Caros leitores, comunico que minha sogra Zelinda faleceu na manhã de hoje.
Deixa o marido, dois filhos, duas noras e um neto.
Sua falta será sentida por todos os que tiveram o prazer de sua convivência, uma mulher que jamais foi alvo do uso pejorativo da palavra 'sogra', fato que - mais do que qualquer coisa - fala sobre suas qualidades de esposa e mãe.
Estou em luto e ficarei sem atualizar o blog por um tempo.
quinta-feira, 28 de abril de 2011
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Expovinis 1
Dia movimentado na Expovinis.
No primeiro dia muitas coisas ainda estão funcionando precariamente (e não importa que a feira já esteja em sua 15a edição, cada ano tem seus problemas), mas nada que um pouco de jeito e paciência não consigam contornar.
Infelizmente, quase não fiz fotos (hoje vou chegar mais cedo e fazer), mas tenho que dizer que os espumantes que provei estavam deliciosos.
Estive no lançamento do novo vinho da catarinense Villaggio Grando e pude provar mais uma vez dois vinhos deles que aprecio muito, o Chardonnay e o Inominable Lote III, que vem evoluindo muito bem.
O vinho lançado ontem, que está na foto ao lado, é o Além Mar 2008, que tem todo o estilo de um vinho português (na verdade foi elaborado pelo enólogo Antonio Saramago, conhecido e respeitado aqui e em Portugal), mas o corte é de uvas francesas, Cabernet Franc, Malbec e Merlot.
É jovem e intenso e acredito que necessita de pelo menos dois anos em garrafa para acalmar seus taninos. Mas é muito promissor.
A Villaggio Grando tem um estilo que me agrada muito, com boas mesclas, uma boa dose de ousadia e preços que, embora não sejam baixos, também não são proibitivos. O que é sempre bom.
Neste ano, a revista ADEGA, da qual sou editora de Vinhos, está com um estande muito agradável, onde temos nosso 'aquário de degustação'. É um espaço para onde os produtores e importadores podem levar suas amostras e a equipe senta-se no final do dia para degustar às cegas. Totalmente às cegas, pois não sabemos nem sequer de onde vieram os vinhos. E o público que fica andando em volta fica nos observando. É bem engraçado.
Na foto abaixo estamos, da esquerda para a direita, Eduardo Milan, eu, Juliana Reis, Vinícius Santiago, Hong Sup Kim e Laura Aria, no meio da degustação dos brancos.
No primeiro dia muitas coisas ainda estão funcionando precariamente (e não importa que a feira já esteja em sua 15a edição, cada ano tem seus problemas), mas nada que um pouco de jeito e paciência não consigam contornar.
Infelizmente, quase não fiz fotos (hoje vou chegar mais cedo e fazer), mas tenho que dizer que os espumantes que provei estavam deliciosos.
Estive no lançamento do novo vinho da catarinense Villaggio Grando e pude provar mais uma vez dois vinhos deles que aprecio muito, o Chardonnay e o Inominable Lote III, que vem evoluindo muito bem.
O vinho lançado ontem, que está na foto ao lado, é o Além Mar 2008, que tem todo o estilo de um vinho português (na verdade foi elaborado pelo enólogo Antonio Saramago, conhecido e respeitado aqui e em Portugal), mas o corte é de uvas francesas, Cabernet Franc, Malbec e Merlot.
É jovem e intenso e acredito que necessita de pelo menos dois anos em garrafa para acalmar seus taninos. Mas é muito promissor.
A Villaggio Grando tem um estilo que me agrada muito, com boas mesclas, uma boa dose de ousadia e preços que, embora não sejam baixos, também não são proibitivos. O que é sempre bom.
Neste ano, a revista ADEGA, da qual sou editora de Vinhos, está com um estande muito agradável, onde temos nosso 'aquário de degustação'. É um espaço para onde os produtores e importadores podem levar suas amostras e a equipe senta-se no final do dia para degustar às cegas. Totalmente às cegas, pois não sabemos nem sequer de onde vieram os vinhos. E o público que fica andando em volta fica nos observando. É bem engraçado.
Na foto abaixo estamos, da esquerda para a direita, Eduardo Milan, eu, Juliana Reis, Vinícius Santiago, Hong Sup Kim e Laura Aria, no meio da degustação dos brancos.
A feira, neste ano, está muito grande. É bastante complicado conseguir fazer as coisas em uma programação que - acreditem - estabeleci para mim. Acabei não indo até o lançamento do espumante Maria Valduga ontem, mas consegui estar presente na apresentação das regras da primeira DO (Denominação de Origem) brasileira, que está apenas esperando o documento final e oficial que deve chegar do INPI.
Lá, provamos oito dos onze vinhos que já estão dentro das regras (rígidas) da DO. Tenho que dizer que dois deles (Merlots) me surpreenderam e hoje vou tentar prová-los novamente para ver se confirmo a minha primeira impressão.
Problemas numa feira desse tamanho existem, claro, e embora pareçam facilmente solucionáveis, ano após ano estão lá repetindo-se incompreensivelmente: banheiros lotados, nenhum restaurante, problemas com taças e água para lavá-las, por exemplo.
Hoje tem muito mais. Aliás, hoje tem a minha palestra sobre espumantes brasileiros e o lançamento do Guia Descorchados, do chileno Patricio Tápia, lá no estande de ADEGA, às 18h.
Bons goles!
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terça-feira, 26 de abril de 2011
EXPOVINIS - ABERTURA HOJE!
Será aberta hoje a Expovinis (15o Salão Internacional de Vinhos), no pavilhão vermelho do Expo Center Norte aqui em São Paulo. A partir das 13h e até às 21h os profissionais do setor poderão conhecer novidades e vinhos consagrados de todo o mundo.
Amanhã e quinta-feira, depois das 18h, o acesso é permitido ao público em geral mediante a compra de ingressos. O horário do público tem sido restringido por conta dos excessos que muita gente que não é do meio comete em feiras como essas.
Não é dizer que colegas enófilos e jornalistas não se empolguem também e acabem bebendo além da conta, mas isso é muito mais comum entre aqueles que não 'bebem profissionalmente'.
No mesmo espaço da feira de vinhos ocorrem também as feiras de Cachaça e pela primeira vez a de Azeites de Oliva - o que não deixa de ser um contraponto importante, protegendo o estômago do álcool ingerido.
Serão muitos lançamentos neste ano, mas vou 'puxar a brasa para minha sardinha' e falar de alguns produtos que ainda não provei mas que estão em minha lista de prioridades. Um deles é o espumante da Almadén, que está sendo relançado depois de recriado pela Miolo. Serão duas versões, Brut e meio-Doce.
As uvas que entram no corte desses Charmat são Chenin Blanc, Semillon e Chardonnay.
Já a Casa Valduga vai no sentido oposto e lança um espumante feito pelo método tradicional em roupagem super sofisticada. O Maria Valduga é uma homenagem luxuosa à matriarca da família, que apreciava muito os espumantes feitos pelo método tradicional. Ela faleceu há quase dois anos, depois de lutar contra um câncer de pele.
O espumante é feito com as uvas Chardonnay e Pinot Noir do Vale dos Vinhedos e a garrafa número zero recebeu aplicação de ouro e cristais austríacos. Coisa de colecionador e uma linda homenagem às mães.
Mas eu estou falando tanto de espumantes (também teremos o lançamento do espumante da vinícola Guatambu, sobre a qual falei no post anterior) de de novidades da Suzin da Santa Catarina, também, pois amanhã, 4a feira, farei uma palestra com degustação sobre espumantes brasileiros.
O convite veio através do SENAC-SP que, em parceria com o Ibravin, organizou uma série de palestras sobre vinhos e assuntos relacionados à sua comercialização, abertas e gratuitas para os visitantes da feira.
Amanhã, às 16 horas, iremos degustar vinhos de cinco terroirs bastante distintos: Vale dos Vinhedos, Faria Lemos, Garibaldi, Urupema (SC) e Vale dos São Francisco (BA), com uma surpresa no final.
Quem estiver por lá e quiser comparecer, é só chegar ao local das palestras com 30 minutos de antecedência e se inscrever.
Neste ano o Brasil estará presente na feira com mais de 40 vinícolas, mostrando de tudo um pouco sobre a produção nacional. Desde gigantes, como a Vinícola Aurora (que decidiu voltar a participar da feira depois de alguns anos fora), passando por nomes consagradados como a Lídio Carraro, até pequenas vinícolas como a Santa Augusta de Santa Catarina, será possível provar vinhos finos nacionais que custam de 12 a 200 reais. Uma oportunidade única.
Bons, variados e comedidos goles para todos!
Amanhã e quinta-feira, depois das 18h, o acesso é permitido ao público em geral mediante a compra de ingressos. O horário do público tem sido restringido por conta dos excessos que muita gente que não é do meio comete em feiras como essas.
Não é dizer que colegas enófilos e jornalistas não se empolguem também e acabem bebendo além da conta, mas isso é muito mais comum entre aqueles que não 'bebem profissionalmente'.
No mesmo espaço da feira de vinhos ocorrem também as feiras de Cachaça e pela primeira vez a de Azeites de Oliva - o que não deixa de ser um contraponto importante, protegendo o estômago do álcool ingerido.
Serão muitos lançamentos neste ano, mas vou 'puxar a brasa para minha sardinha' e falar de alguns produtos que ainda não provei mas que estão em minha lista de prioridades. Um deles é o espumante da Almadén, que está sendo relançado depois de recriado pela Miolo. Serão duas versões, Brut e meio-Doce.
As uvas que entram no corte desses Charmat são Chenin Blanc, Semillon e Chardonnay.
Já a Casa Valduga vai no sentido oposto e lança um espumante feito pelo método tradicional em roupagem super sofisticada. O Maria Valduga é uma homenagem luxuosa à matriarca da família, que apreciava muito os espumantes feitos pelo método tradicional. Ela faleceu há quase dois anos, depois de lutar contra um câncer de pele.
O espumante é feito com as uvas Chardonnay e Pinot Noir do Vale dos Vinhedos e a garrafa número zero recebeu aplicação de ouro e cristais austríacos. Coisa de colecionador e uma linda homenagem às mães.
Mas eu estou falando tanto de espumantes (também teremos o lançamento do espumante da vinícola Guatambu, sobre a qual falei no post anterior) de de novidades da Suzin da Santa Catarina, também, pois amanhã, 4a feira, farei uma palestra com degustação sobre espumantes brasileiros.
O convite veio através do SENAC-SP que, em parceria com o Ibravin, organizou uma série de palestras sobre vinhos e assuntos relacionados à sua comercialização, abertas e gratuitas para os visitantes da feira.
Amanhã, às 16 horas, iremos degustar vinhos de cinco terroirs bastante distintos: Vale dos Vinhedos, Faria Lemos, Garibaldi, Urupema (SC) e Vale dos São Francisco (BA), com uma surpresa no final.
Quem estiver por lá e quiser comparecer, é só chegar ao local das palestras com 30 minutos de antecedência e se inscrever.
Neste ano o Brasil estará presente na feira com mais de 40 vinícolas, mostrando de tudo um pouco sobre a produção nacional. Desde gigantes, como a Vinícola Aurora (que decidiu voltar a participar da feira depois de alguns anos fora), passando por nomes consagradados como a Lídio Carraro, até pequenas vinícolas como a Santa Augusta de Santa Catarina, será possível provar vinhos finos nacionais que custam de 12 a 200 reais. Uma oportunidade única.
Bons, variados e comedidos goles para todos!
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domingo, 24 de abril de 2011
Dos confins do Brasil
Está fazendo quase um ano - foi na Expovinis do ano passado - que eu conheci a Guatambu.
Eles estavam entre os 4/5 estandes dos vinicultores da campanha gaúcha logo na entrada da feira. Cheguei até eles pois já conhecia, e apreciava, o trabalho da vinícola Cordilheira de Sant'anna e lá me perguntaram se eu já havia provado os vinhos da Campos de Cima (de Itaqui) e da Guatambu, duas das vinícolas ao lado deles.
Eu não conhecia nenhum dos dois, mas fui conquistada logo de cara! Da Campos de Cima (de Hortência e José Ayub) falarei em outro post, pois hoje vou falar da Guatambu.
Fui recebida por toda família (o que no Brasil é bastante comum no mundo do vinho), pai, mãe, filha e genro. Naquele mesmo dia quase 'obriguei' os donos a me venderem duas garrafas de seu Cabernet Sauvignon e uma delas foi aberta na mesma noite, durante um jantar com vinhateiros muito tradicionais da serra, que ficaram impressionados.
De lá para cá muito vento varreu os campos, e somente no mês passado eu consegui cumprir a promessa de ir conhecer as terras deles, durante a viagem que fiz para a Campanha.
A família Pötter é estabelecida em Dom Pedrito, extremo sul do país, muito próximo da fronteira com o Uruguai e são agropecuaristas importantes não apenas da região, mas do Brasil.
O monumento ao lado - que fica na entrada da cidade - foi doado por eles para a municipalidade no ano passado e celebra a paz farroupilha.
Mas o terroir onde ficam os vinhedos está um pouco afastado da cidade, por uma estrada de terra (ou de chão, como dizem eles) muito boa. Cheguei já no final da tarde, na companhia de Gabriela - a filha mais velha que é agrônoma e especializada em enologia - e de Valter, o pai, que é veterinário de formação, mas cuja lide nos campos lhe ensinou muito mais do que o trato com os animais.
A entrada dos vinhedos está na foto do começo deste post e nesta outra está a casa sede vista dos vinhedos ao cair da tarde.
Os vinhedos são jovens (de 2003) e uma boa parte ainda está sendo implantada. Desde o começo eles tiveram o apoio da Embrapa, na pessoa do enólogo Mauro Zanus, que fez as primeiras vinificações de teste e até hoje os auxilia nos vinhos tranquilos.
Já o primeiro espumante da vinícola - que será lançado nessa próxima semana na Expovinis - vem das mãos do enólogo uruguaio Alejandro Cardozo, da vinícola Piagentini de Caxias do Sul.
Gabriela e o pai (ambos na foto ao lado) estarão aqui em São Paulo apresentando essa e outra novidade, a safra nova do Gewurztraminer, que para mim promete muito, vindo dessa região.
É interessante perceber como a vitinicultura vem se desenvolvendo rapidamente na Campanha Gaúcha, ao meu ver a região nova mais promissora de todo o Brasil. E tenho observado famílias, enólogos e empreendedores, muito empenhados em desenvolver essa indústria em um região até "ontem" conhecida apenas pelos longos campos de pasto e plantio de cereais, que na geografia forma o 'bioma pampa'.
Claro que pesa o fato da Almadén ter sido salva do limbo pela Miolo e da própria Cordilheira de Sant'anna estar disposta a falar de seus desafios e conquistas na mesma região.
Tanto é que a associação dos produtores da Campanha tem como presidente o gerente da Almadén, Afrânio de Morais e como vice Valter Pötter, e luta para que seus 14 vinhateiros e mais um produtor de uvas trabalhem sempre nos mais altos padrões de qualidade, para 'trabalhar certo desde o começo', como eles costumam dizer. E que ninguém deixe de levar esse pessoal a sério, pois além da Miolo - que está lá não apenas com a Almadén mas também com o Seival Estate (antiga Fortaleza do Seival) e com a Bueno Estate - do Galvão Bueno - também a Salton adquiriu uma enormidade de terras por lá. Isso sem contar os outros vinhateiros, que podem parecer pequenos agora, mas não entraram nessa briga para perder, como a Dunamis e a Peruzzo, entre outras.
O que me agradou especialmente na Guatambu (além de seu Cabernet que continuo achando correto, saboroso e com excelente relação de preço x qualidade) é a alegria com a qual trabalham, um profissionalismo que não é artificial, um orgulho em ver os frutos da terra em cada taça, satisfazendo paladares.
Torço para que sigam trabalhando assim e que dessa maneira correta, agradável e profissional, tenham sucesso. E aproveito para contar que compartilho com outros jornalistas amigos da simpatia pelos nomes escolhidos para os vinhos: Rastros do Pampa, Luar do Pampa, Nuances do Pampa.
Em tempo: a vinícola está em construção já, e Gabriela espera poder vinificar a safra 2012 em 'casa própria', que também deverá alavancar o enoturismo da região.
P.S.: A associação de Vinhos da Campanha conseguiu dar um passou ousado. Na cidade de Santana do Livramento, bem na avenida onde o Brasil se funde com a cidade de Rivera no Uruguai, eles adquiriram um imóvel em uma importante avenida que dá acesso às compras no Uruguai. Alí colocaram sua sede e uma loja com os vinhos de seus associados. É uma forma de dar visibilidade e - quem sabe - diminuir as compras de vinhos estrangeiros (muitos deles falsificados) que vem do lado de lá da fronteira.
Eles estavam entre os 4/5 estandes dos vinicultores da campanha gaúcha logo na entrada da feira. Cheguei até eles pois já conhecia, e apreciava, o trabalho da vinícola Cordilheira de Sant'anna e lá me perguntaram se eu já havia provado os vinhos da Campos de Cima (de Itaqui) e da Guatambu, duas das vinícolas ao lado deles.
Eu não conhecia nenhum dos dois, mas fui conquistada logo de cara! Da Campos de Cima (de Hortência e José Ayub) falarei em outro post, pois hoje vou falar da Guatambu.
Fui recebida por toda família (o que no Brasil é bastante comum no mundo do vinho), pai, mãe, filha e genro. Naquele mesmo dia quase 'obriguei' os donos a me venderem duas garrafas de seu Cabernet Sauvignon e uma delas foi aberta na mesma noite, durante um jantar com vinhateiros muito tradicionais da serra, que ficaram impressionados.
De lá para cá muito vento varreu os campos, e somente no mês passado eu consegui cumprir a promessa de ir conhecer as terras deles, durante a viagem que fiz para a Campanha.
A família Pötter é estabelecida em Dom Pedrito, extremo sul do país, muito próximo da fronteira com o Uruguai e são agropecuaristas importantes não apenas da região, mas do Brasil.
O monumento ao lado - que fica na entrada da cidade - foi doado por eles para a municipalidade no ano passado e celebra a paz farroupilha.
Mas o terroir onde ficam os vinhedos está um pouco afastado da cidade, por uma estrada de terra (ou de chão, como dizem eles) muito boa. Cheguei já no final da tarde, na companhia de Gabriela - a filha mais velha que é agrônoma e especializada em enologia - e de Valter, o pai, que é veterinário de formação, mas cuja lide nos campos lhe ensinou muito mais do que o trato com os animais.
A entrada dos vinhedos está na foto do começo deste post e nesta outra está a casa sede vista dos vinhedos ao cair da tarde.
Os vinhedos são jovens (de 2003) e uma boa parte ainda está sendo implantada. Desde o começo eles tiveram o apoio da Embrapa, na pessoa do enólogo Mauro Zanus, que fez as primeiras vinificações de teste e até hoje os auxilia nos vinhos tranquilos.
Já o primeiro espumante da vinícola - que será lançado nessa próxima semana na Expovinis - vem das mãos do enólogo uruguaio Alejandro Cardozo, da vinícola Piagentini de Caxias do Sul.
Gabriela e o pai (ambos na foto ao lado) estarão aqui em São Paulo apresentando essa e outra novidade, a safra nova do Gewurztraminer, que para mim promete muito, vindo dessa região.
É interessante perceber como a vitinicultura vem se desenvolvendo rapidamente na Campanha Gaúcha, ao meu ver a região nova mais promissora de todo o Brasil. E tenho observado famílias, enólogos e empreendedores, muito empenhados em desenvolver essa indústria em um região até "ontem" conhecida apenas pelos longos campos de pasto e plantio de cereais, que na geografia forma o 'bioma pampa'.
Claro que pesa o fato da Almadén ter sido salva do limbo pela Miolo e da própria Cordilheira de Sant'anna estar disposta a falar de seus desafios e conquistas na mesma região.
Tanto é que a associação dos produtores da Campanha tem como presidente o gerente da Almadén, Afrânio de Morais e como vice Valter Pötter, e luta para que seus 14 vinhateiros e mais um produtor de uvas trabalhem sempre nos mais altos padrões de qualidade, para 'trabalhar certo desde o começo', como eles costumam dizer. E que ninguém deixe de levar esse pessoal a sério, pois além da Miolo - que está lá não apenas com a Almadén mas também com o Seival Estate (antiga Fortaleza do Seival) e com a Bueno Estate - do Galvão Bueno - também a Salton adquiriu uma enormidade de terras por lá. Isso sem contar os outros vinhateiros, que podem parecer pequenos agora, mas não entraram nessa briga para perder, como a Dunamis e a Peruzzo, entre outras.
O que me agradou especialmente na Guatambu (além de seu Cabernet que continuo achando correto, saboroso e com excelente relação de preço x qualidade) é a alegria com a qual trabalham, um profissionalismo que não é artificial, um orgulho em ver os frutos da terra em cada taça, satisfazendo paladares.
Torço para que sigam trabalhando assim e que dessa maneira correta, agradável e profissional, tenham sucesso. E aproveito para contar que compartilho com outros jornalistas amigos da simpatia pelos nomes escolhidos para os vinhos: Rastros do Pampa, Luar do Pampa, Nuances do Pampa.
Em tempo: a vinícola está em construção já, e Gabriela espera poder vinificar a safra 2012 em 'casa própria', que também deverá alavancar o enoturismo da região.
P.S.: A associação de Vinhos da Campanha conseguiu dar um passou ousado. Na cidade de Santana do Livramento, bem na avenida onde o Brasil se funde com a cidade de Rivera no Uruguai, eles adquiriram um imóvel em uma importante avenida que dá acesso às compras no Uruguai. Alí colocaram sua sede e uma loja com os vinhos de seus associados. É uma forma de dar visibilidade e - quem sabe - diminuir as compras de vinhos estrangeiros (muitos deles falsificados) que vem do lado de lá da fronteira.
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sexta-feira, 22 de abril de 2011
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Branco, Bom e Barato
Eu adoro vinhos brancos, aliás nos últimos tempos é quase só o que tenho bebido.
Hoje, fazendo compras em um supermercado 'menos básico' daqui de SP, me deparei com quatro vinhos brancos na faixa entre 30 e 45 reais que têm boa procedência e são super agradáveis para este tempo que não é nem frio e nem quente.
São eles: Miolo Chardonnay 2009, com uvas lá da Campanha Gaúcha (esse vinho - não essa safra - passou algum tempo no limbo, mas desde 2008/2009 vem ficando mais interessante a cada safra), Montes Chardonnay 2009, da vinícola chilena Montes, que traz consigo o rígido controle de qualidade dessa que é uma das mais famosas vinícolas chilenas no exterior. Esse vinho é de sua linha básica, mas assim mesmo é correto e saboroso.
Depois, vindos de Portugal, temos uma opção que (em alguns lugares custa até menos de 30 reais) é importada pela Qualimpor e pertence à famosa Herdade do Esporão do Alentejo, é o Alandra branco, um vinho fácil, fresco, saboroso, com uma combinação de uvas portuguesas como a Arinto e a Antão Vaz. A outra opção portuguesa é um dos vinhos do enólogo Paulo Laureano, e leva seu nome. Esse enólogo português é um dos mais respeitados do país e é figura constante aqui no Brasil também. Sua linha básica de vinhos, como esse branco, é fácil de beber e encorpado, com qualidade e frescor.
Esses vinhos estão longe de ser top de linha, mas são corretos e bons para tomar cotidianamente e têm a vantagem de estarem disponíveis em supermercados, coisa rara com vinhos menos básicos.
Como já escrevi aqui, a enorme maioria das pessoas compra vinhos em supermercado e nem sempre consegue separar o que presta do que não presta - coisa que, convenhamos, não é fácil para ninguém.
Redes como o Carrefour, Wal-Mart e Pão de Açúcar, têm algumas linhas de exportação exclusiva, o que facilita em termos de preços e ofertas, mas não entendo o por que (exceção feita ao Pão de Açúcar) eles não divulgam isso melhor, assim o público se sentiria mais tentado a comprar esses vinhos.
Aliás, é mesmo complicado entender qual o raciocínio dos compradores de supermercado. Tenho um exemplo de hoje: eu queria uma garrafa do Pizzato Chardonnay, que eu aprecio muito por não ser amadurecido em madeira, mas embora a linha toda da Pizzato estivesse disponível nessa casa, nenhum dos brancos (nem o Chardonnay e nem os espumantes) estava disponível. Aliás, nessa faixa de preço o Miolo era o único branco nacional à venda. Os outros dois (Salton Virtude e Villa Francioni Chardonnay) estavam na faixa acima dos 52 reais, o que eu acho um absurdo.
Bem, espero que aproveitem as dicas e que abram espaço em suas taças para um bom vinho branco.
Bons goles!
Ah! Na foto abaixo está um dos prazeres que tive recentemente, que foi o de abrir uma garrafa do Sauvignon Blanc 2009 da Dal Pizzol (que está esgotado), e que tinha meu nome no rótulo. Um presente tão gostoso, fresco e jovem que tive que fazer uma foto!
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terça-feira, 19 de abril de 2011
Para uma semana cheia de gulodices!
Confesso que não entendo o por quê das pessoas resolverem que 'devem' comer bacalhau na sexta-feira Santa e que 'devem' comer chocolate no domingo de Páscoa.
Não sou cristã, então as coisas ficam um pouco mais complicadas para mim, pois entendo que jejum é jejum e se não é para comer carne, bem, para mim peixe também é carne!
Mas este não é um espaço para essas discussões, então coloco aqui uma sugestão vegetariana que começa com uma salada que fiz na última semana, e que ficou deliciosa com um Chardonnay geladinho (que vai cair bem pois o feriado aqui na região de SP deve ser quente):
Usei alface crespa normal, chicória (que pode ser substituída por qualquer verdura mais amarga), endívias, cenoura em lâminas, tomates cereja, grãos graúdos de uva e algumas bolinhas de melão que deixei mergulhadas em vinho do Porto ligeiramente diluído em água.
Nesse mesmo líquido onde estava o melão é só colocar sal, um pouco de pimenta do reino e uma boa colherada de aceto balsâmico. Misture bem e depois acrescente azeite de oliva e óleo de canola em partes iguais. Regue a salada e sirva. É fresca, leve, tem variados sabores e o corpo agradece!
Minha sugestão para completar essa refeição vegetariana é um espaguete de trigo integral com ervas frescas (muitas ervas como salsa e cebolinha, manjericão, orégano, tomilho bem picadinhos todos juntos), um pouco de cebola e alho passados no azeite e sal e pimenta fresca.
Para quem gostar, um pouco de queijo de cabra em pedaços partidos com o garfo. Leve e saboroso, regado com bom azeite de oliva extra-virgem.
E como ninguém é de ferro, segue o 'pé-na-jaca': bolo de chocolate meio amargo sem farinha, para comer com frutas vermelhas ou ameixas frescas e creme. Fácil de fazer e ainda mais fácil de comer, acompanhado de um delicioso cálice de Moscatel de Setúbal!
Não sou cristã, então as coisas ficam um pouco mais complicadas para mim, pois entendo que jejum é jejum e se não é para comer carne, bem, para mim peixe também é carne!
Mas este não é um espaço para essas discussões, então coloco aqui uma sugestão vegetariana que começa com uma salada que fiz na última semana, e que ficou deliciosa com um Chardonnay geladinho (que vai cair bem pois o feriado aqui na região de SP deve ser quente):
Usei alface crespa normal, chicória (que pode ser substituída por qualquer verdura mais amarga), endívias, cenoura em lâminas, tomates cereja, grãos graúdos de uva e algumas bolinhas de melão que deixei mergulhadas em vinho do Porto ligeiramente diluído em água.
Nesse mesmo líquido onde estava o melão é só colocar sal, um pouco de pimenta do reino e uma boa colherada de aceto balsâmico. Misture bem e depois acrescente azeite de oliva e óleo de canola em partes iguais. Regue a salada e sirva. É fresca, leve, tem variados sabores e o corpo agradece!
Minha sugestão para completar essa refeição vegetariana é um espaguete de trigo integral com ervas frescas (muitas ervas como salsa e cebolinha, manjericão, orégano, tomilho bem picadinhos todos juntos), um pouco de cebola e alho passados no azeite e sal e pimenta fresca.
Para quem gostar, um pouco de queijo de cabra em pedaços partidos com o garfo. Leve e saboroso, regado com bom azeite de oliva extra-virgem.
E como ninguém é de ferro, segue o 'pé-na-jaca': bolo de chocolate meio amargo sem farinha, para comer com frutas vermelhas ou ameixas frescas e creme. Fácil de fazer e ainda mais fácil de comer, acompanhado de um delicioso cálice de Moscatel de Setúbal!
Bons goles, bom feriado e muita paz!
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segunda-feira, 18 de abril de 2011
O mundo do Vinho se Movimenta
Esta semana de celebrações de Tiradentes e Páscoa antecede a Expovinis (veja o link na barra ao lado), o maior evento de vinhos da cidade de São Paulo e também da América Latina.
Produtores nacionais e estrangeiros, importadoras, enólogos, compradores, sommeliers e chefs de cozinha, todos estão se programando para esse enorme evento entre os dias 26 e 28 de abril, no Expo Center Norte.
Para mim, ao lado da Avaliação Nacional de Vinhos (que acontece no último sábado do mês de setembro), esses dois eventos são o correpondente ao Oscar, para os fãs de cinema.
Claro que cada atividade tem suas premiações, congressos, encontros importantes. No mundo do vinho, aqui no Brasil, não é diferente. Temos as festas da Vindima que, embora regionais, a cada ano atraem mais pessoas, a Expovinis, a Fenavinho (em Bento Gonçalves, que começa no final da semana que vem, numa mudança de data e de foco) e a Avaliação Nacional de Vinhos.
Esses eventos que citei são, em parte, abertos ao público mediante compra de ingressos. Mas existem outros mais exclusivos (e mais caros) que acontecem na cidade de SP e em algumas outras capitais que também merecem ser lembrados, como o Decanter Wine Show e o Encontro Mistral.
Organizados pelas importadoras, esses eventos têm a vantagem de trazer os produtores e/ou enólogos pessoalmente para falarem de seus vinhos e degustarem com o público dirigido e em pequena escala.
Mas para mim, que sempre gostei de feiras, a Expovinis é um evento e tanto.
Neste ano o Brasil terá uma enorme participação, com vinícolas de todas as regiões produtoras agrupadas sob a bandeira do Ibravin. Fora desse espaço - mas em áreas próximas - ficam as vinícolas que já tinham grandes espaços mesmo antes do Ibravin começar seu trabalho agregador. São elas a Salton, a Miolo, a Valduga, a Pizzato e a Lídio Carraro, que sempre apostaram nessa feira para fazerem seus negócios.
A parceria com o SENAC também vai render uma boa série de palestras. Eu, inclusive, vou ministrar uma no dia 27, sobre espumantes brasileiros, com degustação de cinco rótulos, um de cada estilo e região produtora.
A Wines of Chile faz sua estréia no Brasil, além dos espaços já consagradados de Portugal, França e Itália.
Acredito que para os interessados em vinhos essa é uma oportunidade única, até porque é em SP e num local com boa infraestrutura.
Assim, seguem algumas dicas que podem parecer óbvias, mas não são:
1- Não esqueça da Lei Seca, se puder, utilize taxi para sair de lá (para chegar você pode ir de metrô até a estação Terminal Tietê, pegar a van que leva até o Shopping Center Norte e de lá seguir a pé);
2- Evite o horário depois das 18h pois é o mais lotado. Nos dias 27 e 28 os portões abrem para o público em geral e a lotação aumenta muito;
3- Calce sapatos confortáveis. É um local onde se anda muito e quase não há onde sentar;
4- Faça uma refeição completa antes de ir para a feira. Álcool e estômago vazio são incompatíveis;
5- É feito mas é importante: não engula os vinhos, senão você não passa do segundo corredor. Ou pior, vai achar que está bem mas não está, começará a abraçar todo mundo e a distribuir cartões de visita até para os faxineiros dos banheiros. Evite isso, cuspa os vinhos;
6- Beba muita água, sempre. Se possível depois de cada vinho um gole e água.
7- Se aceitar revistas, folhetos, catálogos, leve-os com você e não jogue nada no chão. Se for o caso, nem pegue;
8- Não se esqueça que as pessoas que estão lá estão trabalhando e precisam atender outras pessoas além de você. Prove, troque ideias e depois vá para outro local.
Aproveite a feira, beba com responsabilidade e faça bons negócios.
Produtores nacionais e estrangeiros, importadoras, enólogos, compradores, sommeliers e chefs de cozinha, todos estão se programando para esse enorme evento entre os dias 26 e 28 de abril, no Expo Center Norte.
Para mim, ao lado da Avaliação Nacional de Vinhos (que acontece no último sábado do mês de setembro), esses dois eventos são o correpondente ao Oscar, para os fãs de cinema.
Claro que cada atividade tem suas premiações, congressos, encontros importantes. No mundo do vinho, aqui no Brasil, não é diferente. Temos as festas da Vindima que, embora regionais, a cada ano atraem mais pessoas, a Expovinis, a Fenavinho (em Bento Gonçalves, que começa no final da semana que vem, numa mudança de data e de foco) e a Avaliação Nacional de Vinhos.
Esses eventos que citei são, em parte, abertos ao público mediante compra de ingressos. Mas existem outros mais exclusivos (e mais caros) que acontecem na cidade de SP e em algumas outras capitais que também merecem ser lembrados, como o Decanter Wine Show e o Encontro Mistral.
Organizados pelas importadoras, esses eventos têm a vantagem de trazer os produtores e/ou enólogos pessoalmente para falarem de seus vinhos e degustarem com o público dirigido e em pequena escala.
Mas para mim, que sempre gostei de feiras, a Expovinis é um evento e tanto.
Neste ano o Brasil terá uma enorme participação, com vinícolas de todas as regiões produtoras agrupadas sob a bandeira do Ibravin. Fora desse espaço - mas em áreas próximas - ficam as vinícolas que já tinham grandes espaços mesmo antes do Ibravin começar seu trabalho agregador. São elas a Salton, a Miolo, a Valduga, a Pizzato e a Lídio Carraro, que sempre apostaram nessa feira para fazerem seus negócios.
A parceria com o SENAC também vai render uma boa série de palestras. Eu, inclusive, vou ministrar uma no dia 27, sobre espumantes brasileiros, com degustação de cinco rótulos, um de cada estilo e região produtora.
A Wines of Chile faz sua estréia no Brasil, além dos espaços já consagradados de Portugal, França e Itália.
Acredito que para os interessados em vinhos essa é uma oportunidade única, até porque é em SP e num local com boa infraestrutura.
Assim, seguem algumas dicas que podem parecer óbvias, mas não são:
1- Não esqueça da Lei Seca, se puder, utilize taxi para sair de lá (para chegar você pode ir de metrô até a estação Terminal Tietê, pegar a van que leva até o Shopping Center Norte e de lá seguir a pé);
2- Evite o horário depois das 18h pois é o mais lotado. Nos dias 27 e 28 os portões abrem para o público em geral e a lotação aumenta muito;
3- Calce sapatos confortáveis. É um local onde se anda muito e quase não há onde sentar;
4- Faça uma refeição completa antes de ir para a feira. Álcool e estômago vazio são incompatíveis;
5- É feito mas é importante: não engula os vinhos, senão você não passa do segundo corredor. Ou pior, vai achar que está bem mas não está, começará a abraçar todo mundo e a distribuir cartões de visita até para os faxineiros dos banheiros. Evite isso, cuspa os vinhos;
6- Beba muita água, sempre. Se possível depois de cada vinho um gole e água.
7- Se aceitar revistas, folhetos, catálogos, leve-os com você e não jogue nada no chão. Se for o caso, nem pegue;
8- Não se esqueça que as pessoas que estão lá estão trabalhando e precisam atender outras pessoas além de você. Prove, troque ideias e depois vá para outro local.
Aproveite a feira, beba com responsabilidade e faça bons negócios.
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sexta-feira, 15 de abril de 2011
Meu melhor brinde!
Meu melhor brinde faz aniversário hoje!
É a melhor e a mais feliz de todas as minhas escolhas de vida até hoje.
É o vinho que sempre desejo beber, é a vinha que quanto mais arraigada melhor são seus frutos, é a companhia para todos os brindes, é o terroir de nossas vidas!
Meu marido faz aniversário hoje e esta postagem é só para dizer: Eu te amo!
É a melhor e a mais feliz de todas as minhas escolhas de vida até hoje.
É o vinho que sempre desejo beber, é a vinha que quanto mais arraigada melhor são seus frutos, é a companhia para todos os brindes, é o terroir de nossas vidas!
Meu marido faz aniversário hoje e esta postagem é só para dizer: Eu te amo!
quinta-feira, 14 de abril de 2011
2 ou 10 Terroirs - BRASIL
Farroupilha, Serra Gaúcha (RS), Vinícola Perini
São Joaquim, Serra Catarinense (SC), Vinícola Santa Maria - Rio Lava-tudo
Bento Gonçalves, Serra Gaúcha (RS), Vinícola Valduga - Vale dos Vinhedos
Distrito de Faria Lemos, Serra Gaúcha (RS), Vinícola Estrelas do Brasil - Vale Aurora abaixo
Vale do São Francisco, Bahia (BA), Vinícola Ouro Verde - Grupo Miolo
Encruzilhada do Sul (RS), Vinícola Angheben
Flores da Cunha, Serra Gaúcha (RS), Vinícola Luiz Argenta
Candiota, Campanha Gaúcha (RS), Seival Estate, Grupo Miolo
Distrito de Pinto Bandeira, Serra Gaúcha (RS), Vinícola Valmarino
Vale do São Francisco, Petrolina (PE), Vinícola Dão Sul
Em tudo na vida a diversidade é um coisa boa, mas nos vinhos ela é ainda melhor!
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segunda-feira, 11 de abril de 2011
O selo fiscal está no mercado
Meu amigo Marcos (jornalista e enófilo) permitiu que eu reproduzisse aqui o texto que ele colocou em seu site hoje.
Acredito que seja de leitura obrigatória para todos os apreciadores de vinho. Não se trata de demonizar ninguém e nem nenhuma instituição, mas sim alertar para os 'band aids' que são colocados sobre grandes feridas: encobrem, por vezes até protegem, mas não curam.
Marcos é um dos meus poucos amigos do mundo do vinho, principalmente pelo fato de termos visões muito parecidas dessa indústria, embora tenhamos paladares diferentes para a degustação. Assim, fico feliz em publicar o texto dele aqui, até porque eu mesma gostaria de tê-lo escrito.
O selo fiscal está aí
Os defensores dessa maravilha da bur(r)ocracia nacional venceram a batalha. Era só disso que o vinho brasileiro precisava para ser mais competitivo?
Marcos Pivetta/www.jornaldovinho.com.br
11/04/2011
Enfim, ele chegou. Passei no supermercado no fim de semana e já vi algumas garrafas de um rótulo chileno com o polêmico selo fiscal do vinho. A foto está abaixo e não me deixa mentir. Havia garrafas do mesmo vinho, da mesma safra inclusive, com e sem o selo. Estamos numa fase de transição, em que, como disse, há vinhos com e sem selo fiscal. Até que, um belo dia, provavelmente no ano que vem, todos os fermentados de uva vendidos no Brasil, importados ou nacionais, exibirão o tal papelzinho junto ao gargalo da garrafa. Nesse dia, a produção de vinhos no Brasil terá sido então sido salva por esse maravilhoso instrumento da bu(r)rocracia. O selo fiscal.
Como se sabe, produtos com selos fiscais são, por definição divina, à prova de fraude. Mais rápidos e inteligentes que seus colegas do vinho, os produtores de uísque e de outras bebidas mais fortes já usam esse artifício anti-contrabando e anti-pirataria há tempos e, claro, seus produtos nunca entraram no Brasil ilegalmente ou foram alvo de falsários. Ninguém nunca comprou um uísque, selado, que fosse também falsificado ou contrabandeado. Sendo essa uma verdade inquestionável, o futuro do vinho brasileiro, com o selo, estará garantido.
Vida longa ao selo fiscal, o salvador do vinho nacional! Uau, até rimou.
E o consumidor brasileiro, como fica? Fica como sempre ficou: pagando preços absurdos por vinhos, nacionais ou importados, nas prateleiras de lojas e supermercados. E agora, quando o preço do nosso Cabernet ou Merlot do dia a dia subir, os comerciantes terão mais uma desculpa na ponta da língua para explicar o reajuste: culpa do selo.
Outro dia falei com o Adolar Hermann, dono da importadora Decanter, que estimou um aumento de 3% a 5% no preço final dos vinhos em razão da adoção dessa maravilha da burocracia. O aumento não seria sentido agora, mas ao longo dos próximos meses, acredita Hermann. Pode ser que o aumento não chegue a isso. Os defensores do selo, basicamente os dirigentes que representam os produtores de vinho brasileiro, sobretudo as grandes empresas, dizem que o custo do selo é irrisório. Pode até ser. Mas essa não é, a meu ver, a questão central.
O problema é que, ao levantar a bandeira do selo fiscal, os dirigentes do vinho brasileiro parecem querer dizer o seguinte: só não conseguimos competir com o produto importado porque a maior parte dos rótulos do exterior entra ilegalmente no país. Agora, com o selo, podemos bater de frente, em termos de preço e qualidade, com qualquer um. Não é verdade. Claro que o contrabando provoca estragos, mas eles são setorizados. Não acredito que a entrada ilegal de vinhos no país seja a responsável pela falta de competividade do vinho nacional. Será que há tanto vinho assim contrabandeado nas grandes redes de supermercado, onde é vendida boa parte dos rótulos comercializados no Brasil?
Na minha opinião, o vinho brasileiro ainda tem três problemas: na visão do consumidor médio: imagem ruim, qualidade inconstante e preço alto. Nesse universo, os espumantes nacionais são uma exceção, com bons rótulos a preços justos, embora até nesse segmento os preços tenham subido nos últimos anos.
OK, com força em Brasília, os defensores do selo ganharam essa batalha. Mas pergunto: e agora? O setor só precisava do selo para ser eficiente? Não precisa reformar mais nada? Ninguém vai explicar ao consumidor porque é mais barato e mais viável produzir vinho no Chile ou na Argentina do que no sul do Brasil? Ninguém vai dizer que nesses países, diferentemente da Serra Gaúcha, quase não chove nos meses da colheita e que as nossas águas de janeiro, fevereiro e março são muito prejudiciais às safras verde-e-amarelas? Agora, então podemos cobrar preço e qualidade do vinho brasileiro, pois o inimigo do contrabando e da pirataria foi abatido?
Na minha opinião, o vinho brasileiro nunca vai ser, em termos de preço e qualidade, tão competitivo quando o de nossos vizinhos. Espero sinceramente estar errado (torço para que a Campanha Gaúcha me desminta), mas isso me parece ser um dado da realidade nacional. Uma questão de clima e geografia. Mas fazer vinho é um traço da cultura e do modo de vida dos italianos que se instalaram em partes do Rio Grande do Sul. Um traço bonito, que me alegra e comove sempre que vou ao Sul. Estou disposto a pagar um pouco mais para preservar a produção de vinhos no Brasil. Eu disse um pouco mais, mas não exageradamente mais — e desde que esse vinho brasileiro tenha um padrão mínimo de qualidade. Ele não será o dominante no mercado, mas continuará vivo. Resta saber se tem mais gente com amesma disposição.
Por que não discutir isso depois de toda a batalha do selo?
Acredito que seja de leitura obrigatória para todos os apreciadores de vinho. Não se trata de demonizar ninguém e nem nenhuma instituição, mas sim alertar para os 'band aids' que são colocados sobre grandes feridas: encobrem, por vezes até protegem, mas não curam.
Marcos é um dos meus poucos amigos do mundo do vinho, principalmente pelo fato de termos visões muito parecidas dessa indústria, embora tenhamos paladares diferentes para a degustação. Assim, fico feliz em publicar o texto dele aqui, até porque eu mesma gostaria de tê-lo escrito.
O selo fiscal está aí
Os defensores dessa maravilha da bur(r)ocracia nacional venceram a batalha. Era só disso que o vinho brasileiro precisava para ser mais competitivo?
Marcos Pivetta/www.jornaldovinho.com.br
11/04/2011
Enfim, ele chegou. Passei no supermercado no fim de semana e já vi algumas garrafas de um rótulo chileno com o polêmico selo fiscal do vinho. A foto está abaixo e não me deixa mentir. Havia garrafas do mesmo vinho, da mesma safra inclusive, com e sem o selo. Estamos numa fase de transição, em que, como disse, há vinhos com e sem selo fiscal. Até que, um belo dia, provavelmente no ano que vem, todos os fermentados de uva vendidos no Brasil, importados ou nacionais, exibirão o tal papelzinho junto ao gargalo da garrafa. Nesse dia, a produção de vinhos no Brasil terá sido então sido salva por esse maravilhoso instrumento da bu(r)rocracia. O selo fiscal.
Como se sabe, produtos com selos fiscais são, por definição divina, à prova de fraude. Mais rápidos e inteligentes que seus colegas do vinho, os produtores de uísque e de outras bebidas mais fortes já usam esse artifício anti-contrabando e anti-pirataria há tempos e, claro, seus produtos nunca entraram no Brasil ilegalmente ou foram alvo de falsários. Ninguém nunca comprou um uísque, selado, que fosse também falsificado ou contrabandeado. Sendo essa uma verdade inquestionável, o futuro do vinho brasileiro, com o selo, estará garantido.
Vida longa ao selo fiscal, o salvador do vinho nacional! Uau, até rimou.
E o consumidor brasileiro, como fica? Fica como sempre ficou: pagando preços absurdos por vinhos, nacionais ou importados, nas prateleiras de lojas e supermercados. E agora, quando o preço do nosso Cabernet ou Merlot do dia a dia subir, os comerciantes terão mais uma desculpa na ponta da língua para explicar o reajuste: culpa do selo.
Outro dia falei com o Adolar Hermann, dono da importadora Decanter, que estimou um aumento de 3% a 5% no preço final dos vinhos em razão da adoção dessa maravilha da burocracia. O aumento não seria sentido agora, mas ao longo dos próximos meses, acredita Hermann. Pode ser que o aumento não chegue a isso. Os defensores do selo, basicamente os dirigentes que representam os produtores de vinho brasileiro, sobretudo as grandes empresas, dizem que o custo do selo é irrisório. Pode até ser. Mas essa não é, a meu ver, a questão central.
O problema é que, ao levantar a bandeira do selo fiscal, os dirigentes do vinho brasileiro parecem querer dizer o seguinte: só não conseguimos competir com o produto importado porque a maior parte dos rótulos do exterior entra ilegalmente no país. Agora, com o selo, podemos bater de frente, em termos de preço e qualidade, com qualquer um. Não é verdade. Claro que o contrabando provoca estragos, mas eles são setorizados. Não acredito que a entrada ilegal de vinhos no país seja a responsável pela falta de competividade do vinho nacional. Será que há tanto vinho assim contrabandeado nas grandes redes de supermercado, onde é vendida boa parte dos rótulos comercializados no Brasil?
Na minha opinião, o vinho brasileiro ainda tem três problemas: na visão do consumidor médio: imagem ruim, qualidade inconstante e preço alto. Nesse universo, os espumantes nacionais são uma exceção, com bons rótulos a preços justos, embora até nesse segmento os preços tenham subido nos últimos anos.
OK, com força em Brasília, os defensores do selo ganharam essa batalha. Mas pergunto: e agora? O setor só precisava do selo para ser eficiente? Não precisa reformar mais nada? Ninguém vai explicar ao consumidor porque é mais barato e mais viável produzir vinho no Chile ou na Argentina do que no sul do Brasil? Ninguém vai dizer que nesses países, diferentemente da Serra Gaúcha, quase não chove nos meses da colheita e que as nossas águas de janeiro, fevereiro e março são muito prejudiciais às safras verde-e-amarelas? Agora, então podemos cobrar preço e qualidade do vinho brasileiro, pois o inimigo do contrabando e da pirataria foi abatido?
Na minha opinião, o vinho brasileiro nunca vai ser, em termos de preço e qualidade, tão competitivo quando o de nossos vizinhos. Espero sinceramente estar errado (torço para que a Campanha Gaúcha me desminta), mas isso me parece ser um dado da realidade nacional. Uma questão de clima e geografia. Mas fazer vinho é um traço da cultura e do modo de vida dos italianos que se instalaram em partes do Rio Grande do Sul. Um traço bonito, que me alegra e comove sempre que vou ao Sul. Estou disposto a pagar um pouco mais para preservar a produção de vinhos no Brasil. Eu disse um pouco mais, mas não exageradamente mais — e desde que esse vinho brasileiro tenha um padrão mínimo de qualidade. Ele não será o dominante no mercado, mas continuará vivo. Resta saber se tem mais gente com amesma disposição.
Por que não discutir isso depois de toda a batalha do selo?
Marcos Pivetta, degustando tintos na Itália.
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sexta-feira, 8 de abril de 2011
Pericó - 3 anos depois
Tantas horas de estrada (muitas mesmo) levaram-me ontem até a Fazenda e os vinhedos Pericó, em São Joaquim (SC).
Resolvi colocar aqui (acima) a foto que fiz ontem quase ao meio dia de um lugar muito próximo de onde tirei a foto da postagem da última 4a feira, quase que exatamente 3 anos atrás.
As mudanças são impressionantes, não apenas pelo fato de o vinhedo que, naquela época estava produzindo sua segunda safra, e hoje esteja produzindo a quinta, mas principalmente pelo entorno ter se modificado de forma espetacular - acompanhando o crescimento da empresa.
Claro que tudo isso (acima o espumante rosé brut, na minha opinião o produto mais evoluído da vinícola) não é por acaso. Terroir é essencial, mas o 'material humano' faz toda a diferença. Jefferson (foto abaixo) na enologia e Lino na terra são o que faz o óbvio possível (o óbvio é: "Sem boa uva não há bom vinho").
E Jefferson veio com munição pesada para essa apresentação. Trouxe um Chardonnay delicado, elegante, com um tantinho de madeira só para dar aquele toque a mais, e trouxe o Basalto, o novo lançamento da Pericó, um corte de Cabernet Sauvignon e Merlot que nos surpreendeu.
Na foto abaixo está o homem que trabalha mais do que muitos para ver seus sonhos viraram realidade: Wandér Weege, proprietário da vinícola que, ao lado de sua esposa Laurita nos recebeu na cada da fazenda, um lugar tão lindo e elegante que merecerá uma próxima postagem apenas para isso.
Na foto ele está decantando o novo vinho em uma peça de design francês com a qual seu filho o presenteou. Um decanter que reproduz as veias humanas e o vinho, nessa experiência lúdica, é o sangue nas veias.
Por fim, os convidados brindando ao por-do-sol no deck da madeira da casa, com o Icewine da Pericó.
Ainda vou voltar ao assunto Pericó, portanto aguardem!
Bons goles e excelente final de semana!
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quarta-feira, 6 de abril de 2011
Entre as videiras da Pericó - SC
Amanhã, 4a feira, vou para Florianópolis para depois seguir com um grupo até a cidade de São Joaquim.
Passaremos a noite (fria) lá e na manhã da 5a feira vamos visitar os vinhedos da Vinícola Pericó (aquela que fez o primeiro IceWine brasileiro, do qual já falei aqui).
São Joaquim é onde estão os vinhedos mais altos do país, numa média acima dos mil metros. A Pericó está a 1.300m (foto abaixo de um dos pontos mais altos do vinhedo, em 2008).
Passaremos a noite (fria) lá e na manhã da 5a feira vamos visitar os vinhedos da Vinícola Pericó (aquela que fez o primeiro IceWine brasileiro, do qual já falei aqui).
São Joaquim é onde estão os vinhedos mais altos do país, numa média acima dos mil metros. A Pericó está a 1.300m (foto abaixo de um dos pontos mais altos do vinhedo, em 2008).
A Cabernet Sauvignon é uma das estrelas lá, mas a Pinot Noir e a Sauvignon Blanc também vão muito bem nesse terroir gelado e alto.
O enólogo responsável pela boa linha de vinhos da Pericó é o gaúcho Jefferson Sancineto Nunes, dono do Enolab em Flores da Cunha. Estudioso, dedicado e muito atento ao mercado, Jefferson é daqueles que gostam do que fazem e têm uma abordagem não apenas do vinho mas também do 'negócio' do vinho. Coisa que atualmente ninguém pode deixar de lado.
O dono da Pericó é o empresário catarinense Wandér Weege (foto abaixo), que deixou - depois de mais de trinta anos - as atividades cotidianas de sua empresa, a Malwee Malhas, para dedicar a maior parte de seu tempo aos vinhedos e aos negócios do vinho.
Em 2008, quando o conheci em São Joaquim, ele me falou que preparava o terreno não só para as vinhas mas também para uma aposentadoria ativa, bem ao seu estilo.
Cumpriu com a palavra.
Que venha o frio de São Joaquim e as uvas da altitude!
Sexta-feira, quando eu voltar, contarei as novidades.
Bons goles!
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segunda-feira, 4 de abril de 2011
Novidade de uma safra excepcional
Acabei de saber que virão desses lindos vinhedos aí em cima o primeiro vinho no estilo Ripasso do Brasil.
O que é isso? São vinhos onde as uvas - sempre de excelente qualidade e maravilhosa maturação - são colhidas e colocadas em redes dentro de uma construção com muito boa ventilação, onde ficarão secando até concentrarem os sabores e o açúcar.
É um estilo muito, muito particular de vinhos doces que a Vinícola Luiz Argenta (de Flores da Cunha) está ousando fazer neste ano de excelente safra. Para isso vão ter à mão a expertise do enólogo Edegar Scotergagna (que - não por acaso - estudou na Itália) e as uvas Merlot, Cabernet Franc e Cabernet Sauvignon (que ainda estão sendo colhidas em pleno mês de abril) e a estrutura de redes colocada na casa histórica da propriedade, onde vivia em 1929 uma família de vitivincultores vinda da Itália.
Para quem não se lembra foi lá que nasceu a Vinícola Riograndense, dos primeiros varietais do país - a Granja União.
É uma história linda, unindo quase através de um século as histórias de italianos e brasileiros em torno da vitivinicultura de qualidade.
Não preciso dizer como estou curiosa para saber mais detalhes!
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sexta-feira, 1 de abril de 2011
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