Colheita 2016

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segunda-feira, 11 de julho de 2011

ANIMAL!

Dizem que a gente precisa fazer uma loucura uma vez ou outra na vida, para que as coisas não fiquem tão assentadas como batina de padre em Roma, certo?
A minha foi ontem, largando o trabalho por quase 3 horas e indo para o centro da cidade conhecer um lugar que há muito pedia uma visita, o Bar da Dona Onça.



A 'Dona Onça' do nome é Janaína Rueda, uma linda morena de olhos azuis, que eu conheci no mundo do vinho há anos, quando ela trabalhava como sommelier da Pernod Ricard. Ela foi, naqueles tempos, minha avaliadora na prova prática do curso de sommelier.
Mas isso são 'àguas de macarrão' passadas.
Janaína casou-se com um dos grandes chefs de cozinha de SP, o Jefferson Rueda (que fez a fama do Pomodori), virou dona de bar, cozinheira e mãe de dois filhos, tudo isso em uns 6/7 anos apenas!
Continua linda e estava lá, dando expediente no domingo. Atenta ao movimento, tirando coisas das mesas, dando ordens com seu sorriso suave e, principalmente, comandando uma casa que é a cara de São Paulo.
A começar pelo fato de que fica no centro da cidade, bem perto da Praça da República, depois que está em um dos prédios-símbolo da cidade, o Edifício Copan e tem uma decoração externa e interna que - afora alguns toques mais contemporâneos - reflete uma São Paulo que eu considerava perdida para sempre: vidros grandes, lambris de madeira nas paredes, cadeiras escuras, bar espelhado e de teto baixo.
Logo ao entrar tive uma sensação boa de estar em lugar que sabe o que é, e não precisa ser pretensioso.
O cardápio é outra homenagem à cozinha que todos nós daqui conhecemos: picadinho com ovo, bife de porco à milanesa, frango com quiabo, caldeirada, peixe frito e até couve-flor à milanesa...sem medo de ser feliz! Na foto abaixo ela está acompanhada de outro 'clássico' paulistano: Caju Amigo, só que preparado com Vodca ao invés de Gim, como era feito no Pandoro na década de 1960/1970.


Movimentada todos os dias, a casa tem vários cardápios, incluindo os pratos do dia, que são servidos no almoço durante a semana, escritos no painéis das paredes, abaixo da cozinha ou nos espelhos que revestem as colunas largas.



Meu marido escolheu comer o picadinho de filé com ovo frito caipira e tartar de banana, acompanhado de farofa e creme de feijão. Tudo saboroso, cada bocado com um temperinho que mostrava que alguém por lá sabia o que fazia.


Sobre a mesa, uma seleção de temperos bem legal: flor de sal, três estilos e intensidades de molhos de pimenta, azeite e uma cumbuca com farinha de madioca.


Eu resolvi pedir um desses pratos que são tudo ou nada, ou estão perfeitos ou você se arrepende amargamente: um steak tartar, que para quem não sabe, é carne crua, magra, picada com duas facas afiadas e temperada no momento de servir, para não escurecer. É um clássico francês (vindo da tradição russa, onde era servido com um ovo cru), que lá foi servido com chips de mandioca super crocantes e salada verde mista. Tão bom, mas tão bom que ao escrever agora já tenho vontade de comê-lo novamente.
Eu sou assim, passo dias sem comer carne alguma e, no dia da loucura, caio de boca num steak tartar. Que para ser ainda mais sério, foi servido com um pote de mostarda forte de Dijon.


E como se tudo isso fosse pouco, a refeição majestosa foi completada com mini-churros com doce de leite cremoso e um trio de brasilidades (pudim de leite, brigadeiro de colher e mini-quindim) e mais café expresso bem tirado como raramente se vê nos restaurantes de São Paulo.



Melhor do que isso? Só trabalhar bastante para ganhar dinheiro e poder voltar e provar mais coisas do cardápio, como as receitas de carne de porco preto, e as massas artesanais do chef Jefferson Rueda, que está 'roubando minhas panelas' como disse a Janaína, enquanto sua nova casa não fica pronta.
E como dizia a banda Premeditando o Breque: "É sempre lindo andar, na cidade de São Paulo, o clima engana, a vida é grana, em São Paulo (...) Pra quebrar a rotina, num fim de semana, em São Paulo, lavar o carro comendo um churro, é bom pra burro!".
Para quem nunca ouviu essa música (e acha que São Paulo é apenas 'Sampa' do Caetano) segue aqui o link da música do Premê: http://youtu.be/GccpL1-Oah0

Boa semana para todos!




2 comentários:

  1. bárbaro!!!! deu água na boca esse post...
    saludos
    Zz

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  2. Olá Sílvia,
    Realmente é preciso fazer uma loucura de vez em quando, principalmente nessa correria caótica de São Paulo que tem ótimos lugares e muitas vezes não sobra tempo para aproveitar.

    Que bom que gostou de lá. Mesmo os pratos mais simples são bem executados e saborosos. A Janaína é uma chef de mão cheia e agora com a presença mais frequente do Jefferson (até inaugurar o novo restaurante, pelo que dizem) ficou melhor ainda.

    Se você gostou dos mini-churros, tente os do Bar Veloso. Acho que é melhor ainda...

    Seu blog tem ótimas dicas também, principalmente para os amantes de vinho.

    Abs,
    Carlos

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