Ontem estive almoçando com Márcio Marson no restaurante Ráscal do Itaim.
Cabem algumas explicações: o Márcio não tem esse sobrenome por acaso. É realmente um dos herdeiros da vinícola Marson em Cotiporã, perto de Bento Gonçalves. Não fosse o ligeiro sotaque que aparece quando ele se empolga em algum comentário, mal daria para perceber que ele é gaúcho.
Seu trabalho vem obrigando-o a viver em SP há mais de dez anos, fazendo uma das coisas mais difíceis que existem nesse mundo dos vinhos: comercializar vinhos brasileiros no mercado do sudeste. Suponho que só outros dois herdeiros entendam perfeitamente o que passa Márcio: Fábio Miolo e Jane Pizzato. Esses três são os desbravadores do mercado paulistano (eu ajuntaria ao grupo Ângelo Salton Neto, que faleceu no ano passado e deixou a difícil missão na mão da filha Luciana, mas entendo que a Salton tem uma estrutura grande em SP desde muito antes dos três que mencionei se fixarem por aqui, o que facilita um pouco o trabalho da empresa).
Eu os conheço desde a época em que trabalhava na Editora Abril e depois no restaurante, mas concluímos durante o almoço que foi o Márcio quem eu conheci primeiro, ainda na época em que eu trabalhava para a revista Claudia Cozinha.
Muitas vezes eu os vi chegarem ao restaurante em um final de noite arrasados por tantos 'nãos' recebidos de clientes potenciais, muitos do quais até se recusavam a recebê-los só por saberem que vinham falar de vinhos brasileiros.
É claro que isso mudou, mas não muito, infelizmente. Márcio agora é dono da Eivin www.eivin.com.br, uma empresa que distribui algumas marcas de vinhos brasileiros de alta qualidade em nosso estado. Hoje ele enfrenta outros problemas, que me contou em discreção total durante o almoço.
O Ráscal, para quem não conhece, é na minha opinião o melhor self-service de São Paulo. Nada de pesar o prato ou de servir apenas um pedaço de carne pois é o que está 'no preço'. Não é barato, mas a qualidade dos alimentos é impressionante. E ninguém fica olhando feio se você ficar na mesa mais um pouco conversando. A carta de vinhos também é bem bacana e com preços que me parecem bastante justos.
Começamos com uma taça de vinho rosé chileno, generosamente servida pelo sommelier Ivan, e depois provamos um Cabernet Sauvignon da Suzin 2007, que eu já conhecia da safra 2006, de São Joaquim (SC). Não está na carta, mas Márcio trouxe o vinho e o sommelier nem titubeou - refrescou e serviu.
Combinou muito bem com nossos pratos de massas. Tinha aromas potentes, bom corpo e acidez na medida certa.
Depois das saladas e das entradas, vocês vêem em meu prato ao lado um pedaço de foccacia de alecrim e cebola roxa, um enfornado de berinjelas com um leve molho de tomates, uma fatia pequena de corniccione e uma porção de picci (massa que parece um fusilli, mas é fresca) com molho de tomates, manjericão e mini polpetas de picanha.
Almoçamos muito bem e bebemos bem. Mas o mais importante foi o papo, propiciado por aquela minha postagem sobre o preço dos vinhos. Isso nos levou a muitas considerações que irão aparecer aqui no devido tempo e depois de cuidadosa análise.
Ambos sabemos que o vinho brasileiro tem bom potencial, que os consumidor quer (e precisa) beber melhor. Mas também temos consciência de que algumas estratégias precisarão ser postas em prática para que o mercado receba esses produtos com preço e qualidade justos.
Boa semana para todos e bons brindes!
terça-feira, 27 de julho de 2010
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