Colheita 2016

Colheita 2016
Seja bem-vindo! E que nunca nos falte o pão, o vinho e a saúde e alegria para compartilhar!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Hoje não tem vinho...mas tem Verde e Amarelo!

E Azul e Branco e todas as outras cores que compõem este magnífico país (apesar dos políticos, apesar dos impostos, apesar das diferenças brutais entre as classes).
Estou empolgada pois fui ontem com meus pais visitar o 5o Salão do Turismo - Roteiros do Brasil, no Anhembi aqui em São Paulo. Quem se cadastra pela internet não paga entrada. Mas fique atento: o estacionamento custa R$ 25,00 e as tentações de artesanato e de culinária também são pesadas no bolso.
Vou ser bem sincera: o Salão não é assim 'maravilhoso', falta uma porção de coisas como áreas de alimentação regionalizadas (isso faria muita gente ganhar dinheiro), interatividade (que está em alguns estandes e passa longe de outros tantos), um piso que não estivesse mais esburacado que as marginais e outras coisinhas mais.
O que tem de bom: quem procura roteiros de viagem dentro do país vai achar de todos os tipos, tamanhos e preços e com descontos especiais. Quem nunca ouviu um grupo de música típica do meio-oeste brasileiro como eu vai encontrar - pois os shows são variados e acontecem a todo o momento, é só seguir o som (foto ao lado).
Existem folhetos, sacolinhas e papéis de todos os tipos (duvido que alguém se dê ao trabalho de ler todos eles), além de provas de alimentos, bebidas e artesanato em todos os cantos. É possível ver artesãos fazendo tapetes, figuras em madeira entalhadas, pintura, bordados e até mesmo ganhar um colarzinho de uma linda (e autêntica) baiana - é a morena da foto, okay?
Mas o bacana mesmo do Salão é que em cada estande - eles são divididos de acordo com as regiões brasileiras - as pessoas que nos recebem são MESMO dos lugares identificados em seus espaços.
Somente ontem eu conversei com uma amazonense linda, que faz sabonetes e cremes com frutas da amazônia, provei um sorvete de cajá-manga do cerrado (entre mais de 12 sabores que eu nunca tinha nem visto), servido por um rapaz do norte de Goiás, tirei a foto ao lado com um grupo de dança folclórica do Amapá (cujas moças estavam reclamando do frio paulistano coitadinhas), vi índios pataxós dançando, ouvi um autêntico forró pé-de-serra do Ceará, comi e comprei castanhas de cumbaru (deliciosas), entre tantas outras coisas.

Eu, que tenho o privilégio de fazer a ponte-aérea SP-Porto Alegre, estou tão acostumada a um Brasil muito 'colônia européia' que por vezes esqueço que a nossa diversidade é imensamente maior do que aquilo que estou acostumada a ver.
Os espaços do artesanato, engenhosamente divididos também por regiões, com cores diferentes mas o mesmo padrão visual unindo tudo, dão uma idéia impressionante do que as mãos dos brasileiros são capazes de produzir. Até porque a imensa maioria da peças vendidas alí não são feitas em fábricas. São produzidas em cooperativas de artesãos, são fruto de um trabalho minucioso, por vezes passado de geração para geração e que acaba por ser a fonte de renda de famílias inteiras. O painel das cestarias é um exemplo maravilhoso, cada uma delas representativa de uma região.
A propósito, há um local que vende a palha do Jalapão (aquela palha dourada lindíssima) com preços de verdade e não daqueles que se paga aqui em SP. O brilho das peças é de deixar a gente enlevado.
Lá pelo meio do passeio minha cabeça encontrou um trecho de uma música que a Elis Regina cantava, que dizia assim: "O Brasil não conhece o Brasil, o Brasil nunca foi ao Brasil". A cada passo a letra ecoava em minha mente.

Hoje fui procurar na internet e descobri que a música é de Aldir Blanc e chama-se (apropriadamente) 'Querelas do Brasil'. Tem vídeo dela no YouTube.
Passear no Salão e ouvir essa música faz a gente pensar uma porção de coisas. E além dos questionamentos políticos óbvios neste ano de eleição, faz a gente sentir uma coisa boa: um prazer imenso em ver um povo tão diverso e divertido, com tantos sotaques para uma mesma língua, com tantas vozes e belezas que precisam ser ouvidas e vistas.
Faz a gente pensar que há muito o que fazer, mas também há muito já feito e que precisa ser visto, aproveitado, usufruido, para assim gerar renda, manter a cultura viva, fazer a auto-estima do país crescer (e não somente em ano de Copa do Mundo) e assim a economia como um todo girar.



Um comentário:

  1. Oi Silvia,fiquei curiosa e vim correndo conhecer seu blog, ja dei uma xeretada por tudo.
    Gostei!

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