Colheita 2016

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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Um comentário



Muita gente já ouviu falar que o vinho aproxima as pessoas, "que a cerveja faz amigos e o vinho os mantêm" e coisas do gênero.
Mas a imprensa do vinho (creio que como a imprensa em geral), tem muita fofoca, muita gente que se diz amigo para favorecer conexões e conseguir uma ou outra facilidade, principalmente trabalhando com um produto que é, na imensa maioria das vezes, um luxo. Acontece em todos os setores, é verdade, e os limites do que é trabalho, do que é prazer e do que 'seria' amizade, ficam um pouco esmaecidos quando convêm a uma porção de gente. No final das contas, este é um trabalho como qualquer outro.
Devemos nos respeitar e não usar de falsidade com tanta frequência.
Eu sou uma pessoa de poucos amigos. Gosto de muita gente, e gosto bastante delas, mas tenho poucos amigos.
Por viver das palavras, tenho enorme respeito por elas e evito usar a palavra 'amigo' se não for para alguém que eu seria capaz de considerar uma doação de rim, para ver quão séria é a coisa. 
Ainda por cima me incomodo com aqueles que são 'amigos de todos', que estão em todas as redes sociais só para somar números (talvez agora faça sentido que eu não seja boa com números...), que estão em todas as degustações, que são capazes de lhe chamar de amigo pela frente e de falar mal de você pelas costas ainda no mesmo evento.
E, ultimamente, tenho me incomodado com pessoas que mal me conhecem e mandam emails pedindo informações que elas, como 'trabalhadores da notícia' que se dizem deveriam procurar por sí mesmas.
Ninguém nasce sabendo e ninguém tem a obrigação de saber tudo. E é óbvio que algumas vezes é muito mais fácil mandar uma pergunta para uma pessoa conhecida que é especialista em um assunto, do que fazer uma pesquisa na internet com resultados múltiplos e duvidosos.
No jargão jornalístico a pesquisa se chama 'fazer a lição de casa', ou seja, ir entrevistar alguém sabendo o mínimo sobre essa pessoa, sobre o assunto que você pretende tratar, sobre uma situação em geral. Todo jornalista que se preza tem, também, suas fontes confiáveis, a quem recorrer em momentos de sufoco ou tempo curto e elas são bastante usadas e algumas vezes viram realmente amigas.
Mas cair de paraquedas em um assunto e sair disparando emails pedindo informações genéricas é pedir para não ser atendido. E não é coisa de amigo.
Tem acontecido muito no mundo do vinho brasileiro, quando alguém finalmente toma coragem de provar um vinho nacional e (alvíssaras!!!) descobre que presta e resolve acordar para esse mundo, pois ele pode lhe atrair algum bom negócio, algum novo esquema.
Sei que o próprio mercado se encarrega de separar o engaço da baga, eventualmente, mas enquanto isso gente boa perde espaço para aventureiros, publicações são lotadas de bobagens escritas por 'pseudo' enófilos do vinho brasileiro que trabalham de graça só para aparecer, e muitos bons assessores de imprensa ficam enlouquecidos com esses espertalhões.
Aprofundar-se em qualquer assunto é missão de uma vida. No mundo do vinho que muda safra a safra, pior ainda. Ninguém é capaz de conhecer tudo.
Na maioria das vezes, quem advoga para si ser um profundo conhecedor, ter bebido todas as safras e lembrar-se de cada uma com suas nuances, sabores, produtor e sobrenome do rapaz que carregava as caixas das uvas, pode ter uma memória de elefante, mas deve ter também a simpatia de uma hiena e o charme de um urubu.
Tenho amigos advindos do vinho, felizmente, mas faço questão de tentar separar os mundos. "O que o vinho uniu, que a informação não separe".
Bons e honestos goles!

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