Nos últimos dias algumas pessoas têm me perguntado o que aconteceu de verdade com as vinícolas chilenas por conta do terremoto do último sábado.
Procurei imagens atuais, mas não encontrei nada relacionado com vinícolas. Então vou tentar explicar com fotos onde tudo estava bem e numa época do ano bem próxima desta.
A informação oficial que recebi ontem - com o primeiro levantamento feito pelas vinícolas - dá conta de perdas no valor de 250 milhões de dólares (125 milhões de litros), compilados pela associação' Vinhos do Chile'.
Vamos começar pelas videiras, possivelmente as menos afetadas pela catástrofe. Olhem a foto ao lado: a planta, apesar de forte e bem enraigada, é sustentada na conduação espaldeira por vigas de madeira ou concreto e vários níves de amarrações de arame. Tudo isso pode ser abalado durante um terremoto. E mais, perto do solo é possível ver uma cânula preta, utilizada para irrigação uma vez que o Chile é um país onde chove pouquíssimo. Esse sistema de irrigação é, em geral, controlado à custa de energia elétrica, uma das primeiras coisas que para quando há um evento como o sismo de sábado último. Isso sem contar com a possibilidade desses finos canos arrebentarem no caminho.
Vamos para mais uma imagem, desta vez de um laboratório de análises, que todas as vinícolas têm em maior ou menor escala. A vinícola O.Fournier declarou em um comunicado para a imprensa que seu laboratório foi completamente destruído e eles nem estão muito próximos do epicentro do tremor. A foto ao lado não é da vinícola em questão, mas ajuda a ver o que pode ter acontecido.
Não sei o que aconteceu nesta vinícola, mas só de olhar a foto me dá um arrepio. O laboratório deles fica suspenso sobre os tanques, acessível por uma estreita escada de metal.
O Chile é um país que conserva muito suas tradições e como tem recursos para isso, as construções são bem preservadas e normalmente mantidas abertas e com função real para serem visitadas. Isso é bom e mau, pois mantêm construções por vezes mais delicadas expostas. Por outro lado, caves como a subterrânea da vinícola Concha y Toro, que declarou que sofreu perdas consideráveis, ficou intacta. A foto mostra o local original da cave conhecida como Casillero del Diablo, onde hoje não estão mais os vinhos com esse nome, mas sim a linha mais especial e cara da vinícola. Subterránea, seu piso é de terra, molhada todos os dias para manter a temperatura estável e não comprometer as preciosas barricas que lá descansam à luz muito baixa. Felizmente esse local escapou de qualquer dano.
Mas muitas vinícolas, tal qual a Concha y Toro, produzem uma quantidade muito grande de vinhos e boa parte deles passam por um amadurecimento em barricas de madeira e o espaço físico é limitado. Então, tentem imaginar o que é um terremoto em um local como a vinícola da foto ao lado.
Existem outras com uma terceira camada de barricas empilhadas. Dói só de pensar...
E por último, as garrafas, não somente de vinhos especiais, armazenadas em locais geralmente mais estreitos e talvez até mais protegidos. Mas aquelas garrafas de vinhos praticamente prontos, engarrafados e aguardando na linha para serem rotulados, encaixotados e despachados para seus países compradores. A última foto mostra uma grande vinícola que fica bem próxima da área mais afetada. E nela seus enormes estoques de caixas plásticas que contêm centenas de garrafas dentro.Tentei contato com duas pessoas conhecidas de lá, mas até agora não sei de nenhuma notícia deles. Confesso que é preocupante.
Enfim, espero que essas imagens sejam capazes de dar uma nova perspectiva ao que aconteceu por lá, nessa que é a terceira indústria mais importante do Chile.
quinta-feira, 4 de março de 2010
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