É claro que as coisas podem melhorar e piorar, e é claro que muitas vezes não nos damos conta dessa 'passagem' ou melhor, alternância de estados e situações.
Sexta-feira passada fiz meu marido acordar 6h para me levar ao aeroporto de Congonhas. Às 7h35 eu já estava lá com check-in feito, mala despachada e tomando meu cafezinho na sala de embarque.
O vôo sairia às 9h03 em direção de Caxias do Sul.
Não saiu.
Alegaram que o aeroporto estava fechado por conta de condições meteorológicas desfavoráveis.
Era mentira.
Um dos ultrajados clientes ligou para o aeroporto Salgado Filho em Caxias do Sul e soube que o local ficou fechado por breves momentos, mas já estava aberto naquela hora.
Nos colocaram em um vôo às 10h20 (que saiu quase 11h) com destino a Porto Alegre. Outras pessoas que - como eu - perderam compromissos profissionais por conta disso, descobriram que os vôos de Caxias e Porto Alegre foram unidos pois havia poucos passageiros em cada um deles...
Sim pessoal, é verdade. Não dá para provar, portanto não dá para fazer boletim de ocorrência.
Um grupo bastante indignado resolveu ir até a ANAC que - pasmem - não fica mais dentro do aeroporto, mas do outro lado da avenida e (incrível) só abre às 11h da manhã. Era ir até lá e fazer a justa reclamação ou perder o "novo" vôo.
Chegamos em Porto Alegre depois do meio dia e aguardamos em um ônibus com ar condicionado quebrado (e claro que com vidros que não abrem) até 13h, quando então saímos para a viagem de duas horas até Caxias do Sul.
Eu deveria ter chegado às 10h30 e cheguei às 15h, sem almoço, sem janela aberta e com a sensação de que a ganância de algumas empresas está beirando o ridículo, e prejudicando quem trabalha sério.
Quem paga/devolve a diferença da passagem? (ir para Porto Alegre é mais barato do que ir para Caxias), quem paga os compromissos desmarcados, as dezenas de ligações interurbanas via celular para avisar que não poderemos estar onde combinamos (e pagamos para) estar, quem paga a fome, o desconforto, a descortesia?
Ninguém paga, ninguém tem como reclamar nem como fazer nada. Só a GOL opera no aeroporto de Caxias do Sul, então ela manda lá. E como as condições climáticas são mesmo complicadas muitas vezes (e a pista é pequena e os aparelhos são antiquados), eles se dão ao desplante de usarem essa desculpa quando querem 'economizar' um vôo pelo qual os passageiros já pagaram.
Aluguei um carro e fui para o segundo compromisso que consegui remarcar pela metade. Iria ver uma parte da colheita da uva Pinotage, que seria até 16h, mas só consegui chegar na vinícola às 16h50. Felizmente, o enólogo ainda topou me receber para um papo e uma volta nos vinhedos.
Que bom que fez isso, pois foram as últimas horas de sol de um final de semana MUITO chuvoso, abafado e cheio de neblina em toda a Serra Gaúcha.
E esse é o lado bom.
A Serra é um encanto sob qualquer clima, muito embora um excesso de chuvas agora deixe os enólogos de cabelos em pé e - como me disse outro deles no sábado - "com um bolo de preocupação fermentando no estômago".
Lado bom e lado ruim caminham juntos nesta vida, e algumas vezes nos são apresentados com a clareza de um filme em 3D, com som surround, só não percebe quem não presta atenção na própria existência.
Este final de semana foi um deles.
Uma linda festa na Dal Pizzol ficou sendo contida e solta, feito rédea de potro, por conta da chuva que ia e voltava. Lá tive uma longa conversa com o super acessível prefeito de Bento Gonçalves, Roberto Lunelli do PT (foto abaixo), falando das dificuldades e vantagens do enoturismo e da indústria do vinho.
Vou falar de Dal Pizzol e do evento em uma postagem amanhã. Mas pouco antes de sair do evento, o enólogo me ofereceu mais uma taça de espumante. Eu recusei. Já fazia mais de uma hora que não bebia nada, pensando na estrada, na chuva, na neblina e no carro alugado que eu não conhecia direito.
Ainda bem. Poucos quilómetros depois de sair de lá presenciei um acidente grave, cujo socorro chegou praticamente ao mesmo tempo em que eu me aproximava do local.
Fiquei parada na estrada por mais de 20 minutos enquanto os bombeiros socorriam duas pessoas em macas e (creio) uma terceira estava sendo tirada das ferragens.
Só consegui distinguir um dos carros, o outro não dava para saber o que era. Fiz a foto abaixo de dentro do carro, pois (apesar de ser repórter) não vou olhar sangue se não puder fazer nada para ajudar. E o socorro já estava lá.
Gente! Sou do mundo do vinho, mas chuva, estrada, neblina já são itens demais numa coleção de perigos. Se essas forem as cartas do jogo, não coloquem álcool junto. É chamar a desgraça para perto.
Mas para encerrar bem, fica uma imagem de um casal muito querido (Gabriela e Christian) durante o delicioso jantar na Trattoria Primo Camilo em Garibaldi na sexta-feira, tomando espumante Gran Legado Champenoise.
Amanhã tem mais!
Olá Silvia, sempre é um prazer ler o seus artigos! Esse em especial moveu o meu espirito, pois estive tambem no final de semana no Brasil, mas, na Campanha - Livramento e Dom Pedrito - visitando vinhedos e vinícolas! Ontem foi um dia muito prazeroso. Hoje estou já em Montevidéu, com trabalho atrassado e a causa de um problema, sem carro(ele esta na oficina mecânica) Necessitei sair para um compromiso (morreu a mai de uma pessoa conhecida) mas nem consegui pegar um taxi para chegar saludar a família....já que foi impossível conseguir o serviço na hora. A minha expressão só pode ser "Cidade de porcaria, esta de Montevidéu" que não consigo o que necessitou.... mas, em fim, a vida e curta e com certeza tem os seus dois lados! .... concordo com você, "- um bom, e um nem tanto" Abraço e espero lhe encontar em breve!
ResponderExcluirOlá Sílvia,
ResponderExcluirSe as vindas para a serra gaúcha estão se tornando um martírio por conta das condições climáticas no verão, imagine no inverno...fora essas questões das cias aéreas,desrespeito total.. estive agora nas férias visitando algumas vinícolas de São Joaquim-SC. A Vila Francione é impactante a Quinta Santa Maria fez eu andar alguns kmtrs numa terrível estrada pra me informarem q só atendem na loja do centro de São Joaquim, mas enfim, valeu a pena pela paisagem nos campos,das macieiras, amexeiras e pereiras consorciadas com as videiras. trouxe vinhos da Susin, Vila Francioni(chardonnay c/12 meses de carvalho) e um fortificado da QSM. parece q Acavitis está bem organizada pra trabalhar o enoturismo... continuo de férias mais essa semana.. pretendo visitar a Bruna Cristófoli e o pessoal da Viapina aqui na serra essa semana...
saludos e melhor sorte na próxima vinda
jose@penadelsur.com.br
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