Vou ser bem sincera: o Salão não é assim 'maravilhoso', falta uma porção de coisas como áreas de alimentação regionalizadas (isso faria muita gente ganhar dinheiro), interatividade (que está em alguns estandes e passa longe de outros tantos), um piso que não estivesse mais esburacado que as marginais e outras coisinhas mais.
O que tem de bom: quem procura roteiros de viagem dentro do país vai achar de todos os tipos, tamanhos e preços e com descontos especiais. Quem nunca ouviu um grupo de música típica do meio-oeste brasileiro como eu vai encontrar - pois os shows são variados e acontecem a todo o momento, é só seguir o som (foto ao lado).
Existem folhetos, sacolinhas e papéis de todos os tipos (duvido que alguém se dê ao trabalho de ler todos eles), além de provas de alimentos, bebidas e artesanato em todos os cantos. É possível ver artesãos fazendo tapetes, figuras em madeira entalhadas, pintura, bordados e até mesmo ganhar um colarzinho de uma linda (e autêntica) baiana - é a morena da foto, okay?
Mas o bacana mesmo do Salão é que em cada estande - eles são divididos de acordo com as regiões brasileiras - as pessoas que nos recebem são MESMO dos lugares identificados em seus espaços.
Somente ontem eu conversei com uma amazonense linda, que faz sabonetes e cremes com frutas da amazônia, provei um sorvete de cajá-manga do cerrado (entre mais de 12 sabores que eu nunca tinha nem visto), servido por um rapaz do norte de Goiás, tirei a foto ao lado com um grupo de dança folclórica do Amapá (cujas moças estavam reclamando do frio paulistano coitadinhas), vi índios pataxós dançando, ouvi um autêntico forró pé-de-serra do Ceará, comi e comprei castanhas de cumbaru (deliciosas), entre tantas outras coisas.
Eu, que tenho o privilégio de fazer a ponte-aérea SP-Porto Alegre, estou tão acostumada a um Brasil muito 'colônia européia' que por vezes esqueço que a nossa diversidade é imensamente maior do que aquilo que estou acostumada a ver.
Os espaços do artesanato, engenhosamente divididos também por regiões, com cores diferentes mas o mesmo padrão visual unindo tudo, dão uma idéia impressionante do que as mãos dos brasileiros são capazes de produzir. Até porque a imensa maioria da peças vendidas alí não são feitas em fábricas. São produzidas em cooperativas de artesãos, são fruto de um trabalho minucioso, por vezes passado de geração para geração e que acaba por ser a fonte de renda de famílias inteiras. O painel das cestarias é um exemplo maravilhoso, cada uma delas representativa de uma região.
A propósito, há um local que vende a palha do Jalapão (aquela palha dourada lindíssima) com preços de verdade e não daqueles que se paga aqui em SP. O brilho das peças é de deixar a gente enlevado.
Lá pelo meio do passeio minha cabeça encontrou um trecho de uma música que a Elis Regina cantava, que dizia assim: "O Brasil não conhece o Brasil, o Brasil nunca foi ao Brasil". A cada passo a letra ecoava em minha mente.
Hoje fui procurar na internet e descobri que a música é de Aldir Blanc e chama-se (apropriadamente) 'Querelas do Brasil'. Tem vídeo dela no YouTube.
Passear no Salão e ouvir essa música faz a gente pensar uma porção de coisas. E além dos questionamentos políticos óbvios neste ano de eleição, faz a gente sentir uma coisa boa: um prazer imenso em ver um povo tão diverso e divertido, com tantos sotaques para uma mesma língua, com tantas vozes e belezas que precisam ser ouvidas e vistas.
Faz a gente pensar que há muito o que fazer, mas também há muito já feito e que precisa ser visto, aproveitado, usufruido, para assim gerar renda, manter a cultura viva, fazer a auto-estima do país crescer (e não somente em ano de Copa do Mundo) e assim a economia como um todo girar.
Oi Silvia,fiquei curiosa e vim correndo conhecer seu blog, ja dei uma xeretada por tudo.
ResponderExcluirGostei!