Recebo de uma mulher muito querida, Salete Motter (da Vinícola Don Guerino em Caxias do Sul) uma apresentação em power point sobre a região de Mendoza, na Argentina.
Eu, que não tenho costume de repassar esses documentos, desta vez encaminhei para alguns amigos e agora vou deixar uma sugestão aqui para vocês que não terão acesso ao power point.
Vale a pena!
No link a seguir há um vídeo do You Tube, mostrando o compositor do poema musicado 'El Vino', o maestro Alberto Cortez, acompanhado do violonista Alberto Kreimerman. Escutem que letra linda, como taça cheia de espumante e que voz macia como um doce Malbec.
http://www.youtube.com/watch?v=r5RedHtDH9U
Se quiserem ver sem os músicos, mas com a letra, há um outro vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=A0BF9p5LM0c&NR=1
Bom final de semana! Bons Brindes!
"Sí señor! El vino puede sacar cosas que el hombre se calla. Cosas que deberian salir cuando el hombre bebe agua..."
sábado, 31 de julho de 2010
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Devidamente Laçados!
Na foto ao lado estão os dois irmãos Campana, que ontem estiveram em São Paulo na festa promovida pelo IBRAVIN, para o lançamento oficial do saca-rolhas que é o símbolo da campanha de vinho brasileiro desde o ano passado.
Eles são discretos e charmosos e como bons gaúchos, deram o nome de 'Laçador' ao saca-rolhas por variados motivos gauchescos: a imagem tradicional do gaúcho pilchado, com seu devido laço das mãos, combinada com as curvas orgânicas da peça, criada para ser decorativa e funcional, mas que ao simbolizar as gavilhas das vinhas enroladas, acabam por formar um harmônico laço.
A festa foi muito boa. O restaurante Dalva e Dito tem uma ambientação brasileira chique, que reforçou para mim a imagem de como é possível pensar em uma indústria vitivinícola nacional de alta qualidade, charme e que é capaz de criar tradições que serão perpetuadas se o trabalho continuar sendo sério.
Mas não quero escrever mais. Quero que vocês veja algumas fotos e saibam quem estava lá:
Eles são discretos e charmosos e como bons gaúchos, deram o nome de 'Laçador' ao saca-rolhas por variados motivos gauchescos: a imagem tradicional do gaúcho pilchado, com seu devido laço das mãos, combinada com as curvas orgânicas da peça, criada para ser decorativa e funcional, mas que ao simbolizar as gavilhas das vinhas enroladas, acabam por formar um harmônico laço.
A festa foi muito boa. O restaurante Dalva e Dito tem uma ambientação brasileira chique, que reforçou para mim a imagem de como é possível pensar em uma indústria vitivinícola nacional de alta qualidade, charme e que é capaz de criar tradições que serão perpetuadas se o trabalho continuar sendo sério.
Mas não quero escrever mais. Quero que vocês veja algumas fotos e saibam quem estava lá:
Da esquerda para a direita (reparem os sobrenomes): Márcio Marson, Ana Paula Panizzon, Jane Pizzato, Carlos Paviani, Luciana Salton, Diego Bertollini, Fábio Miolo e Andreia Gentilini Milan.
O 'Laçador'
Da esquerda para a direita: Régis Ghelen, Christian Burgos, Carlos Paviani, Denis Debiasi e Orestes Andrade Júnior
Grande Noite!
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quinta-feira, 29 de julho de 2010
Boa notícia e lançamento divertido
Em relação à postagem de ontem, fico feliz em contar que está afastada a possibilidade de que o governo (ao menos o atual) libere a importação de suco de uva a granel da Argentina, o que prejudicaria enormemente a nossa cadeia produtiva que vem se desenvolvendo com muita agilidade nos últimos anos. O release do Ibravin traz o seguinte comentário:
“Os ministros disseram que podemos ficar tranquilos, que esta é uma questão fechada para o governo brasileiro”, disse Arnaldo Passarin (presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Viticultura, Vinhos e Derivados), que participou do encontro com os ministros em Brasília (na tarde da terça-feira) ao lado de Benito Panizzon (presidente da Agavi), Raimundo Bampi (Comissão Interestadual da Uva) e José Carlos Estefenon (conselheiro da União da Brasileira de Vitivinicultura).
Acontecerá hoje à noite, em São Paulo, o lançamento oficial do saca-rolhas criado no ano passado pelos irmãos Campana, para simbolizar a campanha 'Abra e se abra' dos vinhos brasileiros promovida pelo IBRAVIN.
O encontro será no restaurante Dalva & Dito, com a presença de aproximadamente 80 pessoas, entre jornalistas e enófilos.
Ontem, na sede do Ibravin em Bento Gonçalves, foi entregue o primeiro saca-rolhas, nomeado de 'Laçador' pelos irmãos Campana, para o médico neurologista Carlos Fasolo, que é o maior colecionador desses instrumentos, contando com mais de 3.500 exemplares de todas as partes do mundo.
A peça é fabricada pela Tramontina.
Eu irei ao evento hoje e amanhã trarei detalhes.
“Os ministros disseram que podemos ficar tranquilos, que esta é uma questão fechada para o governo brasileiro”, disse Arnaldo Passarin (presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Viticultura, Vinhos e Derivados), que participou do encontro com os ministros em Brasília (na tarde da terça-feira) ao lado de Benito Panizzon (presidente da Agavi), Raimundo Bampi (Comissão Interestadual da Uva) e José Carlos Estefenon (conselheiro da União da Brasileira de Vitivinicultura).
O encontro será no restaurante Dalva & Dito, com a presença de aproximadamente 80 pessoas, entre jornalistas e enófilos.
Ontem, na sede do Ibravin em Bento Gonçalves, foi entregue o primeiro saca-rolhas, nomeado de 'Laçador' pelos irmãos Campana, para o médico neurologista Carlos Fasolo, que é o maior colecionador desses instrumentos, contando com mais de 3.500 exemplares de todas as partes do mundo.
A peça é fabricada pela Tramontina.
Eu irei ao evento hoje e amanhã trarei detalhes.
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quarta-feira, 28 de julho de 2010
Uva & Vinho, Política e McDonald's
Algumas vezes tenho a impressão de que a política é um vespeiro. É só tocar em um cantinho e uma enormidade de insetos prontos para atacar se voltam contra você (vespas adoram uvas e são algumas vezes responsáveis pelo apodrecimento de cachos em maturação - como na foto acima).
Como estudante do Budismo sei que nada é por acaso, que não recebemos aquilo que não é nosso de direito e de destino. Mas..
Mas eu gostaria de ver o nosso livre-arbítrio funcionar um pouco mais a favor daquilo que é mais correto (e reto) do que daquilo que é somente favorecimento para uns poucos escolhidos.
Por que estou falando disso?
Semana passada me perguntei se deveria colocar aqui uma notícia que recebi da assessoria do Ibravin, sobre o pedido que a governadora gaúcha Yeda Crusius encaminhou para a Assembléia Legislativa de seu estado, pedindo o aumento de 25% para 50% de repasse da arrecadação anual do Fundovitis (Fundo de Desenvolvimento da Vitivinicultura do RS) diretamente para o Ibravin.
Para quem não entendeu nada, posso dizer que - se aprovado - é uma boa notícia. O vespeiro é que ela aparece em ano eleitoral, depende de 'boa vontade' de uma meia dúzia de suspeitos e em verdade só aconteceu pois o Ibravin provou por A + B que a arrecadação de impostos cresce quando existe esse repasse.
Enfim, decidi não tocar no assunto na semana passada. Infelizmente, quando publiquei o texto sobre o preço dos vinhos, eu mesma cutuquei o vespeiro e hoje fico sabendo que a 'vespa mor' está prestes a fazer mais uma vítima, se uma atitude não for tomada por quem pode fazê-lo.
Explico: raramente falo de suco de uva, que é um produto que eu adoro, pelo qual tenho respeito e cuja produção vem crescendo bem no Brasil, assim como as vendas. O suco de uva é uma alternativa excelente em termos de saúde para nossas crianças e jovens, conserva uma parte da boa química natural do vinho e, acima de tudo, é uma maneira dos produtores rurais darem destino às suas uvas de mesa (não se faz suco com uvas finas). Algumas outras informações podem ser obtidas no recém inaugurado site oficial do suco de uva brasileiro www.grapejuiceofbrazil.com
Ocorre que os argentinos (que estão brigando com os brasileiros desde o final do ano passado por algumas questões relativas a comércio agrícola na fronteira) estão querendo vender suco de uva a granel para o Brasil, o que hoje é proibido. E o nosso governo pode permitir, uma vez que temos acordos de Mercosul que facilitam uma 'meia dúzia' de coisas para nossos vizinhos. De novo, ano eleitoral.
Ontem (3a feira) uma comitiva do setor vitivinícola gaúcho foi para Brasília reunir-se com o Ministro da Agricultura e o do Desenvolvimento Agrário, para pedir que o suco de uva concentrado a granel continue proibido no país, pois isso prejudicaria em demasia quase cem mil pessoas ligadas à essa cadeia produtiva, como informa o texto enviado pelo assessor de imprensa do Ibravin. Ainda não sei no que deu a reunião, mas assim que souber, avisarei.
Enquanto isso, a revista inglesa The Economist publicou uma pesquisa - que realiza todo ano - sobre o preço do lanche Big Mac ao redor do mundo. O Brasil ficou em 4o lugar entre os dez países onde o sanduíche custa mais caro: o equivalente a US$ 4,91 (no ano passado, segundo a mesma pesquisa, custava US$ 4,02 aqui). Ficamos atrás somente da Noruega, Suécia e Suíça. Nos EUA ele custa US$ 3,73.
A análise da revista é de que o valor subiu pois a moeda brasileira se valorizou.
Minha questão final não é essa. Um 'sanduba' do Mc Donald's custa quase cinco dólares, e o que é caro é o vinho brasileiro?
Food for Thought...
Como estudante do Budismo sei que nada é por acaso, que não recebemos aquilo que não é nosso de direito e de destino. Mas..
Mas eu gostaria de ver o nosso livre-arbítrio funcionar um pouco mais a favor daquilo que é mais correto (e reto) do que daquilo que é somente favorecimento para uns poucos escolhidos.
Por que estou falando disso?
Semana passada me perguntei se deveria colocar aqui uma notícia que recebi da assessoria do Ibravin, sobre o pedido que a governadora gaúcha Yeda Crusius encaminhou para a Assembléia Legislativa de seu estado, pedindo o aumento de 25% para 50% de repasse da arrecadação anual do Fundovitis (Fundo de Desenvolvimento da Vitivinicultura do RS) diretamente para o Ibravin.
Para quem não entendeu nada, posso dizer que - se aprovado - é uma boa notícia. O vespeiro é que ela aparece em ano eleitoral, depende de 'boa vontade' de uma meia dúzia de suspeitos e em verdade só aconteceu pois o Ibravin provou por A + B que a arrecadação de impostos cresce quando existe esse repasse.
Enfim, decidi não tocar no assunto na semana passada. Infelizmente, quando publiquei o texto sobre o preço dos vinhos, eu mesma cutuquei o vespeiro e hoje fico sabendo que a 'vespa mor' está prestes a fazer mais uma vítima, se uma atitude não for tomada por quem pode fazê-lo.
Explico: raramente falo de suco de uva, que é um produto que eu adoro, pelo qual tenho respeito e cuja produção vem crescendo bem no Brasil, assim como as vendas. O suco de uva é uma alternativa excelente em termos de saúde para nossas crianças e jovens, conserva uma parte da boa química natural do vinho e, acima de tudo, é uma maneira dos produtores rurais darem destino às suas uvas de mesa (não se faz suco com uvas finas). Algumas outras informações podem ser obtidas no recém inaugurado site oficial do suco de uva brasileiro www.grapejuiceofbrazil.com
Ocorre que os argentinos (que estão brigando com os brasileiros desde o final do ano passado por algumas questões relativas a comércio agrícola na fronteira) estão querendo vender suco de uva a granel para o Brasil, o que hoje é proibido. E o nosso governo pode permitir, uma vez que temos acordos de Mercosul que facilitam uma 'meia dúzia' de coisas para nossos vizinhos. De novo, ano eleitoral.
Ontem (3a feira) uma comitiva do setor vitivinícola gaúcho foi para Brasília reunir-se com o Ministro da Agricultura e o do Desenvolvimento Agrário, para pedir que o suco de uva concentrado a granel continue proibido no país, pois isso prejudicaria em demasia quase cem mil pessoas ligadas à essa cadeia produtiva, como informa o texto enviado pelo assessor de imprensa do Ibravin. Ainda não sei no que deu a reunião, mas assim que souber, avisarei.
Enquanto isso, a revista inglesa The Economist publicou uma pesquisa - que realiza todo ano - sobre o preço do lanche Big Mac ao redor do mundo. O Brasil ficou em 4o lugar entre os dez países onde o sanduíche custa mais caro: o equivalente a US$ 4,91 (no ano passado, segundo a mesma pesquisa, custava US$ 4,02 aqui). Ficamos atrás somente da Noruega, Suécia e Suíça. Nos EUA ele custa US$ 3,73.
A análise da revista é de que o valor subiu pois a moeda brasileira se valorizou.
Minha questão final não é essa. Um 'sanduba' do Mc Donald's custa quase cinco dólares, e o que é caro é o vinho brasileiro?
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terça-feira, 27 de julho de 2010
Almoço de Negócios com Vinho Suzin
Ontem estive almoçando com Márcio Marson no restaurante Ráscal do Itaim.
Cabem algumas explicações: o Márcio não tem esse sobrenome por acaso. É realmente um dos herdeiros da vinícola Marson em Cotiporã, perto de Bento Gonçalves. Não fosse o ligeiro sotaque que aparece quando ele se empolga em algum comentário, mal daria para perceber que ele é gaúcho.
Seu trabalho vem obrigando-o a viver em SP há mais de dez anos, fazendo uma das coisas mais difíceis que existem nesse mundo dos vinhos: comercializar vinhos brasileiros no mercado do sudeste. Suponho que só outros dois herdeiros entendam perfeitamente o que passa Márcio: Fábio Miolo e Jane Pizzato. Esses três são os desbravadores do mercado paulistano (eu ajuntaria ao grupo Ângelo Salton Neto, que faleceu no ano passado e deixou a difícil missão na mão da filha Luciana, mas entendo que a Salton tem uma estrutura grande em SP desde muito antes dos três que mencionei se fixarem por aqui, o que facilita um pouco o trabalho da empresa).
Eu os conheço desde a época em que trabalhava na Editora Abril e depois no restaurante, mas concluímos durante o almoço que foi o Márcio quem eu conheci primeiro, ainda na época em que eu trabalhava para a revista Claudia Cozinha.
Muitas vezes eu os vi chegarem ao restaurante em um final de noite arrasados por tantos 'nãos' recebidos de clientes potenciais, muitos do quais até se recusavam a recebê-los só por saberem que vinham falar de vinhos brasileiros.
É claro que isso mudou, mas não muito, infelizmente. Márcio agora é dono da Eivin www.eivin.com.br, uma empresa que distribui algumas marcas de vinhos brasileiros de alta qualidade em nosso estado. Hoje ele enfrenta outros problemas, que me contou em discreção total durante o almoço.
O Ráscal, para quem não conhece, é na minha opinião o melhor self-service de São Paulo. Nada de pesar o prato ou de servir apenas um pedaço de carne pois é o que está 'no preço'. Não é barato, mas a qualidade dos alimentos é impressionante. E ninguém fica olhando feio se você ficar na mesa mais um pouco conversando. A carta de vinhos também é bem bacana e com preços que me parecem bastante justos.
Começamos com uma taça de vinho rosé chileno, generosamente servida pelo sommelier Ivan, e depois provamos um Cabernet Sauvignon da Suzin 2007, que eu já conhecia da safra 2006, de São Joaquim (SC). Não está na carta, mas Márcio trouxe o vinho e o sommelier nem titubeou - refrescou e serviu.
Combinou muito bem com nossos pratos de massas. Tinha aromas potentes, bom corpo e acidez na medida certa.
Depois das saladas e das entradas, vocês vêem em meu prato ao lado um pedaço de foccacia de alecrim e cebola roxa, um enfornado de berinjelas com um leve molho de tomates, uma fatia pequena de corniccione e uma porção de picci (massa que parece um fusilli, mas é fresca) com molho de tomates, manjericão e mini polpetas de picanha.
Almoçamos muito bem e bebemos bem. Mas o mais importante foi o papo, propiciado por aquela minha postagem sobre o preço dos vinhos. Isso nos levou a muitas considerações que irão aparecer aqui no devido tempo e depois de cuidadosa análise.
Ambos sabemos que o vinho brasileiro tem bom potencial, que os consumidor quer (e precisa) beber melhor. Mas também temos consciência de que algumas estratégias precisarão ser postas em prática para que o mercado receba esses produtos com preço e qualidade justos.
Boa semana para todos e bons brindes!
Cabem algumas explicações: o Márcio não tem esse sobrenome por acaso. É realmente um dos herdeiros da vinícola Marson em Cotiporã, perto de Bento Gonçalves. Não fosse o ligeiro sotaque que aparece quando ele se empolga em algum comentário, mal daria para perceber que ele é gaúcho.
Seu trabalho vem obrigando-o a viver em SP há mais de dez anos, fazendo uma das coisas mais difíceis que existem nesse mundo dos vinhos: comercializar vinhos brasileiros no mercado do sudeste. Suponho que só outros dois herdeiros entendam perfeitamente o que passa Márcio: Fábio Miolo e Jane Pizzato. Esses três são os desbravadores do mercado paulistano (eu ajuntaria ao grupo Ângelo Salton Neto, que faleceu no ano passado e deixou a difícil missão na mão da filha Luciana, mas entendo que a Salton tem uma estrutura grande em SP desde muito antes dos três que mencionei se fixarem por aqui, o que facilita um pouco o trabalho da empresa).
Eu os conheço desde a época em que trabalhava na Editora Abril e depois no restaurante, mas concluímos durante o almoço que foi o Márcio quem eu conheci primeiro, ainda na época em que eu trabalhava para a revista Claudia Cozinha.
Muitas vezes eu os vi chegarem ao restaurante em um final de noite arrasados por tantos 'nãos' recebidos de clientes potenciais, muitos do quais até se recusavam a recebê-los só por saberem que vinham falar de vinhos brasileiros.
É claro que isso mudou, mas não muito, infelizmente. Márcio agora é dono da Eivin www.eivin.com.br, uma empresa que distribui algumas marcas de vinhos brasileiros de alta qualidade em nosso estado. Hoje ele enfrenta outros problemas, que me contou em discreção total durante o almoço.
O Ráscal, para quem não conhece, é na minha opinião o melhor self-service de São Paulo. Nada de pesar o prato ou de servir apenas um pedaço de carne pois é o que está 'no preço'. Não é barato, mas a qualidade dos alimentos é impressionante. E ninguém fica olhando feio se você ficar na mesa mais um pouco conversando. A carta de vinhos também é bem bacana e com preços que me parecem bastante justos.
Começamos com uma taça de vinho rosé chileno, generosamente servida pelo sommelier Ivan, e depois provamos um Cabernet Sauvignon da Suzin 2007, que eu já conhecia da safra 2006, de São Joaquim (SC). Não está na carta, mas Márcio trouxe o vinho e o sommelier nem titubeou - refrescou e serviu.
Combinou muito bem com nossos pratos de massas. Tinha aromas potentes, bom corpo e acidez na medida certa.
Depois das saladas e das entradas, vocês vêem em meu prato ao lado um pedaço de foccacia de alecrim e cebola roxa, um enfornado de berinjelas com um leve molho de tomates, uma fatia pequena de corniccione e uma porção de picci (massa que parece um fusilli, mas é fresca) com molho de tomates, manjericão e mini polpetas de picanha.
Almoçamos muito bem e bebemos bem. Mas o mais importante foi o papo, propiciado por aquela minha postagem sobre o preço dos vinhos. Isso nos levou a muitas considerações que irão aparecer aqui no devido tempo e depois de cuidadosa análise.
Ambos sabemos que o vinho brasileiro tem bom potencial, que os consumidor quer (e precisa) beber melhor. Mas também temos consciência de que algumas estratégias precisarão ser postas em prática para que o mercado receba esses produtos com preço e qualidade justos.
Boa semana para todos e bons brindes!
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segunda-feira, 26 de julho de 2010
The passing of Anna Tasca Lanza - A Morte de Anna Tasca Lanza
I sadly receive today, from Fabrizia Lanza, the news of the departing of her mother, Anna Tasca Lanza (photo).
She died in July 12th, during her sleep, with no suffering at all as her daughter recalls.
Although I never met Anna, I had the opportunity to meet Fabrizia in Vinheria Percussi and made her sign one of her mother's book "The Heart of Sicily" which I find to be one of the best italian cooking book's ever.
Anna Tasca was born and lived a rich life, both in wellness and in atitude. She never had to work, but she chose to, and by doing that she was the founder of the most important and renowed cooking school in the south of Italy, that Fabrizia has been taken very good care of since 2004 when her mother retired from the daily activities.
Luckily for all of us, Fabrizia inherited her mother's good taste, cooking skills and sympathy, so that a life's work won't depart with Anna Tasca. Quite the opposite, her daughter has been taking Sicilian culinary arts to a new level.
Unfortunaltely though, the life's book of recepies is one exceptional cook's short.
Dear Fabrizia, my heart pours out to you!
Sílvia
http://www.annatascalanza.com/ - neste link você pode conhecer um pouco mais sobre Anna Tasca e sua filha Fabrizia e sua escola de culinária na Sicília.
(Segue a tradução do texto acima, escrito originalmente em inglês para poder ser enviado para a filha de Anna Tasca Lanza)
Recebi hoje com muita tristeza, vindo de Fabrizia Lanza a notícia do falecimento de sua mãe, Anna Tasca Lanza (foto acima).
Ela faleceu dormindo, no dia 12 de julho, sem nenhum sofrimento conforme comunicou sua filha.
Embora eu nunca a tenha conhecido pessoalmente, tive a oportunidade de conhecer sua filha Fabrizia na Vinheria Percussi (aqui em SP) e pedi que ela autografasse o livro de sua mãe "O Coração da Sicília", que eu acredito ser um dos melhores livro italianos de culinária que existem.
Anna Tasca nasceu e viveu na riqueza, tanto material quanto em sua maneira de ser. Mesmo sem nunca ter tido a necessidade de trabalhar, ela resolveu fazê-lo e assim foi a fundadora da mais renomada e importante escola de culinária do sul da Itália, escola essa que Fabrizia vem cuidando muito bem desde 2004, quando sua mãe se retirou das atividades diárias.
Felizmente para todos nós, Fabrizia herdou o bom gosto de sua mãe, seus dons culinários e sua simpatia, assim o trabalho de uma vida não desaparece com a partida de Anna Tasca. Muito ao contrário, sua filha tem levado a culinária siciliana a um novo nível.
Ainda assim, infelizmente, o livro de receitas da vida perde uma de suas cozinheiras mais importantes.
Fabrizia, meus sentimentos.
Sílvia
She died in July 12th, during her sleep, with no suffering at all as her daughter recalls.
Although I never met Anna, I had the opportunity to meet Fabrizia in Vinheria Percussi and made her sign one of her mother's book "The Heart of Sicily" which I find to be one of the best italian cooking book's ever.
Anna Tasca was born and lived a rich life, both in wellness and in atitude. She never had to work, but she chose to, and by doing that she was the founder of the most important and renowed cooking school in the south of Italy, that Fabrizia has been taken very good care of since 2004 when her mother retired from the daily activities.
Luckily for all of us, Fabrizia inherited her mother's good taste, cooking skills and sympathy, so that a life's work won't depart with Anna Tasca. Quite the opposite, her daughter has been taking Sicilian culinary arts to a new level.
Unfortunaltely though, the life's book of recepies is one exceptional cook's short.
Dear Fabrizia, my heart pours out to you!
Sílvia
http://www.annatascalanza.com/ - neste link você pode conhecer um pouco mais sobre Anna Tasca e sua filha Fabrizia e sua escola de culinária na Sicília.
(Segue a tradução do texto acima, escrito originalmente em inglês para poder ser enviado para a filha de Anna Tasca Lanza)
Recebi hoje com muita tristeza, vindo de Fabrizia Lanza a notícia do falecimento de sua mãe, Anna Tasca Lanza (foto acima).
Ela faleceu dormindo, no dia 12 de julho, sem nenhum sofrimento conforme comunicou sua filha.
Embora eu nunca a tenha conhecido pessoalmente, tive a oportunidade de conhecer sua filha Fabrizia na Vinheria Percussi (aqui em SP) e pedi que ela autografasse o livro de sua mãe "O Coração da Sicília", que eu acredito ser um dos melhores livro italianos de culinária que existem.
Anna Tasca nasceu e viveu na riqueza, tanto material quanto em sua maneira de ser. Mesmo sem nunca ter tido a necessidade de trabalhar, ela resolveu fazê-lo e assim foi a fundadora da mais renomada e importante escola de culinária do sul da Itália, escola essa que Fabrizia vem cuidando muito bem desde 2004, quando sua mãe se retirou das atividades diárias.
Felizmente para todos nós, Fabrizia herdou o bom gosto de sua mãe, seus dons culinários e sua simpatia, assim o trabalho de uma vida não desaparece com a partida de Anna Tasca. Muito ao contrário, sua filha tem levado a culinária siciliana a um novo nível.
Ainda assim, infelizmente, o livro de receitas da vida perde uma de suas cozinheiras mais importantes.
Fabrizia, meus sentimentos.
Sílvia
domingo, 25 de julho de 2010
Linhas de Produção
Suco de Uva - Casa de Madeira - Vale dos Vinhedos
Rotulagem e embalagem - Vinho Branco para Exportação - Salton - Tuiuty
E como ninguém vive só de vinho e água...
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sábado, 24 de julho de 2010
sexta-feira, 23 de julho de 2010
As Competições Mais Estúpidas!
Como ainda estou lendo os emails sobre a postagem de ontem - o preço dos vinhos - hoje vou mudar o tom da conversa.
Li nas notícias da revista ADEGA www.revistaadega.com.br que durante um torneio de golfe nos Estados Unidos, da qual participaram atores e atrizes, atletas e políticos, aconteceu um outro evento considerado pelos americanos 'tradicional': é uma competição para ver quem consegue fazer a rolha de um espumante espoucar mais longe...
Dá para acreditar nisso?
Tem que dar, pois está em uma porção de sites da mídia americana.
Eu acho um absurdo, para ser bem franca, e como diria minha avó: "isso é coisa de quem não tem o que fazer".
Mas pensando nisso, lembrei-me dos tempos em que eu trabalhava em VEJA e recebia centenas de fotos (fotos em papel gente, isso é de antes da câmeras digitais terem qualidade suficiente para os fotógrafos profissionais) de competições as mais estapafúrdias possíveis. Isso sem contar um movimento francês muito organizado que sempre rendia boas fotos: o Movimento pela Libertação dos Anões de Jardim.
É sério. Era um grupo grande que percorria os jardins retirando as estátuas dos anões e levando-as para 'um lugar de liberdade'.
Voltando às competições: não sei o que pensar de uma que acontece todo ano na Finlândia com participantes de vários países: o Campeonato Mundial de Carregamento de Esposas. O sujeito coloca a cara-metade nas costas e atravessa uma série de obstáculos, ganha quem chegar primeiro, óbvio. Se fosse aqui no Brasil teria que ser carregamento de sogra...
Existia uma (vi fotos mas não sei se ainda fazem essa competição), em algum lugar da Rússia, de arremesso de vaso-sanitário. (Pergunta que não quer calar: novo ou usado?). E também uma no mundo árabe das caretas mais feias. Essa pode ser feita em qualquer parte do mundo, francamente.
Na Inglaterra é famosa até hoje uma corrida que acontece em Gloucestershire, onde os participantes sobem e descem morros com um queijo de 4 kg em formato de roda nas mãos. Quem vence ganha o queijo, claro. Também entre os britânicos existe uma interessante competição de mergulho na lama. Não devem existir regras para um jogo limpo nesse caso específico.
Para fechar com os mesmos inventores da competição que para mim deveria chamar-se 'Desperdiçamento de Espumante' (em mau português), existe o torneio de empilhamento de copos de plástico (só para adultos) e a competição de 'chamamento de pato'. Essa é demais não?
Como somos 'razoavelmente' normais, vamos aproveitar o final de semana para competir no melhor aproveitamento de horas livres e no torneio de mais sorrisos espontâneos!
Bons brindes!
P.S.: Quem foi que disse que só os dias do meio da semana são úteis?
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quarta-feira, 21 de julho de 2010
Assunto Taninoso: O Preço dos Vinhos
Como boa jornalista que me esforço para ser, vou fazer como ensinam os bons professores de reportagem e redação em algumas (poucas) escolas e em algumas (poucas) redações sérias - vou fazer o possível para abordar os dois lados dessa taninosa questão.
Começo dizendo o que aconteceu para me fazer colocar no ar estas elocubrações.
Meu pai faz aniversário no próximo dia dos Pais, e vamos juntar um grupo de parentes para comer pizza e tomar vinho em meu apartamento. Das 15/16 pessoas que virão, somente duas não bebem vinho. Não há preconceituosos no grupo, então meus pensamentos encaminharam-se diretamente para os vinhos brasileiros. Comecei a fazer uma pesquisa de preço partindo de alguns princípios de harmonização e de observações que tenho do que esse grupo gosta/costuma beber.
Fico feliz em dizer que somos 'facinhos', muitas paixões nos agradam e nos entretêm de boa maneira. Então, passo a pensar no dinheiro disponível (que é um assunto ainda mais espinhoso do que taninoso) e na melhor forma de gastá-lo.
Para começar consulto via internet alguns vinhos tintos brasileiros que me agradam e que não são vinhos que pedem comidas mais sóbrias do que pizza.
Penso que colocar um valor máximo entre 35 e 40 reais por garrafa parece ser de bom tamanho. Por uma razão bastante simples: é o preço médio de muitas das pizzas de entrega de minha região. Um cálculo rápido me diz que cada garrafa é suficiente para 2 a 3 pessoas e a mesma coisa para as pizzas.
E vou aos vinhos, é aí é que a coisa começa a complicar.
1) não encontro para vender, senão nos sites das empresas, alguns dos vinhos que me agradam e estão nessa faixa de preço;
2) alguns vinhos estão mais baratos em lojas multimarcas, abertas para a rua e com pronta-entrega, do que no próprio site da vinícola, onde ainda tenho que pagar frete e esperar chegar;
3) outros vinhos estão surpreendentemente caros;
E aqui abro um parêntese:
Os vinhos brasileiros sofrem com uma tremenda carga tributária. Ela incide sobre todos os produtos industrializados e sua porcentagem (em alguns produtos) aparece nas notas dos supermercados, mas nós não estamos acostumados a olhar. Os americanos sabem o quanto pagam de imposto pois no final de cada nota está o valor da conta com e sem o imposto. Fica mais fácil ver, indignar-se e, quando possível, questionar o governo. Por aqui não dá...
Em vários casos os vinhos argentinos e chilenos chegam ao Brasil com uma carga tributária muito (mas muito mesmo) inferior à nossa e isso derruba os preços deles, além do fato de que para muitos atacadistas - donos de supermercados - isso representa uma economia ainda maior quando combinado com o volume que eles compram.
Imagino que já está ficando claro como a balança fica desequilibrada para os brasileiros na maioria dos casos.
Mas...também existe uma coisa intangível que é um pensamento de alguns produtores e de alguns consumidores que determina que se o vinho for barato ele imediatamente será associado a um vinho ruim.
Então, o vinho brasileiro com esse problema de auto-estima e de carga tributária fica na retaguarda da compra. E da prateleira.
Veja só, uma vez conversando com Fábio Miolo eu perguntei quanto do valor final de uma garrafa era, para o produtor a carga de impostos, e ele me falou que chegava a quase a metade do valor final dela.
Várias vezes depois disso eu fiz a mesma pergunta para outros produtores brasileiros e a resposta foi praticamente a mesma. Ou seja, em 750ml de vinho, 375 ml são para o governo.
Onde essa conta não encaixa é no seguinte, vou dar um exemplo para ilustrar: na loja da Salton, lá em Tuiuty, uma garrafa do vinho premium deles, custa quase 50 reais (o vinho vale cada centavo, diga-se) e hoje eu vi esse mesmo vinho no supermercado Extra por R$ 69,00. É claro que o supermercado paga menos de 50 reais cada garrafa, deve pagar algo em torno de 42 reais. Mais os "bônus" que as empresas tem que dar para conseguir que seu produto esteja naquele supermercado. Assim, suponhamos que seja esse o valor (R$ 42,00) só para efeito de cálculo. Sabe quanto eles colocaram a mais para pôr o vinho na prateleira? 65%.
Que tal? Daí que hoje eu estava lá no Extra e fiz o que sempre faço, deixei-me ficar na seção de vinhos observando preços, promoções, pessoas e perguntas (os 4 'P's do varejo). Como é 4a feira e eles fazem algumas promoções de hortifrutis, é sempre um dia movimentado.
E as pessoas estavam comprando vinhos. E não era pouco não. Sabe por que? A linha básica Santa Carolina estava por um 16 ou 17 reais cada garrafa. Se você levasse três garrafas o preço cairia para 15 reais.
Vamos combinar que não dá para concorrer com isso?
Óbvio que o vinho da Salton que usei para base de cálculo é tremendamente melhor do que esse Santa Carolina genérico (a Santa Carolina também tem vinhos bons, mas não eram esses). Mas a IMENSA maioria das pessoas não sabe disso.
Elas vêem o vinho brasileiro nas prateleiras, não diferenciam uma porcariada de uvas de mesa misturadas com 'só um químico sabe o quê' por 8 reais, sobem os olhos e vêem um vinho fino por 33 reais, sobem mais ainda e vêem um por 70 reais. É tudo brasileiro, um país de cachaça, futebol meia-boca e vinhos de garrafão. Por que ela vai pagar 70 reais? Por que ela vai se dar ao trabalho (e custo) de provar um de 33 reais que ela não conhece se ao lado existem os argentinos e os chilenos por 18,19,20 reais, com fama e em promoção?
A primeira frase deste blog afirma que falo de vinhos brasileiros com um pouco de parcialidade e que existem bons vinhos em muitos terroirs.
Então, não estou desmerecendo Argentina, Chile, Brasil, Portugal etc com seus bons vinhos. Nem estou querendo que vinhos de alta gama custem 30 reais. Só estou altamente indignada com a injustiça das prateleiras. Com a exploração que presta um enorme deserviço ao mundo do vinho. E não vou nem falar de restaurantes, isso fica para outro post.
Meus conhecidos do Ibravin ficam bravos quando digo que o vinho brasileiro custa caro. Custa sim, para o consumidor final médio (como eu, a dona de casa, que quer dar uma festinha gostosa sem comprometer o orçamento, provar uma novidade aqui e ali) que compra vinho no supermercado por que é onde tem (sério gente, pegar o carro em São Paulo e percorrer 15/20km para ir a uma revenda de um vinho brasileiro é coisa de doido). Para gente como eu o vinho brasileiro custa caro e é difícil de achar.
Não sou política e nem tenho nada a ver com isso, mas não é possível que alguma coisa não possa ser feita a esse respeito.
Mas vou dar uma aliviada no discurso senão amanhã vou receber uma enxurrada de emails dizendo que não é bem assim. Outros fatos: o Ibravin tem feito um trabalho duro e sério para que as pessoas provem os bons vinhos brasileiros. Esse trabalho vem dando resultado, mas é vagaroso e fica algumas vezes amarrado na falta de opções por conta da péssima distribuição. Parafraseando Milton Nascimento: O vinho tem que ir onde o consumidor está.
Outra, a Miolo comprou a Almadén precisamente para entrar nesse segmento dos vinhos bons e baratos e aos poucos começa a aparecer nas prateleiras. A Salton vem fazendo alterações em sua linha Classic para conseguir vinhos vivazes e agradáveis em uma faixa mais acessível. A Piagentini vem fazendo mudanças importantes em sua linha, para mudar a imagem de seus vinhos. A qualidade das novas linhas já melhorou e muito. Alguns rótulos da Aurora também evoluiram. Casa Valduga não vende em supermercado, então não posso comentar.
Mas e os outros? E os vinhos entre 35 e 40 reais que eu queria comprar? Pior, e os de 25 reais? Onde eles estão? Não sei. Para conseguí-los tenho que encomendar em um conhecido aqui, um produtor alí etc. Ou seja, fazer umas 5 comprinhas para conseguir uma dúzia de vinhos brasileiros que eu gosto. Complica não?
Os 'hermanos' estão todos lá. Poderosos, baratos e no mesmo lugar. E alguns na faixa de 25/30 reais são bem bons, perfeitos para acompanhar a pizza descompromissada.
Pensem à respeito, consumidores, produtores, distribuidores, políticos. Eu estou em SP, a cidade onde vocês todos sonham em vender seus vinhos. Quero comprá-los e não os encontro, ou então faço contas e acho que alguém, além do governo, está de sacanagem comigo.
Bons pensamentos, sem brinde, pois caso não tenham percebido, estou indignada!
P.S: Pai, não se preocupe, os vinhos de seu jantar já foram encomendados/comprados.
Começo dizendo o que aconteceu para me fazer colocar no ar estas elocubrações.
Meu pai faz aniversário no próximo dia dos Pais, e vamos juntar um grupo de parentes para comer pizza e tomar vinho em meu apartamento. Das 15/16 pessoas que virão, somente duas não bebem vinho. Não há preconceituosos no grupo, então meus pensamentos encaminharam-se diretamente para os vinhos brasileiros. Comecei a fazer uma pesquisa de preço partindo de alguns princípios de harmonização e de observações que tenho do que esse grupo gosta/costuma beber.
Fico feliz em dizer que somos 'facinhos', muitas paixões nos agradam e nos entretêm de boa maneira. Então, passo a pensar no dinheiro disponível (que é um assunto ainda mais espinhoso do que taninoso) e na melhor forma de gastá-lo.
Para começar consulto via internet alguns vinhos tintos brasileiros que me agradam e que não são vinhos que pedem comidas mais sóbrias do que pizza.
Penso que colocar um valor máximo entre 35 e 40 reais por garrafa parece ser de bom tamanho. Por uma razão bastante simples: é o preço médio de muitas das pizzas de entrega de minha região. Um cálculo rápido me diz que cada garrafa é suficiente para 2 a 3 pessoas e a mesma coisa para as pizzas.
E vou aos vinhos, é aí é que a coisa começa a complicar.
1) não encontro para vender, senão nos sites das empresas, alguns dos vinhos que me agradam e estão nessa faixa de preço;
2) alguns vinhos estão mais baratos em lojas multimarcas, abertas para a rua e com pronta-entrega, do que no próprio site da vinícola, onde ainda tenho que pagar frete e esperar chegar;
3) outros vinhos estão surpreendentemente caros;
E aqui abro um parêntese:
Os vinhos brasileiros sofrem com uma tremenda carga tributária. Ela incide sobre todos os produtos industrializados e sua porcentagem (em alguns produtos) aparece nas notas dos supermercados, mas nós não estamos acostumados a olhar. Os americanos sabem o quanto pagam de imposto pois no final de cada nota está o valor da conta com e sem o imposto. Fica mais fácil ver, indignar-se e, quando possível, questionar o governo. Por aqui não dá...
Em vários casos os vinhos argentinos e chilenos chegam ao Brasil com uma carga tributária muito (mas muito mesmo) inferior à nossa e isso derruba os preços deles, além do fato de que para muitos atacadistas - donos de supermercados - isso representa uma economia ainda maior quando combinado com o volume que eles compram.
Imagino que já está ficando claro como a balança fica desequilibrada para os brasileiros na maioria dos casos.
Mas...também existe uma coisa intangível que é um pensamento de alguns produtores e de alguns consumidores que determina que se o vinho for barato ele imediatamente será associado a um vinho ruim.
Então, o vinho brasileiro com esse problema de auto-estima e de carga tributária fica na retaguarda da compra. E da prateleira.
Veja só, uma vez conversando com Fábio Miolo eu perguntei quanto do valor final de uma garrafa era, para o produtor a carga de impostos, e ele me falou que chegava a quase a metade do valor final dela.
Várias vezes depois disso eu fiz a mesma pergunta para outros produtores brasileiros e a resposta foi praticamente a mesma. Ou seja, em 750ml de vinho, 375 ml são para o governo.
Onde essa conta não encaixa é no seguinte, vou dar um exemplo para ilustrar: na loja da Salton, lá em Tuiuty, uma garrafa do vinho premium deles, custa quase 50 reais (o vinho vale cada centavo, diga-se) e hoje eu vi esse mesmo vinho no supermercado Extra por R$ 69,00. É claro que o supermercado paga menos de 50 reais cada garrafa, deve pagar algo em torno de 42 reais. Mais os "bônus" que as empresas tem que dar para conseguir que seu produto esteja naquele supermercado. Assim, suponhamos que seja esse o valor (R$ 42,00) só para efeito de cálculo. Sabe quanto eles colocaram a mais para pôr o vinho na prateleira? 65%.
Que tal? Daí que hoje eu estava lá no Extra e fiz o que sempre faço, deixei-me ficar na seção de vinhos observando preços, promoções, pessoas e perguntas (os 4 'P's do varejo). Como é 4a feira e eles fazem algumas promoções de hortifrutis, é sempre um dia movimentado.
E as pessoas estavam comprando vinhos. E não era pouco não. Sabe por que? A linha básica Santa Carolina estava por um 16 ou 17 reais cada garrafa. Se você levasse três garrafas o preço cairia para 15 reais.
Vamos combinar que não dá para concorrer com isso?
Óbvio que o vinho da Salton que usei para base de cálculo é tremendamente melhor do que esse Santa Carolina genérico (a Santa Carolina também tem vinhos bons, mas não eram esses). Mas a IMENSA maioria das pessoas não sabe disso.
Elas vêem o vinho brasileiro nas prateleiras, não diferenciam uma porcariada de uvas de mesa misturadas com 'só um químico sabe o quê' por 8 reais, sobem os olhos e vêem um vinho fino por 33 reais, sobem mais ainda e vêem um por 70 reais. É tudo brasileiro, um país de cachaça, futebol meia-boca e vinhos de garrafão. Por que ela vai pagar 70 reais? Por que ela vai se dar ao trabalho (e custo) de provar um de 33 reais que ela não conhece se ao lado existem os argentinos e os chilenos por 18,19,20 reais, com fama e em promoção?
A primeira frase deste blog afirma que falo de vinhos brasileiros com um pouco de parcialidade e que existem bons vinhos em muitos terroirs.
Então, não estou desmerecendo Argentina, Chile, Brasil, Portugal etc com seus bons vinhos. Nem estou querendo que vinhos de alta gama custem 30 reais. Só estou altamente indignada com a injustiça das prateleiras. Com a exploração que presta um enorme deserviço ao mundo do vinho. E não vou nem falar de restaurantes, isso fica para outro post.
Meus conhecidos do Ibravin ficam bravos quando digo que o vinho brasileiro custa caro. Custa sim, para o consumidor final médio (como eu, a dona de casa, que quer dar uma festinha gostosa sem comprometer o orçamento, provar uma novidade aqui e ali) que compra vinho no supermercado por que é onde tem (sério gente, pegar o carro em São Paulo e percorrer 15/20km para ir a uma revenda de um vinho brasileiro é coisa de doido). Para gente como eu o vinho brasileiro custa caro e é difícil de achar.
Não sou política e nem tenho nada a ver com isso, mas não é possível que alguma coisa não possa ser feita a esse respeito.
Mas vou dar uma aliviada no discurso senão amanhã vou receber uma enxurrada de emails dizendo que não é bem assim. Outros fatos: o Ibravin tem feito um trabalho duro e sério para que as pessoas provem os bons vinhos brasileiros. Esse trabalho vem dando resultado, mas é vagaroso e fica algumas vezes amarrado na falta de opções por conta da péssima distribuição. Parafraseando Milton Nascimento: O vinho tem que ir onde o consumidor está.
Outra, a Miolo comprou a Almadén precisamente para entrar nesse segmento dos vinhos bons e baratos e aos poucos começa a aparecer nas prateleiras. A Salton vem fazendo alterações em sua linha Classic para conseguir vinhos vivazes e agradáveis em uma faixa mais acessível. A Piagentini vem fazendo mudanças importantes em sua linha, para mudar a imagem de seus vinhos. A qualidade das novas linhas já melhorou e muito. Alguns rótulos da Aurora também evoluiram. Casa Valduga não vende em supermercado, então não posso comentar.
Mas e os outros? E os vinhos entre 35 e 40 reais que eu queria comprar? Pior, e os de 25 reais? Onde eles estão? Não sei. Para conseguí-los tenho que encomendar em um conhecido aqui, um produtor alí etc. Ou seja, fazer umas 5 comprinhas para conseguir uma dúzia de vinhos brasileiros que eu gosto. Complica não?
Os 'hermanos' estão todos lá. Poderosos, baratos e no mesmo lugar. E alguns na faixa de 25/30 reais são bem bons, perfeitos para acompanhar a pizza descompromissada.
Pensem à respeito, consumidores, produtores, distribuidores, políticos. Eu estou em SP, a cidade onde vocês todos sonham em vender seus vinhos. Quero comprá-los e não os encontro, ou então faço contas e acho que alguém, além do governo, está de sacanagem comigo.
Bons pensamentos, sem brinde, pois caso não tenham percebido, estou indignada!
P.S: Pai, não se preocupe, os vinhos de seu jantar já foram encomendados/comprados.
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segunda-feira, 19 de julho de 2010
Menu Tailandês por R$ 29,50
Segue aqui uma dica que eu imagino que muita gente não conheça.
O site www.clickon.com.br disponibiliza promoções de produtos e serviços por preços super em conta. Funciona assim, você entra no site, escolhe a promoção, compra com seu cartão de crédito (sim, o site é seguro) e depois recebe e imprime um comprovante (voucher) que lhe permite usar a promoção de acordo com as regras de quem ofereceu o preço especial.
Fiquei sabendo disso na última sexta-feira, quando estive no restaurante asiático Ban Kao (na Manuel Guedes, Itaim Bibi - SP - foto abaixo) para uma harmonização dos vinhos da importadora Zahil com o menu degustação do restaurante, preparado pelo chef Junior Messa (que há mais de 5 anos trabalha com culinária tailandesa, vietnamita etc).
O gerente da casa, Liu Fukushima, contou para mim e para a Priscila da Zahil que a partir da meia-noite de hoje o menu degustação deles vai custar R$ 29,50 para quem comprar no site e poderá ser 'descontado' de segunda à quinta-feira por 60 dias. O preço normal desse menu é praticamente o triplo. Abaixo você vê o menu oferecido:
Mercado flutuante em Bangcoc.
O site www.clickon.com.br disponibiliza promoções de produtos e serviços por preços super em conta. Funciona assim, você entra no site, escolhe a promoção, compra com seu cartão de crédito (sim, o site é seguro) e depois recebe e imprime um comprovante (voucher) que lhe permite usar a promoção de acordo com as regras de quem ofereceu o preço especial.
Fiquei sabendo disso na última sexta-feira, quando estive no restaurante asiático Ban Kao (na Manuel Guedes, Itaim Bibi - SP - foto abaixo) para uma harmonização dos vinhos da importadora Zahil com o menu degustação do restaurante, preparado pelo chef Junior Messa (que há mais de 5 anos trabalha com culinária tailandesa, vietnamita etc).
O gerente da casa, Liu Fukushima, contou para mim e para a Priscila da Zahil que a partir da meia-noite de hoje o menu degustação deles vai custar R$ 29,50 para quem comprar no site e poderá ser 'descontado' de segunda à quinta-feira por 60 dias. O preço normal desse menu é praticamente o triplo. Abaixo você vê o menu oferecido:
ENTRADAS
Mini
cestas crocantes recheadas de mignon de porco, shitake e broto de feijão
Rolinho
primavera de bifum e camarão
Salada
verde com mignon marinado em sake e óleo de gergelim, com
molho
agri-doce picante
PRINCIPAL
St.
Peter com molho de limão
Camarão
com abacaxi e curry vermelho tailnadês
Mignon
e abobrinhas com curry verde tailandês
SOBREMESA
Kulf
de chocolate belga servido, banana caramelizada e calda toffee
Sorvete
de chá verde
Acima você vê uma foto do St.Peter com molho de limão sobre cama de bokchoi. Essa é a porção normal, no menu ela é menor, pois não há como provar todos os pratos se as porções fossem desse tamanho, certo?
Para aqueles que tem receio das pimentas tão típicas dessa culinária, fica o aviso de que o chef deu uma aliviada no apimentado. No entanto, todos os outros ingredientes dos pratos são originais e vindos de lojas exclusivas de produtos asiáticos.
Quanto aos vinhos, tenho algumas sugestões: uma delas é o branco australiano 'The Stump Jump', um assemblage com base de Riesling e Sauvignon Blanc entre outras uvas, que deve complementar bem o menu. Outra possibilidade é começar com uma taça de vinho branco (ele vendem alguns vinhos em taça) e depois escolher um rosé ou até mesmo um espumante nacional brut. Se você não for capaz de resistir aos tintos, escolha um tinto leve, com maior acidez, para que o vinho não encubra o sabor dos pratos.
Imagino que para muita gente vai parecer que estou fazendo propaganda do local. Mas não é isso.
A comida é deliciosa e sei que muitas pessoas não conhecem esse tipo de culinária por terem receio de provar e gastar demais à toa. Mas por 30 reais o menu degustação, não dá nem para se arrepender - só se você for muito chato mesmo, daí é melhor nem ir. O lugar não combina muito com gente chata. Tem música moderna, equipe atenciosa, comida boa e bons vinhos. Os chatos podem ficar em casa falando mal do feijão com arroz.
A comida é deliciosa e sei que muitas pessoas não conhecem esse tipo de culinária por terem receio de provar e gastar demais à toa. Mas por 30 reais o menu degustação, não dá nem para se arrepender - só se você for muito chato mesmo, daí é melhor nem ir. O lugar não combina muito com gente chata. Tem música moderna, equipe atenciosa, comida boa e bons vinhos. Os chatos podem ficar em casa falando mal do feijão com arroz.
Mas lembre-se, é promoção mesmo, bobeou, perdeu.
Boa semana para todos, com bons vinhos, boas comidas e felizes relacionamentos!
Mercado flutuante em Bangcoc.
Estátua de Buda reclinado em um templo e parque marítimo de Angthong.
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quinta-feira, 15 de julho de 2010
Enquanto aqui chove...
Em Hampton Court, na Inglaterra:
P.S.: Essas fotos foram tiradas do blog Atelier Côte Jardin, de uma artesã francesa que tira sua inspiração da natureza e que todos os anos vai ao Flower Show.
Ah! Esses ingleses...que bom que praticamente não sabem fazer vinhos (existe sim! uma pequena produção por lá), por que com todo o charme campesino de que são capazes, se tivessem um terroir que prestasse, muito produtor grande estaria assustado!
Hampton Court é o palácio do Príncipe Charles, fica a poucos quilómetros de Londres e está aberto à visitação pública. Seus jardins são famosos (assim como o gosto do Herdeiro da Casa dos Windsor pela jardinagem - embora pareça-me inimaginável aquele homem com as mãos sujas de terra) e recebem todos os anos no mês de julho uma imensa feira, o Flower Show, que atrai público de toda a Europa.
Mesmo em dezembro, quando os portões se abrem novamente para as festas de Natal (celebradas no melhor estilo da corte, com malabaristas, acrobatas e cozinheiros todos vestidos como a três séculos atrás entretendo crianças e adultos), os jardins são maravilhosos e as estufas abrigam as flores que teimam em desabrochar sob o intenso frio inglês.
É um passeio lindo! E as fotos do Flower Show estão aqui para mostrar que sem a chuva, sem o inverno, a majestade da natureza não consegue mostrar toda sua realeza!
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quarta-feira, 14 de julho de 2010
LadyVinho, Ladyvina!
O grupo feliz acima é dos formandos da Palestra de Degustação da LadyVinho, apresentando seu Certificado Internacional obtido depois do curso de 1h30 realizado em 5 de julho de 2010.
Eles não estão lindos? Sabem tuuuudo de vinho e degustação, pois foram treinados por uma expert, a LadyVinho, que em entrevista exclusivíssima para este blog me confidenciou: "LadyVinho já amassou muuuuuita uva na França, muito antes da Philoxera aparecer". Os alunos, hipnotizados por tão competente mestra, foram orientados em muitos assuntos relacionados ao fascinante mundo dos vinhos. Como a harmonização por exemplo. LadyVinho explicou que para acompanhar um risotto de nero di sépia, fica perfeito um Nero D'Avola. Ela, com seu imenso conhecimento (e salto alto) acha óbvia a combinação, mas os discentes ficaram boquiabertos (e salivando) diante de tamanho conhecimento. Mas uma das lições mais importantes, como em todo curso intimista, que se aproxima mesmo das necessidades básicas e mais profundas dos alunos, foi a lição de vida, traduzida pela frase: "É muito ruim em um encontro, quando você abre o vinho e ele não corresponde. Se o cara é um chato, não há Chateau que aguente"- LadyVinho.
Para aqueles que não estão entendo nada, eu explico. LadyVinho é um personagem criado pela sommeliere Carina Cooper, que nas horas vagas das aulas (de verdade) que dá e de seu trabalho na Salton, é uma comediante de primeira.
Na semana passada ela estreou sua stand up comedy de 40 minutos para um público que riu e identificou os variados personagens que compuseram sua LadyVinho (os pseudo conhecedores, os enochatos de plantão, as frases de efeito que todos usamos nesse mundo uma vez ou outra etc...).
Bebemos muito espumante Reserva Ouro Salton, encontramos os amigos, provamos quitutes bem gostosos, demos risada (algumas vezes de nós mesmos) e saímos de alma leve, em plena segunda-feira.
Parabéns Carina 'LadyVinho' Cooper! Sucesso, bons brindes e como disse sua personagem: "Um beijo para vocês e muito vinho no coração"!
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terça-feira, 13 de julho de 2010
Sangiovesi Brasileiro
Para os sortudos que estão andando pela serra gaúcha (agora que o inverno finalmente resolveu dar as caras), a Cristófoli Vinhedos e Vinhos Finos, com sede no distrito de Faria Lemos pertinho de Bento, apresenta seu 'Spazio del Vino' - um porão centenário, totalmente restaurando, visto em parte na foto ao lado de Almir Dupont.
Claro que nesse espaço aconchegante quem manda é a matriarca da família, Maria Cristofoli, preparando as massas caseiras, selecionando as hortaliças cultivadas por alí e preparando pratos típicos daquela comunidade, como a pomba recheada e as bruschettas com a receita de pão que só a família tem.
Esse pão especial, aliás, entra na deliciosa experiência do spuntino, um tentador substituto da refeição, composto das bruschettas, prato de frios, queijos e geléias também caseiras e que acompanham com leveza as degustações.
Nesse ponto quem aparece é Bruna Cristófoli, a jovem enóloga, que conta detalhes sobre a história familiar e sobre os varietais que ela produz: Cabernet Sauvignon, Merlot, Moscato de Alexandria e o meu favorito, Sangiovese. Essa uva tão popular na Itália não encontra muito espaço no Brasil, mas o trabalho de Bruna começa a mostrar que é possível conseguir um vinho da Sangiovese por estas terras que vale a pena beber. Mais leve do que seus primos italianos, o vinho agrada precisamente por isso. Tem bom corpo e se acomoda na boca com facilidade e frescor.
Vale a prova - principalmente acompanhado do spuntino. Bons goles!
Claro que nesse espaço aconchegante quem manda é a matriarca da família, Maria Cristofoli, preparando as massas caseiras, selecionando as hortaliças cultivadas por alí e preparando pratos típicos daquela comunidade, como a pomba recheada e as bruschettas com a receita de pão que só a família tem.
Esse pão especial, aliás, entra na deliciosa experiência do spuntino, um tentador substituto da refeição, composto das bruschettas, prato de frios, queijos e geléias também caseiras e que acompanham com leveza as degustações.
Nesse ponto quem aparece é Bruna Cristófoli, a jovem enóloga, que conta detalhes sobre a história familiar e sobre os varietais que ela produz: Cabernet Sauvignon, Merlot, Moscato de Alexandria e o meu favorito, Sangiovese. Essa uva tão popular na Itália não encontra muito espaço no Brasil, mas o trabalho de Bruna começa a mostrar que é possível conseguir um vinho da Sangiovese por estas terras que vale a pena beber. Mais leve do que seus primos italianos, o vinho agrada precisamente por isso. Tem bom corpo e se acomoda na boca com facilidade e frescor.
Vale a prova - principalmente acompanhado do spuntino. Bons goles!
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segunda-feira, 12 de julho de 2010
sábado, 10 de julho de 2010
Picea! Picea! Picea! (Pizza! PIzza! Pizza!)
Hoje é o dia Internacional da Pizza!
Picea era o alimento original, uma massa de farinha e água assada ao calor do sol sobre uma pedra chata. Já existia entre os hebreus e os romanos levaram a ideia para os seus fornos na Itália.
Era comida ao natural, nas diversas refeições do dia, com azeite, sal, especiarias e acompanhada de um cálice de vinho.
Permaneceu assim através dos séculos, até o final da Idade Média, quando então passou a ser feita com outros ingredientes e, logo após os descobrimentos da América e a introdução dos tomates na alimentação européia, passou a ser mais parecida com as pizzas de hoje em dia.
Encontrei essa explicação no 'Pequeno Dicionário da Gastronomia' e decidi repartí-la com vocês.
Outro dado interessante é o fato de que somente em Nova York é que se come mais pizzas do que nós paulistanos. Do mundo todo! São cinco mil pizzarias na cidade de São Paulo (entre as que possuem salão - algo em torno de 800 - e as que só fazem entregas).
Então, vamos comemorar com umas boas fatias. Escolha seu sabor e seu vinho para acompanhar!
Buon Apetito!
P.S.: Por favor, deixem de cometer a indignidade de comer uma boa pizza com mostarda, ketchup, molho inglês, coração de galinha, refrigerantes ou coberta de batata palha... A little respect please!
Picea era o alimento original, uma massa de farinha e água assada ao calor do sol sobre uma pedra chata. Já existia entre os hebreus e os romanos levaram a ideia para os seus fornos na Itália.
Era comida ao natural, nas diversas refeições do dia, com azeite, sal, especiarias e acompanhada de um cálice de vinho.
Permaneceu assim através dos séculos, até o final da Idade Média, quando então passou a ser feita com outros ingredientes e, logo após os descobrimentos da América e a introdução dos tomates na alimentação européia, passou a ser mais parecida com as pizzas de hoje em dia.
Encontrei essa explicação no 'Pequeno Dicionário da Gastronomia' e decidi repartí-la com vocês.
Outro dado interessante é o fato de que somente em Nova York é que se come mais pizzas do que nós paulistanos. Do mundo todo! São cinco mil pizzarias na cidade de São Paulo (entre as que possuem salão - algo em torno de 800 - e as que só fazem entregas).
Então, vamos comemorar com umas boas fatias. Escolha seu sabor e seu vinho para acompanhar!
Buon Apetito!
P.S.: Por favor, deixem de cometer a indignidade de comer uma boa pizza com mostarda, ketchup, molho inglês, coração de galinha, refrigerantes ou coberta de batata palha... A little respect please!
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sexta-feira, 9 de julho de 2010
Grande Medalha de Ouro em Concurso é brasileira!
Acaba de chegar o resultado do V Concurso Internacional de Vinhos do Brasil, cujas degustações ocorreram de segunda a quarta-feira desta semana, no Spa do Vinho em Bento Gonçalves (RS).
Entre algumas surpresas e alguns resultados esperados, fico feliz em dizer que a Grande Medalha de Ouro ficou com um vinho brasileiro, e não somente isso, não foi um espumante e sim um tinto, que é meu velho conhecido. O que me deixa ainda mais feliz.
Aliás, os leitores do blog já viram os enólogos responsáveis por esse vinho por aqui: um deles é o agrônomo da Embrapa Irineo Dall'Agnol (responsável pelo departamento de microvinificacão) e o outro é o enólogo uruguaio da Piagentini, Alejandro Cardozo. Juntos eles fazem vinhos na empresa 'Estrelas do Brasil' e seu tinto premiado foi o assemblage Dall'Agnol Superiore 2005.
Se quiserem conhecer as características do vinho, acessem sua nota de degustação, escrita por mim para a revista ADEGA em outubro do ano passado, no link abaixo:
http://omelhorvinho.uol.com.br/vinhos/view/dallragnol_superiore_2005_2
Na foto ao lado, o presidente da ABE (Associação Brasileira de Enologia) que promoveu o evento, Christian Bernardi, anuncia os resultados no jantar de premiação, ontem no Spa do Vinho.
Os resultados completos podem ser vistos na página da ABE: www.enologia.org.br
Entre algumas surpresas e alguns resultados esperados, fico feliz em dizer que a Grande Medalha de Ouro ficou com um vinho brasileiro, e não somente isso, não foi um espumante e sim um tinto, que é meu velho conhecido. O que me deixa ainda mais feliz.
Aliás, os leitores do blog já viram os enólogos responsáveis por esse vinho por aqui: um deles é o agrônomo da Embrapa Irineo Dall'Agnol (responsável pelo departamento de microvinificacão) e o outro é o enólogo uruguaio da Piagentini, Alejandro Cardozo. Juntos eles fazem vinhos na empresa 'Estrelas do Brasil' e seu tinto premiado foi o assemblage Dall'Agnol Superiore 2005.
Se quiserem conhecer as características do vinho, acessem sua nota de degustação, escrita por mim para a revista ADEGA em outubro do ano passado, no link abaixo:
http://omelhorvinho.uol.com.br/vinhos/view/dallragnol_superiore_2005_2
Na foto ao lado, o presidente da ABE (Associação Brasileira de Enologia) que promoveu o evento, Christian Bernardi, anuncia os resultados no jantar de premiação, ontem no Spa do Vinho.
Os resultados completos podem ser vistos na página da ABE: www.enologia.org.br
terça-feira, 6 de julho de 2010
V Concurso Internacional de Vinhos do Brasil
A cada dois anos a ABE (Associação Brasileira de Enologia) promove o Concurso Internacional de Vinhos do Brasil.
No ano de 2008 eu fui uma das juradas. Naquele ano concorreram 441 amostras e neste ano elas somaram 467 amostras vindas de 15 países.
Nesta nova edição os 55 jurados, divididos nos 3 dias de degustação, irão passar as manhãs provando vinhos em quase completo silêncio (foto abaixo do primeiro dia de degustações - 2a feira).
Eu escrevi 'quase' pois a grande novidade é que neste ano a ABE está inaugurando o sistema de votação informatizado, onde cada jurado alimenta um computador com as suas notas de cada amostra.
Esse procedimento evita fraudes, facilita os resultados e melhora os processos.
Na noite da 5a feira serão conhecidos os premiados em um jantar especial no Hotel e SPA do Vinho, no coração do Vale dos Vinhedos.
No ano de 2008 eu fui uma das juradas. Naquele ano concorreram 441 amostras e neste ano elas somaram 467 amostras vindas de 15 países.
Nesta nova edição os 55 jurados, divididos nos 3 dias de degustação, irão passar as manhãs provando vinhos em quase completo silêncio (foto abaixo do primeiro dia de degustações - 2a feira).
Eu escrevi 'quase' pois a grande novidade é que neste ano a ABE está inaugurando o sistema de votação informatizado, onde cada jurado alimenta um computador com as suas notas de cada amostra.
Esse procedimento evita fraudes, facilita os resultados e melhora os processos.
Na noite da 5a feira serão conhecidos os premiados em um jantar especial no Hotel e SPA do Vinho, no coração do Vale dos Vinhedos.
Também na quinta-feira, dia 8, acontecerá a Assembléia Geral da União Internacional de Enólogos, reunindo profissionais de dez países, incluindo o presidente da UIOE, o francês Sergi Dubois. É a segunda vez que o Brasil hospeda a Assembléia Geral da organização, que tem por objetivo discutir as práticas e a ética da profissão do enólogo ao redor do mundo.
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domingo, 4 de julho de 2010
Days of Wine and Roses
Quando eu era criança meus pais eram muito fãs da orquestra de Ray Conniff que, nos idos dos anos 1970, já vinha ao Brasil com certa regularidade.
Eu os acompanhava nos shows e sabia as músicas de cor de tanto escutá-las em casa.
Claro que muito pouco do que cantavam eram composições próprias - quase nada, é verdade - uma vez que o maestro Ray Conniff era originalmente um trombonista, que formou sua primeira banda nos anos 1950. Mas como ficou conhecido como rei do 'easy listening' (traduzido maldosamente como 'música de elevador'), seu grande talento - ao meu ver - residia em reinterpretar músicas famosas com arranjos de orquestra, misturar vozes de homens e mulheres e dar um novo colorido às canções.
Uma das interpretações que eu mais gostava era da música 'Days of Wine and Roses', composta e gravada originalmente por Andy Williams em 1963.
Assim, desejo um belo e feliz domingo de sol para todos e deixo a letra do refrão dessa música antiga, que fala de tempos mais tranquilos e suaves.
"The lonely night discloses just a passing breeze, filled with memories
Of the golden smile that introduced me toThe days of wine and roses and you"
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Ray Conniff
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sexta-feira, 2 de julho de 2010
Viña Montes perde um dos sócios fundadores
Faleceu, na manhã do dia 30 de junho em Santiago, Douglas Murray, sócio fundador da Viña Montes no Chile.
Murray sofria de um câncer de esôfago há muitos anos e ultimamente sua saúde estava bastante debilitada.
Nascido em Antofagasta em 1942, Murray era administrador e economista, casado, tinha três filhos e três netos.
Boa parte de sua carreira depois da fundação da Viña Montes (junto ao amigo e enólogo Aurélio Montes, de Alfredo Vidaurre e Pedro Grand) foi passada no exterior, por conta de sua atuação nas exportações da empresa e de cargos executivos em entidades do mundo dos vinhos chileno. Atuou por 35 anos no mercado de vinhos.
Pioneiro em exportações para a Ásia, tinha tão bom relacionamento nesses mercados que, segundo contam funcionários da Montes em um texto preparado para a despedida de Murray, era por muitos asiáticos considerado como parte da família. Nesse mesmo comunicado há uma interessante frase de Murray para seus funcionários: "Essa é a forma correta de fazer negócios, com relações a longo prazo que transcendem a mera lógica comercial e se convertem em longas relações pessoais. A mim serviu muito o fato de eu ser muito curioso e respeitoso em relação a outras culturas. Se eu não tivesse me dedicado a vender vinho, teria sido feliz em ser arqueólogo".
Murray possuia uma das mais importantes coleções de arte étnica do Chile e uma enorme coleção de anjos (ícone dos rótulos da vinícola), que o fez merecedor do título de 'Guardião do Espírito' da Viña Montes.
Quem conhece as instalações da vinícola em Apalta (abaixo) sabe bem de que espírito eles falam. É um lugar realmente celestial, rodeado de vinhedos e encostas suaves, com as instalações construídas com total modernidade e seguindo as regras de representação de todos os elementos da terra, como dita o Feng Shui.
Certo é que, mesmo cientes da prolongada doença de seu fundador, os anjos da Viña Montes devem estar cabisbaixos.
Mais uma triste perda para o mundo dos vinhos.
www.monteswines.com
Quem representa a vinícola no Brasil é a Importadora Mistral.
Murray sofria de um câncer de esôfago há muitos anos e ultimamente sua saúde estava bastante debilitada.
Nascido em Antofagasta em 1942, Murray era administrador e economista, casado, tinha três filhos e três netos.
Boa parte de sua carreira depois da fundação da Viña Montes (junto ao amigo e enólogo Aurélio Montes, de Alfredo Vidaurre e Pedro Grand) foi passada no exterior, por conta de sua atuação nas exportações da empresa e de cargos executivos em entidades do mundo dos vinhos chileno. Atuou por 35 anos no mercado de vinhos.
Pioneiro em exportações para a Ásia, tinha tão bom relacionamento nesses mercados que, segundo contam funcionários da Montes em um texto preparado para a despedida de Murray, era por muitos asiáticos considerado como parte da família. Nesse mesmo comunicado há uma interessante frase de Murray para seus funcionários: "Essa é a forma correta de fazer negócios, com relações a longo prazo que transcendem a mera lógica comercial e se convertem em longas relações pessoais. A mim serviu muito o fato de eu ser muito curioso e respeitoso em relação a outras culturas. Se eu não tivesse me dedicado a vender vinho, teria sido feliz em ser arqueólogo".
Murray possuia uma das mais importantes coleções de arte étnica do Chile e uma enorme coleção de anjos (ícone dos rótulos da vinícola), que o fez merecedor do título de 'Guardião do Espírito' da Viña Montes.
Quem conhece as instalações da vinícola em Apalta (abaixo) sabe bem de que espírito eles falam. É um lugar realmente celestial, rodeado de vinhedos e encostas suaves, com as instalações construídas com total modernidade e seguindo as regras de representação de todos os elementos da terra, como dita o Feng Shui.
Certo é que, mesmo cientes da prolongada doença de seu fundador, os anjos da Viña Montes devem estar cabisbaixos.
Mais uma triste perda para o mundo dos vinhos.
www.monteswines.com
Quem representa a vinícola no Brasil é a Importadora Mistral.
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quinta-feira, 1 de julho de 2010
Selo Fiscal - mais um capítulo
O selo fiscal foi aprovado e será implantado até o final deste ano.
Isso todo mundo do setor já sabe.
Que ia dar encrenca, todo mundo também já sabia.
Que foram utilizadas algumas manobras políticas possivelmente escusas para aprová-lo (não temos como provar e por isso não podemos acusar), também já era fato que corria a boca pequena.
Que o setor precisa ser fiscalizado e controlado, ninguém discorda, mas a polêmica está na maneira como isso está sendo feito, que até o momento parece pouco efetiva, burocrática e penalizadora dos pequenos.
O texto que reproduzo a seguir é do enólogo Luis Henrique Zanini, da Vinícola Vallontano Vinhos Nobres, do Vale dos Vinhedos. O único nome importante entre os enólogos do Vale que é capaz de se posicionar contra o selo de forma categórica. Os argumentos contra a posição dele afirmam que ele só faz isso por ter seus vinhos representados por uma grande importadora paulistana.
Não sei se é verdade e nem se é mentira. E escolho não opinar sobre isso.
Acredito que há muito mais nessa história toda do que a nossa filosofia de taça ISO é capaz de explicar.
De qualquer forma o texto dele é um relato sobre a reunião que ocorreu ontem, em Bento Gonçalves, entre os produtores, dirigentes de entidades do vinho e dois fiscais da Receita Federal encarregados de explicar o que vai acontecer de agora em diante.
Leiam e tirem suas próprias observações:
"Prezados Senhores, Senhoras, Amigos, Amigas e Simpatizantes...Ontem à tarde, como alguns de vocês devem saber - pois a imprensa às vezes é informada, às vezes não, de acordo com os interesses - houve uma reunião no CIC de Bento Gonçalves, com funcionários da Receita Federal para dirimir dúvidas dos produtores a respeito da implantação do Selo Fiscal; mais de 200 pessoas estavam no auditório, completamente lotado.
A reunião foi tensa, complicada e mais uma vez o tiro acabou saindo pela culatra.
As entidades que organizaram o evento não imaginavam o que lhes esperava, ou seriam tão ingênuos achando que todos iriam chegar com sorrisos largos ao encontro, sentar e receber pacificamente o entulho de burocracia que teriam que levar para o seus empreendimentos.
Para nós da UVIFAM nenhuma surpresa, pois sempre soubemos que a maioria estava contra o Selo.
O pessoal da Receita até tentou responder aos questionamentos, muitos deles ficaram sem resposta; e provavelmente estão mais indignados que nós, os contrários.
São dois funcionários designados para atender 700 empresas.
Não será nada fácil, será humanamente impossível até Novembro todas vinícolas implantarem o selo fiscal.
As pessoas e entidades que pediram o Selo, que certamente conseguirão transformar o nosso setor em um inferno em poucos meses, serão para sempre lembradas, inesquecíveis...
Mas voltando ao encontro, depois de situações prá lá de constrangedoras que os representantes da Receita passaram, (pois nada tinham a ver com a confusão dantesca em que o setor os meteu) ao final das explanações, um produtor de Garibaldi - ciente do cenário de caos em que as vinícolas serão mergulhadas até a efetiva implementação do selo - se levantou e calmamente perguntou quem daquela sala era a favor do Selo?
Após alguns segundos de espera NENHUMA pessoa levantou o braço!
Nem mesmo os presidentes das entidades que sempre apoiaram o Selo não tiveram coragem de defender a ideia que até um tempo atrás era a panicéia do setor!!!
Sem nenhuma manifestação, o produtor foi ovacionado com palmas por TODOS os participantes - exceto as diretorias das entidades e os funcionários da Receita.
Diante desta demonstração, estamos fazendo um apelo, caso algum político bem intencionado queira mesmo ajudar o setor, por favor, lute pela ampliação dos prazos de implantação do Selo.
Começar a aplicação do Selo em Novembro, no período forte das vendas para final de ano, é outra barbárie contra o produtor.
Ontem, para quem estava com alguma dúvida, mostramos que a maioria produtora foi derrotada por uma minoria que usou vergonhosamente o poder político e se escondeu covardemente atrás de entidades.
Como dizem os italianos, criamos o Ufficio Complicazione per Cose Semplice, ou, o Setor de Complicação para as Coisas Simples, Buona Fortuna a Tutti!
Luiz Henrique ZaniniUVIFAM -União Brasileira das Vinícolas Familiares e Pequenos Vinicultores"
Isso todo mundo do setor já sabe.
Que ia dar encrenca, todo mundo também já sabia.
Que foram utilizadas algumas manobras políticas possivelmente escusas para aprová-lo (não temos como provar e por isso não podemos acusar), também já era fato que corria a boca pequena.
Que o setor precisa ser fiscalizado e controlado, ninguém discorda, mas a polêmica está na maneira como isso está sendo feito, que até o momento parece pouco efetiva, burocrática e penalizadora dos pequenos.
O texto que reproduzo a seguir é do enólogo Luis Henrique Zanini, da Vinícola Vallontano Vinhos Nobres, do Vale dos Vinhedos. O único nome importante entre os enólogos do Vale que é capaz de se posicionar contra o selo de forma categórica. Os argumentos contra a posição dele afirmam que ele só faz isso por ter seus vinhos representados por uma grande importadora paulistana.
Não sei se é verdade e nem se é mentira. E escolho não opinar sobre isso.
Acredito que há muito mais nessa história toda do que a nossa filosofia de taça ISO é capaz de explicar.
De qualquer forma o texto dele é um relato sobre a reunião que ocorreu ontem, em Bento Gonçalves, entre os produtores, dirigentes de entidades do vinho e dois fiscais da Receita Federal encarregados de explicar o que vai acontecer de agora em diante.
Leiam e tirem suas próprias observações:
"Prezados Senhores, Senhoras, Amigos, Amigas e Simpatizantes...Ontem à tarde, como alguns de vocês devem saber - pois a imprensa às vezes é informada, às vezes não, de acordo com os interesses - houve uma reunião no CIC de Bento Gonçalves, com funcionários da Receita Federal para dirimir dúvidas dos produtores a respeito da implantação do Selo Fiscal; mais de 200 pessoas estavam no auditório, completamente lotado.
A reunião foi tensa, complicada e mais uma vez o tiro acabou saindo pela culatra.
As entidades que organizaram o evento não imaginavam o que lhes esperava, ou seriam tão ingênuos achando que todos iriam chegar com sorrisos largos ao encontro, sentar e receber pacificamente o entulho de burocracia que teriam que levar para o seus empreendimentos.
Para nós da UVIFAM nenhuma surpresa, pois sempre soubemos que a maioria estava contra o Selo.
O pessoal da Receita até tentou responder aos questionamentos, muitos deles ficaram sem resposta; e provavelmente estão mais indignados que nós, os contrários.
São dois funcionários designados para atender 700 empresas.
Não será nada fácil, será humanamente impossível até Novembro todas vinícolas implantarem o selo fiscal.
As pessoas e entidades que pediram o Selo, que certamente conseguirão transformar o nosso setor em um inferno em poucos meses, serão para sempre lembradas, inesquecíveis...
Mas voltando ao encontro, depois de situações prá lá de constrangedoras que os representantes da Receita passaram, (pois nada tinham a ver com a confusão dantesca em que o setor os meteu) ao final das explanações, um produtor de Garibaldi - ciente do cenário de caos em que as vinícolas serão mergulhadas até a efetiva implementação do selo - se levantou e calmamente perguntou quem daquela sala era a favor do Selo?
Após alguns segundos de espera NENHUMA pessoa levantou o braço!
Nem mesmo os presidentes das entidades que sempre apoiaram o Selo não tiveram coragem de defender a ideia que até um tempo atrás era a panicéia do setor!!!
Sem nenhuma manifestação, o produtor foi ovacionado com palmas por TODOS os participantes - exceto as diretorias das entidades e os funcionários da Receita.
Diante desta demonstração, estamos fazendo um apelo, caso algum político bem intencionado queira mesmo ajudar o setor, por favor, lute pela ampliação dos prazos de implantação do Selo.
Começar a aplicação do Selo em Novembro, no período forte das vendas para final de ano, é outra barbárie contra o produtor.
Ontem, para quem estava com alguma dúvida, mostramos que a maioria produtora foi derrotada por uma minoria que usou vergonhosamente o poder político e se escondeu covardemente atrás de entidades.
Como dizem os italianos, criamos o Ufficio Complicazione per Cose Semplice, ou, o Setor de Complicação para as Coisas Simples, Buona Fortuna a Tutti!
Luiz Henrique ZaniniUVIFAM -União Brasileira das Vinícolas Familiares e Pequenos Vinicultores"
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