A Fattoria dei Barbi é uma vinícola toscana de propriedade da família Colombini, que possui terras na região de Montalcino desde 1352. Os vinhos são feitos por eles desde 1790.
Quem representou a família foi a gerente de exportações Raffaella Guidi Federzoni (foto abaixo), uma italiana daquelas com as quais a gente se identifica em apenas alguns minutos de conversa, e que há décadas trabalha com os vinhos da região.
Só para lembrar, os 'Brunellos' são a classe de vinhos tintos mais respeitada (e cara) da Toscana, com exceção de alguns super-toscanos - classe nova de vinhos que não se restringem pelas regras rígidas da DOC dos Brunellos.
São feitos com a uva Sangiovese Grosso e em geral passam por barricas de carvalho esloveno, e não francês. São vinhos longevos, muitos mais delicados do que se espera que sejam e têm, na minha opinião, a melhor combinação de elegância e rusticidade que um vinho pode entregar.
Na foto acima estão as cinco amostras que provamos, as três últimas da direita são Brunellos e os outros dois são os vinhos mais 'simples' da empresa, um Rosso di Montalcino e um Morellino di Scansano.
Entre esses todos, o vinho mais 'fácil' e que apresenta uma relação entre preço e qualidade excepcional foi o Morellino di Scansano DOCG 2009, que custa R$ 77,00. É um daqueles vinhos com 'sabor de Itália' no melhor sentido da palavra. Harmoniza com uma infinidade de preparações que são comuns à culinária italo-brasileira e é uma pequena amostra do que vão entregar os grandes Brunellos (que estão na faixa dos R$300,00 e valem cada centavo!).
Falo aqui de harmonização com um foco especial. Esse restaurante tem como chef o italiano Luciano Boseggia, cujas preparações eu provei várias vezes no passado, e confesso que desta vez eu saí decepcionada. Ele estava lá, mas seu capricho não estava.
Convivendo com muitos chefs como eu convivo, entendo que algumas coisas são muito importantes em uma cozinha, entre elas a qualidade da matéria-prima e a habilidade do cozinheiro. É exatamente o velho ditado do mundo do vinho: "Pode-se fazer um vinho ruim com uvas boas, mas é impossível fazer um vinho bom com uvas ruins".
Assim, posso afirmar que os produtos que chegaram à nossa mesa eram de excelente qualidade, como a entrada de burrata com presunto parma e azeite extra-virgem (foto). Deliciosa, mas eu posso fazê-la em casa, comprando os ingredientes duas ruas abaixo do restaurante, na Casa Santa Luzia, por exemplo.
Raffaella comentou, enquanto apresentava os vinhos, que um deles poderia acompanhar perfeitamente um prato de peixe preparado com molho vermelho e alcaparras. Uma combinação inustitada (tinto toscano com peixe) e que com certeza chamaria a atenção de muita gente. Mas, o que foi servido foi um gnocchi com ragú de ossobuco, saboroso, mas apenas correto, nada mais.
E, pasmem, com os grandes Brunellos foi servido o prato abaixo...
A carne estava ótima, no ponto perfeito, mas repito: dava para fazer em casa com um pouco de cuidado e boa carne.
Não era cardápio para acompanhar os grandes vinhos apresentados, e muito menos para falar diretamente com a imprensa especializada que estava lá, a enorme maioria vindo ao restaurante pela primeira vez.
Não tive coragem de olhar o cardápio, pois se eu visse os preços que provavelmente são cobrados por esses pratos, daí sim este post seria uma reclamação séria.
Sei que tem gente que vai pensar: "mas você comeu de graça e está reclamando", e sei que existe o grupo dos 'baba-ovos' que vão dizer que tudo estava perfeito apenas para continuar sendo convidados e conhecer casas nas quais eles jamais pagariam para ir.
Eu estou tentando ser correta no seguinte sentido: quem sai de casa para comer não sai para provar a especialidade da mamãe em outro endereço, sai para ser entretido, para ser surpreendido, para ter o melhor valor por seu dinheiro. Isso do ponto de vista da comida.
Do ponto de vista da divulgação de vinhos a coisa fica ainda mais complicada: pode ser que a escolha tenha sido de pratos que valorizassem os vinhos, ou seja, nenhuma comida cujos sabores se sobrepusessem aos vinhos. Mas daí perde-se a chance de surpreender, de agregar valor com um prato que 'peça' aquele vinho como acompanhamento, ou seja, apenas um dos pratos poderia ser um grande prato. No entanto, entendo que isso só pode ser feito com planejamento criterioso e com a disposição do chef e do sommelier de estudarem algo novo. O que eles em geral não querem fazer.
E a prática mostra que, quem tem a chance de beber um Brunello, apenas bebe, não pensa (risos), quanto mais três deles...
Por fim, fica o comentário de que provamos grandes vinhos, em boa companhia, num lindo lugar e com comida bem tristinha. Que sorte que eu não sou crítica de gastronomia.
Quer saber mais sobre os vinhos? Acesse o link da importadora.
www.todovino.com.br
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