Colheita 2016

Colheita 2016
Seja bem-vindo! E que nunca nos falte o pão, o vinho e a saúde e alegria para compartilhar!

sábado, 29 de outubro de 2011

Vinícola Luiz Argenta

Poucas palavras hoje pois ainda estou passeando pelos verdes e lindos vales da Serra Gaúcha.
Mas tive que parar para colocar algumas fotos feitas na Vinícola Luiz Argenta em Flores da Cunha, onde eu e meus amigos fomos recebidos com muito profissionalismo e carinho, mesmo em um dia movimentado para a empresa.
Vou explicar: a vinícola - com sua modernidade e boa localização - está sendo o local da Sunset Party, um evento móvel que reúne gente jovem que aprecia música eletrônica, boas bebidas e locais especiais.
Chegamos quando o mirante no topo do prédio já estava quase pronto para receber as 700 pessoas que devem passar por lá hoje, vindas de vários cantos do país.
 Quem nos recebeu foi o enólogo Edegar (na primeira foto acima mostrando uma das garrafas do espumante feito pelo método tradicional em sua nova garrafa) e Daiane Argenta (ambos na foto abaixo), além do proprietário Deunir.


 Uma das grandes novidades da vinícola é o lançamento de mais um vinho da linha LA - uma linha mais jovem e (como as pessoas gostam de dizer) fácil de beber - eu digo que são vinhos mais descomplicados para o paladar, mas nem por isso deixam de ser bem elaborados.
O que eu provei hoje foi um Syrah jovem, muito frutado, fresco e bom boa harmonia em boca, que será vendido na garrafa que aparece abaixo, que fica em duas posições e, além de conter o agradável líquido, ainda vai embelezar a mesa.
Não vou nem contar quanto vai custar, senão as poucas garrafas que estão sendo preparadas não darão nem para o começo da conversa.


Por fim, uma foto externa da lateral da vinícola acima e de seus muito bem cuidados vinhedos abaixo.


Bom final de semana e bons brindes!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Uma Imagem!

Final de tarde na Don Giovanni em Pinto Bandeira, espumante brut safra 2000.
Alguns momentos são de uma perfeição única!


quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Bebendo na fonte!

Chuva e sol = Casamento de Espanhol
Sol e chuva = Casamento de Viúva
Casamento = Espumante

Claro que não estou sob os 'eflúvios' de Baco ou Dionísio, mas a piada não para de me vir a cabeça cada vez que olho para fora nos últimos dois dias aqui em Garibaldi: chove, faz sol, faz sol e chove e as taças de espumante parecem não se esvaziar.
Nos dois dias de degustações do Concurso do Espumante Brasileiro (ontem e hoje) eu e os outros seis jurados da mesa onde eu estava provamos 56 espumantes, de todos os estilos e cores. Algumas coisas boas e outras nem tanto.

Na foto acima Andréia Debon e Luciano Vian no primeiro dia das provas e na foto abaixo o grupo de hoje, composto por Luciano Vian, Vitor Manfroi, Carlos Abarzúa, Claudia Stefenon, eu, Lucindo Copat e Antonio Frizzon.


Tive a felicidade de ser colocada em uma mesa com grandes (e respeitados) produtores de espumantes, portanto, degustadores experientes, capazes de compensar algum deslize meu.
Mas além das várias horas de degustação oficial (são pelo menos 3h30 a 4 horas por dia), as visitas são excelentes e, assim que eu tiver tempo, vou colocá-las uma a uma. 
Ontem estive na Domno e na Chandon e hoje vou para a Don Giovanni e a Vinícola Geisse.
No entanto, o melhor de tudo isso é, certamente, encontrar tantas pessoas especiais, tantos enólogos que eu admiro e outros que estou conhecendo (e reconhecendo).
É sempre um privilégio estar aqui!
Mais notícias assim que houver um tempinho, mas fica aqui uma foto engraçada do jantar de ontem à noite, no delicioso restaurante Valle Rústico:  Cleber Andrade, Dirceu Scottá, Toninho Czarnobay e Gilberto Pedrucci que - acreditem! - não combinaram de ir todos de camisa listrada!

Bons goles e até mais!

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Concurso do Espumante Brasileiro

Estou de malas prontas para um evento que me encanta: o Concurso do Espumante Brasileiro, em Garibaldi, que ocorre nos anos ímpares desde 2001.
Serei jurada pela terceira vez e fiquei muito feliz em saber que serão 231 amostras, vindas de 70 produtores (na última edição foram 205 amostras).
São dois dias de degustação no meio de enólogos brasileiros e estrangeiros e alguns colegas jornalistas.
É muito agradável sentar-se no mais completo silêncio, entrecortado apenas por alguns sons das taças de cristal, e analisar uma a uma as amostras que nos chegam (na última edição foram 40 a cada dia), entre espumantes Nature (sem nenhum açúcar residual), Brut, Demi-sec, Doce e Moscatéis de todas as partes do país.

Edição 2007 

Edição 2009

Todas as tardes temos visitas técnicas nas vinícolas. Neste ano iremos à Vinícola Peterlongo, à Cooperativa Garibaldi, à Dom Giovanni e à Vinícola Geisse. Além de uma visita à destilaria Malt Whisky e também à Casa Bucco, produtora de cachaças.
São dias longos, onde mais do que tudo é importante controlar a ingestão de álcool (fazendo das cuspideiras nossas melhores amigas), comer corretamente e dormir bem.
Mas são dias também cheios de bons encontros, de bons espumantes e vinhos (claro!), do delicioso clima da serra e de muitas novidades que sempre aparecem quando estou por lá. E é claro que terei o maior prazer em trazê-las para vocês!
Boa semana, bons goles e muita paz!

sábado, 22 de outubro de 2011

Notícia fresca como bons vinhos brancos!

Hoje, 22 de outubro, é dia do Enólogo, o profissional responsável por nos agradar em cada garrafa, ou melhor, por fazer os vinhos!
Ontem, numa enorme festa em Bento Gonçalves, a Associação Brasileira de Enologia (ABE) celebrou não apenas esse dia, como os 35 anos de sua fundação.
Todos os anos, durante essa festa, é apresentado o resultado da eleição de Enólogo do Ano, que desta vez premiou o jovem Daniel Dalla Valle, que já apareceu muitas vezes neste blog, por duas razões que (creio) devem ter auxiliado em sua eleição: competência e simpatia.



Daniel, que aparece na foto acima ao lado do também enólogo (e seu chefe) João Valduga no lançamento do espumante Maria Valduga este ano na Expovinis, é um dos responsáveis pela linha da Casa Valduga e também da Domno do Brasil, além de fazer alguns vinhos muito interessantes em um projeto próprio (Máximo Boschi) com um amigo. Sorridente, tranquilo, muito capacitado e cuidadoso, Daniel é também o vice-presidente da ABE e eu não me surpreenderia nada se ele se tornasse o próximo presidente. Pai de um casal de filhos (o mais novo nasceu há poucos meses), mostra no olhar que apenas sua família faz seus olhos brilharem mais que seus vinhos.
Parabéns Daniel! Que possamos brindar com seus vinhos por muitos e muitos anos!
E meus mais sinceros parabéns aos enólogos brasileiros, que desafiam a natureza, o preconceito, a falta de recursos, para continuarem transformando o mosto das uvas em momentos de harmonia e prazer! Obrigado por seu trabalho, dedicação e perseverança!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Pato, Pato, Pato...Luis Pato!

Estive, há alguns dias, em uma degustação dos vinhos do enólogo português Luis Pato (foto ao lado), cujos vinhos chegam ao Brasil pela importadora Mistral.
Quem não conhece os vinhos dele e gosta de vinhos portugueses precisa prová-los.
Luis Pato é conhecido por sua rebeldia, que se mostra nas suas opiniões controversas, nos rótulos dos vinhos, nos nomes e, acima de tudo, em seu terroir e uva preferidos: a tinta Baga da região de Bairrada.
Em suas mãos ela deixa de lado um histórico de tanicidade e rusticidade, que a deixou em segundo plano por muitas décadas em Portugal, para colocar-se no mesmo nível dos grandes vinhos portugueses.
Conheço seus vinhos desde o tempo em que trabalha no restaurante, e apreciava muito especialmente o espumante rosé, uma dessas boas surpresas que todo bom sommelier tem que ter no bolso do avental para oferecer ao seu cliente.
Na degustação organizada pela Mistral provamos nove vinhos, três espumantes, um branco (das uvas Cerceal, Bical e Sercealinho), quatro tintos (sendo três varietais da Baga e um assemblage) e um rosé de sobremesa.

Ao final da degustação ele nos propôs que fizéssemos um 'assemblage' próprio. Na taça uma quantidade do espumante Duet, um rosé da uva Baga com um ligeiro toque da casta Maria Gomes, muito seco em boca, e a quantidade que nos parecesse agradável do rosé de sobremesa, o Abafado Molecular, um vinho criado por ele para harmonizar com alguns dos pratos da cozinha molecular. Seu sabor adocicado, com aroma entre o frutado e o mineral, dá uma quebrada na acidez e secura do espumante.
Uma brincadeira interessante e divertida de fazer, mas com a qualidade dos produtos desse enólogo que sempre surpreende.

 

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Circuito Brasileiro de Degustação

Na próxima terça-feira (dia 25 de outubro) volta a acontecer em São Paulo um evento muito bacana. É o Circuito Brasileiro de Degustação, que já ocorreu em 2004 e 2005. 
É uma oportunidade importante para profissionais do setor e para enófilos provarem vinhos brasileiros de várias regiões e produtores de todos os tamanhos, desde alguns nomes que começaram a chegar ao mercado até os consagrados por público e crítica. São 25 vinícolas que estarão com seus vinhos tranquilos, espumantes e sucos de uva em três capitais: Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. 
Aqui em SP o evento começa às 15h para os profissionais e às 19h para o consumidor final (que pagará R$ 50,00 a entrada) e vai acontecer no Festivo Eventos, na rua Cônego Eugênio Leite 1098, em Pinheiros.
Vale a pena!


sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Tannat, conoces?

Daniel Arraspide é um sommelier e jornalista uruguaio (cujo blog está ao lado em minha lista de preferidos) que conhece mais (e melhor) os vinhos brasileiros do que muita gente que eu conheço daqui mesmo.
Mas desta vez estamos em lugares trocados: é nossa vez de conhecermos mais os vinhos de nossos vizinhos cisplatinos, principalmente os da casta Tannat, através do concurso 'Tannat al Mundo'. 
Na foto abaixo está o vinhedo da Bouza, uma importante vinícola de lá que produz não apenas Tannat, como também interessantes vinhos brancos.
A Tannat, casta do sul da França, tem sua história no Uruguai diretamente ligada a um imigrante basco, Pascual Harrigue, que trouxe as primeiras mudas no século XIX.
Quem nos conta um pouco mais é Daniel Arraspide, no texto abaixo:


Pascual Harriague foi um homem de visão, que fez uma aposta forte com uma variedade de uva quase desconhecida para a época (e que já no ano 1877 ganhou o primeiro prêmio com um vinho elaborado com essa uva casta). Tal era sua influência nessa viticultura que por muitas décadas a Tannat ficou conhecida como 'Harriague' no Uruguai. Atualmente é comum dizer que essa uva se tornou a uva ícone do país.

Com uma extensão próxima de 3 mil hectares cultivados com essa uva, o Uruguai é o maior produtor dessa uva, seguido pelo Brasil, país no qual a casta se vem multiplicando em vinhedos, e claro, em rótulos de vinho que também vem chamando atenção devido à qualidade atingida.
Conhecedores da potencialidade que essa uva apresenta, a Asociación de Enólogos del Uruguay (AEU) promove o Concurso “Tannat al Mundo”, que chega a sua quarta edição entregando as premiações Gran Terruño de Oro, além de ouro e prata para os melhores vinhos (os de maior pontuação eleitos por um painel de degustadores locais e internacionais.

Esta edição 2011, que já está recebendo amostras de diversos países – pois o caráter do concurso é internacional – acontecerá em Montevidéu nos dias 28 e 29 de novembro de 2011, contando entre seu júri (degustadores) um seleto grupo de técnicos na matéria, que contará com pelo menos 70% de enólogos.
Como nas edições anteriores, são esperadas amostras não apenas das vinícolas do Uruguai, mas também da Argentina, Brasil, França, e Peru. Amostras essas que serão avaliadas em degustação às cegas, e em diferentes categorias, subcategorias e tipos de elaboração.
As categorias são: VINHOS ROSÉS, VINHOS TINTOS, VINHOS LICOROSOS, DESTILADOS DE TANNAT, e EXPERIMENTAL (categoria especial que permite apresentar os vinhos que ainda não estão disponíveis no mercado)

Um dado muito importante para ter em conta, é o que o Enólogo Fernando Pettenuzzo comentou: “- No caso de vinhos varietais, para poder participar do Concurso “Tannat al mundo”, esses devem estar elaborados com um mínimo do 85% de Tannat, e se foram cortes (blends) devem ter declarado, e bem claro no rótulo o nome da casta Tannat em primeiro lugar. Esses últimos, devem possuir no mínimo de 50 % deste cultivar.”

Para as vinícolas que tenham interesse em enviar suas amostras, o procedimento é o seguinte:
As fichas de inscrição devem ser solicitadas, e após preenchidas com todos os dados solicitados, apresentadas na data limite de 28 de outubro de 2011 via e-mail para:
As amostras serão recebidas no Instituto Nacional de Vitivinicultura (I.NA.VI), Av. Dr. Enrique Pouey 463 – C.P. 90200 – Las Piedras - Canelones, Uruguai; com data limite de 18 de novembro de 2011, acompanhadas do comprovante de pagamento e da ficha de inscrição original impressa, junto com os rótulos correspondentes. (As amostras estarão sob o cuidado do I.NA.VI).

O Concurso Tannat al Mundo é uma realização da Asociación de Enólogos del Uruguay
www.enologosuruguay.com  e conta com o apoio e chancela da OIV www.oiv.int e a UIOE www.uioe.org


Por fim, é importante dizer para os leitores que, os vinhos varietais da uva Tannat são, em geral, vinhos que devem ser acompanhados de comida (na foto acima o assador típico uruguaio, cujo ponto da carne é bem mais rosado do que o nosso). Não são vinhos ideais para aperitivos, dada sua alta carga de taninos, seu corpo que tende de médio para mais alto e, principalmente sua estrutura potente e - quando bem feito - muito elegante.
Existem vários rótulos disponíveis no Brasil e alguns deles são das vinícolas Pisano, Gimenez Mendez, Bousa, Alto la Ballena, Carrau, Filgueira, H.Stagnari e Castel Pujol. Muitos desses vinhos têm bom potencial de guarda, podendo ser degustados mesmo sendo de safras mais antigas.
Entre os rótulos produzidos no Brasil já existem alguns bastante sugnificativos como o Tannat da Cordilheira de Sant'anna (da cidade de Livramento), o da Gheller e da Pizzato (de Guaporé) e o da Aurora e da Dom Cândido, de Bento Gonçalves.
Bons brindes e bom final de semana!


quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Brasil na Escola


Eu sou daquelas que acreditam em escola. Sempre fui melhor para aprender as coisas dentro da escola, escutando um bom professor, do que estudando sozinha.
Sei que cada um tem uma maneira de aprender, a minha é essa.
Nas últimas semanas tenho estado mais próxima de um grupo de alunos do CCI (Cozinheiro-Chef Internacional), um curso de extensão oferecido pelo SENAC em parceria com o The Culinary Institute of America. É um curso muito bacana que eu tenho muita vontade de fazer, mesmo sem saber se tenho a disposição física necessária para isso.
Em inglês se diz: "If you can't stand the heat, get out of the kitchen", literalmente quer dizer: se você não aguenta o calor, saia da cozinha. Claro que é uma metáfora, mas que funciona à perfeição para os 'aspirantes' a cozinheiro.
Se você não quer se sujar, se não quer carregar caixa, limpar peixe, lavar panelas, estudar muito e passar calor, nem pense em entrar na cozinha.
Mas se essas coisas (apesar de incomodarem às vezes) ainda lhe deixam curioso, ou ainda fazem você ter vontade de 'sujar as mãos', talvez a cozinha seja um lugar legal para você.
Esse curso, especificamente, é construído na forma de módulos e o que está em andamento é o de Cozinhas do Brasil. A aula começa numa sala 'normal' (apesar dos alunos usarem um uniforme muito particular) com um professor e material didático bem tradicionais.
Para esse módulo o professor é o baiano Jorge da Hora (foto ao lado), uma dessas pessoas impressionantes, que além de profundo conhecedor do tema, tem boa didática e domínio dos alunos em sala de aula.
O sujeito é tão bom que foi, recentemente, promovido a Chef Executivo do Grande Hotel Àguas de São Pedro, assim essa será, provavelmente, sua última turma como professor de dedicação exclusiva.
Nesta semana eu tirei minha dolmã do armário e fui para a sala de aula às 8 da manhã. A parte de mim que estava acordada (esse horário é muito cruel para meu raciocínio), conseguiu perceber como é uma parte da formação de um chef de cozinha. Teoria, teoria e depois prática e mais prática.
No dia de minha 'visita' o tema era a cozinha do sudeste e o cardápio a ser executado incluia Vaca Atolada, Costelinha com Canjica, Feijão Tropeiro com bisteca de porco, Canja, Pão de Queijo e o pré-preparo da feijoada que seria finalizada em outra aula.
Os alunos, então, deixam a sala de aula tradicional e vão para as cozinhas, já de aventais na cintura, toucas na cabeça e facas em punho. Lá encontram todos os produtos que vão precisar e começam as preparações, que tem hora certa para serem apresentadas ao professor e à assistente (Marcela, aluna do curso de Gastronomia).


Eu tive a chance de, literalmente, sujar as mãos um pouco, pois fui fazer uma receita de pão de queijo que, por mais prosaica que seja, eu nunca tinha feito.
Imagino que minha avó Maria (que eu nunca conheci, mas era mineira) deve ter ficado orgulhosa seja lá onde ela esteja, pois minha preparação deu bem certo. Faltou um pouquinho de sal, mas para uma primeira vez, funcionou bem.
 Enquanto eu me entretinha fazendo os pães, os alunos 'de verdade' preparavam seus pratos, que foram servidos como abaixo (falta aí a sobremesa de abacaxi).
 Os alunos se reunem ao lado do professor, que prova cada um dos pratos e faz comentários e, como é uma escola, dá notas a cada preparação.
 Tudo é examinado, desde a aparência dos pratos, a forma de servir, a textura quando se coloca o talher e, claro, o sabor. Nesse quesito, aliás, entra o equilíbrio entre sal e pimenta (ou açúcar se for o caso), a oleosidade, a textura em boca e a qualidade do preparo como um todo - onde entram as técnicas aprendidas em módulos anteriores.

Claro que durante as duas horas nas quais os alunos estão na cozinha preparando tudo, o chef está atento, circulando, conferindo as preparações, dando informações e corrigindo, pois o objetivo não é reprovar, é ensinar.
Comida servida e provada, é hora de lavar a louça, limpar a cozinha e deixar tudo arrumado, isso também com hora marcada.
E a dica final do chef/professor: o aluno/ chef, precisa estar 'inteiro' ao final disso, pois se fosse numa cozinha comercial ele poderia ser chamado ao salão para falar com um cliente e sua aparência não pode ser a de quem acabou de enfrentar um cão lamacento!
Cozinha não é fácil gente, não é mesmo, que o digam nossas mães, avós, empregadas, que a enfrentam todos os dias pensando em custos, em nutrição, em diversidade.
Fora de casa então, ainda há a pressão de ser servir ao cliente algo que ele não comeria em sua casa (ou até comeria, mas não tão bom), pois ele saiu do conforto de seu lar e decidiu pagar para alguém cozinhar para ele.
A gente quase nunca pensa nisso, certo?
E aprender tudo isso leva tempo, custa caro e ainda demanda sair desse meio dia de aula e ir preparar trabalho escrito, estudar de verdade e fazer prova.
Fácil não é. Mas uma coisa posso dizer como amadora/expectadora: é uma espécie de meditação ativa, pois a cozinha é tão absorvente que por algumas horas sua cabeça fica livre, livre mesmo, de toda espécie de pensamento que não seja relacionado à esse trabalho. 
Bom demais!
Parabéns professora Mariana (coordenadora do curso), parabéns professor Jorge e obrigado por me deixarem ficar na cozinha um pouco!



quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Entresafra


"Sorrow prepares you for joy. It violently sweeps everything out of your house, so that new joy can find space to enter. It shakes the yellow leaves from the bough of your heart, so that fresh, green leaves can grow in their place. It pulls up the rotten roots, so that new roots hidden beneath have room to grow. Whatever sorrow shakes from your heart, far better things will take their place."
— Rumi

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Ensinando e Aprendendo

Dia 15 de outubro é dia do Professor, uma das classes profissionais mais mal cuidadas do país, quando o correto seria que fosse justamente o contrário.
Aliás, acredito que professores, policiais e enfermeiros deveriam ter salários diferenciados, altos, com excelentes benefícios, para que sua dedicação pudesse ser exclusiva ao trabalho.
Claro que no caso desses altos salários serem uma realidade, esses profissionais estariam sujeitos à avaliações constantes e a única forma de ganhar mais ainda seria comprovar mais estudo, maior dedicação e total correção no exercício de suas profissões. Mas é claro que estou falando de países desenvolvidos, e não do Brasil, infelizmente
Por aqui a educação é cara e mesmo assim nem sempre de qualidade (não vou nem falar na educação pública). Muitos pais colocam nas mãos da escola toda a responsabilidade de educação de seus filhos, quando todo mundo sabe que educação começa em casa. Educação no sentido amplo, claro.
Mas estou escrevendo este post por dois motivos. Um deles é uma pequena homenagem aos professores que existem em minha família: Alexandre e Rita, Célia Regina e Camila, Giselle, Ana Silvia e Dario e Ana Laura, cuja dedicação e estudos constantes me fazem sentir orgulho de ser 'um pouquinho' professora também.
O outro motivo é que, na semana passada, tive o prazer de receber Jane Pizzato na aula do curso de Sommelier do Senac de Águas de São Pedro.


A aula era sobre Brasil e eu acredito que a presença de um produtor leva as coisas para outro nível.
Muitos dos alunos, principalmente aqui no sudeste, não têm a oportunidade de conhecer vinícolas (mesmo através da parceria que o SENAC tem com o Ibravin, para que os alunos do curso façam uma visita técnica pagando apenas a passagem aérea e o seguro), pois suas vidas pessoas e profissionais (além de sua situação financeira) podem ser incompatíveis com essa visita.
Assim, a proximidade com um produtor dá à esses alunos a chance de fazerem perguntas diferentes, de olharem nos olhos e não apenas de verem o produtor através da garrafa que ele faz.
A Pizzato é uma vinícola muito querida, da qual já falei várias vezes aqui, e a Jane é uma dessas pessoas especiais, daquelas que se pode dizer que é bonita por fora e por dentro. Ela trouxe para os alunos os dois produtos mais bem conceituados de sua empresa, o espumante Brut feito no método tradicional e o tinto DNA99, cheio de potência e elegância.
Para quem não conhece, a Pizzato Vinhas e Vinhos fica no Vale dos Vinhedos, e também tem terras no município de Guaporé, onde são cultivadas as uvas da linha Fausto.

 A cave de amadurecimento.

 Jane e eu pisando uvas, no começo de 2010.

 Os vinhedos no Vale.

 Flávio Pizzato, enólogo, recebendo um grupo durante a colheita, para almoço preparado por sua esposa, Gisele.

Por fim, como professora do cursod e Formação de Sommelier, acredito que são três os fatores que contribuem para o início de uma boa formação profissional, a teoria mostrada de forma agradável, a prática em sala de aula (degustação e serviço) e a aproximação com a realidade do mercado, que inclui muitos profissionais, como produtores, sommeliers e enófilos.
O conhecimento é a melhor e mais eficaz arma contra o preconceito e todos deveriam ter chance de obtê-lo.
Boa semana e bons brindes!


sábado, 8 de outubro de 2011

"goldener oktober"

Tenho em minha memória um vinho branco alemão que se chamava, salvo engano, "Goldener Oktober".
Tomávamos muito esse vinho no começo da década de 1980.
Ele me veio à memória quando, há alguns dias, comecei a ver as cores da primavera tingindo as cidades, as estradas.
E embora no hemisfério norte o goldener faça referência ao dourado das folhas de outono, permito-me essa "licença poética" para mostrar aqui algumas das cores da natureza.
Apenas para celebrar este outubro de primavera, de tantas referências, de tantos desafios, com tantas possibilidades...

Azul Cabernet

 Castanho Figo

 Amarelo Especiarias

 Roxo Cebola

 Vermelho Pimenta

 Verde Alcachofra

 Off White Echalotas

 Laranja Abóbora

 Marrom Castanhas

 Preto Amora

 Dourado Gewurztraminer





quinta-feira, 6 de outubro de 2011

80 anos!

Algumas histórias do vinho brasileiro não podem se perder. E eu me ressinto por isso, pois sei que os brasileiros são péssimos em preservar seu legado.
Talvez seja pelo fato de sermos um país tão jovem, cheio de desigualdades e com um problema de qualidade de educação que foi construído ainda antes de eu nascer.
Mas hoje tomo este espaço para falar de um aniversariante que conheci de modo 'atravessado'.
Há mais de uma década eu estava hospedada no que (naquele tempo) era um dos primeiros quartos da pousada da Valduga, no Vale dos Vinhedos. O mundo do vinho brasileiro moderno já começava a mostrar sua cara e vocação.
Todos os dias ao saírmos para passear o patriarca Luiz Valduga nos perguntava onde íamos e nos dava dicas. Ele dizia: "Vocês precisam conhecer meus irmãos. Aqui do lado está um, mais embaixo na rua está outro. Vocês vão até lá e peçam "tal vinho" (eu, Sílvia, hoje não me lembro qual era) e se perguntarem digam que fui eu quem mandou".
E nós obedecíamos, obedientes ao sorridente e atencioso patriarca. Uma dessas pessoas para as quais a gente não diz não.
Passávamos o dia fora e ao voltarmos, já com bastante 'litragem', ele estava esperando - como fazia com muitos hóspedes - e dizia: "Agora vocês vão beber comigo" e não tinha argumento contra isso.
Entrávamos no varejo (uma sala que hoje é o estoque do bar de um dos restaurantes) e ele nos servia seu vinho e pedia uns petiscos para quem por lá estivesse.
Tenho imensa felicidade em ter conhecido esse homem, em ter estado "em sua casa" e ter bebido com ele. Ele já se foi, mas seu legado está nas mãos de outros homens da família Valduga que eu também admiro muito, outras duas gerações de gente trabalhadora, honesta, generosa.


Mas o aniversariante desta semana não é o Sr. Luiz Valduga e sim um de seus irmãos. Cândido Valduga, que conheci naqueles tempos por indicação do irmão, da vinícola que fica justamente ao lado da Casa Valduga, a Dom Cândido.

A foto acima eu fiz na semana passada, em uma breve parada que nosso grupo fez lá. Fazia tempo que eu não ia até a Dom Cândido e confesso que preciso voltar para uma visita mais demorada, pois a passagem dos anos trouxe muitas novidades também para essa importante produtora do vale.
"Seu" Cândido Valduga fez 80 anos e uma bela festa uniu a família e, como só há de ser em família de vinhateiros, foi motivo para um vinho novo, comemorativo.
Recebi hoje, da assessoria de imprensa, a foto o aniversariante em família e cortando o bolo, que reproduzo abaixo.



Vigoroso e simpático, esse homem alto, de olhos muito azuis, é uma das figuras mais importantes da história da vitivinicultura do Vale do Vinhedos e merece muitos bons brindes!
Saúde e vida longa!