Para quem não sabe, o jantar foi uma parceria entre a Secretaria de Turismo do município, a Casa de Madeira (bistrô que pertence ao grupo Casa Valduga) e a revista ADEGA, com o intuito de harmonizar os vinhos produzidos nos diferentes distritos de Bento Gonçalves e complementar a palestra que tinha sido proferida no dia anterior. Cada cliente pagou 50 reais por um jantar de cinco pratos e cinco vinhos.
Como eventos desse tipo são mais uma orquestra do que um solo, é preciso dar o devido valor à equipe da Valduga e da Casa de Madeira. Fabiano, gerente de Marketing da Valduga, que não somente é um homem de negócios mas também um homem de tremendo bom gosto, discutiu comigo os pratos que poderiam ser servidos, as necessidades de equipe de serviço e toda espécie de detalhes que, felizmente, os clientes nunca ficam sabendo, mas são o diferencial de um grande evento. Graças ao empenho dele, tudo deu certo.
Madeleine e Gertrudes, da Casa de Madeira (junto com a equipe que reuniram e da qual infelizmente eu não sei todos os nomes), puseram em marcha um evento que não costumam fazer e ainda assim trabalharam com alegria e bom humor, além de competência.
Uma equipe de cinco garçons foi de uma eficiência muito acima da média, até para os padrões de São Paulo, e não se incomodaram em nada por receber ordens de uma mulher que haviam acabado de conhecer, eu.
João Valduga abriu as portas de sua casa para um evento diferente e, principalmente, para os vinhos dos outros produtores. Esse tipo de comportamento me faz perceber que algumas coisas estão, aos poucos, mudando na Serra Gaúcha. Os vinicultores nem piscaram para mandar seus grandes vinhos e fizeram mais: os que puderam compareceram ao evento.
Na foto abaixo, Fabiano ao lado da esposa e de João Valduga, brindando com o espumante 130, o brut que não é a prata da casa, mas sim o ouro!
Quando a gente decide fazer um jantar harmonizado, seja uma pizza com os amigos em casa, seja em um restaurante com um cardápio grande ou até mesmo para uma aula, precisamos levar uma porção de coisas em consideração. Coisas que são muito mais parte do trabalho de um sommelier e de um chef de cozinha do que de um produtor de vinhos ou de um dono de restaurante.
O cliente, que em geral pagou um preço fechado por aquele evento, precisa ser provocado, precisa ser conduzido, precisa ser desafiado, mas principalmente, precisa sentir que valeu a pena. Então, equilibrar 68 paladares diferentes com um só cardápio não é coisa fácil, no sul ainda, é bem mais complicado.
Há um fundo de crítica aqui? Não, há uma percepção que levou tempo para ser confirmada. O gaúcho da Serra é uma pessoa que come em casa praticamente todos os dias. Come bem, tem mesa farta e copo cheio. Assim, por que ele vai sair de casa, gastar dinheiro e comer pouco?
Aqui em SP temos uma ligeira distorção, estamos tão acostumados a comer fora de casa (pode ser bem ou mal, muitas vezes apenas por necessidade), que perdemos um pouco a noção do valor que devemos dispender para uma boa refeição. Se ela incluir vinho então, daí o céu é o limite, como se diz.
Assim, meu objetivo com o jantar harmonizado era oferecer, ao mesmo tempo, uma refeição que 'valesse a pena', aproveitando o que a Serra tem de melhor, e que expandisse os horizontes dos comensais, para novas combinações de alimentos e bebidas.
Numa metáfora culinária: 'nada de viajar na maionese', mas sim de fazer 'quase' o mesmo, um pouco diferente, um pouco mais orientado.
Acho que deu certo. Para quem não soube, o cardápio servido está abaixo.
Cada vez que um dos pratos foi servido, assim como os vinhos, fazíamos uma pequena parada, explicávamos os componentes do prato e o estilo do vinho (duas vezes para cada prato, pois a Casa de Madeira tem dois andares e as pessoas se dividiram), incitando as pessoas a buscarem os aromas, os sabores e suas diversas possibilidades.
Foram mais de 3h de serviço, mais de 70 garrafas de vinhos e espumantes vertidos e uma certeza, a de que um evento como esse, com a tranquilidade com a qual transcorreu e a satisfação dos participantes, seria muito, mas MUITO mais difícil de fazer em SP. Sem contar que não sairia por menos de 200 reais por cabeça.
Tomara que as vinícolas da Serra tomem gosto por esse tipo de evento e passem a fazê-lo com maior frequência, afinal nenhum outro lugar tem tantos bons recursos à disposição para isso.
Na última foto, a polenta mole com codorna de cozimento super lento, que foi acompanhada do delicioso Valmarino Cabernet Franc 2008, XIII geração, uma combinação realmente especial.
Olá, Silvia
ResponderExcluirO teu blog é delicioso!
Eu estava lá, na belíssima noite do vale dos vinhedos...estrelada e cheia de sabores
Adorei teu blog!
Abs
Janete