Engraçado no seguinte sentido: quando comecei a participar de degustações profissionalmente - isso em 1994/1995 - esse era um mundo completamente masculino. Várias vezes eu fui a única mulher em salas com 20/25 homens bem mais velhos. Muitos deles na ativa ainda hoje.
Mas isso mudou muito. Claro que não chegamos ao ponto de termos 50% do espaço, e nem chegaremos por motivos que não cabe discutir aqui, mas somos muitas mulheres, jornalistas do vinho, sommeliers, editoras de revistas especializadas, enólogas etc.
O Chile, por exemplo, tem uma dúzia de vinícolas chefiadas por enólogas, que fazem um grande trabalho e recebem o devido reconhecimento por isso, e aqui no país também temos um bom contingente de enólogas em várias vinícolas.
Assim, entrar em uma vinícola eminentemente masculina foi um sensação engraçada, para dizer o mínimo. Atentem que esta não é uma postagem sexista, é simplesmente uma constatação.
Vejam a foto abaixo:
Da esquerda para a direita estão Gervásio Viapiana, o patriarca que fundou a vinícola com seu irmão Antonio (que não está na foto), Elton Viapiana, o enólogo chefe (filho de Antonio) e Eumar Viapiana, Diretor Financeiro e um 'quase' engenheiro químico, como ele mesmo diz, filho de Gervásio. "Os homens que cheiram vinho", como brinca o jornalista Beto Gerosa.
Na outra foto estamos (da direita para a esquerda), eu, César Viapiana (neto de Gervásio), que é o Diretor de Marketing e Comercial da vinícola e Janquiel Mesturini, assessor de imprensa.
Apresentações feitas, vamos ao que interessa. A Viapiana completa 25 anos de fundação este ano. Situada em Flores da Cunha, a capital política do vinho no Brasil, tem uma linda estrutura física, recém-terminada, com loja elegante (aí sim há uma mulher), bar de vinhos, uma sala de degustação super moderna e uma sala de jantar com cozinha profissional de cair o queixo. Fora os vinhos, vinhos que precisamos conhecer melhor.
O espumante brut caiu tão refrescante e saboroso na manhã super quente da última sexta-feira, que não me furtei de provar uma segunda taça. Brancos diferenciados, como um Sauvignon Blanc muito bem feito e tintos em vários estilos, inclusive um blend de safra e uvas não reveladas (o que estamos brindando na foto acima, o Gerant (Gervásio e Antonio, claro).
Um detalhe, descobri que a família Viapiana imigrou da mesma cidade da Itália de onde vieram meus ancestrais, Mantova. Tutti buona gente!
Na foto abaixo uma constatação que nem vou comentar: colocação manual do selo de controle fiscal. Cola branca, pincel e muita paciência...
E para completar o passeio, que teve direito a um almoço delicioso em um restaurante da tranquila Flores da Cunha, uma foto do novo vinhedo de Pinot Noir da vinícola, de onde talvez resulte em uns 3 anos, um vinho muito especial. Esse vinhedo, a propósito, é o xodó do fundador (que tem quase 80 anos), que passa boa parte do dia cuidando dele, mesmo sob o sol inclemente.
Homens fortes, determinados, trabalhadores, que fazem uma vitivinicultura séria. Um prazer conhecê-los!
Silvia,
ResponderExcluirConheço os vinhos da Viapiana, são uma grata surpresa, já tive a oportunidade de provar praticamente todos, desde Corte V que é sensacional custo x beneficio ao espetacular GERANTE, sem duvida um dos melhores vinhos brasileiros de todos os tempos. Imagino que a região de Flores da Cunha nunca tenha tido um vinho tão bem elaborado.
Grande abração
Menoncin - Enólogo e Sommelier