Que tal?
Vamos à parte boa. O almoço com o enólogo Enrique Tirado, da Viña Concha y Toro, foi excelente. Mesmo eu tendo pedido para que o maitre não me servisse as carnes do cardápio e só os acompanhamentos (o que ele fez com eficiência e discreção, mas alguns colegas de mesa ficaram constrangidos por eu escolher não comer as carnes servidas). É uma escolha pessoal que não pretende chatear niguém, mas assim mesmo gera certo desconforto.
A entrada (foto acima) estava deliciosa, crocante, fresca e combinou com perfeição com o Terrunyo Sauvignon Blanc 2008 que foi servido. Quem sentou perto de mim foi a enóloga Paula Gajardo, chilena que atua na parte comercial da vinícola e faz jus à fama dos chilenos: é de uma simpatia ímpar, assim como o Diretor de Operações no Brasil, Francisco Torres, que em poucos anos vivendo em São Paulo fala português melhor do que eu falo espanhol, tendo passado dois anos na escola.
Com os pratos quentes foram servidas duas safras do Don Melchor, 2006 e 2005, explicadas em detalhes por Enrique Tirado (foto abaixo):
Os vinhedos do Don Melchor ficam em Puente Alto, no vale do Maipo, aos pés da Cordilheira do Andes e, segundo Enrique Tirado, têm solo pobre e clima muito especial, entre o mediterrâneo e o semi-árido. Mesmo durante o verão as temperaturas não ultrapassam os 29 graus e durante a noite caem 10 graus em média, garantindo uma amplitude térmica que favorece a maturação da Cabernet Sauvignon e da Franc, que entram em sua composição.
São pouco mais de 120 hectares, mas nem toda a produção entra nesse vinhos, pois seu número de caixas é controlado ano a ano, e ultrapassa pouco as 15 mil caixas (de 1/2 dúzia).
O enólogo explicou que desde que esse vinho começou a ser feito, em 1987, a composição é praticamente a mesma: nunca menos de 90% de Cabernet Sauvignon e o restante de Cabernet Franc. O vinho é feito de maneira absolutamente tradicional e depois de pronto segue para as barricas de carvalho francês onde repousa por 14 a 15 meses, sendo que 70% dessas barricas são novas. Depois disso são mais dois anos engarrafados até chegarem ao mercado.
A equipe do Don Melchor, chefiada por Enrique desde 1999, conta com 3 enólogos e 2 agrônomos. Na época da colheita são 30 pessoas no campo e mais 50 na Bodega e a atenção nesse período é de 24 horas durante dez dias ao menos.
Enrique conta que o vinho não deve ser consumido antes de ter ao menos 4 anos e que ele pode durar até 25 anos, desde que bem conservado.
Pessoalmente, eu achei os vinhos deliciosos. A safra 2006 me pareceu mais frutada e fresca e a 2005 mais encorpada e complexa, mas ambos eram excelentes.
Terminamos o almoço com uma surpresa trazida por Enrique dentro do avião: um Colheita Tardia da região de Maule feito com as uvas Sauvignon Blanc. Foi servido com uma panna cota com calda de framboesas. Uma combinação deliciosa (foto abaixo).
Quem vai ao Chile PRECISA conhecer a Concha y Toro. É uma vinícola exemplar e seu centro de enoturismo fica muito perto de Santiago, então não há desculpas. Vale a visita e a prova dos vinhos, pois existem linhas para agradar a todos os consumidores, uma vez que essa é uma das três maiores vinícolas do país.
Mais tarde falarei sobre o Decanter Wine Show.
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