Acabo de saber que o Brasil vitivinícola perdeu Cleber Andrade, em um acidente na cidade de Barra do Ribeiro, no Rio Grande do Sul.
Eu conheci Cleber (que aparece em pé, na foto acima) nessa exata noite, em setembro de 2007.
Ele era, então, o enólogo responsável da vinícola Perini, de Farroupilha. No entanto, a vinícola havia adquirido as instalações da Bacardi Martini em Garibaldi, onde Cleber trabalhava anteriormente. Essa foto, aliás, foi feita lá.
Com o passar do anos Cleber foi, para mim, não apenas uma fonte segura e confiável de informações. Ele foi mais do que isso, profissionalmente ele foi um professor. Ensinou-me em linguagem acessível para uma leiga como eu, muitos dos detalhes do mundo do vinho, com paciência e bom humor.
Mas não é só isso. Cleber era um cantador, imitador, declamador de poesias. Na foto acima, à direita, ele emocionou à todos os presentes com poesias gauchescas cheias de emoção e nativismo. Essa foto foi feita em 2009, na Vinícola Geisse.
Não havia como ficar triste ao seu lado, mesmo quando ele compartilhava críticas ao mundo do vinho.
Na foto abaixo, feita em setembro de 2010, conversamos durante um jantar na Casa Valduga e lembro-me de suas palavras como se soassem em meus ouvidos ainda hoje: "Sílvia, nós brasileiros 'até' já aprendemos a fazer bons vinhos, mas ainda não aprendemos a vendê-los. Parece que não queremos nos desapegar do que fazemos" disse-me ele entre um brinde e outro.
Por fim, em setembro do ano passado, durante a Avaliação Nacional de Vinhos, ele desvendou para mim um dos 'segredos' dos aromas do vinho, explicando-me em poucas palavras um problema que acontece em alguns produtos e para o qual eu nunca havia tido uma boa explicação, a redução. Lembro-me dele chacoalhando a taça na mão, para me mostrar que com o movimento e a aeração, o aroma desagradável que eu sentia no produto, desaparecia. Lição de mestre, prática e teórica. Pouca gente consegue.
Pouco mais de um mês depois, voltamos a nos encontrar, na foto abaixo, num jantar no Valle Rústico, durante o Concurso do Espumante Brasileiro.
Foi uma noite memorável (não apenas pelo fato de todos os enólogos na foto estarem de camisas listradas), mas porque ele, Cleber (à esquerda na foto) junto de seu grande amigo Antonio Czarnobay (outro mestre dos espumantes brasileiros) terem cantado para mim e para o amigo Didú Russo, declamado poesias e espalhado chistes que fizeram dessa noite uma ocasião inesquecível, uma das mais alegres de minha vida.
E é exatamente esse último encontro que quero guardar em minha memória. Sua inteligência, sua alegria, seu humor e sua generosidade!
Sei que as coisas e as pessoas são impermanentes e que os únicos remédios que nos salvam da dor são a alegria e o amor (e algumas vezes o vinho, porque não?), por isso levanto meu brinde hoje ao amigo e enólogo Cleber Andrade, que nos deixa a saudade mas irá, com certeza, alegrar as pessoas no lugar para onde for!
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário