Não percebemos as pequenas surpresas que a vida nos apresenta, seja em pequenos goles ou em garrafas magnum, não percebemos que até terremotos são capazes de fazer as pessoas mostrarem o que têm de melhor.
Não percebemos que as escolhas estão sempre em aberto e que só nos cabe escolher um caminho.
Vi vinhas muito velhas, bebi vinhos muito jovens, encontrei devastação, encantamento, sobrevivência, eletricidade...
Vi as vinhas ao lado sobrevivendo ao teste do tempo em condições extremas e dando seus frutos que em alguns anos serão bom vinho.
Vi gente boa de coração e alma vivendo momentos difíceis, mas enfrentando a vida com olhos de amor e fé.
Vi montanhas com neve, campos com flor, vinhos em evolução, gente em evolução, cidades crescendo, cidades que sumiram.
Vi e senti. Estive lá e vivi. Sou privilegiada, a vida me encanta!
Gracias, obrigado, thank you, merci, danke, grazie, dankzij!


Cerejeira em flor na Viña Gillmore





sábado, 11 de setembro de 2010

Desde Chile - bicentenário!

Assim que cheguei ao aeroporto, domingo passado, percebi uma porção de bandeiras chilenas espalhadas por todo lugar.
Perguntei ao funcionário da imigração e ele me disse que dia 18 deste mês o Chile comemorará o Bicentenário de sua independência.
Estão preparando uma enorme festa e a verdade é que uma enormidade de casas, ruas, avenidas, estão enfeitadas com bandeiras de todos os tamanhos.
E embora o feriado caia em um sábado ele será estendido desde a sexta-feira até a terça-feira.
Verdade que parece coisa de brasileiro não?
Abaixo uma foto de hoje (6a feira) em um restaurante em Pirque, desses raros em que vão os turistas e os moradores.


Sexta-feira, 10 de setembro, 10h30, cerejeiras em flor em todas as estradas...inacreditável!


           

Sexta-feira, 10 de setembro, 11h, Vinícola Gracia, Grupo Córpora, muitas mulheres do vinho, deliciosos descritores aromáticos e de sabor que não estão em livro algum, mas sim na cabeça e na boca de muitas mulheres.


   

Sexta-feira, 13h, o enólogo Gonzalo Guzman prepara os vinhos da vinícola El Principal para um degustação. Nenhuma outra bodega é tão silenciosa, calma, zen...


   

Sexta-feira, 10 de setembro, 16h, vinícola Santa Carolina e os danos mais sérios em uma única bodega que ví por aqui - a parede ao fundo na foto abaixo caiu inteira, era de adobe e tinha mais de cem anos. A degustação, ao contrário, foi bárbara.


   



Amanhã, sábado, é o último dia de visita. Vou à Concha y Toro encontrar com duas pessoas queridas.
Hoje fico quieta no hotel, escrevendo e tentando colocar a bagunça da mala no lugar.
Gracias por todo Chile! Estuvo muy esquisito!