Colheita 2016

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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Avaliação Nacional de Vinhos 2 - Os Vinhos!

foto: Gilmar Gomes 

O melhor da Avaliação Nacional de Vinhos - Safra 2011 estava onde devia estar: nas taças! Mas é justo dizer que o serviço dos vinhos foi perfeito e a organização do evento deu um show, pois se alguma coisa saiu errado, nenhum dos degustadores percebeu.
Imaginem o seguinte: são 16 os vinhos degustados, por 820 pessoas. Cada um dos alunos dos cursos de hotelaria, sommelier e enologia que fazem o serviço atende apenas uma mesa de oito pessoas, pois todo mundo deve ser servido ao mesmo tempo.
Isso quer dizer que são mais de 100 garrafas de cada um dos 16 vinho,s e 100 alunos fazendo o serviço.
Só quem já esteve lá sabe o quão silencioso e ordenado é esse processo.
Além de servir os vinhos eles repõe a água, as bolachas, os guardanapos, e no intervalo esvaziam todas as cuspiderias, que são utilizadas também para lavar as taças entre um vinho e outro.
Uma equipe de enólogos (neste ano creio que foram quatro deles) da Diretoria de Degustação da ABE fica responsável pelos guris e gurias que fazem o serviço.
É impressionante.

Devido à qualidade da safra, 72 vinícolas inscreveram seus vinhos para a seleção, somando 383 amostras. Todas elas foram recolhidas diretamente das empresas pelos enólogos da ABE e degustadas em quatro grupos de 28 enólogos cada.
Um deles me contou que, durante as seções de degustação (cada grupo degustou vinhos em quatro seções) algumas amostras eram repetidas, em dias diferentes, para garantir que a análise fosse isenta de quase todas as vertentes pessoais, como gosto e apreciação geral.
Essas 383 amostras foram reduzidas a 118 vinhos, que representam toda a safra em sua melhor forma.
Desses 118, por fim, uma nova rodada de degustações faz com que eles sejam reduzidos a apenas dezesseis vinhos, com o melhor de cada categoria, a saber: vinho base para espumante (duas amostras), branco fino seco não aromático (quatro amostras), branco fino seco aromático (duas amostras), rosé seco (uma amostra), tinto fino seco jovem (uma amostra) e tinto fino seco (seis amostras).

Na foto acima (feita por Gilmar Gomes), dois degustadores 'de peso'. Os jornalistas gaúchos Danilo Ucha e Affonso Ritter, o último que está mais ao fundo na foto, é uma das pessoas que estiveram presentes em todas as 19 edições da Avaliação Nacional. Ele me contou que na primeira delas eles passaram muito frio, dentro de um galpão de um CTG no mês de julho, degustando os poucos vinhos que ousaram se inscrever para aquele novo evento.
Na foto abaixo, minha amiga de trabalho e taças (entre outras coisas), Juliana Reis, que esteve entre o grupo de comentaristas, falando sobre a amostra de Moscato R2 da vinícola Perini.
Na foto abaixo (feita também pelo Gilmar Gomes) três enólogos que são - para mim - exemplares. Daniel dalla Valle (Domno e Casa Valduga), Cléber de Andrade (Perini) e Mauro Zanus (Embrapa). Durante o evento eu, que estava na mesa justamente atrás deles, fiquei com uma dúvida em uma amostra tinta e eles me deram uma aula sobre 'redução' em apenas alguns minutos.
Quem sabe faz a vivo, já dizia o Faustão.
 Por fim, preciso de dizer que a qualidade dos vinhos que provamos durante a degustação foi realmente surpreendente. Uma das amostras, o vinho branco da uva Riesling da Cooperativa Aurora recebeu uma média de 89 pontos da mesa de comentaristas (onde estavam não apenas brasileiros, mas enólogos do Uruguai, da Argentina, da França e do Chile - este último era o diretor técnico da Viña Ventisquero, Sérgio Hormazabal) e era um vinho praticamente pronto, cheio de tipicidade, frescor e bom corpo que, quando chegar ao mercado não deverá custar nem 20 reais!
Os tintos, quase todos ainda em fase evolutiva, mostraram um impressionante potencial. Coisa há muito esperada pelos tintos brasileiros, que ainda sofrem um pouco pelo desconhecimento mais profundo do comportamento das uvas em nossos terroirs (mas isso é outro assunto).
Entre os 16 classificados estão, é claro, os nomes mais conhecidos como Salton, Miolo, Valduga, Almadén e Aurora. Mas também estão vinícolas menores (Don Giovanni, Luiz Argenta, Almaúnica, Gheller) e outras cuja produção por anos foi dedicada aos vinhos de mesa, mas que agora incluem em seus portfólios vinhos dignos da classificação (Perini, Don Guerino, Basso, Cooperativa Nova Aliança, Góes e Venturini). Essa é uma constatação pontual, de que é possível evoluir, mudar e fazer bons vinhos, que surpreendam e agradem, não duas ou dez pessoas, mas 800!
Parabéns à Associação Brasileira de Enologia e aos produtores e enólogos que nos brindaram com tantos bons goles!




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